Megavi - Cenas excluídas escrita por MarjorieJustine


Capítulo 7
Team Megan


Notas iniciais do capítulo

Esse é mais chatinho, pois nele se desenrola ainda o que aconteceu com Megan até a recepção.
Para esse caps, a música :
Palavras Ao Vento
Cássia Eller

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar

Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar

Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momento

Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar

Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momento

Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento

Palavras apenas
Apenas palavras pequenas
Palavras



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560260/chapter/7

Megan estava tão envolvida com o beijo que mal conseguia pensar. Davi então a puxou do roupeiro, e, passando a mão pelas suas costas, começou a puxar o zíper do seu vestido, que abria na parte de trás. Megan se alertou, tentou se afastar empurrando o peito dele com suas mãos, mas ele soltou um gemido de protesto e passando a mão pela nuca dela, puxando seu cabelo e levando sua cabeça para trás, afastou um pouco o rosto olhando para ela com súplica e desejo. Então ele encostou a sua testa na dela, nariz com nariz, e, respirando fundo, começou a dar beijos calmos e carinhosos nos seus lábios, depois bochecha, descendo até o pescoço e mordendo a orelha esquerda de Megan. Ela suspirou e cedeu. Davi então foi beijando o ombro e tirando seu vestido. Tirou a manga do lado esquerdo, depois a do lado direito, desceu o vestido até o ventre dela, e o beijou.
Foi quando Megan se afastou bruscamente.
Tudo o que ela passou desde que quase perdera seu filho voltou a mente. Ela tinha feito uma promessa a si mesma, e estava descumprindo.

Depois que Megan sentira que estava perdendo seu filho, chorando, começou a gritar pelas empregadas. Só uma apareceu, estavam todos com medo do surto dela. Imediatamente a empregada entendeu o risco, chamou outra empregada, e ambas levaram a patroa até o carro, e depois ao hospital.
Tudo fora rápido. Chegou no hospital, muitos conheciam Megan, e encaminharam para o pronto socorro. Quando então ela foi anestesiada, e não lembra mais o que passou.
Quando ela acordou olhou ao seu redor, observando que estava sozinha. Ninguém passara aquele tempo do seu lado, cuidando dela ou esperando ansioso ela acordar. Estava sozinha em um quarto privilegiado de um hospital. Não conseguia afirmar que era o mesmo que fora levada.

Pela hora no relógio pendurado, já era madrugada do dia seguinte.
Alerta, passou a mão na própria barriga, tentando sentir se ainda tinha o filho ali. Mas não tinha como definir isso. Olhou para os aparelhos tentando identificar se algum dizia que haviam dois seres sendo monitorados, ou que ela ainda estava grávida. Nada.

Antes que ela se levantasse para ir atrás de uma enfermeira, Arthur, e alguém que parecia ser o médico, entrou no quarto. Arthur com sua cara séria como sempre, e o outro com um sorriso que deveria ser acalentador.

– My baby?? - Megan não esperou eles se aproximarem, jogou a pergunta e já começou a tentar se sentar na cama, agoniada.

– Calma, não se preocupe, está tudo bem agora. Nós te sedamos e controlamos a hemorragia. Ainda bem que você foi rápida para pedir o atendimento.

Megan suspirou aliviada e se deixou cair na cama, agradecendo cada empregada em pensamento.

– Mesmo assim, Megan, o susto que você levou tem que ser levado em consideração. Pelo o que o doutor disse, aborto nas primeiras semanas não é incomum, ainda mais para alguém que tem andado muito agitada como você, por conta da mudança para o Brasil. - falou Arthur com tom firme e paternal, mas ao lado do médico, longe da cama e com as mãos no bolso das calças.

Ele então se virou para o médico e perguntou alguma coisa sobre o controle de visita.

Ela olhou desanimada para aquelas duas figuras frias, e levou as duas mãos ao ventre. A única culpada de ela quase ter perdido o seu filho era ela. Não se preocupou em fazer pré-natal, temendo que os jornais descobrissem sua ida ao médico e saísse algo sobre sua gravidez. Assim, não viu os riscos e quais os cuidados que deveria tomar, e ainda por cima se deixou de novo alterar por conta de Davi, que não estava se importando com ela.

Na verdade, ninguém estava se importando com ela. ela tinha que entender logo que não poderia esperar muito de Arthur, muito menos de Davi. Para proteger seu filho só tinha ela. E isso deveria ser prioridade.

Megan então fechou os olhos e fingiu dormir. O médico pediu para se retirarem e deixar ela descansar, Arthur saiu, mas antes se aproximou da cama e lhe beijou a testa.

Ela não havia parado para pensar, mas a relação deles realmente esfriara nos ultimos anos e piorara com a traição de Megan. O fato é que quando começaram o namoro havia a situação que os unia, serem rejeitados por Davi e Manuela. Não à toa ele se incomodava tanto com ela demorar a admitir que Davi não a amava. Ele devia se irritar com a possibilidade de ter esperanças infundadas em Manuela voltar com ele. E com Megan fazendo campanha contra abuso no uso da imagem, e fazendo pela primeira vez, na visão dele, algo maduro, tudo virou um grande encantamento. Onde o desespero por mostrar que conseguiram superar o pé na bunda falou mais alto que o sentimento que um nutria pelo outro.

Megan achou que Arthur realmente a amava. Ele achou que ela seria perfeita para ele, já que não teria Manuela.

Quando o encantamento se foi, ambos foram se afastando, e para não assumir o erro que cometeram, foram assumindo compromissos em lugares que necessitavam estarem longe um do outro e por tempo demorado. Mantendo ainda um pouco de falta um do outro, e momentos de solidão, fazendo a volta para casa com alguma emoção. A qual passava em um ou dois dias.

Eles nunca se amaram como deve ser. No máximo ela amou a companhia dele nos momentos de insegurança por estar sem Davi e ele feliz com Manuela. Já Arthur a amava como uma irmã mais nova. Hoje ela não sabe se ao menos isso ainda existia.

Tinha que se desprender de tudo agora. O amor por Davi, a ilusão quanto a Arthur, no mundo para ela só vai existir seu bebê.

Megan estava voltando a chorar, silenciosa, quando a porta se abriu.

Uma mulher que aparentava ter 23 anos entrava no quarto de Megan, vestindo um jaleco e carregando um prontuário. Ela parou um pouco quando percebeu que Megan chorava. Então calmamente se aproximou da cama, depois de fechar a porta atrás de si. Pegou a mão de Megan e disse com a voz calma.

– Não se preocupe, seu filho está bem - ela sentou na cama segurando a mão de Megan, tentando acalma-la - seu filho é muito forte, por isso vai precisar de uma mãe igualmente forte. O que você já demonstrou que é. O outro hospital mencionou que você chegou lúcida, foi quem guiou a sua empregada até o hospital. Só precisa controlar suas emoções e trabalhar menos.

Megan fungou. Não se sentia bem conversando com uma estranha sobre seus problemas, mas não tinha ninguém com quem desabafar.

– Meu filho corre algum risco?

– Não posso te afirmar nada, é muito cedo. Muitas mães tem aborto espontâneo nas primeiras 24 semanas. Por isso param de ir a academia, cortam alguns alimentos. Algumas tem até mesmo licença do trabalho quando se trata de algo muito estressante. E as razões para isso são diversas, desde alguma ...imperfeição no colo do útero - a médica, que falava em inglês perfeito com Megan, escolhia as palavras para ser entendida - ou uma vida nada saudável. Mães que abusaram de alcool, cigarros, drogas e estresse a vida inteira podem ter algum reflexo na gravidez, sendo ela mais ... - Megan sentiu pela forma como a médica falava que apesar de eles não terem ainda a conclusão de qualquer exame sobre a possível razão de seu quase aborto, a tese que a vida desregrada dela é a causa dele era a atualmente aceita - que necessita de mais cuidado e restrições.

