O Agente escrita por Manu, GabiElsa


Capítulo 27
Labirinto


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma boa leitura



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Casa da família Bjorgman 9:59pm

— Leva esses também – Fala tia Bulda, entregando dois edredons para Kristoff, que já segurava dois travesseiros dando ao loiro um pouco de desequilíbrio, Anna fita o garoto e o ajuda apanhando os dois cobertores que entregaram a ele – Acho que têm mais alguns lá no meu quarto, vou lá buscar – Fala se preparando para ir ao seu quarto, porém é impedida pelo sobrinho.

— Não é preciso, acho que esses dão – Fala Kristoff entrando em sua frente.

— Tem certeza? Faz muito frio à noite – Fala a mais velha com um quê de preocupação.

— Tenho, esses são grossos e bem quentes, não precisa se preocupar – Fala Kristoff indo em direção à varanda sendo acompanhado por Anna logo atrás.

— Mas está tão calor, como é que faz frio do nada? – Fala Anna encarando a mais velha.

— Minha filha, do jeito que esse tempo é doido. – Fala Bulda rindo.

— Vamos? – Pergunta Kristoff e Anna assente.

— Boa noite – Fala Anna sorrindo. A mulher a encara e acena com o mesmo sorriso nos lábios. Anna apressa o passo para acompanhar Kristoff vendo que o mesmo já havia deixado-a sozinha.

Quando chegaram ao celeiro Kristoff apanhou a caixa do colchão inflável. Após isso, começou a enchê-lo, enquanto Anna mandava mensagem pra irmã dizendo que estava tudo bem. Depois de minutos enchendo o colchão com muito esforço, o loiro o arruma colocando os travesseiros e os cobertores.

— Prontinho – Disse Kristoff sorrindo para a garota que retribuiu com outro.

— Na moral, eu ainda não estou convencida no que a sua tia disse – Fala Anna se sentando no meio do colchão, reparando um ar tenso ou de preocupação por parte do loiro.

— O que ela disse? – Com um pouco de hesitação, o loiro curioso se senta de frente pra a namorada dando-lhe atenção absoluta.

— Que faz frio de noite, o calor é tanto que eu acho que vou derreter – Fala Anna passando as costas da mão em sua testa, que se encontrava um pouco úmida pelo suor que a deixava um tanto incomodada, já que seus dias de descanso se resumem em ficar em seu quarto com seu ar-condicionado ligado aos 15 graus, deitada em sua cama assistindo suas séries. Passear em lugares como chácaras ou fazendas, era uma coisa nova para ela. E essa temperatura elevada sem ar-condicionado fazia seu estomago embrulhar.

— Na primeira vez que fui dormir aqui, eu também duvidei dela. Fiquei com calafrios a noite inteira e resfriado durante duas semanas – Comenta Kristoff sorrindo de lado pela lembrança.

— Nossa! – Anna fica impressionada com a situação que Kristoff enfrentara na infância, não dizendo mais nada logo depois.

— Então... Vamos dormir? – Pergunta Kristoff se ajeitando ao lado de Anna que se afasta um pouco do meio para dá espaço para o garoto deitar.

— Hum... Sem sono – Anna fala se deitando de lado e apoiando a cabeça no braço, ficando de frente para o loiro que a encarava com um sorrisinho.

— É só deitar e fechar os olhos – Kristoff fala de um jeito óbvio, mas Anna o reprova com um arqueamento de sobrancelha – Hum... Acho que isso te fará dormir – O loiro levanta e abre uma janela no teto, deixando a luz da lua invadir o pequeno cômodo, e as estrelas destacando o céu azul fazendo um espetáculo que Anna nunca vira.

— Ual!... Isso é maravilhoso, nunca vi tantas estrelas assim – A loira fala maravilhada.

— Pois é, agora vem cá – O loiro a puxa para si, a fazendo deitar mais perto de costas para ele – Agora fica contando quantas estrelas tem – Fala esticando o olhar para o céu,mas logo beija o ombro de Anna, enquanto acariciava os fios de cabelo da garota, que estava pensando na lógica de contar aqueles milhões de estrelas.

