Espinhos, Veneno e Hogwarts escrita por Yukii


Capítulo 3
Sinais estranhos




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O céu ainda carregava um tom morno de início de manhã, e o som das copas farfalhantes da Floresta Proibida competia com o silêncio. No dormitório feminino da Grifinória, havia apenas uma garota desperta, ocupada em calçar os sapatos por cima das meias negras o mais silenciosamente que podia para não acordar suas colegas de quarto.

 

 

Rose puxou a saia antes de se levantar da cama, e conseguiu chegar até a porta sem produzir nenhum som desagradável para as outras grifinórias. Ao descer a escada em espiral, ela percebeu que a sala comunal da Grifinória estava completamente vazia, visto que ainda estava muito cedo. Não esperava por outra coisa - mesmo na sua casa, ela era quem sempre acordava mais cedo. Antes de escolher uma poltrona, Rose lançou um olhar rápido para a outra escada, que levava ao dormitório masculino, enquanto pensava se Albus demoraria muito. Sua vontade era subir e acordar o primo, mas ela tinha completa noção de que não poderia fazer isso. A ideia lhe causou um arrepio engraçado.

 

Não restava outra solução, a não ser esperar. O Salão Principal ficava apenas a alguns corredores de distância, mas Rose não sentia-se segura o bastante para andar sozinha por Hogwarts, ainda. Além disso, aquele era o seu primeiro dia de aula; queria poder compartilhar as novidades do café-da-manhã com Albus.

 

Resignada com a espera, Rose perdeu a vontade de sentar e ficar apenas encarando as toras enegrecidas da lareira apagada. Em vez disso, a Weasley se ocupou em admirar a tapeçaria vermelho-viva que cobria as paredes ao seu redor, correndo os dedos pelos detalhes em veludo e pelos fios dourados. Ela já estava contemplando o quadro de avisos por mais de vinte minutos, quando ouviu uma voz atrás de si:

 

- Eu não sabia que você ia acordar tão cedo!

 

Albus estava no topo da escada, um sorriso tão grande quanto o dela curvando seu rosto.

 

- Al! - Rose correu até o primo, alcançando-o quando ele estava no último degrau. - Eu pensei que você fosse acordar tarde.

 

- Está brincando? - Albus sorriu soturnamente. - A cama pode ser muito confortável e tudo mais, mas estamos perdendo coisas que poderíamos ver em Hogwarts, se ficarmos dormindo demais. - Ele correu os olhos rapidamente pelo salão vazio, antes de voltar-se para a prima mais uma vez: - Não está ansiosa para o café-da-manhã?

 

Eles riram um para o outro, e atravessaram a sala com passos rápidos até o quadro da Mulher Gorda. O corredor do lado de fora se revelou agradavelmente calmo naquela hora da manhã, e os dois primos se ajudavam para não se perderem nas inúmeras escadas e corredores enquanto iam até o Salão Principal.

 

As grandes portas do aposento estavam abertas; Rose diminuiu o passo, deixando-se ficar um pouco atrás de Albus. As quatro mesas compridas estavam quase vazias, mas a mesa dos professores estava ocupada por inteiro - alguns ocupavam-se em organizar os horários dos estudantes, além de comer.

 

A mesa da Corvinal, mais afastada para o lado direito do salão, contava com apenas três alunos - sextanistas sonolentos lendo livros pesados e sem graça, que fizeram Albus lembrar da mãe de Rose, sua tia Hermione. Logo a seguir, a mesa da Grifinória estava um pouco mais alegre, com um grupo de garotas fofocando alegremente e dando risinhos ao relancear o salão quase vazio. Os lufos pareciam ser os alunos especialmente mais desinteressados em acordar cedo, pois apenas dois veteranos encontravam-se na mesa. Rose não tinha interesse em ver o que ocorria na mesa da Sonserina, mas, com um olhar rápido, relanceou dois garotos de má aparência que cutucavam seu café-da-manhã sem entusiasmo, uma menina de dentes compridos e cara antipática, e, a alguns bancos de distância, um loiro de cabelos despenteados e rebeldes, que lançava um olhar crítico para a mesa, provavelmente escolhendo o que comeria.

