O Passado nos condena ...

P.O.V Ally

Deixamos Angie brincar ali pela zona. Por enquanto parecia não estar a precisar da nossa atenção. Austin e eu sentamo-nos sobre a relva ( banco ) e ficamos a olhar um para o outro, como se estivéssemos a comunicar pelo pensamento. Aquele silêncio era estranho. Quando dei por mim, tinha os lábios dele colados aos meus, formando um lento, mas perfeito, beijo. As suas mãos pousaram na minha cintura e o ar parecia estar a esgotar-se.
Claro que o nosso momento não ia durar muito tempo, por isso aproveitamo-lo bem. Angie veio a correr na nossa direcção pois a fome já a apertava. Pusemos tudo ao dispor para almoçarmos e, afinal, o meu namorado tinha trazido um montão de comida. Talvez a ideia dele fosse passarmos lá uma semana ou algo assim, mas a verdade é que no dia seguinte o trabalho esperava-nos.
A tarde foi passada com as brincadeiras de Angie. Lembrei-me que Austin e eu namoramos há três dias. Conhecemo-nos há um mês. Como é que isto aconteceu tão rápido?
Como é que tanta coisa aconteceu assim do nada?
Sinceramente, não acho que tenha sido cedo de mais. Eu li um livro do Nicholas Sparks em que um jovem se apaixonou por uma mulher em três semanas. Parece-me justo.
O amor pode acontecer.
Mas será que estamos mesmo apaixonados?
Quer dizer, estamos a começar algo novo ...

– Amor? Em que é que estas a pensar? - disse, com Angie no seu colo.

– No desfile da Angie, na próxima semana. - menti.

– Allycia eu odeio mentiras ... não mintas, por favor.- pediu.

– Depois falamos, está bem?

Austin assentiu e começou a arrumar as coisas. Ajudei-o e pus Angie na sua cadeirinha. Até aposto que ela vai adormecer a meio do caminho para casa. É normal. Provavelmente até dorme até à hora do jantar, o que seria ótimo!
Entramos no carro e senti a mão de Austin tocar na minha. Inclinei-me e deixei um beijo nos seus lábios, o que o fez sorrir. À medida que íamos percorrendo as ruas, o tempo ia piorando. Provavelmente ia chover, terrivelmente. Graças a Deus que tenho o Aus comigo esta noite. Antes tinha a Angie, mas não sei quem é que tinha mais medo das tempestades, eu ou ela ... Mas agora temos um homem que nos proteja.
Chegamos a minha casa e, enquanto descarregávamos as sacas do carro, Angie dormia na sua cadeirinha. Depois do loiro leva-la ao seu colo para dentro de casa, eu ainda fui fechar o carro. A noite já tinha caído e estava escuro. Quando ia a entrar em casa, pareceu-me ver um vulto por detrás de uma árvore, o que me fez sentir uns calafrios. Ouvi uns barulhos e o meu corpo tremia. Entrei em casa e tranquei a porta a sete chaves, o que fez Austin ficar assustado.

– Está tudo bem? - perguntou chegando à minha beira - Está a tremer ...

– E-eu acho que vi alguém ... Lá fora!

– Eu estou aqui, ninguém te vai fazer mal, prometo! - falou abraçando-me.

– As janelas estão fechadas? - perguntei.

– Sim, está tudo fechado. Anda, vamos descansar. Queres que faça alguma coisa para jantarmos? - perguntou meu namorado .

– Não, não tenho fome ... E tu?

– Também não. E a Angie? - perguntou.

– Não te preocupes. Se ela acordar eu aqueço uma sopa, se não, deixo-a dormir e amanhã toma um pequeno-almoço reforçado! - falei.

– Parece-me justo.

Sentámo-nos no sofá e ficamos apenas a trocar miminhos. Aus ainda me falou naqueles meus pensamentos durante a tarde e eu fui sincera. Estivemos um bom bocado a falar sobre há quanto tempo nos conhecemos, mas que tanta coisa se passou. Eu adoro conversar com ele. Compreende-me em todos os aspectos possíveis e sabe-me ouvir. No meio da nossa conversa reparei numa coisa engraçada que ele gosta de fazer. Quando estamos bem juntinhos, ele gosta de me pôr as mãos por debaixo da minha camisola e fazer-me carinhos pela barriga, ou pelas costas, se for o caso. Sabe realmente bem.

– Que cheiroso ... - fakei dando-lhe pequenos beijos no pescoço .

– A sério? - soltou uma pequena gargalhada. - Adoro quando fazes isso ... - Puxando-me mais para ele.

– O quê? - O provoquei dando-lhe mais beijos no pescoço e pequenas puxadas de cabelos.

– Isso ...- soltando um pequeno gemido.

– Eu te adoro, Aus ... - murmurei continuando com os beijos, agora por debaixo do maxilar.

– E eu adoro você mais ainda .- puxando-me ainda mais para ele.-Olha ... - falou e eu parei e fiquei a olhar para ele.

– Tens a certeza que viste alguém lá fora?- perguntou.

– Sim. Absoluta.

– Estranho ... Ally , se alguma coisa de estranho se passar e eu não estiver aqui, tu liga para mim logo! Promete que faz isso!

– Eu prometo! Obrigada. - falei abraçando-o.

– Não tens que agradecer.

Senti o meu corpo levantar do chão. Harry levou-me para o meu quarto e vestiu o seu pijama. Basicamente sua box e vestiu um t-shirt. Eu, que sou uma friorenta, vesti um pijama bem quentinho e, na cama, enrosquei-me toda no loiro.
A chuva batia forte nos estores e, de vez em quando, ouviam-se os relâmpagos. Decidi ir buscar Angie para, esta noite, dormir conosco. Austin ofereceu-se para ir buscá-la e deitou-a, com muito cuidado, para não acordá-la. Ficou ela, eu e Aus, por esta ordem, deitados na cama. Aus abraçar-me e eu abraçava Angie. Mesmo assim não consegui adormecer. As mãos quentes do loiro entraram por debaixo da minha camisola e começaram a fazer pequenos carinhos sobre a cintura e barriga, acalmando-me um bocado. Tirando quando tocavam na parte superior das minha calcinha, o que fazia o loiro rir-se baixinho da minha reação. Claro que ele não avançava, afinal Angie estava mesmo ali. Ele apenas estava a testar-me. Dei-lhe um pequeno beijo no braço e, de seguida, na nuca de Angie. Os meus olhos começaram a pesar e fui vencida pelo sono.