— Não, isso demora muito. Só de pensar me dá uma preguiça... – Anna força um bocejo para Kristoff acreditar e livrá-la do serviço sem sentido. Porém ao repensar na idéia de seu parceiro, ela percebe que fazia sentido – Ata.

— Entendeu? – Pergunta o garoto massageando o braço da garota que suspira. Anna vira ficando cara a cara com o loiro.

— Sim, mas... Eu prefiro fazer outra coisa – Anna fala mordendo o lábio, ansiosa.

— Tipo? – Resmunga o loiro encostando seu nariz no dela.

— Tipo... – Fala Anna passando a mão na cabeleira loira – Não faço idéia – Riu de si mesma.

— Viu? Vamos dormir – Fala o loiro pegando as cobertas e os embrulhando, e logo depois apaga o lampião que estava pendurado no teto.

Anna se vira ficando de barriga pra cima e encarando o céu, mas algo a incomoda, e estava sobre ela... Aquele edredom quente deixando cada vez mais seu corpo desesperado por um refrescante ar gelado ou até mesmo uma brisa vinda de fora. A garota joga o grande tecido para o lado ficando apenas com seu pijama a cobrindo, a corrente de ar chega da janela acima de si. A sensação era tão boa que a garota acabou dormindo esparramada pelo colchão. Kristoff estava apenas com a parte de cima descoberto, deitado de lado de costas para a garota que dormira.

Casa Arendelle 10:46pm

A luz que invadia o cômodo e embrulhava os móveis que compõem o espaço, era transmitida pela televisão. Ela estava passando um filme de ação, e os olhos azuis do jovem agente se encontravam perdidos, vagando livremente pelas cenas montadas. O gênero que escolhera se caracterizava por ser seu preferido. Na verdade, desde que era pequeno, ele adorava filmes que continha essa categoria. Assistia a vários e vários filmes, mesmo que fosse uma classificação que não fosse apropriada para sua idade. Seu pai esteve sempre presente quando se tratava de acompanhar o filho a assistir os longas, também adorava esse tipo de filme. Tal pai, tal filho... Bem, isso era das poucas cenas que Jack lembrava. Ficou até depressivo por alguns minutos.

Jack voltou a assistir atentamente ao filme que era um de seus preferidos, aliás, tinha muito semelhança com seu trabalho, dois rapazes se infiltram em uma faculdade para investigar um caso que houve drogas e morte de uma menina, e eles tentam descobrir quem é o fornecedor antes que afete toda a população. Só que em vez de descobrir quem é um fornecedor de drogas, tem que proteger duas garotas de assassinato.

Ele permanecia imóvel, apenas o subir e descer de seu peito se mexia pela sua respiração pacata. Sua atenção é desviada por uma loira que adentra o local vestido com um babydol azul com estampa de floquinhos de neve.

— Você fica bonita assim pra dormir todos os dias, ou é porque estou aqui? – Pergunta Jack sorrindo abobalhado.

— Durmo assim todos os dias – A loira responde sorrindo, se sentando ao lado do garoto – Se fosse só porque você esta aqui... Vestiria algo melhor.

— Bom saber – Disse Jack malicioso, passando um braço e pousando o mesmo nos ombros glaciais de Elsa. Dando um selinho na mesma depois de se encontrarem em uma posição mais agradável para ambos.

— Que filme é esse? – Pergunta com os olhos direcionados para a tela.

— Anjos da Lei 2 – Responde o garoto já deitado com a cabeça apoiada nas pernas de Elsa, dando ao albino uma posição confortável para assistir a trama.

— Ah! – Murmura.

— Por que senti uma decepção na sua voz? – Jack a encara com a testa franzida.

— Não é decepção – Rebate quase na mesma hora.

— Então é o que? – Pergunta novamente.

