Gael POV

Após fechar a porta da sala, vi Karina e Alan se encarando. O garoto parecia assustado ou arrependido, não sei, e minha filha parecia confusa.

– Me atropelou? – Perguntou ela, minutos depois. Dandara e Duca acompanhavam a confusão sem dizer nada. Então foi o Alan que atropelou a minha filha? Eu estava tão confuso quanto ela.

– Desculpa... Karina né? – Perguntou o rapaz, se aproximando de Karina. Ela assentiu. – Naquele dia eu estava louco querendo encontrar meu irmão, e quando eu vi você entrou na frente da minha moto e não deu tempo de frear.

– Ok, eu já to bem já Alan. – Minha filha sorriu. – Mas, ei, você não tinha morrido? Papo estranho. – Falou ela, fazendo uma careta de confusão.

– Então minha filha, nós não contamos antes porque o Duca ainda não tinha certeza, mas pelo que tudo mostra, o Lobão quer se vingar do Alan. – Eu disse. – E por isso que hoje eu combinei com o Duca do Alan vir pra cá.

Flashback on

– Mestre, preciso muito falar com o Senhor. – Disse Duca na academia,se aproximando de mim.

– Pode dizer filho. – Falei, me afastando dos outros lutadores.

– O Alan. O lugar onde ele está foi descoberto e ele teve que sair correndo. Ele está escondido na Pedra do índio, e precisa de ajuda. Mestre, precisamos coloca – lo em um local seguro, mas na minha casa será o primeiro lugar onde o procurarão. – Duca estava apreensivo.

– Ok, essa noite ele pode ficar lá em casa, o Lobão não vai saber que ele está por lá, sequer vai imaginar. Seu irmão saiu brigado comigo. Então o esconda lá hoje e ele deixará clara essa história de dossiê contra a Khan. – Eu disse, determinado.

– Ok mestre, mas como eu vou fazer isso sem que ninguém veja ele entrando lá? – Perguntou Duca e eu tive uma idéia.

– Já sei, espera aí. – Falei indo ao meu destino

Flashback off

– Aí eu peguei umas roupas na Ribalta emprestada com a Dandara, e agora ele está aqui. – Karina estava sentada no sofá e ouvia atentamente a história. Alan se sentou no braço do sofá próximo a ela.

– As roupas eram desconfortáveis. Eram roupas femininas. – Alan disse baixo e todos nós rimos.

– Eu perdi isso? – Falou Karina.

– Não, eu tirei uma foto. – Falei e ela riu. Peguei meu celular e mostrei pra ela.

– Está “linda” – Falou rindo para Alan.

Tudo estava bem lá em casa. Jantamos. Bianca tinha saído com os colegas da Ribalta e estava demorando para chegar. Decidi conversar com os meninos.

– Então Alan, que história é essa do dossiê? – Perguntei me sentando no sofá. Alan e Duca se sentaram no sofá de frente para mim.

– Então mestre, o dossiê mostra as lutas ilegais bancadas pelo doutor Haideguer. E também o uso de anabolizantes, principalmente dos lutadores patrocinados por ele. – Falou Alan. Ele segurava um pen drive vermelho e me deu. – Aqui tem tudo o que você precisa saber. Precisamos entregar isso para polícia, antes que muita gente se machuque. – Falou ele.

– Eu tenho um bode expiatório lá dentro, ele ligará mais o Doutor ao Lobão e assim conseguiremos mais coisas para essa investigação. – Falei, lembrando de Cobra. Eu não queria ter que usar a Karina, mas esse foi o jeito mais fácil que eu vi: deixar os dois ficarem juntos e usar da boa vontade do Cobra para me ajudar.

Karina POV

Então era isso que o Duca estava escondendo da Bianca esse tempo todo? O Alan vivo! Quem diria. E ele é bonitão. Pensei e ri do meu pensamento. Mas o que é que tem? Não é porque eu to com o Cobra que eu não posso achar outros caras bonitos né? Falando nisso, eu to com o Cobra mesmo? Ou é só curtição, como ele tinha com a Jade antes? Se bem que virou namoro depois, mas aqueles dois era muita confusão. Eu odiava ver aquela garota com ele, ela só fazia mal a ele, parecia que sempre abria caminho para ele mostrar seu pior lado quando tava perto dela.

Eu estava pensativa no quarto quando alguém bateu na minha porta. A porta estava aberta e eu vi que era Alan. Sorri e ele entrou.

– Oi Karina, desculpa entrar aqui, mas é que eu queria muito falar com você. – Ele disse e eu dei espaço para ele se sentar na cama.

– Pode falar. – Falei sorrindo. Ele me parecia gente boa igual o Duca.

– Então, eu sei que já te pedi desculpas, mas queria pedir novamente. Eu sinto muito por ter te atropelado, a sorte é que não aconteceu nada mais sério né? Ou aconteceu? – Perguntou preocupado.

– Não! – Falei aliviada. – Foi coisa de pouco tempo. Tipo, fraturei minha perna e tive que usar a bota.

– E perdeu também a voz! Fala pra ele Karina que por culpa dele você perdeu a voz! – Olhei para a porta e vi Cobra com os braços cruzados nos encarando com olhos faiscando de ciúmes.