 

- Scorpius! - disse Albus, ao mesmo tempo que a mente de Rose registrava a presença do sonserino, embora ela não tivesse feito isso de forma tão entusiástica quanto seu primo.

 

O garoto se dirigiu rapidamente para a mesa da Sonserina, ganhando a atenção dos dois lufos e das garotas grifinórias, que passaram a cochichar mais euforicamente ao vê-lo. Sentindo-se sem alternativa, Rose seguiu o primo, apenas para não ficar só. Não se sentia muito inclinada a conversar com aquele garoto que lhe parecera tão antipático e metido - principalmente depois de se lembrar de que seu pai o alertara contra ele.

 

- Scorpius! - chamou Albus ao alcançar o extremo da mesa da sonserina. O Malfoy levantou a cabeça, os olhos cinza-azulados espiando os dois por debaixo dos fios loiros e curtos que ele jogara para trás.

 

- Potter - disse o garoto, contemplando a figura feliz de Albus e a retraída de Rose. - Eu não imaginei que você fosse acordar cedo.

 

- Não costumo acordar cedo mesmo, isso é coisa da Rose. - riu-se Albus, indicando a prima. Rose ergueu os olhos para o teto encantado. - Você deve estar feliz por ter conseguido ficar na Sonserina, certo?

 

Um rápido sorriso relanceou as faces do Malfoy.

 

- Sim. Eu já escrevi para papai. Ele deve ficar orgulhoso.

 

- Ele não iria ficar se você entrasse para outra Casa? - Rose perguntou, sem conseguir se refrear.

 

Scorpius virou o rosto para ela.

 

- É uma questão familiar, Weasley - explicou ele em tom satisfeito.

 

Rose piscou, surpreendendo-se ao ouvir seu nome saindo da boca de Scorpius.

 

- Mas eu acho que teremos algumas aulas juntos - comentou o Potter, virando-se rapidamente para olhar sua mesa. - Vai ser legal. Nós três poderíamos sentar juntos na aula!

 

As palavras fizeram Rose mentalizar algo como "Não mesmo, Al".

 

- Sim, acho que sim - Scorpius deu um sorriso, que parecia não combinar com seu rosto empalidecido. - Potter, se você quiser, eu posso lhe emprestar aquela revista de quadribol de que eu falei. Eu consegui achá-la no meu malão ontem, mamãe quem deve ter guardado.

 

Rose girou os olhos. Talvez sua mãe tivesse razão ao falar que homens eram todos iguais quando o assunto era quadribol. Scorpius e Albus passaram algum tempo conversando animadamente, enquanto o salão ganhava mais alguns estudantes. Algumas vezes, Albus repuxava a conversa para incluir Rose, mas ela sempre dava respostas curtas e vazias, ainda cismada em relação a Scorpius - se seu pai a aconselhara a não se aproximar dele, devia seguir. Seu pai não mentia.

 

Vinte minutos mais tarde, o teto do Salão já brilhava em tons dourados, e mais alunos entravam. Quando a mesa da Sonserina ficou mais ocupada, olhares desconfiados e curiosos começaram a ser lançados para Scorpius, Rose e Albus, e a Weasley puxou levemente a manga do primo para indicar o ocorrido.

 

- É melhor vocês irem sentar - sugeriu Scorpius, reparando também nos pares de olhos que os observavam. - Eu não gosto de todo mundo olhando para mim. Até mais, Potter, Weasley.

 

Albus se despediu com um aceno rápido, e correu entre as mesas até alcançar o local dos grifinórios. Rose encarou Scorpius por dois ou três segundos, antes de se virar maquinalmente e seguir o caminho do primo. O loiro voltou a atenção para o seu prato.