— Nada! Só que pensei que assistiríamos a um filme mais... Você sabe... Romântico? – Elsa fala brincando com os fios brancos tingidos.

— Romântico? Sério? - Jack arqueia uma sobrancelha, saindo do colo da amante com um pouco de receio ao tomar a palavra – Por quê?

A garota dá os ombros – Sei lá, uma opção? – Fala.

— Deixa terminar esse e depois a gente coloca o que você quiser tudo bem? – Jack fala esfregando a ponta do nariz na bochecha da garota que sorri e assente. Porém o que passava em sua mente era “Por que Anjos da lei? Vi isso mais de vinte vezes e tinha que cair esse bendito justo hoje? Cadê o clima romântico nisso tudo? Por favor, Deus me acode aqui”.

Elsa mexia os dedos nervosamente em cima de uma almofada, não estava interessada no filme ao contrário de Jack que aos olhos dela parecia nem piscar. Queria fazer alguma coisa em vez de ficar vendo um filme, não porque era ruim, nada disso. Queria fazer alguma coisa divertida, ficar parada vendo imagens em uma tela se moverem não se encaixava na rotina da loira.

Um lampejo de ideia veio à cabeça. Poderiam se divertir do jeito dela, um jeito que garoto nenhum recusa, a não ser que tenha algum problema.

— Já sei o que podemos fazer! – Fala Elsa pondo a mão na coxa do albino que a encara duvidoso.

— O que? – Pergunta Jack interessado pondo a mão em cima da de Elsa.

— Que tal a gente fazer algum tipo de doce?

— Que doce?

— Hum...- Retira sua mão e leva a altura do queixo pensativa e se exalta assim que se lembra da viagem ao Brasil – Eu aprendi uma vez a fazer brigadeiro, e é muito gostoso – Põem um ênfase na palavra "muito".

— Hum! Eu já comi isso, realmente é bom... Já que você sabe fazer então... Vai - Jack se levanta e vai para a cozinha sendo seguido pela loira.

Após chegarem no cômodo, Elsa apanha uma panela e a coloca na boca do fogão.

— Quais são os ingredientes? - Pergunta Jack. E Elsa vai em direção ao armário.

— Pelo que me lembro... Era... Leite condensado, manteiga e chocolate - Ela apanha uma lata da cremosidade branca e um pode de achocolatado – Pega a manteiga na geladeira. O albino direciona seu olhar no grande retângulo revestido a inox de duas portas, a abrindo e pegando o pequeno pote.

— E agora? – Pergunta Jack e Elsa encara os ingredientes já sobre o balcão perto da panela e lembra o que tem de ser feito.

— Joga tudo na panela – Elsa fala sem se importar com o resultado, puxando a gaveta e pegando uma colher e um abridor de lata. Ela faz tudo o que se pedia na receita, que estava anotada em sua mente. Logo depois de misturar os ingredientes no recipiente aquecido pelo fogo, Elsa comemora o resultado do liquido homogêneo – Agora é só mexer pra não queimar – Encara Jack que prestava atenção em tudo que a garota fazia até então – Está entendendo? - Pergunta ela receosa

— Huhum! Mas cadê a parte divertida, que até agora não vi? – Ele fala a abraçando por trás inspirando profundamente o aroma doce do perfume em seu pescoço e expirando logo após, fazendo Elsa estremecer pela rajada de ar quente contra sua pele.

— Eu tinha que ter uma desculpa pra você prestar atenção em mim, e não à TV – Admite e Jack ri.

— Boa jogada, porque agora você conseguiu completamente minha atenção – A rouquidão em sua voz fez parecê-la sensual, não despercebida por Elsa. Claro!

— Legal! – Suas palavras saíram tão simples, que Jack pensou "Eu falei algo de errado?" – Pronto! – O tira de seus devaneios Elsa que se separa apanhando uma tigela de vidro e derramando o doce no recipiente transparente – Será que ficou bom? – Pergunta a loira analisando a colher e o pouco que sobrou na mesma.

