Conto De Fadas Moderno escrita por Letícia Matias


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Oie!! Que bom te encontrar em outro capítulo!!!
Esse capítulo é bem emotivo então, como eu escrevi ele inteiro praticamente ouvindo "Danity Kane - Stay With Me", seria muito legal se você lesse ouvindo essa música linda também. Apenas se quiser, é uma sugestão pra deixar mais emocionante. ;)



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Passaram-se uma semana e eu não tinha mais visto Nate. Na semana que havia passado, o Sr. Martin – o produtor da gravadora – esteve no estúdio praticamente todos os dias. Já tínhamos começado a gravar algumas músicas, três já estavam prontas. Seria um cd de apenas dez músicas, não queríamos um cd muito grande para não ser cansativo. Afinal de contas, um cd com mais de doze músicas, são cansativos.

Nós estávamos sentados ao redor de uma mesa de vidro, dando uma pausa nas gravações, tomando nossos cafés e beliscando alguns cookies e conversando quando o meu celular tocou dentro do bolso da minha jaqueta de couro preta. Levantei-me e fui até a cadeira onde estava a minha jaqueta e tirei o meu celular do bolso. Senti meu estômago doer como se alguém tivesse me dado um soco na barriga. Li o nome de Noah na tela.

Suspirei e apertei o botão de atender.

– Alô¿ - perguntei com a voz nervosa.

– A-alô.

Franzi o cenho.

– Noah, você está aí¿

– Gen, oi. – ele tossiu do outro lado da linha e gemeu. – Eu... Eu precisava ouvir a sua voz.

– Você está bem¿ Porque está arfando tanto¿

– Eu... Acabei de sofrer um acidente de carro.

Aquelas palavras me atingiram como uma paulada na cabeça e eu senti minhas pernas bambas. Segurei-me na cadeira para não cair e todos olharam para mim.

– Genevieve, você está bem¿ - Jack perguntou.

– Como assim¿ Aonde você está¿ - perguntei.

Noah tossiu com muita dificuldade do outro lado da linha.

– Estou na ponte do Brooklyn. – ele tossiu novamente repetidas vezes. – Eu não consigo me mexer. Estou sangrando muito. Eu... Você tinha razão sobre Austin. Ele realmente não é meu amigo, ele me deu um tiro, sabia¿

Comecei a arfar e meus olhos começaram a embaçar.

– O que¿ - sussurrei.

– É uma longa história. Mas isso não é importante, o importante é que eu tinha que te ligar. – ele pronunciou as palavras vagamente como se estivesse bêbado. – Eu... Precisava te ligar para o caso de essa ser a última vez que falo com você.

Agora as lágrimas caíam dos meus olhos.

– Noah, não desliga o telefone. Fala comigo.

– Eu... Te amo Genevieve Jay. Sei que fui um idiota com você quase sempre, mas... Eu te amo muito. E sabe de uma coisa¿ Você é boa demais pra mim. Eu... Só precisava te falar isso. – ele estava respirando ofegante e tossia de vez em quando, estava com a fala “arrastada” - Eu te amo.

– Noah¿ - eu disse e ele não respondeu. – Noah! Noah! NOAH! – agora eu estava gritando com o celular em frente a minha boca.

Eu podia sentir os olhos alarmados de todos me olhando sem entender nada.

Peguei minha jaqueta e a vesti rapidamente. Jack veio até mim.

– O que foi, o que aconteceu¿

– Noah sofreu um acidente, ele foi baleado ele... – tentei respirar fundo, mas não consegui e comecei a chorar descontroladamente de novo. – Eu... Preciso ver ele. – eu disse entre soluços. – Me desculpem, mas eu tenho que ir.

Peguei minha bolsa e abri a porta do estúdio, desci as escadas correndo com as pernas bambas. Esperar pelo elevador demoraria demais. Eu sabia que Jack iria vir atrás de mim e se eu diminuísse o passo, ele me alcançaria e diria que eu não estava bem para dirigir. Ele não em deixaria ir.

