Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias
Meus olhos se abriram lentamente quando um trovão muito alto se manifestou. Pisquei algumas vezes e virei-me para olhar para a janela.
Noah estava parado, em frente à janela de cueca box preta e com um cigarro na mão. Ele olhou para mim quando me sentei cobrindo o corpo com o edredom. Quantas noites eu já não tinha visto ele parado ali daquele mesmo jeito¿
– Oi. – eu disse tímida demais.
– Oi Gen.
Ele apagou o cigarro no beiral da janela. Suspirei e mordi minha língua para não repreendê-lo por causa daquilo. Ele jogou o cigarro apagado pela janela e depois veio se sentar ao meu lado.
– Você está bem¿ - perguntei franzindo a testa.
– Sim. Só não consigo dormir muito. Ao contrário de você.
Arqueei uma sobrancelha e olhei para o relógio digital que marcavam 9:45 da manhã.
– Não é tão tarde assim. – eu disse lhe empurrando com o pé.
Ele abaixou a cabeça e sorriu. Depois tornou a olhar pra mim com seus olhos castanhos e disse:
– Senti muito sua falta Gen.
Ele se curvou sobre mim fazendo-me deitar na cama novamente.
Ele se apoiou nas mãos, uma de cada lado do meu corpo, e ficou me olhando por um momento e depois beijou suavemente minha boca. Fechei os meus olhos absorvendo a sensação. O beijo começou a ficar mais intenso e eu coloquei minha mão na sua nuca, puxando-o para mais perto.
Parei de beijá-lo e exclamei:
– Você perdeu seu voo!
Ele olhou para mim e franziu levemente a testa.
– Está tudo bem.
– Não. – eu disse sentando-me na cama. – Noah e seus pais¿ Você tinha que ver seus pais.
– Eles podem lidar com isso. Tenho certeza que não reclamarão sabendo que não fui para ficar com você. Eles deram o maior sermão em mim quando souberam que você terminou comigo.
Suspirei e ele passou seus dedos por meus cabelos desgrenhados e bagunçados.
– Sabe o que nós podíamos fazer¿ Viajarmos, só nós dois.
Sorri.
– Pra onde Noah¿
Ele deu de ombros.
– Não sei. Podíamos pegar um trem e simplesmente viajar. Descer na primeira parada ou na segunda. Sair por aí.
Mordi o lábio e sorri.
– Veremos isso depois do café da manhã. – eu disse e levantei-me enrolada no lençol da cama.
***
Franzi o cenho ao ver meu reflexo no espelho.
– Ah meu Deus! – sussurrei ao ver as marcas no meu corpo. – Filho da... – virei-me de costas e escancarei mais a boca.
Ele tinha deixado marcas por todo o meu corpo. Nas costas, nos seios, no pescoço, nos braços...
Vesti minha calça de moletom e minha blusa da noite anterior. Penteei os cabelos e escovei meus dentes rapidamente. Eu estava nervosa com ele. Parecia que eu tinha passado a noite com um vampiro!
Abri a porta e encarei Noah, que estava vestido com sua calça jeans.
– O que foi¿ - ele perguntou ao ver minha cara para ele.
– Você deixou marcas no meu corpo inteiro. Parece até um vampiro! Você sabe que eu não gosto disso.
– Pareceu gostar na noite passada. – ele disse com um sorriso malicioso.
Joguei a escova de cabelo nele, mas não acertou, pois ele desviou. A escova caiu no chão com um baque surdo.
– Eu não posso nem usar uma roupa mais aberta por sua causa. Você é um... Você é um cretino!
Ele riu.
– Genevieve eu não acredito que está brigando comigo por causa de uns chupões. Olha o meu pescoço! – ele disse mostrando-me a marca da minha boca no seu pescoço que estava extremamente roxa.
– É uma marca. – eu disse. – Você me marcou toda!
Apaguei a luz do banheiro e deixei-o no quarto, indo para a cozinha.
Liguei a cafeteira e peguei a farinha para começar a fazer panquecas.
– Gen, qual é! – ele disse passando os braços por volta da minha cintura.
– Ai me solta Noah. – eu disse me desvencilhando dos seus braços.
Ele me largou e eu abaixei-me para pegar a frigideira no armário.
– Gen, qual é¿ Desculpa vai. Eu não achei que você ia se importar. – ele disse pegando meu cotovelo fazendo-me virar para ele.
Coloquei a frigideira em cima do fogão e olhei para ele. Ele passou os braços por minha cintura e me deu um beijo na bochecha.
– Fica charmoso em você. – ele disse.
Revirei os olhos e empurrei-o reprimindo um sorriso.
– Você é uma criança mesmo. – eu disse me virando para o fogão.
– Não me faça deixar outras marcas em você Genevieve. – ele sussurrou no meu ouvido.
Dei uma cotovelada em sua barriga e ele me deixou em paz e foi se sentar rindo no balcão.
– Sem graça. – resmunguei colocando a massa na panela para fritar.
– E então, - ele disse ignorando minhas reclamações. – Vamos viajar ou não vamos¿
Não respondi. Peguei a massa da panqueca e coloquei num prato. Coloquei maple syrup em cima e coloquei o prato em cima do balcão. Peguei o garfo e a faca e coloquei do lado do prato.
Peguei o restante da massa e coloquei para fritar.
A luzinha da cafeteira acendeu.
– Quer café¿ - perguntei pegando uma xícara para mim.
– Sim, por favor.
Peguei outra xícara e coloquei café até a metade. Fui até o balcão e entreguei para ele.
Ele segurou meu braço e se curvou para me dar um beijo. Não permiti que ele fosse muito longe e o empurrei.
– Tome seu café antes que eu te proíba de comer.
Ele riu.
– Será que vai ser sempre assim¿
– O quê¿ - perguntei enquanto colocava a massa da panqueca em um prato para mim.
– Eu e você. Você sempre brava comigo e eu sempre fazendo alguma coisa para te irritar¿
Olhei para ele e coloquei meu prato no balcão.
– Estou começando a achar que sim. Você nunca muda.
Ele sorriu parecendo satisfeito e levou um pedaço de panqueca até a boca.
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