— Claro que sim, você que fez – Jack fala sorrindo e Elsa arqueia a sobrancelha.

— Huhum, então prove, já que fui eu que fiz não há problema em experimentar primeiro – Fala Elsa com ironia em sua voz. E entrega a colher para o albino.

Jack sem cerimônias ingere e faz uma cara de enojado.

— Nossa! Isso ta... Meio estranho – Jack tenta deixa a loira com expectativa, e pelo visto conseguiu, a expressão em seu rosto era pura curiosidade, o fazendo prender o riso que queria sair. O brigadeiro da loira estava muito gostoso, mas queria torturá-la um pouco - Excelente. - Fala por fim.

— Não é possível! – Jack entrega o talher pra ela, que prova da sua arte. – Hum... Isso tá muito bom – Fala e prova mais uma vez.

— Sai é minha! – Fala Jack tentando recuperar a gostosura que comera. Elsa dá alguns passos para trás, impedindo que o albino a tirasse de seu deguste, ela esbarra em alguma coisa fria e dura, que deduziu ser o balcão de mármore que havia no local.

— NÃO!!!! – Grita Elsa esticando seu braço e empurrando com o outro o garoto.

— VOCÊ ME DEU! – Rebate Jack rindo, tentando tomar a colher das mãos de Elsa, que acidentalmente lambuza o rosto do rapaz como forma de defesa.

— Desculpa – Elsa fala rindo e se levantando, cobrindo a boca com uma das mãos vendo a cara de irritação de Jack – Jack... Eu não queria – O albino recua um pouco para pegar o recipiente cheio da gostosura, fazendo Elsa recuar ainda mais com medo da próxima ação.

— Você vai ver – Jack lambuza a cara de Elsa, que devolve da mesma forma, formando ali uma guerra de brigadeiro. No entanto, ambos ouvidos ouviram o som estressante da campanhinha, deixando os corações acelerados – Ferrou – Murmura Jack encarando Elsa, pasmo.

Mais uma vez a campanhinha.

— JÁ VAI – Grita Elsa – Pega o pano – Ambos correm a procura de alguma toalha ou papel para se limparem, no entanto não acham.

TINDOM!

— No seu banheiro não tem toalha não? – Elsa o olhou de uma forma estranha. Limpar o rosto coberto de brigadeiro na sua toalha caríssima que só se lava na lavanderia?

TINDOM!

— Vamos pegar – Eles correram para a sala para subir a escadaria, mas ao se depararem com duas pessoas, uma mulher e um homem pra ser exata, parou sua correria ali mesmo – Mãe? Pai?

—--

Mansão dos Dunbroch 11:12PM

— Não, obrigado – Pela centésima vez, Stóico dizia aquela frase para aquele homem que insistia em oferecer sua casa a ele e a sua família, que também insistia em aceitar a oferta e cancelar o hotel.

— Mas Stóico, vai ser divertido – Fala Valka, que simpatizara com Elinor e Fergus na mesma hora que se conheceram – Hiccup também quer ficar com a garota, por que não satisfaz o gosto dele? – Stóico revirou os olhos e bufou.

— Tudo bem, já que insistem tanto – Fala por fim alegrando a todos, em especial Merida e Hiccup, que cochichavam e assistiam a tudo de longe sem interromper.

Com um olhar comunicativo, Merida se aproxima com passos curtos e ligeiros até os pais do rapaz, que até então sorria de canto e observava os movimentos da ruiva.

— Então... – Valka e Stóico lhe concedem a atenção, que por sinal era desejada por Merida assim que deu seus primeiros passos até eles, fazendo com que as palavras pensadas e repensadas por ela saíssem fluentemente -... Isso significa que Hiccup pode ficar aqui numa boa? – Ambos os casais presentes se entreolharam, deixando Merida um pouco envergonhada.

— Sim querida – Responde Valka com um sorriso, que deixou Merida acolhida por uma sensação de proteção que ele esbanjou.

