– Ally ... - me chamaram , mas não consegui identificar a voz. - Alls ?

– Diz Austin ? - perguntei ainda com olhos fechados.

– Já são 7:30am ... Eu vou para casa, tá ? - ele falou.

– Até já ... - falei abrindo os olhos e levantando-me lentamente .

– Já dei o pequeno-almoço à Angie! Ela está na sala assistindo desenhos animados.

Assenti e vi Austin sair. Espera ...
O quê? Ele fez o quê? Não devo estar a ouvir muito bem. Isto é bom de mais.

Depois de me vestir, dirigi-me para a sala e levei Angie para o quarto. Vesti-lhe uma roupa quente, visto que estamos no Inverno, e ela confirmou-me que já tinha comido. Peguei uma maçã e a pus na mala, antes de sair de casa. Pus a fantasia de tartaruga no lugar de pendura e conduzi até ao infantário. Daqui a uma semana é o desfile. Como o tempo passa rápido.

Quando cheguei ao trabalho, tinha alguns ramos em cima da minha secretária. Quase todos tinham mensagens como " Os meus pêsames " e essas coisas. Mrs. Adams insistiu que eu ficasse em casa mais uns dias. Para quê? Para sofrer por pessoas que nem querem saber de mim? Não obrigada!

Pus as mãos ao trabalho. Não tenho nada atrasado, afinal, o dia de ontem era o meu dia de folga.
A saída com o Austin! Coitado, mas que bela saída! Se ele ainda quiser podemos combinar para outro dia ... Mas ontem ficamos um pouco ... chateados? Não! O ambiente ficou estranho de um momento para o outro e a culpa foi minha. Eu é que fiquei amuada. Provavelmente ele se cansou de mim e pronto, acabou a história. Afff que vida a minha.

– Ally ? Você está bem?

– Hum? Oh, Oi Trish! - a comprimrntei e sorri.

– Estava parada a olhar para o computador ... Já é hora do almoço, sabe disso?

– Já?! Mas eu acabei de entrar! - falei soltando uma gargalhada.

– Tem a certeza que está bem?

– Sim, sim. Vamos lá almoçar, chatinha! - disse me levantando rindo e sendo acopanhada por ela.

Dirigimo-nos para a cantina e, depois de nos servirmos, sentamo-nos numas mesas a conversar enquanto comíamos. Inclinei a cabeça numa tentativa de encontrar o Austin mas nem sinal dele.

– Trish você viu o Austin ? - perguntei.

– Mas nem era disso que estávamos a falar! - falou arqueando as sobrancelhas.

– Oh, vá lá, Trish ... Ninguém quer saber que você foi à manicura! - disse rindo.

– O Dez quer saber! - falou e suspirou.- Mas não, hoje o Austin nem apareceu ao trabalho ...

– A última vez que o vi foi esta manhã ... - falei e tapei a boca com as mãos logo de seguida.

– Ai foi ... ? - perguntou com um olhar malicioso. - Em tua casa foi ?

– Ele ... Ele ficou a dormir em minha casa. - disse e ela arregalou os olhos. - No sofá! E foi porque a Angie pediu!

– Sim, claro. - falou e soltou uma gargalhada, mas ficou séria logo de seguida. - Aconteceu alguma coisa? Entre vocês dois ?

– Não ... quer dizer, ontem, depois do funeral ... Fomos para casa dele e cozinhamos algo para comer, e depois eu fiquei estranha e agora acho que ele ficou chateado comigo, não sei! Quando fomos para minha casa, o ambiente parecia pesado, mas com a Angie por perto ... parecia tudo normal!

– Sente alguma coisa por ele?

– Ai, Trish! Conheço-o há tão pouco tempo ... Mas a verdade é que ele me tem apoiado, e não sei bem porquê, mas gosto muito de o ter por perto. Ontem parecia que ... que nos íamos nos beijar. Foi bem estranho! - falei e soltei um pequeno riso - Mas é cedo demais. - vi Trish a fazer uns gestos estranhos e lançar-me olhares.- O que é? - perguntei mas logo ignorei e continuei a falar. - E depois ele pode nem se quer pensar nisto como eu penso! Eu quero um pai para a Angie, não apenas um namorad

– Hey, Trish e ... Allycia .

Atrapalhei-me toda. Trish estava a fazer aquelas coisas para me chamar a atenção. O Austin ouviu tudo o que eu disse? Isto não vai correr bem.

– Então, Austin ? Faltaste hoje de manhã porquê ... - Trish tentou puxar assunto.

– Não estava me sentindo muito bem ... - disse ele passando a mão pelos cabelos .

– Mas já está melhor? - perguntei e tentei olhar-lhe nos olhos.

– Vir para o trabalho me fez piorar. - ele disse de uma maneira rude, desviando o olhar do meu.

– P-porquê ? - perguntei.

"Eu sou uma idiota mesmo, porque eu faço perguntas que já sei a resposta! Fique calada, Ally !"
Pensei.

– F-foi por causa do cheiro da comida, não é? - perguntou Trish.

– Sim, se calhar foi isso. - disse o loiro.

– Austin ? Podemos conversa ?

– E-eu ... - disse Trish olhando para todos os lados possíveis.- Vou indo, tenho coisas para fazer! Até já! - falou e saiu correndo.

– No meu escritório. - disse de maneira rude.

Mas que loucura é essa ? Trish saiu assim a correr e Austin vai feito furacão para o seu escritório com passos pesados. Oh. É suposto segui-lo. Quem diria que era assim tão longe. Talvez os nervos e a ansiedade estivessem a aumentar o percurso. Mas porque é que ele está a reagir assim?

– Pode se sentar, se quiser.

– Não, eu estou bem assim. - disse sorri de leve.

– Pode começar a falar ...

– P-pois ... É que ... provavelmente você ouviu a nossa conversa, entre mim e a Trish, e talvez não tenha percebido aquilo que eu queria dizer. É que eu não estou a dizer que não serias um bom pai para a Angie, o problema é que eu tenho medo do futuro e por vezes não sei se estou a fazer o que é melhor para ela e para mim. - falei .

"Meu Deus ! Alguém me ajude. O que é que estou a dizer?"

Ele permaneceu calado então continuei .

– E ontem parecias chateado comigo e agora ainda pior. Eu não quero que você se canse de mim, não quero que você se afaste, eu gosto muito de ter você perto de mim e quando você está perto eu me sinto protegida e ...

Senti os seus lábios a colarem nos meus. Se a ideia era fazer-me calar, então eu quero ser calada mais vezes. E lá estou eu a deixar-me levar pelo seu toque no fundo das minhas costas e na minha nuca. Nunca pensei que apenas um beijo pudesse despertar tantas emoções em mim.

– Você fala de mais ... - ele disse soltou um pequeno riso e corou.

– É ... desculpa . - falei sorrindo que nem uma boba.

– Mas eu gosto que seja assim. - disse sorrindo. - Talvez o beijo tenha sido um pouco ... cedo demais ... ? Mas eu tinha que te beijar. Eu tinha que ter a certeza que quero continuar a me aproximar de vocês.

– E ... Já tem a certeza ? - perguntei indecisa.

– Absoluta! Quero fazer parte da tua vida Alls . - disse me abraçando.