A médica falava com uma voz doce, e sorria para Megan, que estava deitada de lado, corpo virado em direção a médica, mas depois da quase acusação de que era culpada pelo incidente por conta de suas loucuras a vida inteira, se virou de costas para a médica.

– Eu..não acredito que quase perdi ele. Tudo minha culpa.

– Nããão, você não tem qualquer culpa. Quem te perturba é que tem. Me desculpe, mas você se alterou muito, claramente foi uma emoção muito forte, não um estresse comum. E para alguém perturbar tanto uma grávida, é porque boa coisa não fez. Os riscos, claro, já estão aí, mas é preciso que haja uma alteração forte como a sua para ocorrer algo assim grave.

A médica falou isso pensando que tiraria o peso da culpa de Megan, ao menos um pouco, quando na verdade dobrou esta culpa. Afinal, além de não ter força o suficiente para proteger o seu filho por conta dos excessos com bebidas e afins, ela ainda se deixa abalar e perturbar por Davi, quem ela já devia ter tirado de vez da sua vida. Não podia mais ficar se alterando por conta dele.

– Bom - a médica voltou a falar quando notou que Megan não pareceu responder positivamente ao que ela disse - você precisa mesmo é de descanso. Mas - ela se inclinou em direção a Megan, falando a 20 centímetros do ouvido dela - não se preocupe e nem se culpe. Como disse, no incio de gravidez isso é comum, requer mais atenção. Mas é início, com o tempo seu corpo se estabiliza - a médica disse dando tapinhas no ombro de Megan, e saindo do quarto - oohh já ia me esquecendo - disse a médica já com a mão na maçaneta, chamando atenção de Megan que se virou para ela, e só então notara melhor a mulher com quem conversara. Era nova, quase a mesma idade dela, senão mais nova. Sem maquiagem, pele bem clara, olhos e cabelos castanhos, estes presos em um coque mal feito no alto da cabeça, vestida com roupa de residente, com um crachá pendurado no bolso do uniforme - dentre os casos que se tem estudado como causa de abortos espontâneos, há o de quando os fetos são de meninos. Como eles teriam uma estrutura mais densa, seria mais difícil para o corpo feminino ...como diz...segurar ele.

Dizendo isso a mulher sorriu e saiu da sala. Megan não se mexeu. Será possível? Será que ela vai ter o seu Júnior?

–-----------------------------------------------------------------------

Pode parecer um detalhe pequeno, mas diante de tantas coisas tristes que aconteceram de uma só vez com Megan, e tudo que ela ainda iria enfrentar, saber que ela poderia ter um menino, como certa vez contara a Davi ser o seu sonho, a sustentou nos próximos dias no hospital. E toda vez que alguma lembrança triste ou momento tenso acontecia, ela passava a mão na barriga e pensava no seu Júnior.

Ela tomou decisões firmes depois que acordou no dia seguinte a conversa com a médica residente. Primeiramente, como ela não não queria mais correr o risco de perder o filho, passaria a uma dieta rigorosa, tomando todos os cuidados com seu bem estar. Só faria os esforços físicos permitidos e que garantisse mais saúde. E principalmente só se ocuparia de assuntos leves, que lhe deixasse feliz. Por essa razão Davi era assunto proibido para ela. E por essa razão pediu que Arthur cancelasse a conta do antigo celular e comprasse um número novo.

Quando sua mãe ligou para Arthur querendo falar com Megan, dois dias depois, com ela ainda no hospital, esta a acalmou dizendo que fora apenas um descuido alimentar. O assunto gravidez foi devidamente blindado em ambos os hospitais. Megan se surpreendeu com o poder de Arthur na Califórnia.

O incidente fez com que eles percebessem a necessidade de um acompanhamento na gravidez, e como necessitavam de um determinado tempo até a data que seria anunciada como a da descoberta da gravidez, a médica com quem Megan conversara e a acalmara, passou a cuidar dela, fazendo visitas na sua residência, já ciente da situação peculiar do casal para evitar escândalo.

Quando Jonas ligou, tentando saber mais sobre o que se passou com a filha, Megan manteve a versão oficial, e ainda desviou do assunto Davi, que seu pai tentara iniciar.

– Não se preocupe, dad. Sua peanuts está inteira, nada que uma lavagem estomacal não resolva. - Megan disse para a imagem de seu pai na tela. Ele não parecia estar na empresa, mas sim no carro. O que ela agradeceu, menos chance de esbarrar com a imagem de Davi e ter de desligar.

– Ótimo, realmente muito bom. Fico mais relaxado agora que meus filhos estão todos bem - Jonas olhou firme para a câmera do seu marraphone, deixando claro que era uma mensagem para Megan de que Davi estava bem.

– Não é? Agora, preciso mesmo de repouso. Mas assim que sair daqui, ligo para poder tratarmos da liberação das senhas e os detalhes da nossa mudança para a casa no Rio, right?

Megan falou desviando novamente o assunto Davi. Mas aliviada que ele estava bem, com uma pontinha de dor quando a ideia de com quem ele estava, passou na sua mente.

– Nem precisa. Já passei todos esses dados para o Danilo. Na verdade, eu mesmo já fui até a casa faz uns dias, conferi algumas coisas e ontem já passei as informações para Danilo e deixei ele com o contato dos técnicos da Marra responsáveis pela aparelhagens de segurança e comodidade. Assim que você chegar, pegue todos os dados com ele. Por sinal, estou achando que ele trabalha muito melhor com você do que comigo. Nunca foi tão animado e competente trabalhando aqui para mim - Jonas disse isso sorrindo.

– Awn, Danilo realmente sabe ser competente quando quer. Great! Então vou me atualizar com ele depois. Bye daddy, manda beijo para os gêmeos.

Ela se despediu e desligou o telefone. Pensou um instante em como era estranho que até hoje não lembrasse o nome dos gêmeos. Todo mundo os chamava assim.

Agora em casa, no conforto e com todos os cuidados, ela pode finalmente ligar para Danilo.

– Que linda visão, minha primata! - Disse Danilo com um belo sorriso quando atendeu seu telefonema.

Megan havia evitado ligar para ele nos ultimos dias, pois Arthur não saía de perto dela, e ele estava firme quanto a proibição de qualquer contato dela com seu primo.

– Thanks, Danildo. Agora me atualize de seus trabalhos - Megan se endireitou no sofá onde estava deitada, com o livro "o que esperar quando se está esperando" aberto já quase na metade, repousando do lado em uma cabeceira - soube que você tem se informado de tudo, e está fazendo ótimo trabalho. Minha nova casa, como anda?

– Aaaa priminha, a sua casa ainda não consegui fazer andar - ele riu da própria piada imbecil. Ela suspirou - mas está redondinha. Perfeita. Tudo funcionando, e tem um pessoal que está lá temporariamente mantendo a casa limpa. Seu pai tinha deixado ela fechada, sabia? Muito pão duro desde que passou um tempo na Taquara.

Megan sentiu um aperto lembrando do bairro onde seu pai cresceu.

E desse aperto veio um enjoo. Situação que tinha se tornado comum, principalmente quando se iniciava qualquer trabalho de preparo de refeição na cozinha. E já estava na hora de começar o almoço.