— Oh! Vocês são tão legais – Elinor fita suas mãos brevemente, tentando esconder suas bochechas rosadas da vergonha que Merida a fez passar. – Obrigada por toparem ficar aqui – Por sua vez, Merida fez questão de prosseguir com formalidades, estranhada por Hiccup, que achou aquela cena um tanto cômica, porque afinal, Merida não se mostrava tão formal na universidade.

— Que isso. Obrigada vocês por oferecerem sua casa a nós – Desta vez fala Stóico, fazendo o sorriso de Merida se alargar.

— Tudo bem então – Com uma mão pendente, Merida apanha a mão de Hiccup, o guiando para uma enorme escadaria, que se encontrava em uma enorme parede trabalhada em tijolos espessos e antigos que formavam aquela grande casa, mais comparada com um castelo por alguns.

— Espera! Aonde vão? – A voz de Fergus obrigatoriamente faz Merida travar em seu percurso até o piso superior, ganhando atenção da filha.

— Vou fazer um tour com o Hic pela casa. Pode não? – Fergus não parece gostar tanto da ideia de deixá-los a sós, já que se mostrava um homem ciumento e intimidador aos olhos de Hiccup, que já podia sentir seu coração acelerar.

— Poder até pode, mas quero juízo. Ouviram? – Ambos jovens assentem e correm pelas escadas chegando a um corredor trilhado por diversas lamparinas e luminárias pregadas nas paredes e no teto.

Merida guia Hiccup para um corredor bem vazio, sem empregados ou seguranças para interromper sua conversa, e no meio desse tour Hiccup resolve parar para ver uma coisa que sempre teve vontade de conhecer: Uma gaita de fole.

— Você sabe tocar? – Pergunta Merida vendo o rapaz apanhar o instrumento com dificuldades. Hiccup fica de boca entreaberta, mas a fecha assim que arruma o instrumento e tenta tocá-lo, no entanto o som que Hiccup queria produzir saiu em uma completa desafinação, que até obrigou Merida tampar os ouvidos - Já vi que não.

— Foi mal. É que gosto de experimentar coisas novas que me vão além do alcance. – Aquela frase impressionou a ruiva, fazendo-a alargar os olhos e ficar sem voz por um tempo. Hiccup às vezes possuía coisas que Merida se identificava, como essa, por exemplo, conhecer e experimentar coisas novas nunca vistas por seus olhos - Mas então? Tem mais coisas pra me mostrar? – Merida assente e o leva para uma sala um tanto vazia.

A sala era organizada e decorada por algumas estantes cheias de livros, tapetes que aparentavam ser caros. Uma mesa de madeira esculpida no centro, acompanhada por uma cadeira em igual material. Mas o que chamou atenção de Hiccup foi uma tapeçaria encontrada no canto da sala, costurada nela uma bela imagem de uma família, a família Dunbroch.

— Ual! – Exclamou baixo – Sala legal – Merida deu de ombros e se sentou próximo a uma lareira, onde a frente um tapete felpudo cobria o chão madeirado, que aparentava ser muito confortável. O moreno a viu se sentar, e aproveitou-se para segui-la.

— Eu costumava ficar aqui em épocas de chuva – Merida pronunciou a frase com um tom de voz baixo, quase em um sussurro – Minha mãe também costumava a tricotar aqui, em uma cadeira de balanço enquanto me via brincar perto do quentinho – Um riso fraco foi ouvido por Hiccup, que não se conteve em abrir um sorriso – Ás vezes sinto falta desses anos.

— Eu também – Merida abriu um sorrisinho e se aproximou do rapaz para lhe dar um selinho, no entanto Hiccup não deixou que ela a escapasse de suas mãos, aproveitando o pequeno encarceramento para aprofundar o beijo.