Quando cheguei ao estacionamento, uma lufada de ar gelado envolveu meu corpo e me deu arrepios de cima a baixo. Corri com dificuldade, coma visão embaçada até o meu carro e entrei nele batendo a porta. Eu estava tentando colocar a chave na ignição, mas minha mão tremia descontroladamente e as lágrimas dificultavam minha visão. Tentei respirar fundo entre os soluços e me acalmar. Por fim, consegui enfiar a chave na ignição e pisar no acelerador. Enquanto eu saia em alta velocidade do estacionamento, vi pelo retrovisor, Jack parando no meio do estacionamento com Andrew curvando-se com as mãos nos joelhos como se eles tivessem acabado de correr uma maratona.

Eu dirigi apressada, descontrolada e fora de mim. Queria passar por cima dos carros que me impediam de chegar à ponte do Brooklyn. As ruas estavam molhadas por causa da garoa fina que começava a cair e os carros se moviam com lentidão para me atrasar, ou pelo menos eu queria sair voando com o carro como Rony e Harry fazem em Harry Potter e a Câmara Secreta.

Quando comecei a avançar em direção a ponte do Brooklyn pude ver fileiras de carros no engarrafamento que se estendia até o final dela. Estava tudo parado, presumi que o acidente tivesse causado isso. Abri a porta do carro e saí correndo, deixando a porta aberta e o carro ligado. Eu corria e corria sem parar, com o ar congelado nos pulmões por causa do frio intenso, a garoa molhava meu rosto com cada vez mais intensidade.

E então eu vi e congelei.

O carro de Noah estava completamente destruído na parte da frente, amassado como se tivesse sido engolido por um caminhão e vi um corpo sendo deitado numa maca da ambulância. Era ele.

Comecei a correr novamente e quando cheguei perto o suficiente do pessoal do resgate comecei a chorar mais.

– Noah! – gritei.

Dois paramédicos se levantaram e colocaram a mão no meu ombro, bloqueando minha passagem.

– Ei moça, vá com calma...

– Não me diga o que fazer, é o meu namorado!

Eu sabia que tinha terminado com ele, mas na hora simplesmente a palavra saiu da minha boca.

– Calma, vamos levar ele para o hospital. A senhora veio de carro¿

Assenti tentando me acalmar.

– Iremos levar ele para o New York Methodist Hospital a senhora pode ir de carro.

Eu queria ir à ambulância, mas não podia deixar meu carro ali.

Assenti e antes de sair correndo de volta para o meu carro, dei uma espiada por cima dos ombros dos paramédicos. Noah parecia desacordado.

***

Depois que a ambulância saiu em todo vapor, os carros se dispersaram rapidamente e eu pisei fundo no acelerador. Cheguei atrás da ambulância.

***

Dentro do hospital, os médicos entraram correndo com a maca de Noah gritando:

– Precisamos levá-lo para o centro cirúrgico. Ele sofreu um acidente de carro e foi baleado. Está perdendo muito sangue! Vamos depressa!

Eu estava correndo junto com os médicos, ao lado da maca de Noah. Ele estava com uma máscara de oxigênio no rosto. Os olhos dele se abriram quase que imperceptivelmente e encontraram meus olhos. Pude ver seus lábios se moverem e ele esboçar um sorriso. Ele fechou os olhos novamente. Olhei para seu braço e sua costela e só naquele momento eu pude ver que ele estava coberto de sangue.

Fui até o final do corredor e eles me impediram de passar por uma porta junto com os médicos. Eles estavam levando-o para o centro cirúrgico.

Encostei-me na parede, ao lado da porta por onde os médicos tinham entrado e uma enfermeira parou do meu lado e colocou a mão no meu braço.

– A senhorita está bem¿

Meu coração estava muito acelerado e eu comecei a ficar tonta e com falta de ar. Senti o chão desaparecer sob meus pés e minha visão escurecer.