– Megan, você está bem? Quer que eu chame alguém? - ele falou ao notar que Megan colocara a mão na frente da boca, e parecia respirar fundo.

– Não se preocupe - ela falou levantando a cabeça tentando conter o enjoo - espere aqui, já volto.

Megan saiu por uns 4 minutos, deixando o celular em cima do sofá, mostrando apenas o teto pintado de um tom amarelo gema fraco. "Que coisa feia" pensou ele.

– Ok. Estou de volta.

– Que isso, não me assusta! Você não parece muito bem. Tem dormido se alimentado bem? - disse Danilo no seu tom bajulador, para Megan.

– Óbvio Danilo. Dormir é o que mais faço e nem beber alcool tenho feito.

– Mas que peninha. Espero que até voltar ao Brasil possa beber. Sair para as baladas...

– Whatever, Danilo. - Megan interrompeu o primo e voltou ao que interessava - Cancele a contratação temporária, contrate alguém para ficar aí pelo próximo ano. Não vou levar meus empregados daqui porque Arthur precisará deles. Ele manterá a casa para quando vir a negócios. Incentivei muito isso - Megan falou essa ultima parte mais baixo e olhando ao redor - quero que você contrate também um buffet. Vou fazer uma grande festa de recepção. Pesquise um bem badalado, quero que a imprensa saiba sem um anuncio oficial, que nós estamos chegando. Estarei aí em uma semana, e vou tratar pessoalmente dos detalhes da recepção, mas já quero saber com quem tratar.

Megan focou no seu plano emergencial, tentando adiar ter de pensar em como contaria ao primo que assim que chegassem ao Brasil não poderiam nem se falar.

Danilo escutava atentamente a prima, mexendo a cabeça de forma afirmativa, tentando memorizar cada detalhe quando percebeu uma moça ao fundo, vindo em direção de Megan. Não conseguiu distinguir, mas assim que Megan notou aquela presença, desligou a ligação. Deixando ele surpreso.

– Bom, não vou decepcionar minha priminha. Vou começar a pesquisar os buffet mais badalados. Adoro meu trabalho com Megan.

Já Megan atendia sorridente Juliéne, a médica residente que cuidava dela.

– Olá, Megan. Interrompo algo? - ela olhava o celular que Megan tentava esconder.

– Não - Megan falando em inglês com ela - estava só falando com um parente próximo, ajeitando minha casa no Brasil -

Megan não queria que ninguém soubesse seus planos sobre a recepção. Queria fazer parecer que a ideia veio de ultima hora. Bem como não queria que soubessem que ela ainda falava com Danilo. Pelo menos não alguém com contato direto com Arthur, ainda não sabia quanto poderia confiar em Juliéne.
– Ótimo, assim você se distrai. - Juliéne a olhou duvidando - Enfim, preciso conversar com você algo.

Megan a olhou assustada. Se endireitou no sofá.

– Calma, não é sobre seu filho..ou filha - ela se corrigiu. Megan só tinha pouco mais de um mês e não tinham como ter definido o sexo ainda - é sobre meu trabalho com você.

Ela se sentou na mesinha ao lado do sofá, ficando de frente para Megan, jogando de lado o livro. Um detalhe de Juliéne que a deixava curiosa, era uma mulher um tanto jogada. Talvez porque trabalhava com muitos homens tinha atitudes bem masculinas, desleixadas, relaxadas... Agora mesmo ela afastou a mesinha para trás, fazendo um barulho irritante, pousou os braços no joelho e se inclinou na direção de Megan, gesticulando com as mãos.

– Eu quero deixar as coisas bem claras com você. Compreendo que você e seu marido são uma família - ela começou a esfregar as mãos nas próprias coxas, nervosa - sei que estou aqui por um desejo de ambos, mas não vou tomar partido de qualquer lado. Entenda, eu aceitei essa situação particular porque senti que vocês precisavam, e não porque eu precise. Minha residência acaba final desse mês...

– Já, mas achei que não tinha mais que 23 anos - Megan a interrompeu surpresa. Ela nunca se interessara por Juliéne, só esperava ela realizar os exames e acalma-la. A própria era distante e mantinha tudo de forma profissional.

– Na verdade tenho 22 anos. Eu ...pulei algumas séries na escola, sempre fui ótima aluna. Enfim. vou ser direta, seu marido quer que eu vá com vocês para o Brasil. Ele acha importante que a médica que já sabe da sua situação tome conta de você, para não deixar que isso se espalhe.

Juliéne olhou para Megan depois da informação, calculando a reação de sua paciente.

– Nossa, ótimo. Eu tinha mesmo perguntado a ele como seria quando chegássemos ao Brasil, pois eu preciso manter rotinas e cuidados. Great! Vou amar ter você lá.

– Ok, essa você assimilou bem. Vou ser direta de novo. Seu marido quer que eu tome conta de você. Você toda. Não é apenas cuidar para que seu filho nasça saudável, mas principalmente que você não se meta em confusão, que fique em repouso em casa, até mesmo para não chamar a atenção da sua gravidez, e porque.... - Juliéne engoliu em seco, afinal ela mesma ficou um tanto irritada quando Arthur lhe disse isso - você tem a habilidade de se meter em confusão, e no Brasil teria um primo...não entendi bem qual o problema, mas essencialmente é isso.

Megan estava estática, olhava a médica com olhar perdido, apertando ele aos poucos enquanto assimilava a informação. Respirou fundo. Não podia se irritar. Era esperado que Arthur fosse incomoda-la com sua necessidade de controle durante a gravidez, mas ela tinha planejado se livrar disso antes mesmo de começar, com o que faria na recepção. Mas não, ele se adiantou na sua compulsão em domar sua vida e já foi pintar um quadro horrível para sua médica. Que por sinal, ganhara sua admiração.

– Eu...agradeço sua sinceridade. Realmente valorizo muito. E peço que você aceite vir conosco ao Brasil - Juliéne ergueu o tronco, se mantendo sentada e ereta, com os braços jogados entre as pernas e olhar desconfiado - e não se preocupe com o que meu marido lhe pede, ele está apenas cuidando de mim - Megan tentou dar um sorriso feliz - logo vai notar que não precisa. No momento, quero que você mantenha essa confiança em mim. Não peço que tome partido de mim - Megan falou isso amigavelmente, mas em um tom mais teatral, como aprendeu com sua mãe, para convencer Juliéne a tomar seu partido - mas que mantenha seu foco em proteger aquele que é o único que me preocupa. Meu Júnior...filho...ou filha.

Megan terminou o que disse e deu um belo sorriso para sua médica. Que de burra nada tinha. A olhou com ar sagaz, deu um meio sorriso e se levantou.

– Certo. Vou focar em cuidar do seu filho. Logo, de você. Eu realmente quero que você esteja tranquila quanto a isso, se eu te pedir qualquer coisa, é por ele Megan.

Megan sorriu e se levantou abraçando sinceramente a médica, que surpresa não retribuiu o abraço.

– Obrigada, obrigada mesmo. Você é a primeira pessoa que parece realmente se importar com meu bebê tanto quanto eu - ela disse emocionada. Às vezes se sentia só no seu amor e cuidado pelo bebê. Arthur só queria evitar que ela cometesse outro erro. Mal se importava com a criança.

– Certo - Juliéne disse se afastando - mas isso pode ser também porque sou uma das poucas que sabe sobre ele. Afinal, só eu, você e seu...entendi - ela olhou significativamente para Megan, percebendo que se eram só as duas que se preocupavam, era porque Arthur não se preocupava.

