COBRINA - songfic escrita por Gato Cinza, Amandy Peruzzo


Capítulo 9
Fugindo de mim


Notas iniciais do capítulo

Depois de um mês eu enfim retorno de lugar nenhum com a sequencia de A Sua Maneira.

Boa leitura a todos



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Pisando fundo, acelerando tudo.

Exagerando, saindo do limite.

É o que eu te disse, eu sou assim.

Partindo pra cima, fugindo de mim.

O carro vermelho corria acima da velocidade deixando apenas um rastro brilhante das lanternas quando passava, atrás do volante o moreno olhava para frente os olhos vermelhos das noites mal dormidas, no radio tocava uma musica qualquer de uma radio qualquer que ele sintonizara sem nem mesmo perceber. Ainda se sentia tonto por causa da ultima farra na casa de um amigo, mas o que mantinha ele lúcido naquele momento eram as palavras que leu quando chegou em casa.

Você não me conhece, sou uma amiga de Karina e te escrevo para informar que ela não te abandonou como deve imaginar. O marido dela, Pedro, ameaçou matá-lo para que ela voltasse para casa. Ajude minha amiga, salve ela daquele louco”.

Essas palavras haviam sidas rabiscadas em um pedaço de papelão com giz e deixado na porta da casa de Cobra, tinha também o endereço de onde Pedro e Karina moravam no interior. O moreno nem perdeu tempo tentando saber quem havia deixado aquilo apenas entrou no carro e foi resgatar Karina.

Eu corro muito, eu vou pra todo lado.

Levando comigo, quem tá do meu lado.

É o que eu te disse. Eu sou assim.

Partindo pra cima, fugindo de mim.

Aos poucos Karina se recuperava, havia pedido á Cobra para que não informasse ninguém que ela estava na casa dele, nem mesmo a polícia ela queria procurar. No inicio o rapaz havia estranhado, mas se conformou com a ideia de que a loira ainda estava traumatizada com o que lhe acontecera.

Os dias estavam passando rapidamente, em pouco tempo Karina já estava com uma aparência bem mais saudável. Uma tarde Cobra havia decidido passar em casa antes de ir para a faculdade, queria ter certeza que Karina estava bem. Para a surpresa dele, ela estava em cima de uma cadeira vasculhando a estante de troféus.

– O que está fazendo?

Ela se assustou com a voz dele, perdeu o equilíbrio e caiu, mas Cobra fora mais rápido e a pegou nos braços. Por alguns segundo não disseram nada e tão pouco desviaram os olhos um do outro, enquanto seus lábios se aproximavam.

– Não! – disse Karina se soltando dos braços de Cobra e se afastando.

Por um tempo um clima estranho pairou sobre eles. Mal se falavam e evitavam até mesmo se olharem. Aqueles foram os dias mais estranhos de Cobra, talvez pelo fato de ter morado tanto tempo sozinho ou pelo fato de não estar acostumado com a presença da Karina. Mas ele podia ouvi-la quando estava no banho cantando e sentia o perfume dela quando entrava em casa. Ignorar a loira se tornava impossível á cada dia que se passava.

Uma manhã ele acordou sentindo cheiro de café, foi até a cozinha, Karina cantava com headphones nas orelhas, dançava ao ritmo da musica que cantava e girava com a colher na mão enquanto os ovos estalavam na frigideira, a música era fugindo de mim e as partes que ela parecia não saber ela acompanhava batucando com a colher no balcão. Cobra permaneceu a observando por tanto tempo que só notou que ela havia parado de cantar quando uma laranja o acertou.

– Isso dói – reclamou pegando a laranja do chão

– Era para doer, não te ensinaram que espiar é feio?

Ele deu de ombros sentando-se á mesa, havia frios, iogurte, pão de queijo e suco, além dos ovos fritos. Franziu o cenho e a encarou.

– Não me lembro de ter comprado nada disso

– Por que não comprou. Acordei cedo, fiquei sem sono e fui comprar alguma coisa para comer. Aliás, peguei dinheiro na sua carteira.

– Quando? – a carteira dele estava na gaveta do criado mudo no quarto

– Antes de sair – Karina respondeu como se fosse a coisa mais obvia do mundo – E você dorme como criança abraçada ao travesseiro.

– Rá. Tão te ensinaram que espiar é feio?

A reação de Karina o fez rir, ela ficou vermelha e ligeiramente gaga. Acabaram discutindo durante o café da manhã todo, mas haviam voltado a conversar como antes, sem climas estranhos e silêncios constrangedores.