***

Abri meus olhos rapidamente e pude ver uma luz fluorescente forte iluminando meu rosto, tornei a fechar meus olhos.

***

Minhas pálpebras estavam pesadas como uma pedra quando abri meus olhos novamente, dessa vez, não havia uma luz forte sobre a minha cara, me cegando e sim uma iluminação muito fraca e distante. Dei-me conta de que eu estava deitada numa maca, num quarto vazio, apenas eu estava ali. Tinha uma iluminação fraca de uma luz amarelada e uma janela grande de vidro coberta com persiana cor bege. O quarto todo era dessa cor. Olhei para meu braço e segui o olhar até mangueirinha ou qualquer que fosse o nome daquela coisa que estava vindo da bolsa de soro. Eu estava sonolenta.

Eu queria me levantar. Sentei-me lentamente na maca e senti minha cabeça pesar e latejar como se fosse explodir.

Quando pisei no chão, senti um desequilíbrio nas pernas e tive que me segurar na grade da maca.

Senti um braço me segurar.

– Gen, você não deve se levantar.

Era uma voz conhecida, mas, eu não conseguia enxergar muito bem. Minha visão estava escura.

Pisquei várias vezes e coloquei minha mão na cabeça. Só então, olhando para meus pés descalços pude ver que estava vestida numa daquelas camisolas horríveis e desbotadas de hospitais, com um oxímetro no meu dedo indicador que estava ligado a um monitor que eu não tinha notado.

Pisquei mais algumas vezes e olhei para cima e vi os cabelos louros e olhos atenciosos de James Morrison – o irmão da Rebecca.

– James. – sussurrei.

Ele sorriu.

– Oi. Você não está muito bem para andar então se deite na maca.

– Não eu... O Noah.

– Ele está bem, Genevieve. Ele está se recuperando. Mas agora minha preocupação é com você, então, deite-se, por favor.

Não quis discutir com ele e ele tinha me dito que Noah estava bem então já era um alívio.

Engoli em seco e assenti e tornei a deitar-me na maca com um pouco de dificuldade. Minha cabeça latejava constante e fortemente.

– Pra que tudo isso¿ - perguntei estreitando os olhos porque não conseguia enxergar muito bem. Minha visão estava um pouco escura e embaçada ainda.

– Você teve uma taquicardia. Você está com um estresse emocional muito grande, achamos que esse foi o motivo. Então nada de se estressar, querer se levantar e andar pelo hospital, não fará isso. – ele me olhou com os olhos sérios.

Engoli em seco e assenti.

Só agora deitada, ouvi os bipes que vinham do monitor ao lado da minha cama, as batidas do meu coração. Fiquei encarando por um momento o monitor e depois olhei para James.

– Obrigada, James. – falei o mais alto que eu pude.

Ele balançou a cabeça.

– O que eu puder fazer pra te ajudar, farei. Só tente não ficar muito estressada, procure descansar. Noah está bem, ele está num quarto, já está se recuperando e você não deve ir ver ninguém agora nem se preocupar com ele. Se preocupe com você agora, tudo bem¿

Assenti novamente.

– Obrigada, James. Você não ligou para meus pais ou para Mike, não é¿

– Na verdade, não. Manterei você aqui em observação e se você não melhorar, ligarei para eles.

Senti-me mais tranquila pelo fato de ele não ter ligado.

Assenti.

– Obrigada. – sussurrei.

Eu estava me segurando para não chorar. Eu realmente estava uma pilha.

Fechei meus olhos tentando impedir as lágrimas de saírem.

– Ei Gen, vai ficar tudo bem. – James disse colocando a mão no meu ombro. – Não fique assim.

Assenti ainda de olhos fechados e respirei fundo. Depois de um tempo abri meus olhos e vi que ele ainda estava ali, com uma prancheta na mão me olhando.

Sorri.

– Eu gostaria de sentar.