Então foi a fez de Megan ser surpreendida com um abraço fraternal.

– Não se preocupe, se depender de nós, ele não vai precisar de mais atenção que a nossa. Agora, vou me encontrar com o advogado do seu marido, preparar meu visto e outros documentos para a mudança. -Juliéne disse sorrindo e saindo em direção a porta, colocando a mão no bolso, um pouco envergonhada com a sua atitude calorosa com Megan - aaaa e me inscrever em aulas de espanhol, preciso saber falar a lingua do Brasil.

Megan abriu a boca para corrigir ela, mas já tinha saído. Por que todo mundo em USA achava que no Brasil se falava espanhol?

–----------------------------------------------------------------

Nos dias seguintes Megan evitou a companhia de Arthur ao máximo. O que não foi muito difícil, já que ele não se empenhava em estar com ela, principalmente desde que os enjoos se tornaram mais frequentes. Ela estava cada vez mais "grávida" por assim dizer, e ele não parecia gostar muito dessa lembrança.

Já Juliéne passou a ir com mais frequência a casa de Megan, aprendendo mais dos costumes dela e orientando quanto a cuidados. Pelo que Megan entendeu, a sua médica finalizou sua residência no hospital, estando já especializada, ela já poderia atender Megan e se apresentar no Brasil como sua médica obstreta. O problema seriam documentos para ela poder exercer a profissão no país, mas isso Arthur também já estava resolvendo.

Como previsto Juliéne tomou o partido de Megan, se aproximando mais dela, e mostrando que era uma boa amiga. "Quase um Arthur de saias" ela pensou um dia antes de partir para o Brasil, depois de passar uma tarde escutando os cuidados que deveria ter quando chegasse no Brasil, e como contariam sobre a gravidez.

– Ok, eu tenho que estar só com algumas semanas, para não levantar suspeita, sabe? - disse Megan para Juliéne, sentada a sua frente na mesa da cozinha, sem empregados por perto e com Arthur atrás da médica, segurando um copo de suco de morango com laranja (Megan só conseguia tomar esse suco nos ultimos dias) e escutando a conversa das duas atentamente.

– Já disse que tal é muito complicado. Tu tens hoje por volta de 9 semanas de gestação, sua barriga pode aparecer daqui mais 4 semanas, e é muito incomum alguém ter barriga já com esse período, ainda mais alguém magrinha como você. Além do quê, como vocês já iam saber em duas semanas que estás grávida? - Juliéne falava em um português cheio de sotaque, mas mais limpo que o de Pamela, e mais gaúcho.

Megan olhou para Arthur. Eles poderiam dizer que o tempo era maior, mas teria o problema de que há menos de duas semanas ela fora parar no hospital, e não contara nada de gravidez desde esse dia. A ideia de que eles só descobriram no Brasil, e que resolveram anunciar na recepção era perfeita até mesmo para Megan. Tornava ainda mais impossível Davi pensar na possibilidade de ser o pai, e dava um ar de espontaniedade à divulgação da vinda do bebê na festa, de forma nada discreta.

– Juliéne, a Megan está certa. Melhor trabalhar com essa data para levantar menos suspeitas.

– Sim, eu estive no hospital há menos de 2 semanas. De outro calculo eu deveria já estar grávida, e já poderia ter contado antes a família.

– Por isso indiquei desde o inicio já anunciarem - Megan se empertigou. Precisava ter cuidado a lidar com Juliéne. Por sorte dessa vez Arthur estava a seu favor.

– Mas não fizemos, e realmente, seria melhor convencer que a criança nasceu com 7 para 8 meses, do que com 8 para 9. Até onde sei há aquele papo de incubadora, não há?

– É, dependendo da data de nascimento ele teria obrigatoriamente a ir para incubadora - Juliéne parecia ceder - mas como vocês explicariam saber assim,com só umas duas semanas? E já levar uma obstreta com Megan sem nem saber da gravidez?

Eles se entreolharam. Arthur pousou o copo na pia e cruzou os braços. Megan colocou as pontas dos dedos sobre os lábios, pensativa.

– Foi gravidez planejada. Megan estava com problemas para engravidar, o que poderia até ter se revelado com a ida dela ao hospital, e então passamos a ter acompanhamento de obstreta para poder garantir a gravidez. E assim que teve um tempo seguro, você, já no Brasil, confirmou a gravidez - disse Arthur de maneira firme, e brilhante, puxando uma cadeira ao lado de Juliéne e olhando para as duas enquanto pensavam.

Megan no inicio franziu o cenho, mas logo deu um largo sorriso e pulou da cadeira, indo abraçar Arthur pelo pescoço e dar beijinhos na bochecha dele.

– Perfeito Arthur! O que diz Juliéne?

A médica olhava o casal, que pela primeira vez parecia um casal. Eles ali sorridentes, Megan apoiada nele pelo pescoço, fez a médica pensar que eles poderiam dar certo, se houvesse amor. Assim, comovida com a primeira demonstração de carinho entre os dois, ela cedeu.

Arthur e Megan agradeceram. Abraçaram ela e Megan foi para seu quarto terminar de arrumar as malas, enquanto Arthur jogava o suco no ralo da pia e parava na mesma posição apoiado na pia.

– Você tem certeza disso? Ainda acho que falar a verdade, contar que o filho não é de vocês é melhor. Até mesmo para vocês. Tornaria a convivência durante a gravidez mais confortável e te permitiria aproveitar mais isso.

Arthur olhou a médica com gratidão. Sabia como ela vinha se dedicando e cuidando de Megan.

– A coisa é mais complicada do que se apresenta.

Juliéne ergueu as sobrancelhas. Não conseguia imaginar como poderia ser mais complicada. Arthur então resolveu explicar.

– A Megan não confirma, mas também não nega. Tenho quase certeza que esse filho é de uma ida dela ao Brasil. O pai dele é de lá, e tenho quase certeza que é um parente - ele disse isso indo devagar e abaixando a voz, até chegar na médica. Que recuou um passo diante da proximidade dele - ela tem esse primo, são muito ligados. E eu soube que ela passou os dias na casa onde ele morara a vida toda, num bairro pobre de lá. Ele foi o único contato da família dela lá.

Juliéne estava de boca aberta. Realmente a situação era pior.

– Eu exigi que ele não se aproximasse, e por isso quero que você cuide dela lá. Para evitar que ele conclua que é o pai. Imagina ele perto dela, notando a evolução da gravidez? Sem contar que detestaria ver quem fez isso a Megan perto de nós. E.. - ele aproximou o rosto para falar mais perto de Juliéne, que o olhava sobressaltada - ele é capaz de usar essa criança para tirar algum proveito financeiro.

Arthur conseguiu o que queria. Juliéne estava do seu lado. Apesar de os seus temores serem reais, ele realmente aumentou um pouco a situação, fazendo com que ela o auxiliasse a manter Danilo longe de Megan, e ela em casa enquanto o bebê não nascesse. Ele sabia que Megan esteve no Brasil, e que Danilo não saiu de perto dela, mas não acreditava muito que ele fosse pai, pois Megan não tinha tal mal gosto. Mas por via das dúvidas, preferia longe dele aquele que tinha certeza era responsável pelo deslize e loucuras da Megan.

Juliéne então se afastou, olhando para o chão. Arthur se endireitou, e colocando a mão no ombro dela finalizou dizendo:

– A Megan acha que não me importo com ela ou com a criança, mas eu só preciso de um tempo para digerir isso. E não tem como eu conseguir me aproximar dessa criança tendo tão próximo o pai dela. Não tem como me arriscar a criar afeto por um criança que posso perder depois!