– Acho que vou procurar a Bianca e pedir para morar com ela – anunciou Karina uma noite enquanto Cobra procurava as chaves do carro.

O moreno parou imóvel no meio da sala olhando para Karina pelo reflexo da televisão. Ela estava sentada esfolheando uma revista atrás da outra sem nem mesmo prestar atenção ao que olhava, nem sabia o que estava procurando. Talvez fosse apenas um gesto automático para não olhar seu anfitrião.

– Por quê? Fiz algo errado? – ele perguntou se virando para ela

– Não! – disse ela rapidamente – Você não fez nada de errado. Você tem sido incrível comigo. Incrível demais.

– Não quero que vá embora – Cobra se sentou ao lado dela segurando sua mão – Te quero aqui, comigo.

Antes que Karina pudesse argumentar ele a beijara. O beijo se intensificou entre eles, Cobra passou a mão pelo corpo de Karina conhecendo cada centímetro do corpo dela. Ela sentou-se no seu colo de pernas abertas o beijando com volúpia. Em poucos segundos eram um só corpo ofegante sobre o tapete.

Ah... Não perco o tempo, nem perco a hora.

Ah... Esse é o momento à hora e agora.

Ah... Vivo cada instante. Não quero perder nada.

Ontem está distante, ficou lá atrás na estrada.

Só não existe viver sozinho, viver sem você.

Sempre que eu fujo, te levo aqui, aqui comigo. Porque te amo.

– O que acha de jantarmos fora hoje?

Karina e Cobra estavam juntos á uma duas semanas. A loira estava feliz, seis semanas antes ela estava trancada em um quarto no interior chorando e sem esperança, agora ela estava na casa de Cobra vivendo de um modo que nunca imaginara viver após conviver forçadamente com Pedro, estava feliz.

– K! Karina Duarte Cobreloa, acorda!

Karina piscou distraída.

– Disse algo? – perguntou olhando para o moreno

– Perguntei se quer jantar fora hoje. No que estava pensando?

– Não estava pensando em nada – ela evitava falar com Cobra sobre Pedro – Onde vamos jantar esta noite?

– Você escolhe.

– Vou procurar depois a melhor pizzaria da cidade então.

Cobra a olhou fazendo uma careta.

– O que? Pizza também é comida. E estou morrendo de vontade de comer pizza.

– Outro desejo? – brincou Cobra – Enjoou ontem com ovos fritos, Beth disse que passou mal mais de uma vez nesta semana... não sou especialista no assunto, mas segundo os filmes e as novelas esses sintomas são de...

– Não começa com isso de novo Cobra – Karina o interrompeu – Estamos juntos á duas semanas, é impossível que eu esteja grávida e se tivesse ia levar pelo menos um mês para que esses sintomas começassem a aparecer.

Cobra a analisou, sorriu com malicia e disse:

– Então devo presumir que suas roupas estão encolhendo durante as lavagens?

Antes que Karina registrasse que ele disse que ela estava engordando, ouviu a porta do banheiro batendo.

– Gorda é á ova! – gritou voltando a se sentar

Passou a mãe pela barriga, realmente estava engordando. Será que estava grávida? Não era absolutamente impossível. Ela e Cobra não estavam juntos á tempo bastante para isso e... Ela se levantou do sofá pálida. Ligou para o consultório do médico da família e marcou uma consulta. Mal conversou com Cobra durante o jantar. Dormiu no sofá da sala e teve pesadelos com os dias em que passou presa. Os dias seguintes foram igualmente confusos e estranhos.

– Vai me dizer o que está acontecendo? – Cobra perguntou desconfiado quando ela chegou em casa no fim de uma tarde de chuva com os cabelos grudados no rosto e os lábios azuis de frio.

Ele a secou e ajudou-a a se aquecer. Karina não estava agindo de forma normal e evitava que Cobra a tocasse.

– Me desculpe – pediu ela chorando – Eu te amo, tanto.

As palavras dela fizeram todo o ressentimento dele sumirem. Ele a envolveu em um abraço e ficaram deitados em silêncio até que ela dormiu. Na manhã seguinte quando chegou em casa Cobra encontrou apenas um pedaço de papel escrito não me procure.

Aquilo nem era um bilhete de despedida. Ligou para Bianca, mas a morena não tinha menor informação sobre a sua irmã. Perguntou para as pessoas na vizinhança, mas ninguém sabia de nada. Alguns apenas mencionaram um carro preto na qual ela entrara. Mas ninguém sabia o que dizer. Ninguém fazia ideia do que havia acontecido.

