Megavi - Cenas excluídas escrita por MarjorieJustine


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Presente pro fandom mais lindo! Música do capítulo: Combat Lover~Vamos dar as mãos e chorar~



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Megan olhou para o sinal de cor rosa no teste de gravidez.

Positivo.

Um grito desesperado quis subir por sua garganta. Colocou a mão na boca pra abafá-lo.

Oh God, no!

Escutou o som da sua voz resvalar nos azulejos. Azul com detalhes em dourado, banheira, pias, tudo muito elegante. “Isso aqui não combina comigo” fora o que achara depois de entrar naquele banheiro pela primeira vez sozinha, sem Arthur do seu lado. Novamente, o pensamento retornou a ela.

Sua mente voltou a Arthur. Ele vinha sendo tão generoso com ela. Ele lhe dava atenção e ligava sempre que ela precisava viajar para o Brasil ou para passar um tempo com sua mom. Ele ajudou em vários projetos de combate ao sexismo. Ao menos, tentou. Apoiou até o minuto em que Megan desanimou com a superficialidade que o movimento se tornou. A verdade é que ninguém a levava a sério.

Arthur parecia levar. Porém, depois de decidirem viver juntos, ao invés de um apartamento aconchegante, ele resolveu comprar uma mansão em São Francisco. Afinal, estava indo morar com Megan Lily Parker Marra, a garota dona de três impérios. Ela não tivera coragem de dizer que essa Megan não existia mais, ou que nunca existira.

Uma lágrima rolou no rosto da bad girl. Limpou-a e disse pra si mesma que Megan Lily não choraria mais por quem não a amava. Foi até seu suntuoso espelho em frente à pia. Muito bem suprida com todos os cremes e loções, ajeitou sua imagem. O teste de gravidez ela embalou novamente, enrolou em papel higiênico e jogou no lixo.

Isso não poderia ficar assim. Ela teria que arranjar um jeito de não perder Arthur quando ele descobrisse que o bebê que estava esperando não era seu.

Davi olhou pro seu computador novamente. Tinha que apresentar algo novo no Junior pra manter alguns investidores no projeto. Afinal uma start up não se mantém só com um produto. Ainda mais depois de mais de quatro anos. Mas faltava inspiração. Ele não sentia a mesma energia e vibração de quando criou o Junior, ou de quando, há cinco semanas atrás teve a brilhante ideia de criar a irmã do junior.

Mas até agora ele só conseguia ver na sua frente o junior sozinho. Eles dois, na Plugar. Os demais empregados e colaboradores da empresa estavam na sede, que era um departamento na Marra Brasil, Manuela insistiu em eles usarem lá. E disse que não era esmola, que o valor que pagariam em aluguel seria considerado colaboração da Marra. O fato é que com isso ele se sentiu novamente um empregado na marra, da Marra. Que apesar de ser sua, do seu pai, ter Jonas lá todos os dias inovando, ainda era um lugar que ele sentia que não pertencia.

Olhou de novo o monitor. Escutou o barulho ao fundo das crianças brincando. Veio a lembrança da festa da Brazuca há semanas atrás.

Estava tudo indo muito bem, a alegria que estava sentindo de ver que tudo seguiu bem, que a Brazuca realmente se mostrou um futuro ao mercado de tecnologia. Só estava faltando a presença de alguns amigos. Observou no canto da Plugar (ele insistiu que fosse realizada ali a festa da Brazuca, e não na Marra) as crianças de braços cruzados, todas vestidas com o mesmo macacãozinho preto com detalhes prateados, e bonés dourados. As meninas maquiadas com sombra marcando o olhos, imitando a maquiagem de sua ídola, os meninos ansiosos para ver um furacão loiro por nome Megan aparecer na porta. Ele seguiu os olhos dos meninos para a porta, e também torceu as mãos. “Ela já devia ter chegado” pensou.

Davi havia mandado o convite por email, reforçou no instagram, e até twitter criou pra poder encaminhar o convite. Ele sabia que ela vinha ao Brasil nessa época, tinha lançamento da Parker Tv Brasil de um programa sobre defesa de causas feministas, e ela veio colaborar. Na verdade sabia disso fazia tempo, a data da festa foi adiantada justamente para ele ter a oportunidade de ter na Brazuca, ao mesmo tempo, todos os envolvidos no sucesso. Tanto Manuela, que colaborou em ajustes no junior, como Ernesto ajudando com a criação da start up e a venda do produto, quanto Megan, que incentivou e promoveu sempre a empresa. Até mesmo nas suas contas em redes sociais. Mas até o momento Megan não apareceu, e as crianças que prepararam uma apresentação pra agradecer o carinho dela, e as doações e campanhas que ela ainda vazia em apoio a instituição, já estavam desanimando.