 

- Ainda bem que não está muito cheio ainda, assim podemos escolher os lugares que quisermos - comentou Albus com displicência, quando ouviu a prima arrastar o banco ao seu lado. - Olhe só, tem um monte de suco de abóbora!

 

Os dois começaram a encher os pratos e os copos, tagarelando entre si. Rose escolheu algumas tiras de bacon e ovos fritos, e Albus lotou seu prato de tudo o quanto seus braços lhe permitiam alcançar. Ao redor de ambos, mais e mais grifinórios apareciam, e o Salão tornou-se um pouco mais barulhento na hora posterior.

 

- Onde está James? - quis saber Rose, olhando ao seu redor.

 

- Ele está demorando - comentou Albus, franzindo a testa.

 

- Ok, eu já entendi que vocês não conseguem viver sem mim - comentou uma voz divertida vinda de algum lugar à esquerda.

 

- James! - gritou a Weasley, esticando o pescoço e vendo o primo a um metro de distância.

 

- Vocês parecem bem dispostos - James disse, antes de puxar um banco vago ao lado de Rose e se sentar. - Al, você vai ter uma indigestão se comer tudo isso.

 

Albus fez uma careta e não respondeu.

 

- Por que você demorou a acordar? - quis saber Rose.

 

- Eu demorei? - o Potter mais velho questionou em tom risonho. - Rose, ainda está cedo! Eu não madruguei no salão feito vocês.

 

- Nós não madrugamos aqui - protestou a Weasley.

 

- Certo, certo - James relanceou os olhos pelo salão. - Então, viram algo interessante por aí? Às vezes costumam acontecer coisas interessantes, como na vez em que Joseph Ragwell foi esganado por um polvo no meio do almoço. Ah, como eu queria ter batido uma foto daquilo!

 

Albus tossiu, e Rose deu pancadinhas solidárias em suas costas.

 

- Eu disse para você não comer tanto, Al, assim as pessoas verão você como um trasgo - comentou James com ar de riso. - Em todo caso, é uma sorte que nenhum de vocês dois tenham caído na Sonserina! Eu ficaria vesgo para o resto da minha vida se eu tivesse um irmão sonserino!

 

- Papai disse que não haveria problema se eu fosse para a Sonserina - protestou o irmão de James, com a voz engrolada pelo recente engasgo.

 

- Claro, ele não queria assustar você - disse James, rindo. - Ah, olhe só, lá vem os horários!

 

Neville e um outro professor de aparência antipática ocupavam-se em distribuir os horários entre as quatro mesas. James acenou animadamente para o professor quando ele se aproximou.

 

- James, Rose, Al! - cumprimentou o professor, um sorriso em seu rosto redondo. - É uma graça que vocês tenham caído na mesma casa, não é?

 

- Eu estava falando isso agora mesmo - disse James, recebendo o horário de Neville. - Ainda bem que não ficaram na Sonserina!

 

- Não diga isso, James, a Sonserina não é horrível como você pensa - replicou o professor com amabilidade, entregando o horário de Rose, enquanto ela o espiava avidamente.

 

Para alegria de Rose e decepção de Albus, a primeira aula do dia de ambos seria História da Magia, uma matéria difamada por muitos, e acusada de ser chata e maçante. Influenciada pelos volumes grossos de História da Magia que sua mãe guardava no quarto, Rose sempre simpatizara com a matéria, e estava ansiosa pela aula, por mais que o prof. Binns tivesse a fama de transformar qualquer matéria em algo chato e tedioso. Dez minutos depois da distribuição de horários, os dois primos arrastavam seus bancos e abandonavam seus pratos - Albus fez isso com certa relutância -, e rumavam junto aos alunos da Lufa-Lufa para a primeira aula. Rose sentia uma ansiedade viva dentro de si, e, mesmo tendo sido mal-influenciado por James contra o prof. Binns e sua matéria, Albus não podia negar sua felicidade em estar no lugar que sempre sonhara.