Arthur deu um suspiro. E saiu, avisando a emprega na sala que iria na empresa encerrar os negócios para poder viajar no dia seguinte, que voltaria muito tarde.

Juliéne então se apoiou na pia. Aquele casal era realmente uma bela dupla de atores. Apesar de Juliéne notar a clara tentativa de manipula-la, e convence-la a ajudar no controle dos passos de Megan no Brasil, ela não pôde deixar de ficar impressionada. A história era realmente peculiar, e principalmente, fazia até sentido. Ele já dissera mais de um vez sobre um primo que ele não queria perto de Megan. E esta mais de uma vez desligou o telefone do nada quando Juliéne chegava, sendo que em uma delas ela escutou algo como primo.

Mas como Juliéne já tinha se posicionado antes em favor do Júnior, e logo de Megan, decidiu dar uma chance para ela e subiu para conversar.

Megan por sua vez subira para o quarto e se jogara na cama, feliz! Não tinha como ser mais perfeito. A Idéia de Arthur faria o seu plano ainda melhor! Ele achando que estava mantendo ela cada vez mais presa, e ela teria cada vez mais chance de se livrar dele!

Ela estava sorrindo quando o telefone tocou. Danilo todo agoniado.

– Hello, Megan! Então, tudo pronto já?

– Oh Danildo, estou tão feliz, amanhã já estarei no Brasil! Faz tempo que as coisas não parecem tão boas!

– Que linda, perfeito então. Amanhã quando você chegar eu acerto com você o horário para ir no buffet, e passo senhas e códigos da casa. Os amigos do jornal, bom, esses como você pediu já deixei alerta, pedi meu dinheirinho para disfarçar. Acho que entram em contato com vocês assim que confirmar com a empresa para a recepção - Megan dava pulinhos na cama feliz - heheyy quanta alegria! Agora tenho que ir, vou almoçar com uma filha de embaixador da Capadócia...

Antes de Danilo concluir Megan já não estava mais lá. Um súbito enjoo fez ela correr para o banheiro.

– Megan? Poxa, de novo? Alôôô ...

– Alô? - Juliéne entrou no quarto a tempo de ver Megan fechar a porta do banheiro e se aproximou da cama, pegando o celular.

– Oi? Sua patroa não está aí?

– Well.. - Juliéne olhou para o banheiro. O cara devia pensar que ela era uma empregada, e não fazia sentido corrigir - acho que sim.

– É enjoo de novo? Puxa vida só falei que ia almoçar com a filha do embaixador da Capadócia, e olha, já quis vomitar. Ela está com problemas sérios no estômago! Que tipo de comida vocês preparam aí?

– Well... - Juliéne não sabia o que responder. Não poderia deixar um furo quanto a gravidez de Megan.

– Well...well... certo, não vou conseguir muito de você, nem nem. Faz o seguinte, avisa que Danilo não pôde esperar e foi no seu compromisso com a embaixadora da Capadócia...

– Capadócia não é país!

Danilo olhou para a figura desleixada na sua tela de celular. Audácia a dela corrigir ele.

– Eu sei, qual o problema?

– Só país tem embaixada.Acho que sua amiguinha está te enganando - Juliéne teve vontade de rir da burrice de ambos. Nem ia se meter, mas ele era o tal Danilo.

– Aaa que maravilha não sabe cozinhar mas conhece de história. Neste caso, não tem problema eu atrasar, pode deixar o telefone aí que espero a Megan.

– Acho que ela vai estar indisposta. Retorne mais tarde.

E Juliéne desligou antes dele responder, e jogou o celular desligado na cama. Já tirara a conclusão que queria. Estava claro que Megan mantivera contato e pelo visto manteria contato com o tal primo, como Arthur temia. E pela reação dela ao saber que ele ia sair com outra garota, havia sim algo entre eles, e talvez ainda um sentimento. Ficar perto do primo poderia ser pior para Megan e o bebê. Juliéne não queria, mas teria de vigiar mais Megan e impedir a aproximação do tal primo. Quem garante que não fora ele quem provocara toda a alteração dela na outra vez?

Megan saiu do banheiro pálida, e arregalou os olhos quando viu Juliéne sentada na sua cama esperando ela. Tinha ficado tão feliz com a viagem e as coisas dando certo, que a emoção mais o balanço da cama fez ela enjoar. Sequer teve tempo de responder para Danilo que Capadócia não tem embaixada.

– Juliéne...perdi algo?

– Sim...talvez. Megan, eu já deixei claro que estou do lado do seu bebê, certo? - Megan assentiu colocando uma mão no ventre, já um pouco saliente - e você sabe que tudo que recomendo é em atenção a ele - Megan novamente assentiu e acompanhou o movimento da médica, que pegou o celular que há pouco tinha a imagem de Danilo - por isso eu vou pedir que você realmente se afaste desse primo que Arthur tanto teme.

Megan ficou desorientada. De onde surgiu isso? Ela viu Danilo no telefone?

– Ohh..eu não entendi, por quê isso agora?

– Bom, Arthur me explicou a situação. Ele disse da certeza deste filho ter sido gerado no Brasil, e que Danilo é o pai. E acho que a proximidade com ele pode te prejudicar emocionalmente. Eu sou direta, Megan, não vou ficar fazendo o joguinho de você e Arthur, agindo como uma governanta velha mentindo para você para te manter em casa. Eu só vou te dizer que pouco vai adiantar a minha ajuda para proteger seu filho se você for ficar perto do pai dele, e sofrer com o fato de não estar com ele e vê-lo saindo com embaixadoras da Capadócia.

Megan sentiu um frio na espinha quando Juliéne mencionou que Arthur sabia quando o bebê foi gerado, depois colocou a mão na boca para controlar o riso quanto a ideia de ser Danilo, e foi se sentar ao lado de sua médica, ficando logo a seguir triste com a constatação dela de se manter longe do pai da criança, a mesma que tivera e a fez fingir durante os ultimos dias que Davi não existe!

– I see. Você está certa, preciso acabar com isso - Megan resolveu não desmentir sobre a suspeita de Danilo ser o pai, e Juliéne pareceu mais tranquila.

– Certo, agora ligue para ele e avise que não poderão se ver no Brasil. É melhor assim. Sei como é difícil ficar longe de quem você ama, e que nos iludimos achando que não vamos nos ferir.

Megan a olhou surpresa "como assim, sabe?". Mas a seguir pegou o telefone. Teria mesmo de comunicar o primo a qualquer momento. Assim, ligou o celular e chamou Danilo.

– Até que enfim! A sua cozinheira desligou na min...

– Shh Danildo. Eu preciso falar sério com você... - aquilo doía mais do que imaginava. Danilo fora quem mais ela tivera contato nos ultimos meses. Por isso demorara tanto a pedir que ele se afastasse dela, pelo menos até depois da recepção. Agora teria de fazer daquele modo, abrupto - passe todos os dados para o meu email, ou para o e-mail do meu pai. Preciso estar com eles antes de chegar no Brasil - Megan suspirou - e quando eu chegar aí...bom, não se aproxime de mim..

– O que? Pera lá, Megan...

– Não me interrompe, Danilo. Não podemos nos ver, eu ando muito nervosa, e terei de só repousar - Megan tentava amenizar com uma desculpa mais branda, não queria magoar ele - esta é a nossa ultima conversa.

