“I got 99 problems but you won't be one”

Ariana Grande feat Iggy Azalea, Problem.

Quando o conheci como irmão do namorado da minha melhor amiga, todos alertaram para me afastar, falaram que ele era um monstro e que iria apenas me machucar, eu tentei acreditar neles, juro que tentei. Talvez eu possa ter desejado gostar dele, Elena tinha Stefan e Meredith tinha Alaric. E eu como sempre, estava sozinha.

E então ele chegou, beijando-me assim que nos conhecemos, com aquele jeito misterioso que só ele poderia ter, não me surpreendi quando me contaram que era um vampiro. Eu sabia que tinha algo de diferente nele, algo sombrio, meu lado médium me falava isso.

Às vezes eu achava que ele implantava na minha cabeça aqueles pensamentos, como “Eu quero beijá-lo” não que ele precisasse fazer isso para que eu me sentisse do jeito que me sentia.

Ele agia como se não ligasse para ninguém, sempre sendo charmoso quando queria algo e eu me via caindo no seu charme, sempre retribuindo os seus beijos quando o vampiro apenas me usava para conseguir algo. Ele era apenas mais um dos problemas que um dia eu teria que enfrentar, que a cada dia, a cada olhar, a cada toque tornava-se mais difícil de largar.

Ao longo do tempo eu fui vendo que ele foi mudando, começou a se importar comigo, não era algo que eu estava fantasiando, todos os outros perceberam isso Matt, Meredith, Elena e até mesmo o Stefan. Quando ele me salvou pela terceira vez eu não me segurei e simplesmente o beijei. Arriscado? Talvez, mas no momento eu não pensei, apenas queria retribuir a ele tudo o que tinha feito por mim.

Quando o vampiro me beijou depois daquilo acreditei que não era apenas para conseguir meu sangue tinha que ser por algo mais, eu queria acreditar nisso, Damon estava mudando, realmente cheguei a pensar que poderíamos ter algo. Que ele não seria só mais um impasse na minha vida, que não me arrastaria para baixo e, sim, me levaria para cima com ele.

E foi aí que ele usou os meus sentimentos para o seu próprio benefício. Quando virou humano novamente, todos estavam cientes do fato de que o que ele mais prezava era não ser um humano desprezível como nos chamava antigamente e então Damon me usou para achar a chave para a sua imortalidade.

Para a infelicidade de nós dois, eu acabei indo junto para a Dimensão das Trevas, onde ele faria de tudo para se transformar em um vampiro novamente.

Não fiquei arrasada. No fundo eu sabia que aquilo ia acontecer e que se ele me beijasse novamente, eu não conseguiria negar.

E foi exatamente o que aconteceu. Ele voltou a ser um vampiro e após recuperar a sua imortalidade tentou me recuperar também, dormimos juntos naquela noite, ele me abraçou e se desculpou por tudo que fez prometendo que nunca faria novamente, falando estar arrependido. Eu queria me soltar dele e sair correndo dali, de volta para Elena e meus amigos, entretanto a única coisa que consegui fazer foi desculpá-lo, por que eu era assim, sempre que ele fizesse algo errado e voltasse me pedindo desculpas, eu o aceitaria de volta. Porque o fato de todos falarem para eu me afastar dele só me fazia querer me aproximar mais ainda.

Ficamos juntos e felizes até que nossos amigos nos acharam e embarcaram conosco em uma viagem atrás de algo que poderia salvar a nossa cidade daqueles verdadeiros monstros que a assombravam. Passar aqueles momentos com ele foi maravilhoso, até que por um leve descuido meu, ele teve que me salvar novamente.

Entretanto Damon que sempre colocava a sua vida na frente da de todos os outros não conseguiu se salvar. Tirando-me da frente do galho e se posicionando na minha frente ele me salvou de um golpe fatal, fatal para um vampiro também. Uma estaca de madeira exatamente no seu coração, se eu ainda tinha alguma duvida de que pelo menos ele sentia algo por mim, por menor que fosse ela sumiu naquele momento e na cabeça de todos os outros também. Ele tinha morrido para me salvar, no fim tudo o que me falava era verdade, porque ele nunca prometeria algo que não cumpriria.