Cobra foi a policia, mas não fizeram nada, afinal ela havia ido embora por conta própria. O moreno passou a ficar grudado ao telefone aguardando que ela ligasse, mas com o passar dos dias ele simplesmente desistiu. Karina havia o abandonado

E eu sou assim, partindo pra cima, fugindo de mim.

Eu aproveito cada minuto.

Se fiz, tá feito, eu nem discuto.

É o que eu te disse. Eu sou assim.

Partindo pra cima, fugindo de mim.

Cobra resolveu retomar sua vida de onde havia parado antes de Karina aparecer naquela madrugada semanas antes. Sua vida voltou a ser academia, faculdade, farra com os amigos e mulheres, todas que ele conseguisse. Não se importava com nada além de si mesmo.

Poucos dias após o sumiço de Karina, porém, ele voltou a ter um motivo para “viver”. Havia chegado em casa acompanhado de uma morena de olhos claros cujo nome ele havia esquecido, iam entrar quando ela chamou a atenção dele para um pedaço de papelão enfiado na grade de proteção da porta: “Você não me conhece, sou uma amiga de Karina e te escrevo para informar que ela não te abandonou como deve imaginar. O marido dela, Pedro, ameaçou matá-lo para que ela voltasse para casa. Ajude minha amiga, salve ela daquele louco”.

Ele releu aquilo vagarosamente e sem nem mesmo dizer tchau á sua acompanhante ele entrou no carro e dirigiu em direção daquela que precisava dela. O sol nascia no horizonte quando ele chegou ao endereço deixado como sendo a casa de Pedro e Karina.

A casa era simples, pequena e colorida. Ele tocou campainha varias vezes até ouvir um grito:

– Já escutei!

Logo uma garota de aproximados treze anos abriu a porta. Ela olhou desconfiada para Cobra que tinha olhos vermelhos por não dormir e parecia mais cansado que realmente estava.

– Quem é você? – perguntou ela

– Hã. Sou um amigo de Karina. Ela mora aqui?

A garota hesitou. Então se aproximou dele abaixando o tom de voz e cerrando a passagem da porta. Sussurrou:

– Você é o Cobra?

Ele assentiu, curioso.

– Volte mais tarde...

Antes que ela terminasse a frase a porta foi puxada com força, um garoto magro e alto de cabelos volumosos caindo na testa analisou Cobra desconfiado e se virou para a garota.

– Já te disse para não dar conversa para esse tipo de gente, vá para dentro.

– Vá assombrar criancinhas Pedro – resmungou a menina entrando batendo os pés com força a cada passo.

Cobra se segurou para não socar Pedro naquele momento.

– Então – começou Pedro simpático – Você disse que é amigo de minha mulher? Desde quando?

– Desde sempre – ponderou o moreno controlando o tom de voz – Ela está em casa?

– Está, mas está em repouso. Minha amada Karina carrega um Pedrinho e precisa ficar em repouso.

Cobra parou de escutar o que Pedro dizia. Então Karina estava mesmo grávida. Sentiu o coração falhar algumas batidas e disparar em seguida. Ela estava grávida de um maluco que a mantinha presa, tinha que tira-la de lá e logo. Cobra se justificou dizendo que estava de passagem pela cidade e que quando voltasse faria uma nova visita para conhecer o bebê. Pedro era o resumo da simpatia.

Ao anoitecer Cobra voltou. Mais uma vez foi a garota quem o recebeu, Tom-Tom, ela o levou direto para o quarto onde Karina estava. Cobra correu para junto dela quando a viu.

Karina estava dormindo em uma cama grande, tinha uma corrente prendendo ela pelo tornozelo á uma argola na parede. O corpo dela estava coberto por hematomas e alguns cortes. Alguns hematomas estavam escuros e outros tão vermelhos que podia ser resultante de uma surra recente. Um corte no antebraço dela estava enfaixado de modo grosseiro, fora Tom-Tom quem a enfaixara quando Pedro jogou uma garrafa contra Karina que se protegeu usando o braço.

– Acorda! – Cobra a chamou mais uma vez

– Não adianta – explicou Tom-Tom soltando o tornozelo de Karina – Ela está dopada. Ela reagiu quando Pedro bateu nela e ele resolveu que era mais seguro a manter dormindo. Leva ela daqui, vão para bem longe.

– Mas e você? – ele perguntou erguendo Karina nos braços – Pedro não vai se vingar quando souber que me ajudou?