Megan não achou que fosse tão difícil. Talvez fossem os hormonios, ou o fato dela não conseguir assumir como ele se tornara importante. Mas na verdade, ela sentia que se tivesse um irmão de verdade (gêmeos, Davi e o caçula de Pamela não contavam) doeria da mesma forma pedir para se afastar dela. Dessa forma Megan não continuou a falar com o primo, e passou o celular para a sua médica.

– Desculpe - Juliéne pegou o celular e começou a falar com um Danilo boquiaberto, claramente abalado - mas ela precisa mesmo de repouso. Sou a médica que vem cuidando dela, e acho que com toda essa mudança ela precisa de um tempo sem grandes emoções...

– Mas..desde quando eu dou grandes emoções? Estão loucos? Não..passa para Megan, diz que eu prometo ficar caladinho - Danilo falava isso tentando ficar calmo - não falo mal de ninguém nem menciono pessoas desagradáveis, até mesmo faço uma barreira. Diz para ela! Megan sabe que ninguém vai proteger e cuidar melhor dela do que eu, aqui. Sou o que mais quer o bem dela... - ele disse já aflito para a tela do telefone.

Juliéne por sua vez manteve-se impassiva. Notara a emoção de Megan, que saíra de novo ao banheiro, enjoada.

– Escute garoto, a ultima coisa que ela precisa é de agitos, e você não parece ser companhia ideal a ela!

– Ok, chegou agora e já acha que conhece a minha vida, tá muito enganada, médica de açougue! Quem tira a Megan das encrencas sou eu. Acaso é tão grave o problema dela que ela não pode nem ter um amigo por perto, contanto uma ou outra piada idiota?

– Não...nããão - Juliéne tentou despistar quanto a gravidez - é mais mesmo para ....uma questão de...mudança de vida. Ela notou que a sua qualidade de saúde estava ruim, precisa se..reenergizar e por isso vai usar seu tempo no Brasil para relaxar. Enfim, prazer te conhecer, arrivederte!

E ela desligou na cara de um Danilo atônito! Que não sabia se ficava fulo com Megan, ou se ficava preocupado com ela, com medo de realmente ser causador das merdas que aconteceram com ela, como da vez em que ela ficou cega depois do acidente de carro.

Megan saiu do banheiro com os olhos um tanto vermelhos. Pediu licença para sua médica e se deitou, focando só em pensamentos bons, e em como logo ela resolveria tudo e poderia contar tudo ao primo e voltar a ter ele na sua vida. Tentando focar em como seria divertido contar tudo ao primo e rir da cara dele, com tudo. Seu isolamento, num mundo só com o que Arthur acha que é o melhor para ele ia acabar! E era nisso que ela deveria focar, em ter finalmente a sua liberdade, e trazer para perto de si só quem realmente se importava com ela.

No dia seguinte, calada durante toda a viagem, Megan seguiu com sua médica, também calada, e Arthur da casa ao aeroporto, e durante o vôo.

Chegando no Rio de Janeiro uma alegria brotou dos pés até o fio dos cabelos de Megan. Estava em casa, finalmente. Sorriu e olhou ao seu redor. Arthur tinha cara de cansado e Juliéne de assustada. Por mais irritada com a médica, por ter obrigado a se despedir de Danilo no dia anterior, Megan não deixou de sentir simpatia a figura dela, ali parada estranhando o país que não conhecia.

– Vem Juliéne, nossos dias serão longos e você terá de me ajudar em muita coisa.

E todos se encaminharam até um motorista com a placa "Marra-Parker-Nigri e Dorléac-Darrow.

Nos dias que se seguiram antes da recepção Megan andou todo o tempo com a médica, sem contar é claro os detalhes de seus planos quanto a recepção. Foram ao buffet, lojas de roupas, móveis que Megan resolveu trocar na casa. Embaixada americana para regularizarem sua situação. Em casa receberam ainda o representante de uma revista, que queria negociar a possibilidade de cobrir o retorno do casal Parker-Nigri ao Brasil, na recepção. Megan fingiu surpresa por eles estarem sabendo da vinda deles antes mesmo de anunciarem, mas de um jeito sutil conseguiu que Arthur concordasse na referida matéria, desde que eles guardassem a informação até a publicação desta.

Eles apareceriam após às 20:00 horas. Conversariam com alguns convidados, tirariam fotos do buffê e de dos convidados, tudo em no máximo 30 minutos, depois sairiam. Juliéne não se agradou, mas quando soube tudo já estava resolvido.

E depois desses três primeiros dias intensos, em que não vira ninguém da família, no máximo seu pai que a visitou, acompanhando dois seguranças de sua confiança que ficariam na casa, veio o resultado. Ela estava muito cansada e sentira uma cólica forte na manhã do quarto dia. Juliéne então recomendou, até a recepção, repouso absoluto.

– Perfeito! – disse Megan quase gritando ao desligar seu celular.

– O quê? – Juliéne acordava assustada com o grito de Megan.

Ela estava em uma poltrona próxima a cama da paciente, em seu quarto de solteira. Megan não dormiu um único dia no quarto de casal com Arthur, que um dia fora de seus pais. Além de achar esquisito, apesar de toda a reforma que Arthur fez com móveis, ela também não se sentia mais confortável do lado dele, e Juliéne convenceu Arthur que isso facilitaria até mesmo para ele, pois evitaria se incomodar com indisposições da gravidez que Megan teria, como enjôos.

Oh God. What a happened ?

Juliéne se aproximou de Megan, segurando o livro de medicina fitoterápica do Brasil.

– O que não aconteceu, você quer dizer! Eu estou presa nessa cama, e tenho uma recepção para organizar. Essa casa é uma prisão, mal consigo receber o buffet sem ter que receber ligação dos seguranças todo o momento querendo saber se fulano de tal é mesmo da empresa e pode entrar, se pedimos mesmo tantos quilos de carne e etc... E agora, o maldito buffet não aceita mandar pelos empregados os convites, pois não quer qualquer possibilidade de fraude, como clonagem de chip, e quer que alguém vá buscar. Mas eu não tenho quem vá!

Ela falou tudo quase sem respirar, se sentando e jogando o celular na beirada da cama, irritada.

– Mas não tem como eles mandarem por correio?

Juliéne se arrependeu da pergunta após o olhar fulminante de Megan.

– Eu preciso começar a entregar esses convites ainda hoje! E essa é a pior parte, porque estou aqui presa, e não posso ir até lá pegar, e muito menos entregar, all right? – ela falou olhando feio para sua médica, como se esta fosse a culpada – e não tenho alguém de confiança para ir. Preciso que seja alguém que entregue exatamente na mão das pessoas que eu pedir, e rápido! Mas Arthur não está aqui, foi para a Califórnia faz quase dois dias e só volta na manhã da recepção. Você é o mesmo que nada, pois mal conhece os empregados daqui de casa, e ...não tenho mais ninguém.

I see... – a médica resolveu tomar o surto como efeito da sua alteração hormonal – você realmente não tem ninguém aqui que possa fazer isso? Uma parente ou amigo?

Megan jogou a cabeça para trás, bufando. Tanto tempo parada na cama estava acabando com seus nervos, e eliminando o mínimo de paciência que tinha com Juliéne. Ela acaso era surda? Se Megan disse ninguém, é porque ninguém poderia fazer. Como ela ia chamar sua mãe para ir pegar os ingressos e sair distribuindo, se nem mesmo informara ainda que voltara. Parece que estava vendo ela brigando com ela por ser uma filha ingrata. E seu pai? Ele com certeza ia perguntar o porque de não ter convites para seu querido filho e esposa. Ela não estava com cabeça para explicar a ninguém sobre Davi. A verdade é que evitou contatos com todos da família, justamente para nada saber de dele, e agora estava sem coragem de pedir ajuda.

