Felicity já estava impaciente, fazia horas que estava ali e ninguém apareceu.

O quarto era luxuoso, como o de Moscou, mas era algo menos frio...mais aconchegante...como se fosse para ser romântico.

A cama era bem grande com um bonito jogo de cama e um cobertor fofinho, um dossel finíssimo a cobria dando um ar surreal.

Do outro lado uma mesa com cadeiras e um pequeno sofá com duas poltronas de estampas douradas com tons de verde e vermelho.

As janelas estavam fechadas, mas o clima dentro do quarto estava ameno. Ela andou por tudo, testou a porta e por fim pegou um copo de água e sentou-se numa das poltronas e esperou.

Estava quase se rendendo ao sono quando decidiu ir para a cama e dormir. Se a situação fosse como a de Moscou os dias iam ser longos.

Na manhã seguinte foi acordada por uma senhora com expressão bondosa.

– Bom dia, menina. – ela lhe estendeu um vestido lindíssimo – você deve vesti-lo à noite. Esteja pronta às oito horas em ponto. Nessa caixa tem acessórios que você pode escolher para acompanhar. Já vou trazer o café da manhã...

– Onde estou? O que está acontecendo?

A senhora somente sorriu e retirou-se, voltando em seguida com um café da manhã repleto de coisas gostosas.

Saiu em seguida sem dizer uma única palavra.

Felicity não sabia o que fazer. Ela pensava em Oliver e em quanto sentia sua falta....

Só esperava que ele tivesse escutado a conversa e ido atrás dela...e que se a situação for igual a de Moscou, e ela achava que era, que a pessoa que entrasse por aquela porta a noite fosse ele.

Olhou para o vestido e se permitiu ficar encantada por um momento. Ele era de um tom de lilás escuro, de um ombro só, bem acinturado e com a saia que caia solta ao redor de suas pernas. Abriu a caixa de acessórios e ali encontrou alguns brincos e pulseiras para completar o visual.

Seja quem for está investindo pesado.

Será que ainda havia restado algum sócio do Vigo que eles não haviam identificado? Será que era vingança??

Passou o dia envolta nesses pensamentos e tentando achar uma maneira de sair dali.

Do café da manhã guardou uma faca, que mesmo não sendo de ponta e não ter muita capacidade de corte poderia ser útil.

A senhora com cara de bondosa não retornou, mas sim uma moça de feições duras e cara fechada que se apresentou como a pessoa que iria ajudá-la a se vestir e a arrumar o cabelo. Ela nem havia percebido que já era tão tarde. Seus pensamentos e lembranças a haviam mantido longe do desespero. Mas agora a angustia a invadia... e a incerteza pelo que iria acontecer a estava deixando em pânico.

Submeteu-se aos “cuidados” da mulher mal humorada.

Colocou o vestido, escolheu brincos prata com pedras e uma pulseira com os mesmos motivos e colocou os saltos.

Quando a mulher saiu se olhou no espelho e, como em Moscou, seus pensamentos a levaram a Oliver e seus lindos olhos azuis...sua boca e seu amor...

Ela só o queria ali....

(...)

Oliver andava de um lado para o outro. Ele tinha um plano, claro que tinha...mas nada conseguia fazer o nervosismo sair de seu corpo. Suas mãos estavam suando.

Todos haviam ajudado...Sarah, John, Roy e até mesmo Lyla...

Ele vestia um elegante terno escuro, com a camisa branca e uma gravata de tom lilás.

Era simples...é só entrar lá, fazer o que deve ser feito e pronto!!

Não havia segredo, agora não havia as incertezas de antes e nada podia interferir.

Verificou nos bolsos se estava tudo no lugar...

Era só dar o primeiro passo. E foi o que ele fez....

(...)

Ela só o queria ali....só queria que ele entrasse por aquela porta e dissesse que estava tudo bem...

E quando a porta se abriu...ela o viu...lindo como um deus grego e com um sorriso no rosto.

– Oliver! – ela sussurrou baixinho por não saber o que era tudo aquilo.

Permaneceu parada no meio do quarto. O vestido havia ficado perfeito. Ele a olhava com devoção, seu olhar não saía do dela...

Tinha os braços soltos ao lado do corpo e o observava. Ele estava parado em frente à porta, com as mãos nos bolsos, só observando-a.

Por um momento ele paralisou, ela estava linda...ele via a insegurança no rosto dela...o medo...e culpou-se por isso...mas tudo se resolveria...

Permaneceram assim por alguns minutos até ela estranhar a atitude dele.

– Oliver? – ela deu um passo em sua direção e quando fez isso ele foi até ela e parou em sua frente segurou sua cintura e a puxou para ele.

– Oi...você está linda...magnifica! – ele mordiscou o lábio inferior dela para logo depois a beijar com intensidade.

Felicity correspondeu ao beijo, estava com saudades e precisava dele. Mas não tinha ideia do que estava acontecendo afinal.

Quando seus pulmões precisaram de ar ele separou seus lábios permanecendo com a testa colada a dela e olhos no olhos.

– Oliver, o que está havendo?

– Nada...vai ficar tudo bem...apenas devemos aproveitar a suíte e depois te explico tudo, ok? – e como em Moscou ele pediu um voto de confiança – confia em mim?

Ela assentiu com a cabeça e nesse momento entra um rapaz empurrando um carinho com o jantar.

Ela resolveu aproveitar, Oliver não falou nada sobre quem a mantinha ali e imaginou que as câmeras ali possuíam som.

O jantar estava disposto na mesa e eles sentaram-se, Oliver serviu o champagne e a incentivou a comer.

– A comida desse hotel é uma delicia... – ele parecia descontraído e não tenso.

– Deve ser... – ela precisava saber por que estava ali – Oliver você sabe onde estamos? Porque estamos aqui?

– Sei...estamos em um hotel em Starling... – ele parou de falar e tomou um gole da bebida, pegou na mão dela e prosseguiu – o motivos de estarmos aqui... - ele estava nervoso, não sabia o porque...era tudo tão certo...

Levantou-se e foi em sua direção. Pegou na mão dela e a levantou. Passou a mão no rosto dela, deu um beijo de leve nos seus lábios...

– Felicity... – ele precisava falar, não era tão difícil assim. Já havia passado por coisa pior e enfrentando bandidos perigosos... – eu...

Ela nunca tinha visto Oliver sem palavras...ele podia ser cuidadoso ao falar...ser conciso....ou falar através do olhar...mas parecia que ele queria dizer-lhe algo e não conseguia....

A situação devia ser séria.

Para tentar ajudá-lo ela passou a mão em seu rosto e o beijou...

– Oliver....o que foi? O que é tão grave que você não consegue me falar?

– Não é grave.... – ele suspirou – é importante...