Infelizmente, apesar de todo o esforço da Manuela, de dar aulas e ajudar muitas crianças a aprender com programação, elas ainda tinham um carinho fiel a Megan. Linus por sinal não aceitou ficar com eles na casa que compraram na Gambiarra. Fugia sempre e permaneceu na Plugar.

Davi ouviu um carro possante chegando. Um sorriso brotou no canto da boca dele. Era a Megan, com certeza. Se lembrou dela chegando na Gambiarra, sempre cheia de estilo. Olhou pras crianças e deu uma piscada enquanto ia para a porta ver quem saía do automóvel.

Mas logo o sorriso sumiu, saiu do carro um Danilo com óculos escuro e terno italiano cinza. Acompanhado por uma modelo muito magra, diga-se de passagem, vestida como se fosse a um casamento com vestido longo, dourado.

– Oi Davi. Minha priminha pediu pra eu vir aqui representar ela. Ela teve que voltar para a California hoje, só vai poder voltar depois de amanhã, pediu pra eu avisar. – disse Danilo, que nunca chamou Davi de primo, e já foi entrando na Plugar, deixando Davi surpreso na porta.

Lá dentro, com sua modelo, ele perguntou quem eram as pestes da Megan. As crianças o rodearam imediatamente. Danilo deu então para eles um Marra tablet, com mensagem da Megan. Davi se aproximou para ver. Ela estava linda de cabelo preso em um rabo de cavalo simples, uma camiseta simples branca, escrita “amo minhas pestes” e o rosto quase limpo de maquiagem. Apenas os olhos bem marcados com lápis.

– Hi meus pestinhas. Estou aqui totally down por não poder estar com vocês hoje. Sorry kids, mas não pude mesmo. Mas assim que tiver um tempo vou visitar vocês. E vou levar um monte de doce para comermos. Mas não contem para a tia Rita. Kisses meus amores – ela disse isso em um misto de alegria e tristeza. Dando tchau com uma mão e mandando beijo pras crianças, que já estavam todas tristes.

Davi abraçou uma menina que chorava.

– Calma, não fica assim. Ela disse que viria ver vocês ainda.

– Mas ela não vai ver nossa apresentação que fizemos para ela. – disse a menina desolada.

– Quem disse? Assim que ela vier vocês podem muito bem se organizar e mostrar pra ela. Aposto que ela vai amar. Agora vão com a Manu, vocês ainda tem de fazer essa apresentação.

As crianças fizeram cara de desagrado e se encaminharam a Manuela, que estava conversando com os investidores, e quando viu as crianças chegarem pediu que esperassem um momento.

Davi já havia notado que ela não tinha muito tato com crianças. Os gêmeos mesmo, ela até tentava, dava presentes, mas geralmente desistia logo de brincar com eles, não parava muito para dar atenção. Ela nunca falou sobre ter filhos. Apesar de que não estão casados ainda, ela não parecia mesmo inclinada a ter filhos. Uma pena, Davi queria muito um, ou cinco.

Ele então viu de novo a mensagem de Megan. E se encaminhou até Danilo, que estava em um canto posando de magnata com sua modelo. Segurando um suco de morango com laranja. Davi havia dado ordens de não servirem álcool na festa, e indicou alguns sabores de suco.

– Danilo, vem cá, preciso te perguntar uma coisa – falou Davi puxando o primo para um canto - agora que as crianças já estão desoladadas, pode me dizer onde a Megan está, e por que ela mentiu que foi pra Califórnia só pra não vir aqui?

Danilo o olhou surpreso. Olhou pros lados e deu um sorriso pra tentar disfarçar.

– Que isso Davi, tá tomando óleo de máquina? Não viu ela dizendo que foi pra California?

– Sim, e vi que a gravação foi feita no tablete mesmo, e hoje. Como é que hoje ela tem mandou isso, se já está na California?

Danilo o olhou irritado, colocou o copo em uma mesa e falou:

– Ok, a culpa é sua, certo? Ela não veio porque ela não quer ver você e isso tudo aqui.