Esse momento de carinho estava sendo aproveitado por ambas partes, no entanto, o barulho horrendo do vidro se espatifando pelo chão ecoou os ouvidos de uma forma que fosse inevitável uma escapatória. Hiccup cobriu os olhos em defesa da chuva dos finos e pontiagudos cacos. Ele podia ouvir os gritos abafados de Merida, que estava sendo agarrada por um encapuzado brutamonte, que a amordaçou com um pano, e logo adormeceu. Ele tentava se mexer, mas algo lhe pressionava contra o chão. Os gritos de Merida o clamando foram se diminuindo cada vez mais, mas a audição foi um apelo comparado à visão turva que veio logo a seguir por conta de um soco bem no seu maxilar, o apagando de vez.

—--

Casa Arendelle 11:40pm

Aqueles olhares sobre si eram tão desconfortáveis. Pareciam estar o julgando o tempo todo, mas claro, disfarçados por sorrisos, gargalhadas, papos descontraídos, enfim.

A loira ao seu lado estava muito feliz em rever os pais, completamente diferente do albino, que estava totalmente nervoso.

— Então Elsa, como esta no curso? Notas boas como sempre? – Pergunta o homem que se encontrava sentado em uma poltrona branca de couro. Ele era alto, possuía suíças da mesma cor do cabelo que era um loiro escuro e meio avermelhado, muito parecido com o cabelo de Anna. Seus olhos eram verdes e sua pele era clara com um leve bronzeado. Ele trajava uma camisa social branca junto com uma calça preta, e pela gravata desfeita e pendurada em seu pescoço, acabara de sair de alguma reunião ou algum jantar em esporte fino.

— Hum... Mais ou menos – Após receber um olhar reprovado da mãe, Elsa se apressa em falar – Tô brincando, é claro que sim. Você sabe que a faculdade é importante pra mim, seria uma tola se não passe de ano.

— Acho bom mesmo – Fala a mulher com a aparência muito parecida com a de Elsa. As únicas coisas que mudavam, era as cores. O cabelo era castanho escuro, olhos azuis meio acinzentados. Ela trajava um vestido roxo, e de assessórios, um colar de diamantes e brincos combinando. – E o namorado? – Elsa franze as sobrancelhas, demonstrando dúvida.

— Que namorado? – Pergunta um tanto receosa. Aparentemente, Elsa notou que a mãe não se encontrava por dentro das fofocas e assuntos que perambulavam pelo campus, e comemorou por isso.

— Aquele que você mandou foto, qual era o nome dele... – A mulher estrala os dedos, como se fosse fazer alguma mágica para que esclarecesse a duvida – Qual é o nome amor? – O homem não parecia estar tão interessado no assunto, não por que estivesse enciumado por que sua filha se envolveu com alguém, era mais por conta de que não se deu muito com Hans, afinal, o garoto é filho de um parceiro que não lhe dispõem total confiança.

— Eu não me lembro – Responde o homem. – Ele era ruivo? Né?

— Hans? - Elsa profere sem ânimo.

— Isso mesmo! – Comemora. Jack se mexe no sofá procurando chamar atenção, como se mandasse uma indireta “AE, EU TÔ OUVINDO TUDO”. Odiava ter que presenciar essa conversa, e ainda mais, por saber que Elsa também não gosta. – Como ele está? Estou muito ansiosa para revê-lo. Fiquei sabendo que ele estará presente na festa da cobertura esta quinta. Quando formos você pode nos apresentar novamente, já que não lembro muito bem dele – Fala com alegria em sua voz, como se estivesse planejando algo esplendoroso.

Elsa coçou a nuca, e penteou seus cabelos enquanto descia a mão, procurando as palavras certas para dizer a mãe. Já Jack resolveu ligar seu ponto na orelha, para informar à agência que o poderoso chefão, pai das vitimas, estava em sua frente dando-lhe informações úteis.

— Mãe... Eu... Terminei com ele – Se explica. O sorriso estampado no rosto da mulher desapareceu.

— Por que minha filha? – Pergunta o pai – Ele era um rapaz muito carinhoso com você. Pode até ser o filho do Duque de Weselton. Mas mesmo assim era um bom partido.