Ele sorriu e se aproximou mais da cama, ajeitando ela para que o encosto ficasse alto para que eu pudesse me sentar.

– Obrigada. – sussurrei.

– Cadê ela¿

Eu e James olhamos para frente e então vi Nate parado ali me olhando. Ele estava com uma calça social preta e uma blusa social branca. O que ele estava fazendo aqui¿ Como ele sabia que eu estava aqui¿

– Gen! – ele disse e se aproximou da cama, entrando na frente de James. Ele pegou minha mão e segurou com cuidado como se fosse quebrar. – Como você está¿

Engoli em seco e dei um sorriso murcho. Eu sabia que meus olhos estavam inchados e cheios de lágrimas querendo sair.

– Estou bem.

Ele suspirou e balançou a cabeça e segurou meu rosto com leveza e me deu um selinho.

Eu fiquei surpresa e constrangida por causa de James. Vi que ele desviou o olhar.

– Ah, senhor, eu preciso que o senhor se afaste um pouco para eu examinar a Genevieve.

Nate olhou para James e se levantou.

– Desculpe.

Ele suspirou e olhou para mim. Desviei o olhar.

James foi até o monitor e anotou alguma coisa na prancheta e depois pegou uma lanterna para examinar por baixo das minhas pálpebras.

– Eu volto para te ver mais tarde, tudo bem, Gen¿ Mas se sentir algum desconforto, alguma coisa, pode mandar me chamar.

Assenti.

– Obrigada James, você realmente é um médico incrível. E... Obrigada por não ligar para os meus pais nem para Mike.

Ele sorriu e passou a mão suavemente pelo meu rosto. Vi pelo canto do olho que Nate olhava para James e para sua mão em meu rosto. James se virou para Nate e fez um breve aceno e Nate fez o mesmo. James saiu e Nate olhou para mim.

Fiquei sustentando seu olhar e me perguntando se ele sabia o por que eu estava aqui.

– Que susto é esse que você quer me dar, Gen¿ - Nate disse se aproximando da cama novamente e pegando minha mão e envolvendo-a nas dele. – Suas mãos estão geladas! – ele disse e soprou-a com o ar quente da sua boca.

Suspirei. Eu sentia que ia começar a chorar a qualquer momento.

– Como chegou aqui, como você soube¿ - perguntei.

– Jack me ligou.

Assenti e engoli em seco.

– Então sabe o porquê estou aqui.

Ele assentiu e sustentou meu olhar e eu tive que desviar.

– Está bravo comigo¿ - sussurrei.

Ouvi-o rir baixinho.

– Bem que eu queria Genevieve Jay, bem que eu queria!

Não pude suportar mais e as lágrimas transbordaram dos meus olhos silenciosamente e logo comecei a soluçar alto cobrindo o rosto com as mãos.

– Ei! – ele disse puxando meu braço de leve.

Ele não disse mais nada e deixou que eu chorasse descontroladamente por minutos.

Quando eu consegui me acalmar um pouco mais e enxuguei o rosto com as costas da mão, ousei olhar para ele. Ele me olhava atento.

Balancei a cabeça.

– Desculpe, eu não sei o porquê estou chorando.

– Está tudo bem, Gen, Você está estressada. É normal que esteja emocional. Agora, quer me contar como Noah te ligou e como você veio parar aqui¿

Suspirei e contei tudo a ele. Ele ouviu tudo sem dizer uma palavra e em certo momento, sua mão segurou a minha novamente e pude ver em seus olhos que apesar de ele odiar o motivo de eu ter vindo para o hospital, ele não estava com raiva de mim mesmo depois do que tinha acontecido entre nós uma semana atrás. Ele sabia que eu me importava com Noah, apesar de tudo. Ele sabia que não voltaria para o Noah, mas ainda me preocupava e não queria vê-lo morto. E ele estava preocupado comigo, estava sendo compreensível e naquele instante eu apenas me senti mais reconfortada de tê-lo ali do meu lado.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos e até o próximo capítulo.



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