 

 

A sala de História da Magia era comum e empoeirada, com grandes arcos no teto abobadado. Quando Rose e Albus finalmente conseguiram atravessar a massa de primeiranistas que se aglomeravam na porta da sala, passaram a vasculhar alguma mesa vaga com olhos ansiosos, e acabaram sentando em uma das mesas conjuntas e compridas, junto com Lorcan Scamander.

 

 

- Você é o filho da tia Luna, não é? - inquiriu Albus, lançando um olhar ansioso para o menino de cabelos louros e espetados.

 

 

Lorcan piscou.

 

 

- Sim... e você é... o filho de Harry Potter! - ele pareceu surpreso.

 

 

Albus abriu um sorriso sem graça.

 

 

- É. Você estava na nossa festa de natal com sua irmã e seus pais, há dois verões, lembra?

 

 

- Sim, acho que sim - disse Lorcan de modo pensativo. Depois, esticou o pescoço para espiar Rose: - Quem é ela?

 

 

- Me chamo Rose. Rose Weasley - ela deu um sorrisinho, um pouco insegura com os olhos arregalados de Lorcan lhe olhando.

 

 

- Eu acho que já vi você também - replicou Lorcan em tom etéreo, como se falasse com um espírito. Rose apenas assentiu, e voltou-se para o seu grosso volume de História da Magia, escrito por Batilda Bagshot.

 

 

O professor Binns entrou pela sala atravessando a parede, o que assustou muitos alunos desavisados, que esperavam receber aulas de um bruxo, e não de um fantasma. Ele fez uma introdução arrastada e tediosa sobre a matéria, e começou a rabiscar a lousa enquanto explicava os primórdios da história bruxa. Rose riscava o pergaminho no mesmo ritmo que o professor, apoiando o livro escolar no colo para dar espaço ao tinteiro. Ao seu lado, Albus parecia prestes a desmontar as mãos para conseguir copiar tudo o que o professor falava e escrevia. Lorcan, por sua vez, parecia perfeitamente calmo, folheando distraidamente seu livro enquanto olhava as pinturas que se mexiam nas páginas amareladas com interesse especial.

 

 

Terminada a explicação, o prof. Binns liberou os vinte minutos restantes da aula para que os alunos se concentrassem em copiar o resumo na lousa, enquanto ele ficava flutuando no mesmo lugar com uma expressão de sono. Rose, que já havia copiado tudo, aproveitou o tempo remanescente para escrever uma carta para sua mãe. Na noite passada, o cansaço não lhe permitira pensar em nada decente para escrever, e lembrara-se de mandar a carta ao ouvir Scorpius mencionar a carta que mandara ao pai, durante o café-da-manhã. Assim, Rose puxou uma folha de pergaminho debaixo de suas anotações, molhou a pena e começou a escrever.

 

 

Mamãe,

 

Estou em Hogwarts! Sei que isso é óbvio, mas eu me sinto tão contente que acho que poderia contar isso aos quatro ventos. Eu e Al ficamos muito ansiosos por esse dia, e acho que ele está tão contente quanto eu. Ah! Eu fui selecionada para a Grifinória! Não é o máximo? Fiquei com um pouco de medo de ser posta numa Casa diferente de todo mundo, mas, por sorte, caí na Casa de James, e Al também! Por falar nisso, estou tendo minha primeira aula de História da Magia agora, e estou usando o tempo que o prof. Binns nos deixou para copiar o resumo e escrevendo essa carta. Me desculpe por não escrever antes, mamãe, eu estava muito cansada.

 

Hogwarts é fascinante! O Salão Principal é lindo, eu sempre quis ver aquele teto encantado de que tanto falavam. Ainda não pude visitar a biblioteca, mas estou ansiosa para ir lá, será que vou encontrar todos aqueles livros legais que você mencionou, mamãe?