— Eu tenho meus motivos – Elsa responde quase na mesma hora, pondo uma mão no busto, se referindo a si mesma.

— Você é o novo da minha filha? – Pergunta a mãe direta e Jack a encara.

— Ah... Estamos nos conhecendo, sabe? – Fala Jack passando o braço em volta da cintura da loira.

— Sei – A mulher responde dando um olhar de relance ao marido – Espero que vocês dêem certo – Ambos jovens dão de ombros. Jack não queria se intrometer, mas foi obrigado.

— Sem querer me meter, mas que festa é essa? Elsa não me falou nada – Fala Jack olhando de relance a garota, que o reprovou com um olhar assassino.

— Porque eu não vou – A mãe de Elsa a olhou, indignada, e o pai apenas se prontificou em sair de fininho. Jack não entendeu o motivo, mas não quis se intrometer mais, indo à cozinha seguido pelo duque.

Os gritos altos da mãe pagando sapo foram escutados até a copa do cômodo, onde David e Jack encontraram algumas garotas da fraternidade.

— Olá senhor Agdar – O homem as cumprimentou com um sorriso e um menear de cabeça – Jack se eu ganhar quilos por conta disso aqui eu te mato – Uma falou mostrando o recipiente que continha o brigadeiro recém feito.

— Ué, problema é teu. Ninguém está mandando você comer, ta comendo por quer.

“Turn down for what aí Jack” Comentou Bunny pelo ponto, fazendo Jack ri, porém disfarçou.

— Não se deve falar assim com uma dama, em qualquer circunstancia – David o encara com um olhar que deixou a voz de Jack nos pés.

“Abaixa que é tiro” Bunny ri próximo ao microfone, e Jack pode ouvir a risada de Tooth.

— Mas ela não é uma dama. É uma caminhoneira – A voz de Jack saiu um pouco esganiçada, por conta da gargalhada que queria sair – Porque nossa! Se isso é uma dama, nem quero imaginar uma caminhoneira.

— Além de falar com grosseria ainda por cima a insulta? – Perguntou retoricamente.

— A garota arrota na frente de todo mundo e eu que sou o sem modos? – O duque não pareceu acreditar, mas ao ver os semblantes risonhos das amigas da garota, ele automaticamente deu uma risadinha.

— Então ta – Jack riu e ele também.

— Tá bom gente bonita, tchau – Fala outra garota tomando das mãos da amiga o recipiente, correndo para uma escada próxima a cozinha, deixando-os a sós.

— Gostei de você Jack – O albino encarou o homem de uma forma bizarra, um tanto incrédulo – Sabe? Muitos namorados ou pretendentes das minhas filhas se fingiam ser bons rapazes na minha frente, mas na verdade eram bem diferentes nas minhas costas. Você não. Encarou-me fazendo piadinhas, gostei disso. Demonstra ser um rapaz divertido e carinhoso. Acho que você e minha filha darão certo. Já que reparei que você tem um instinto protetor, igual ela – Jack o encara pasmo. Queria se gabar pra Deus e o mundo sobre esses elogios vindos do próprio duque que está entre os homens mais poderosos do mundo. Mas se conteve de se exaltar, dando um sorriso curto e descontraído.

— Valeu. Você também é gente boa – David sorriu, e estreitou os olhos ao perceber duas figuras familiares os encarando com sorrisos forçados.

— Eu convenci a Elsa ir à festa – A voz da mulher saiu em um canto.

— Na verdade você me obrigou me torturou e ainda me ameaçou três vezes a me puxar pelos cabelos na frente de metade dos membros da realeza – A mulher com um sorriso beliscou a filha, mandando-a se calar.

— Liga pra Anna – Elsa tirou o celular d bolso da jaqueta e discou o numero da irmã.

—--

Casa da família Bjorgman 01:25am

Anna tremia mais que motor de barco, ela estava completamente encolhida. Kristoff sente alguém o abraçando e acorda assim que duas mãos geladíssimas o tocam em seu abdômen, e um nariz igualmente às mãos em suas costas.