– É o que? Deixa de ser louco Danilo! Megan e eu estamos bem um com o outro. Somos irmãos, viajamos e já saímos juntos com Veronica e Jonas várias vezes...- Danilo o interrompeu.

– Eeeei, você acabou de dizer tudo. Voces dois se viram sozinhos, ou com seus respectivos parceiros ou estando só com a família de vocês. Ela nunca teve de ficar do lado de você feliz e amoroso com Manu, enquanto ela estava sem Arthur para dar apoio. Olha só Davi, a Megan só me disse que não queria passar a tarde em um compromisso chato, e que a Parker TV já tinha deixado ela entediada demais. Mas só pelo vídeo fica bem claro que ela não quer é enfrentar o fato de estar na empresa que ela construiu com você quando estavam juntos e felizes, que agora é tratada como se fosse algo seu com Manu.

Davi estava parado, indignado e surpreso. As mãos apoiadas na cintura.

– Que foi Davi? Surpreso? Eu posso ser o tipo que aproveita as oportunidades que a vida dá, mas gosto sim e muito da minha priminha e sei como ela se sente. Então, engole essa, e assume que as coisas não acabaram em tom cor de rosa como vocês ficam fingindo que foi. Você e Manu não são o casal amiguinho de Megan e Arthur e nem ela está feliz com tudo que está passando, e em ser sua irmãzinha. Agora, se me dá licença eu preciso ir conversar com algum desses caras. Ver qual a idade das filhas deles.

Disse um Danilo mais firme, a um Davi mais incrédulo. Danilo deu um tapinha nas costas de Davi e foi na rodinha de investidores em que estava Manu.

Davi olhou pras crianças e para o tablet em sua mão. Comprimiu os lábios e puxou o ar com força o prendendo antes de soltar devagar, enquanto voltava sua cabeça para cima e fechava os olhos.

E num impulso ele foi atrás de Danilo na roda, o puxou pelo braço dizendo a todos no grupo que já voltava e levou o primo até sua antiga garagem, onde ainda mantinha suas coisas de quando solteiro, e onde ainda passava algumas noites.

– Entra aí e me diz onde a Megan está.

– Eeei calma aí. Sabe quanto custou esse terno? E quem disse que eu sei onde ela está, ou que eu diria justo para um animal como você, onde está a minha priminha? – falou Danilo erguendo o queixo com ar de desafio e zombaria.

– Danilo, eu sei que você sabe, pois foi ela quem te entregou esses tablets. Sei que ela não está na casa do Jonas ou da Pamela, isso porque liguei mais cedo para o Vicente perguntando e ele disse que ela não se hospedou lá, e nem disse onde ficaria. O Ernesto disse que Megan não estava com eles. Então só você sabe onde ela está, e vai me dizer sim, porque você sabe que tem boa razão para ter medo do filho do seu chefe.

Davi não gostava de usar o poder de Jonas para nada, mas naquela hora estava pensando menos com a cabeça do que em qualquer momento. Danilo por sua vez o olhou bem fixo, suspirou e olhou para o chão.

– Davi, pode me mandar pra rua, não ligo. Antes isso que ver a Megan abalada. Ela está muito bem com Arthur, só precisa evitar você sem ele perto. Melhor, você com a Manu, sem ter ao menos do lado alguém que ela sabe que ama ela. Então se foda você e sua mania de achar que pode fazer todo mundo dançar com o seu ritmo. Megan pode até achar isso algo lindo, eu sempre te achei um merda! Vai lá me demite!

Davi o olhou com raiva. Chutou uma cadeira, colocou as mãos na cabeça. Olhou para um Danilo que estava agora com os braços cruzados.

– Ok Danilo, tudo bem. Você não gosta de mim, eu também não tenho amor de primo por você. Mas nós dois nos importamos com Megan. Eu só quero conversar com ela, deixar isso tudo certo. Não posso manter a Brazuca, que é dela também, sem ela. E não posso evitar que um dia tenhamos o encontro... – Davi suspirou e colocou a mão na cintura como se agora tivesse notado o quão significativo era o que Danilo havia dito. Megan está feliz com Arthur porque ele ama ela, e porque isso a protege de saber que Davi está com Manu e não com ela? O que isso queria dizer?

– Esquece Davi, não vou contar onde ela está, e espero que você entenda que é melhor se manter longe da Megan, para bem dos dois.