 

Encontramos várias pessoas por aqui. No trem, eu vi Lorcan e Lysander, os gêmeos da tia Luna. Lorcan está sentando conosco na aula de História da Magia, parece que ele foi selecionado para a Lufa-Lufa. Al tem mais facilidade para fazer amigos do que eu, e

 

 

Rose mordeu a ponta da pena, pensativa, enquanto olhava a carta inacabada. Não sabia se deveria mencionar a amizade entre Albus e Scorpius; sabia que sua mãe mostraria a carta para seu pai, e o que ele sentiria ao saber que sua filha tinha virado colega de alguém que ele pedira para ela se distanciar? Ficaria triste? Preocupado? Irritado? Rose amava seu pai, e pensava que não poderia haver um pai mais divertido e carinhoso que ele. Não queria magoá-lo de maneira nenhuma. Enquanto os alunos ao redor riscavam os pergaminhos freneticamente, ela molhou a ponta da pena no tinteiro e continuou a escrever:

 

 

...acho que precisarei me esforçar um pouco para ter amigos também. Em todo caso, Al é o meu melhor amigo, estarei bem enquanto estivermos aqui! O prof. Neville nos elogiou por termos ficado na mesma Casa, ele é o diretor da Grifinória, como James havia dito. Segundo o meu horário, a próxima aula será Feitiços, e não quero me atrasar, então vou parar por aqui. Pedirei a coruja de James durante o almoço para poder mandar essa carta, por isso talvez ela chegue um pouco atrasada. Voltarei a escrever em breve, e espero receber muitas cartas suas, mamãe, do papai, do Tio Harry e da Tia Ginny!

 

Com amor,

 

Rose.

 

 

No momento em que ela dobrava os pergaminhos vazios sobre a mesa e limpava o tinteiro, a aula do prof. Binns foi encerrada, e Albus levantou-se junto com Rose, ambos ansiosos para a aula de Feitiços.

 

A aula de Feitiços era ministrada pelo enrugado prof. Flitwick, empoleirado numa pilha de livros para enxergar os alunos. Embora Rose tivesse trazido o seu volume do Livro Padrão de Feitiços para a aula, eles apenas tiveram uma introdução amigável ao mundo da feitiçaria, usando suas varinhas para fazerem pequenos objetos levitarem. Os alunos da Corvinal saíam-se melhor que os da Grifinória no decorrer da aula, mas Rose foi a primeira a conseguir fazer uma levitação decente, e, cheia de orgulho, acrescentou um p.s. na sua carta, mencionando seu feito para os pais.

 

 

Depois de dois tempos de Feitiços, veio o almoço no Salão Principal. Albus quis achar Scorpius para ver se o mesmo já tinha a tal revista para lhe emprestar, mas a multidão de alunos ansiosos por uma boa refeição fez com que ele não conseguisse achar o amigo. Rose, por sua vez, pediu a James sua coruja para enviar a carta aos pais. O Potter se ofereceu para mandar a carta após o almoço, já que ele mesmo teria que mandar uma para seus pais. Assim sendo, Rose deixou a carta com o primo e se juntou a Albus, e ambos terminaram de almoçar juntos.

 

 

- Scorpius não está em canto nenhum - reclamou Albus, depois de terminarem o almoço e ficarem espiando por cima das cabeças dos alunos, à procura do colega. - E a nossa próxima aula é Poções, junto com a Sonserina.

 

 

- Então nós o veremos lá, não precisamos achá-lo agora - disse Rose, ainda mal-influenciada em relação a Scorpius.

 

 

- Eu sei, mas seria legal todo mundo ir pra aula junto - resmungou o Potter.

 

 

Acabaram desistindo de achar Scorpius - que aparentemente não estava na mesa da Sonserina -, e rumaram para as masmorras, a fim de não se atrasarem para a aula de Poções. Rose se viu rodeada por colegas grifinórios e sonserinos enquanto caminhava pelos corredores escurecidos, mas nenhum deles parecia ser Scorpius.