O loiro se vira e vê sua namorada tremendo, e batendo os dentes fortemente.

— Anna - Sussurra Kristoff passando a mão no rosto da garota. Ela responde com um gemido. Kristoff levanta e fecha a janela, ele tira sua camisa e a veste na garota, pega o edredom que estavam longe de Anna e a embrulha em um modo que não escapasse nenhum ar quente que viesse dela, ele apanha seu edredom e os embrulha a abarcando por trás. Os tremores começaram a amenizar até que pararam de vez, o loiro não dormiu até que garantisse sua certeza de que a namorada estivesse aquecida o suficiente para não voltar a tremer.

Anna geme satisfeita e vira para o lado ficando cara a cara com Kristoff. Ainda encolhida, ela se aproxima ainda mais do corpo do loiro, afundando a cabeça no peitoral definido, tentando de alguma forma extrair a temperatura para si mesma. Kristoff apenas a abraça mais forte, e pra fazer Anna ficar mais relaxada, ele realiza um cafuné nos fios macios da garota, que por sinal, geme novamente, mas, porém diferente do primeiro, esse foi como se fosse um gato ronronando.

— Kristoff? – Sussurra.

— O que? – Sussurra de volta. Ela sente os lábios do rapaz na sua testa fazendo uma leve pressão, que deduziu ser um beijo carinhoso e protetor.

— Sua tia tinha razão – Anna ri da frase dita.

— É nessa parte que eu falo "eu te avisei"? – Pergunta Kristoff sorrindo. Anna não conseguia ver o sorriso do loiro, apenas desconfiasse.

— Não! Não fale isso, já arquei com minha consequência. Não precisa me castigar com essa frase.

— Ainda esta com frio? – Pergunta.

— Não, graças a você – Anna levanta a cabeça e beija alguma parte do rosto do loiro.

— Acho que sou o herói – Brinca. Anna ri e se aconchega, fecha os olhos e pensa "Como é que arranjei um garoto assim? Lindo, carinhoso, presente..."

— Boa Noite – Fala Kristoff a tirando de seus pensamentos.

— Boa noite – Responde sorrindo e depois de segundos inspirando e expirando, resolve falar um breve "eu te amo". A respiração de Kristoff falha e responde muito feliz.

Mas um barulho abafado os tira do momento amoroso.

— É meu celular? – Anna pega o aparelho vibrando e atende – Alô?

Oi Anna. Eu quero te dizer que mamãe e papai estão aqui em casa e que irá ter uma festa na quinta, então fala logo por Kristoff vir logo, que nossos pais querem te ver. Beijos— Anna escutou a mensagem três vezes. Não acreditara naquilo. Como ela vai voltar de uma viagem cansativa num dia e no outro ir pra uma festa?

— O que foi? – Sussurra sonolento – Aconteceu algo?

— Você vai conhecer minha família na quinta. Boa noite – Anna falou rapidamente, procurando não esclarecer o assunto.

— Como é? Anna como você consegue me dizer isso tão naturalmente? – Anna não responde, apenas volta a cobrir o rosto.

— Vai dormir – Kristoff bufa e deita com brutalidade.

—--

Em um lugar desconhecido

Seus olhos foram se abrindo com dificuldades. Um clarão os torturou sem piedade, os fazendo lacrimejar e se fechar com força.

— Hiccup Horrendus? – Uma voz ecoou seus ouvidos, mas não quis ver o dono.

— Sim, sou eu. O que você quer? É dinheiro? Eu tenho, pede logo meu resgate.

— Não queremos se dinheiro. Queremos apenas perguntas. E você irá nos responder por bem ou por mau.

— Porque vai me obrigar? – Um choque percorreu seu corpo de uma forma dolorosa, o fazendo gritar e gemer de dor.

Hiccup estava realmente em um labirinto sem fim.


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Notas finais do capítulo

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