Então uma idéia acendeu na sua cabeça.

Well, vou chamar alguém que pode. Mas é uma amigo do Arthur. Ele tem uma agenda física na cabeceira da cama dele no quarto. Você poderia ir lá pegar, Juli?

Of course!

Assim que a médica saiu, Megan ligou para Danilo. Que lhe atendeu surpreso, e por um instante feliz, mas logo fechou a cara.

Mas Megan não podia conversar com ele, precisava que ele fizesse o serviço para ela sem qualquer pergunta. Então foi direta.

– Danildo, preciso de você.

– Oi? Pensei que você não pudesse mais me ver!

– E ainda não posso. Estou falando com você de forma confidencial. Não tenho mais ninguém para me fazer esse serviço, então vai você!

– Obrigada pela parte que me toca! – Danilo fechou a cara.

Easy, depois explico tudo. Agora, eu preciso que você vá naquele buffê e pegue os ingressos para a recepção. Depois entregue para cada um dos convidados pedindo para não fazerem alarde pois é uma reunião bem íntima, e muitas pessoas não será convidadas. Entende?

– Certo, tenho que dizer para eles não abrirem o bico até o dia da recepção, para não ter problemas com pessoas não convidadas! Eu estou nessa lista?

– A de não convidados? Sim. Sorry. Mas logo você vai entender. E, Danilo, acima de tudo, o Davi ou sua nerdestina não podem saber. Quero que ele tenha o mínimo de informação possível de mim. Não passe sequer esse número de telefone para ele.

Danilo nem olhava mais para a tela de celular quando ela dizia isso. Estava indignado. Estava pedindo para ele ir fazer servicinho para ela, sem nem pedir desculpa por nem ter avisado quando chegou, ter deixado ele no vácuo, trocado número de celular, e nem a recepção ele iria!

– Certo, Megan. Vou fazer esse favor.

Thanks Danildo. Agora tenho que ir, e é para hoje. Bye.

Ela desligou e esperou Juliéne chegar desconcertada por não achar a agenda física de Arthur, mas Megan disse que ligara para sua mãe e que essa tinha concordado em lhe ajudar. Com isso, Megan apenas teve que aguardar em repouso enquanto os preparativos iam se fazendo. Juli atendeu todas as confirmações de convites.

Desta forma Megan não teve a mínima chance de saber que Davi e Chumbrega haviam sido convidados, dando a surpresa daquele dia.

E agora estava ali, no meio do seu quarto com um Davi que ela não tinha convidado. Ela afastou o rosto dele, segurando entre as mãos, tentando resistir a tentação de puxar ele de volta para um beijo. Ele sorria. Suspirou e encostou a testa na dela.

– Eu senti saudades de você. Muita. - ele disse ainda com a testa encostada na dela, investindo em outro beijo logo em seguida.

Mas Megan desviou e o afastou, saindo para o lado, longe do roupeiro.

– Davi, o que você está fazendo aqui?

– Vim te ver - ele sorriu - todo mundo disse para eu não aceitar o convite, mas eu precisava te ver, saber se estava bem.

Ela nem olhava para ele. Sabia que não ia resistir. Puxou as mangas do vestido para os ombros. Mas Davi lhe abraçou por trás e lhe beijou a nuca. Aquilo foi tão forte, que ela respondeu com a mesma força e afastou os braços dele abrupta, se distanciando um ou dois metros. Fazendo Davi a olhar assustado.

– Eu não entendi, Megan. Quando você me convidou para a festa eu achei que estava tudo bem entre nós.

– Eu te convidei?

– Sim. Danilo me entregou pessoalmente os convites - Ele se aproximou - eu cheguei a achar que era mesmo melhor nos afastarmos, mas ...agora, com você aqui, podendo ficar junto - ele se aproximou mais dela, que retrocedeu até a porta, ficando encurralada - tudo sumiu - Davi já estava encostado nela, uma mão na cintura e a outra mexendo no cabelo dela - parece que podemos voltar de onde paramos, voltar a ser feliz..

Davi ia continuar quando notou o olhar furioso de Megan. Ele não entendeu, mas então lembrou onde eles realmente pararam.

– Ah é. O meu celular. - ela ergueu a cabeça para cima, para respirar melhor. Tinha que controlar suas emoções - Danilo me devolveu ele. Soube que teve um...acidente?

Ela riu. Davi não mudou. Provavelmente ele estava querendo fingir que não fez nada de errado, que estava tudo na santa paz e ela voltaria igual uma imbecil lambendo seu sapato e se humilhando. Mas isso era o que a Megan faria antes, hoje não! Ela hoje o conhecia muito bem.

– Oh yeah, um acidente horrível. Ele caiu no chão, e quando fui pegar a cadeira caiu em cima dele, com pé, e ainda quicou umas sete vezes. Juro que tentei impedir. - Ela falou sarcástica, afastando dele e andando firme, fria e jogando cabelo.

Davi a observou parada, com os braços cruzados, perto da cama. Foi a vez dele bufar, pegou o celular no seu bolso e jogou em cima da cama na frente dela.

– Realmente não sei o que você viu nesse celular, eu nem acredito que você mexeu nele... - ela soltou uma risada ironica - mas ...Megan, olha para mim - ela se virou, queixo erguido e olhar firme para ele. Mais firme que na primeira noite deles, quando disse que não insistiria mais nele e seu drama - eu realmente lamento. Eu...até aquela noite...eu realmente pensava que entendia meus sentimentos por você, sabe? Eu achava que tinha feito as escolhas certas. - Davi notou ela virar a cara, parecendo se comover com o que ele dizia, começou a caminhar até ela - Mas eu tive você aquela noite - ele já chegara nela - e no dia seguinte te perdi...foi quando eu notei - Ele pegou o rosto dela com as mãos e virou para ele. Lábios bem próximos - que eu te amo, Mega...

Mas antes que ele conseguisse terminar, e que ela pudesse entender, Megan vomitava o resto que tinha de remédio e lanche que tinha no estômago. O cheiro da chumbrega vinha da manga dele, direto para as suas narinas, voltando um forte enjôo. Quando ela notou, parte de seu vestido e as calças de Davi estavam respingadas de vomito. Ela correu ao banheiro, tirou o resto do vestido, limpou a boca. Quando voltou ao quarto, lá estava Davi sem calça, vendo no meio das roupas que ela guardou dele no roupeiro, uma calça para ele.

Quando ela ia perguntar como ele sabia onde encontrar as roupas, ouviu um barulho que parecia com gritos e então Arthur, Nerdestina e Ernesto apareciam no quarto, olhando eles atônitos. Megan olhou a cena, e não sabia se ria ou se ficava nervosa. Pois enquanto se preocupava com a expressão de fúria no rosto de Arthur se formando, ela notou Davi estufando o peito, bravo, só de cueca e paletó, Ernesto no chão e uma Manuela com uma cara de cu e indignação que não valia todos os colares de prata que Megan tinha. Era bom demais!

–------------------------------------------------------

– Ai meu Deus. Ernesto? Ernesto, acorda. - Arthur notou o marido de Pamela no chão e foi socorrer ainda fuzilando Megan com olhar - Megan, o que você ...

– Espera, quem faz as perguntas aqui somos nós. Que papo é esse de sair entrando no quarto dos outros? - Davi reclamou. Tornando a situação ainda mais ridícula.