Cobra POV

Assim que cheguei ao QG vi que Karina tinha deixado o celular em cima do sofá. Lembrei dos bons momentos que passamos naquele sofá e sorri ao lembrar da carinha dela toda mole nos meus braços. Ai Karina você me mata. Decidi entregar pessoalmente, às vezes descolava uns beijinhos.

Cheguei na casa de Gael, e lembrei do pedido dele para eu ser seus olhos e seus ouvidos na Khan. Sim, eu iria fazer isso, era o mais seguro, Gael era do lado do bem e eu estava disposto a mudar. Bati na porta e Dandara abriu.

– Oi Cobra, tudo bem? – Perguntou ela, estranhando eu estar ali aquela hora.

– Tudo sim Dandara, a Karina está? – Perguntei. Gael veio até a porta.

– Aconteceu alguma coisa Cobra? – Perguntou, tenso. Acredito que se referindo ao nosso trato de hoje cedo.

– Não. É que a K esqueceu o seu celular lá no QG e eu vim devolver. – Eu disse e sorri sem graça. Gael bufou e abriu a porta.

– Ela ta no quarto. Vai lá, mas vai rápido que eu não quero marmanjo até tarde aqui não. – Falou ele. Assenti e caminhei para o quarto. Ouvi a voz de Karina e de um homem... como assim? Meu sangue começou a ferver e eu abri a porta. Karina estava com a cara doce e o rapaz sorria para ela. Decidi me intrometer na conversa, para chamar a atenção dela para mim.

– E perdeu também a voz! Fala pra ele Karina que por culpa dele você perdeu a voz! – Explanei com toda a raiva que eu estava. O rapaz a encarou.

– Sério Karina? – Perguntou. Agora eles eram amiguinhos? – Me desculpe, de verdade. – Falou ele, com cara de quem finge arrependimento. Falso!

– Tem nada não Alan. – Alan? O irmão do Duca? Então era isso o Alan tava vivo mesmo! Caraca! – Alan, eu posso conversar com o Cobra rapidinho? – Falou K e ele assentiu, se levantando. Entrei no quarto e ele passou por mim.

– Cobra? Gostei do apelido cara. – Disse e bateu a mão no meu ombro, saindo.

Karina POV

Cobra com ciúmes? Levantei da cama e fiquei encarando Cobra da mesma forma que ele me encarava: braços cruzados e olhos fixos nos meus.

– O que foi? – Perguntou ele.

– Nada, to fazendo o mesmo que você. – Disse. A cada movimento dele eu me mexia igual.

– Para Karina, coisa chata. – Falou ele, e esfregou a mão no cabelo. Parei e sorri, sentando na cama. – Não gostei! – Falou do nada.

– Não gostou do que? Do meu quarto? Mas você já o conhecia. – Falei, me fazendo de desentendida.

– Para de palhaçada Karina. – Ele se jogou ao meu lado na cama. – Eu não gostei de ver você com aquele cara na maior intimidade. – Falou e eu ri.

– Depois eu sou a ciumenta. – Falei bateu meu ombro no dele.

– Sério Karina, eu sou possessivo com as minhas coisas. – Ele me virou de frente para si e me puxou pela cintura. Sorri de lado ao ouvir suas palavras.

– Suas coisas? Sou objeto não ta! – Falei, me fingindo de brava e me soltei dele.

– K, não foi isso que eu quis dizer. – Falou nervoso. Eu ria do nervosismo dele, e como eu estava de costas ele não via. – K, olha pra mim, não fica chateada. Parabéns Cobra, fez tudo errado... – ele começou a falar e eu fiquei com dó.

– Cobra, ok, eu entendi. Tava zoando com você. – Ele me encarou e veio até mim com uma cara safada.

– Me zoando? Ah loirinha, você vai ter que ser punida. – Aquela frase me lembrou do dia que ele tentou me expulsar do QG e eu me soltei.

– Para Cobra, acho melhor você ir embora. – Falei chateada.

– Mas K... – Falou ele e finalmente se tocou. – Desculpa Karina! – Pediu. Eu estava sentada na cama de Bianca e ele se ajoelhou. – Por favor K, não queria te lembrar daquele dia. – Falou ele. Apesar de não ter acontecido nada, eu ficava triste todas as vezes que lembrava como o Cobra queria me tirar da sua vida. Ele sempre que podia me ameaçava e isso me deixava mal.

– Ok Cobra... – falei cansada.

– K, olha eu te amo! – Falou ele nervoso e pegou meu rosto, me fazendo olha – lo. – Eu nunca falei isso pra ninguém Karina! Eu te amo com todas as minhas forças caramba! – Falou ele. – Me desculpa por já ter tentado te afastar da minha vida, mas eu quero você comigo agora, do meu lado, se possível, pra sempre. – Falou ele. Isso era um pedido de namoro?

– Cobra... – Sussurrei. Eu não tinha muita força. O beijei, segurando seu ombro e ele sorriu. – Eu te desculpo sim. – Falei quando acabou o beijo. – Mas só se você me responder uma coisa. – Tomei fôlego. Eu não sabia da onde isso tinha saído, mas eu precisava perguntar.

– Te respondo qualquer coisa minha marrentinha, loira, linda. – Ele disse beijando todo meu rosto, me fazendo rir.

– Você quer namorar comigo? – Perguntei e essa proposta agora era bem séria.