 

 

Desde que, há tempos, o prof. Slughorn virara o mestre de Poções, as masmorras haviam ganhado um ar mais alegre, mas ainda pareciam escuras e misteriosas. Albus achou que aquela parte do castelo era estranhamente fria, e resmungou sobre isso durante o trajeto.

 

 

A sala de Poções era grande e escura, dividida em bancadas de três alunos. Rose e Albus procuraram Scorpius com o olhar mais uma vez, mas ele parecia ainda não ter chegado às masmorras. Assim sendo, os primos escolheram uma bancada qualquer, e espalharam seu material de Poções por ali.

 

 

O prof. Slughorn apareceu teatralmente na sala logo depois, sorrindo para seus alunos, e tratando Albus e Rose com especial interesse, o que fez os alunos da Sonserina trocarem caretas entre si. Albus pareceu ficar sem graça, enquanto Slughorn não cansava de repetir que o segundo nome de Albus, Severus, havia sido o nome do maior mestre de Poções que Hogwarts já tivera, o antigo diretor da Sonserina, um bruxo incrível, etc, etc, e etc. Ao ver Rose, ele elogiou a graciosidade da garota, e disse que esperava dela a mesma competência incrível com Poções que sua mãe tivera. A Weasley acenou nervosamente com a cabeça, sentindo metade dos olhares da sala pregados nela.

 

 

Receberam ordem de tentarem fazer uma solução simples para refrescar a pele, e puseram-se a trabalhar, abrindo os livros e conferindo a lista de ingredientes. Somente após dez minutos de a aula já ter se iniciado, Scorpius entrou na masmorra, num passo apressado e com o rosto afogueado, o que mostrava que ele fora correndo até ali.

 

 

- Não há problema, meu rapaz, não há problema - disse Slughorn em sua voz ampla, quando Scorpius se aproximou da mesa do professor, hesitante, pedindo milhões de desculpas por ter se atrasado. - Os primeiros dias de aula são sempre assim, é uma questão de costume!

 

 

O Malfoy retrocedeu e foi sentar-se ao lado de Rose na bancada, atirando a mochila no chão e procurando seu kit de Poções.

 

 

- O que houve? - quis saber Albus, olhando Scorpius com olhos arregalados. - Pensávamos que você não vinha!

 

 

- Eu acabei confundindo meu horário - resmungou Scorpius, embaraçado. Olhou o número da página do livro de Rose, e abriu o seu no mesmo lugar. - O que diabos é pra fazer?

 

 

Depois de receber as instruções dos colegas, Scorpius começou a tentar preparar sua Poção Refrescante. A poção era bastante simples e rápida, e alguns alunos já haviam terminado, gastando o tempo restante em trocar ideias com o professor. Rose estava acrescentando o quarto e último ingrediente no caldeirão, quando olhou para o lado e viu a mão de Scorpius segurando a tesoura para cortar uma vagem no meio. Ele puxou a manga do capuz para conseguir mover a mão melhor, e a manga de sua camisa branca apareceu - estava rasgada. Rose estranhou aquilo.

 

 

- Sua blusa está rasgada - avisou a Weasley, apontando o braço do garoto.

 

 

Ele baixou os olhos para a mão, assustado. Depois, puxou a manga negra de volta e não respondeu.

 

 

Rose franziu a testa para ele. De fato, Scorpius era estranho.

 

 

A aula terminou cinqüenta minutos mais tarde, depois de uma longa "introdução à nobre arte de Poções", como Slughorn chamou. Scorpius puxou sua mochila apressado e, depois de trocar uma ou duas frases com Albus, saiu para a sua próxima aula. O Potter se voltou para a prima.

 

 

- Vamos?

 

 

Havia um ar desconfiado na face de Rose.

 

 

- Que foi? - quis saber Albus, curioso.

 

 

- Nada.

 

 

- Como assim? Você tá estranha, Rose - acusou ele.

 

 

- Não é nada, Al.

 

 

- Então vamos, a próxima aula é Herbologia, Neville não vai gostar se nos atrasarmos para a aula dele.

 


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