– O pior que ele pode fazer é me matar, e meu irmão não é idiota para me matar.

Quando entrou na sala da casa-cativeiro Cobra e Tom-Tom foram surpreendidos por Pedro que estava armado.

– Onde pensa que vão com minha mulher? – perguntou ele

– Vamos leva-la para longe de você seu maníaco – respondeu Tom-Tom desafiadora

Pedro empurrou sua irmã com força, batendo a cabeça no chão e perdendo a consciência. Então se virou para Cobra que inspirou profundamente colocando Karina no sofá. Pedro voltou a mirar nele com a pistola, mas antes que atirasse Cobra se jogou contra ele e os dois começaram a se socar, a arma de Pedro rolou para perto do sofá onde Karina estava.

Cobra deu um soco na boca de Pedro que desmaiou. Cobra se levantou, mal deu três passos e foi derrubado por Pedro que fingiu ter desmaiado, ele pegou um vaso de flores e quebrou na cabeça de Cobra que caiu zonzo tentando se levantar e focalizou a pistola, pegou a arma e se virou para Pedro que segurou a mão dele tentando lhe tomar o revolver.

Karina começou a acordar, ouviu um estalo forte e assustadoramente conhecido. Cobra e Pedro estavam deitados um sobre o outro formando uma poça de sangue debaixo deles. Ela entrou em pânico e gritou.

Ah... Não perco o tempo, nem perco a hora.

Ah... Esse é o momento à hora e agora.

Ah... Vivo cada instante. Não quero perder nada.

Ontem está distante, ficou lá atrás na estrada.

Só não existe viver sozinho, viver sem você.

Sempre que eu fujo, te levo aqui, aqui comigo. Porque te amo.

Só não existe viver sozinho, viver sem você.

Sempre que eu fujo, te levo aqui, aqui comigo. Porque te amo.

Um ano depois...

– Vamos Karina – gritou Bianca na porta – Você não está se vestindo para sair em uma escola de samba, prende logo esse véu e vamos.

– Uma noiva tem o direito de chegar atrasada no seu próprio casamento – respondeu a loira ajeitando o vestido

– Quarenta minutos de atraso é compreensivo, mas estamos atrasados mais de uma hora.

– Ok, vamos – disse a loira saindo do quarto.

– Uau! – Bianca admirou a irmã da cabeça aos pés e começou a chorar – Você está tão linda K. A mamãe iria ficar tão orgulhosa de você.

– Ah, não me faça chorar Bi. Não é justo me fazer chorar logo hoje.

Gael apareceu no corredor e abraçou a filha – também chorando.

– Minha menininha vai se casar, está tão linda.

Os três choravam, as duas filhas de Gael tinham rimel escorrendo pelo rosto e olhos vermelhos. Levaram mais vinte minutos retocando a maquiagem e só chegaram á igreja três horas após a hora marcada para o casamento.

– Até que fim – João que estava sentado no degrau da escadaria da igreja deu um salto quando viu a limusine chegando, correu para dentro para avisar as pessoas que já estavam quase dormindo pela espera.

Ele olhou para o noivo e deu uma risada. O noivo já tinha surtado de todas as formas possíveis nas ultimas horas, até ameaçado o padre. Agora ele parecia um posso de nervosismo vendo Karina entrando lentamente ao lado de Gael na igreja.

– Cuide bem dela – disse Gael entregando Karina á ele

Karina olhou para o lado. Bianca ninava a pequena Ana nos braços. A filha de Karina tinha os cabelos castanhos e os olhos azuis. Naquele momento estava dormindo. A cerimônia foi longa e cada palavra foi guardado em um canto especial no coração da jovem. Após ouvir felicitações dos amigos e familiares ela e seu marido se despediram de sua filha Ana e foram para a lua de mel.

– E agora começa meu conto de fadas – murmurou ela olhando os acenos das pessoas

– Não – contradisse Cobra beijando a mulher – Esse é o inicio de nossa história. A família Cobreloa.

– Estou feliz – ela afirmou segurando a mão de Cobra.

– Eu também.

É o que eu te disse. Eu sou assim.

Partindo pra cima, fugindo de mim.

Eu aproveito cada minuto.

Ontem está distante, ficou lá atrás na estrada.

Só não existe viver sozinho, viver sem você.

Sempre que eu fujo, te levo aqui, aqui comigo. Porque te amo.


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Notas finais do capítulo

Ps: O Pedro morreu nesse capitulo



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