Danilo passou por Davi esbarrando o ombro nele. Davi olhou pra cima e viu sua cama, onde Megan certa vez o pôs para dormir, bêbado, e cuidou a noite toda dele. Lembrou do beijo, dela dizendo que ia cuidar dele. Comprimindo novamente os lábios saiu de novo por impulso, e foi para fora da garagem, esbarrando em Manuela.

– Davi, o que foi? Os investidores querem conversar com você, eu não consigo levar isso até você. – ela disse o seguindo enquanto ele andava firma até um carro possante.

– Manu – ele falou parando e colocando a mão na cintura, olhando sério para ela, e depois suspirando, ele falou mais docemente – por favor, resolve isso. Eu preciso ...tenho um assunto de família.

– O que foi, algo com Jonas?

Davi olhou firme para ela, e disse “não”. Ela entendeu que não deveria mais perguntar, cruzou os braços e saiu em direção da Plugar. Davi passou as duas mãos no rosto se culpando. Mas não podia parar o que tinha que fazer. Abriu o carro onde Danilo chegou. Lá encontrou um smartphone, possivelmente da modelo, que chegou sem ao menos uma bolsa. Estava logada em sua conta. Davi, através do google maps consultou quais rotas ela fez hoje.

Dentre lojas, a atual casa de sua avó Gláucia, estava a antiga casa dos Marra na Taquara. Davi parou, colocou o Samrtphone no lugar em que estava. Saiu do carro. Precisava pensar.

Já Megan, não sabia o que fazer. Estava presa na casa que fora de sua família, na verdade de Jonas, enquanto mais novo. Por sinal, estava dormindo no quarto que fora dele. Se sentia protegida ali.

Ela estava totalmente desmotivada. O programa da Parker TV não aceitou qualquer uma das suas ideias, acharam um tanto fora do ideal da TV. Pareceu pouco atraente o debate mais sério. Não que Megan tenha virado uma feminista, apenas sentiu que o programa não trazia o debate de respeito a cada um usar o corpo e privacidade como quer. Na verdade o programa só queria explorar os outros escândalos de fotos vazadas.

Ela andava cada vez mais desestimulada. Não ia mais pras farras, a não ser quando Danilo ira pra São Francisco e a levava, aproveitando Arthur longe. Ou quando ela vinha fugida ao Brasil. Mas sempre com cuidado pra paprazzis não a reconhecer. A vida de esposa de um dono de empresas de sucos e produtos orgânicos não era emocionante, e sinceramente já estava cansada da rotina. Sentia falta de sua mãe, do seu pai, os gêmeos e as crianças da plugar.

Megan se sentou no sofá da sala, em frente a TV desligada e abraçou a almofada com força. Ela se sentiu tão mal em não ter ido naquela tarde na festa da Brazuca. Queria tanto ver suas pestinhas, Davi...mas ele estaria com Manu, e Megan sabia que no momento estava frágil demais quanto sua situação com Arthur. Ele ainda a amava, a tratava com carinho e cuidado, mas sempre que ficava longe dela, voltava o vazio de quando era pequena e seus pais não tinham tempo pra ela. Algo que não sentia quando namorava Davi. Tinha tanta certeza que logo estaria com ele, que tinha ele e tudo estava certo. Megan abraçou mais forte a almofada.

Levou um susto quando ouviu as batidas na porta. Fortes, em com pequenos intervalos, como de alguém ansioso.

– Danilo? É você? Está tarde – disse ela perto da porta, sem abrir – não quero sair hoje para balada nenhuma. Me deixa.

– Megan, sou eu. – disse a voz do Davi do outro lado da porta, parando o coração de Megan. – Megan, abre essa porta, preciso falar com você. Por favor... – ele disse. Mas a voz parecia descer, como se ele tivesse se abaixado enquanto falava isso.

Megan abriu a porta e um Davi bêbado caiu de costas aos seus pés, ele havia sentado e se apoiado na porta.

– Davi? O que aconteceu? – disse Megan se abaixando. Ela estava apenas com a camisola que imitava uma camiseta cumprida, que ela havia gravado o vídeo pras crianças da plugar. Ela colocou a cabeça dele no colo dela.

Davi parecia perdido, falou com voz arrastada.