Achei que pelo menos uma parte de mim ficaria aliviada por não ter mais que lidar com ele, estava errada, fiquei arrasada. Tentei seguir em frente colocando na minha cabeça que eu estava bem melhor sem o Salvatore mais velho, foi impossível, só fiquei realmente feliz, só realmente me senti completa, quando o vi novamente e eu não estava sonhando. Antes de morrer, ele me disse que sentia muito e me chamou pelo apelido carinhoso que tinha me dado assim que nos conhecemos. Passarinho.

Eu sempre seria o seu passarinho.

E quando eu ouvi bicadas de corvo na minha janela, realmente achei que estava sonhando. Quando levantei da cama e abri a janela autorizando a sua entrada, apesar de esperançosa não achava que o corvo se transformaria no Damon, no meu Damon. O vampiro que tinha morrido e depois simplesmente aparecera no meu quarto, no meio da noite.

— Como você está aqui? — perguntei ao corvo que agora era Damon, já sentindo as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas.

— Eu não sei. — ele respondeu com tanta simplicidade que eu não consegui exigir uma resposta concreta, talvez ele realmente não a tivesse. — Depois de tê-la salvado. Eu simplesmente acordei em um monte de cinzas. Com isso.

Ele falou daquele jeito que eu amava, com uma mecha dos meus cabelos ruivos encaracolados na sua mão. Eu tinha cortado uma mecha do meu cabelo e colocado em cima do seu corpo assim que morreu. Por sorte eu não era cética, sempre tive minha mente aberta ao sobrenatural.

— Quando eu vi essa mecha. Eu sabia que tinha um motivo para eu ter voltado. Era para, dessa vez, fazer todas as coisas certas com você.

O encarei incrédula.

— Você está dizendo que renasceu apenas para... Para fazer as coisas certas comigo?

— Não consigo achar outro motivo melhor para eu ter renascido das cinzas.

Era ele. Realmente era. Com aqueles cabelos chocantemente escuros e olhos cor de meia noite, ele continuava extraordinariamente bonito. O seu rosto era a única coisa que reluzia a luz da lua, quase invisível na escuridão com suaves botas pretas, jeans preto, suéter preto, e uma jaqueta de couro. O sorriso bonito, divertido e confiante. Não sabia como tinha me segurado durante tanto tempo, corri em sua direção lhe dando um longo e profundo abraço.

Quando o abraço acabou, ele continuou com um braço ao redor da minha cintura, levando o outro levemente até o meu rosto onde deixou sua mão nas minhas bochechas, tirando os cachos que estavam grudados nela e ao mesmo tempo secando minhas lágrimas.

Eu não conseguia desviar meus olhos dos seus, quando você encarava muito os olhos dele, conseguia ver pontinhos brilhantes, como se fossem estrelas no céu, exatamente a meia-noite.

Desnorteada, como sempre ficava quando estava nos seus braços, senti minha cabeça se inclinar para trás e os meus lábios se separarem.

Sentindo todo aquele turbilhão de emoções que sentia quando ele me beijava. Aqueles sentimentos que eu achei que nunca sentiria novamente, como achei que não o veria nunca mais.

O cheiro da sua colônia ainda era o mesmo, assim como o cheiro de couro da sua jaqueta. Assim como o modo como ele me segurava e fazia eu me sentir.

Dormimos juntos novamente naquela noite, com os seus braços ao redor do meu corpo e a minha cabeça apoiada no seu peito, eu não me sentia desse jeito desde que Damon tinha ido. Completa.

E talvez. Ele não fosse realmente um problema. Algo que eu devesse enfrentar. Quem sabe, eu apenas devesse me entregar ao que sentia, ao invés de lutar contra isso. Lutar contra o amor que sentia por ele.

Talvez devesse lutar por ele, pelo amor. Pelo meu corvo. Meu vampiro. Meu centésimo problema.