– A casa é dele, Davi - Manuela falava com os dentes rangendo. E Megan que no inicio estava um pouco inibida por estar só de langerie, agora jogava o cabelo e se exibia - Megan, querida, vejo que engordou! Que pena.

Megan olhou para Arthur, que na hora levantou a cabeça, e gargalhou.

– Alguém pode me ajudar aqui. Ernesto pode estar em uma convulsão por conta de apendicite. Chama a Pam...

Mas já era tarde, Pamela entrava no quarto procurando Megan e Ernesto, e vendo ele no chão, Megan só de combinação, gritou.

– Dorothy, vem aqui, pleaase.

Doro que estava logo atrás, entrou e deu um grito baixo, olhando apenas Megan e Davi, nem notando Ernesto.

– Dorothy, por favor, me diz que, quantos champanhes eu tomei...

– Apenas um, Pam - era Jonas quem respondia, entrando no quarto, abrindo espaço até Davi, a quem olhava sério, com a língua para fora pressionada entre os lábios - então, o que temos aqui? Alguém pretende ajudar Ernesto?

– Oh, my dear -disse Pamela se jogando no chão ao lado de Arthur - o que aconteceu?

– Pamela, acho que ele está com uma crise de apendicite. Juliéne, me ajuda aqui.

E ele se virou para a médica que entrava bufando no quarto, mas de repente arregalou os olhos para a cena. Manuela mantinha-se fuzilando Davi e Megan com os olhos, dentes rangendo e braços cruzados. Davi estava só de cueca, tentando parecer muito interessando em Ernesto no chão, desviando o olhar de Jonas, que parecia irado, olhando para Megan, Davi e Ernesto. Dorothy mantinha a posição de horror, com a mão sobre o peito, olhando também para Megan, Davi e Ernesto, mas ainda olhava sugestivamente Manuela e Arthur.

– Oh my God, que bagunça é essa? Megan, você está bem, não se alterou? - e Juliéne pulou por cima do corpo de Ernesto e foi até a paciente - senta - verificou o pulso dela - tudo bem.

A médica se virou para os outros. Uma Pamela indignada a olhava, com o corpo jogado sobre o do marido.

– What? - ela disse.

– O Ernesto, parece estar tendo uma crise de apendicite! - falou Arthur.

– Oh no, isso é impossível! - disse Pam, olhando seu marido.

– Calma Pam, a Juliéne é médica, vai nos ajudar a controlar a situação...

– Oh, eu digo que é impossível ser crise de apendicite, porque Ernesto retirou o apendice há muito tempo.

– Aaaa é verdade - disse Ernesto abrindo os olhos, bem lúcido - lembrando bem, agora, acho que foi mesmo.

Arthur o olhou assustado, Dorothy pareceu desmaiar quando ele acordou de repente, Pam o abraçou histérica, Manuela bufou com a cena, Davi, Megan e Jonas continham uma risada.

– Mas o que é isso, uma piada? - Arthur se ergueu com raiva.

– Ele deve ser hipocondríaco e deve ter tido um breve ataque de pânico. Coisa da mente - disse Juliéne se aproximando de Arthur, com braços cruzados e expressão séria.

– E você? Como me passa por cima de um cara no chão sem atender? Ele poderia estar morrendo - disse Pamela se levantando e apontando o dedo para Juliéne.

– Mom, don't - pediu Megan.

Juliéne não sabia como dizer que na hora em que viu Ernesto no chão, notou que ele pressionava demais as palpebras fechadas, para alguém inconsciente.

– Desculpe, não pensei que fosse algo grave. Ele parece jovem, achei que poderia ser só um desconforto mesmo, queda de pressão..

– Mas que zona tudo isso - disse Arthur irritado. Se voltando agora para Megan e Davi, já que Ernesto já se erguera e era abraçado por Pamela.

Então todos voltaram sua atenção aquela dupla. Davi olhou ao redor, respirou fundo e colocou a mão na cintura desconcertado. Jonas, ao seu lado, parecia com vontade de bater nele, não mais que Manuela. Arthur por sua vez, olhava Megan com raiva. Ela notou que ele devia estar achando que tentara seduzir Davi, e ele resistiu.

– Que cheiro horrível de vomito - disse Juliéne alertando todos. Pegou então as calças de Davi no chão - outro enjôo?

– Sim - Megan agradeceu a intervenção da médica com o olhar - eu comecei a vomitar no quarto por causa de um cheiro horrível de perfume sem fixação, forte odor de alcool, e muito doce - Manuela soltou um grunhido - que veio assim que Davi entrou. Sujei meu vestido e ele foi tentar me ajudar. Então acabei sujando a calça dele também.

Megan terminou a explicação bem calma, olhando para todos com cara de inocencia. Davi apenas concordava contrariado. Bem no fundo queria que todos soubessem que ele e Megan estavam juntos.

– Você passou mal e vomitou no Davi? - perguntou Arthur com cara de nojo. Ela concordou.

– Ótimo - gritaram Ernesto e Jonas ao mesmo tempo - agora vamos todos votar a recepção, que uns jornalistas chegaram e podem não publicar a versão correta dos fatos, se nos encontrarem aqui - continuou Jonas.

– Oh, os jornalistas já estão aí? God, preciso me arrumar. Arthur, pode recebe-los? Tenho que achar outro vestido.

– Eu te ajudo querida - disse Megan se aproximando de Megan e se afastando de Ernesto, que agora saia com Dorothy e Arthur do quarto.

– Vamos Davi? - disse Manuela na porta, ainda com os braços cruzados e cara fechada.

– Assim? - ele falou mostrando que ainda estava sem as calças.

– Você já foi visto em situações piores antes - ela falou cuspindo marimbondos.

– Ok, pode ir Manu, eu cuido do Davi. Já já estaremos lá.

Ela saiu então. Davi olhou para o pai como quem diz "essa aí não se toca". Jonas o repreendeu com o olhar.

– Vamos ver quais as opções de calças você tem aqui.

Enquanto Jonas ajudava Davi, Pam ajudava Megan e Juliéne juntava as roupas sujas.

– Vou levar até a lavanderia. - Ela disse saindo com as roupas.

– É, aqui só tem calça mais velha, e informal. - Disse Jonas mexendo nas roupas de Davi. - Deixa ver se Arthur não tem uma no quarto dele que te sirva, ou se tem alguma minha lá, guardada.

– Dad, as suas roupas que restaram foram colocadas no quarto que era de Brian, junto com as roupas dele.

Megan informou. Jonas saiu olhando antes para Davi, seriamente.

– Fique aqui e não apronta.

– Jonas, eu já estou bem crescido para você me tratar como criança pequena. Já tenho idade para ser pai de um filho pequeno, e não ser um filho pequeno.

Davi disse isso de costas para Megan, que olhou para ele prendendo a respiração. Jonas notou a filha, olhou Davi, e saiu do quarto par buscar calças para ele.

– Oh sweet, nenhum desses vestidos serve. Ou são muito casuais, ou não te servem mais. Está mais gordinha - Pam disse piscando para Megan.

– Sad...

– Megan não tem roupas em outro quarto? - perguntou Davi com ar inocente.

– Tenho... - ela falou com a voz baixa, notando onde isso ia levar.

– Oh, vou buscar, onde é?

– No quarto do Ar...nosso quarto principal, onde você e dad dormiam.

– Right, vou lá e já volto.

Davi sorriu quando Pamela saiu do quarto. Fechou a porta atrás de si e disse:

– Enfim, novamente, sós!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Megavi - Cenas excluídas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.