– Megan, eu precisava falar com você. Não podemos ficar assim, somos irmãos, temos que nos acertar. – ele falou abrindo o olho e mirando o rosto dela próximo ao seu, com as mechas de cabelo loiro caindo sobre ele.

– Davi – disse Megan se levantando e tentando levantar ele – não tem nada para conversar. Estamos bem.

– Não Megan, não... – disse ele se apoiando na porta com uma mão e se apoiando no braço de Megan com a outra – eu quero saber que estamos bem. Eu quero saber se você está bem.

– Davi, look, eu sei que pareceu estranho eu ter faltado na Plugar, e eu estar aqui ao invés de com meus pais – ela falou enquanto trazia Davi, que parecia mole, se segurando em seu braço e ombro, até o sofá, onde o jogou – mas é que eu to precisando pensar, preciso de um tempo to myself.

– Não Megan – Davi que estava olhando ela falar, se agitou no sofá. Elevou o corpo que estava encostado no sofá para a frente e colocou os braços com as mãos voltadas pra baixo sobre os próprios joelhos, enquanto olhava o reflexo de Megan, sentada ao seu lado no sofá, na televisão desligada em frente a eles. – eu quero saber de você está bem quanto a nós. Eu quero saber se você ... se você está bem, se ama mesmo o Arthur.

Davi disse a ultima frase abaixando a cabeça rapidamente. Megan que olhava também para o reflexo dele na TV abriu a boca levemente, surpresa com a pergunta. Davi então se jogou para trás, se recostando novamente no sofá, com a cabeça virada em direção da Megan, ele perguntou com os olhos brilhando, um ar de expectativa que fez Megan lembrar os melhores momentos que passou com ele:

– Megan, você realmente deixou de me amar? Realmente ama o Arthur? Porque, Megan – disse Davi se elevando e aproximando o seu rosto do rosto de Megan, que se inclinou levemente para trás ao ser pega de surpresa com aquela aproximação. Ela observou as próximas palavras de Davi perdida entre olhar os lábios dele, tão próximos, e os olhos, que pareciam ansiosos e alegres, tudo muito confuso – quando você me disse que não precisava mais se rastejar por mim, quando você disse que não ia mais correr atrás de mim, e até quando você foi a procura do Arthur em São Francisco – Davi agora falava olhando pra ela e movimentando as mãos em ritmo com o que dizia, expressando sua ansiedade e vontade de se fazer compreender por ela - você disse que queria alguém que te amasse, que te desse valor. Você nunca disse que estava amando o Arthur, ou que deixou de me amar...eu preciso saber, Megan, você deixou?

Megan finalmente soltou o ar que havia prendido desde o inicio da pergunta. Não ia mentir para Davi. Quando se tratava do que sentia ela nunca conseguia mentir. Ela nunca disse que amava o Arthur, e a verdade é que ele também nunca fora efusivo em afirmar isso. Ela também nunca foi capaz de assumir que não amava Davi. Megan então optou pela fuga.

– Davi...vai embora – ela se levantou e começou a puxar ele, que resistiu puxando ela de volta. Megan caiu quase no colo dele.

– Não Megan, não me deixa aqui, assim. Eu não posso voltar assim. Eu passei a tarde num bar aqui perto bebendo – ele então se recostou de novo no sofá e fez cara de menino pedindo carinho – pra poder te perguntar isso. Deixa eu ficar aqui contigo.

– Davi.. – disse Megan já muito perto dele, sem perceber ela aproximou mais o corpo dela do dele – eu não posso. Voce tem que voltar pra sua ...pra sua casa e eu vou voltar amanhã pra minha, na Califórnia. Please, vai embora.

Megan disse isso já com a voz aveludada, respiração mais ofegante. Tentou se levantar novamente, e dessa vez ele foi mais firme, puxou-a com força e ela caiu no colo dele. Ela olhou pra ele, o olhar queimando ela por dentro, ele queria ela.

– Please, Megan, fica comigo, cuida de mim - Davi falou isso tentando segurar Megan no seu colo, mas ela já pulara dele para o outro lado do sofá – igual naquela noite no meu quarto, quando você passou a noite comigo. – ele falou isso com a voz rouca, um tom de pedido que a fez derreter.

– Você lembra daquela noite? – perguntou ela, vendo ele dar um sorriso maroto e se aproximar dela no sofá.

– Eu lembro de todos os momentos que passei com você, Megan – ele disse finalmente alcançando ela no sofá

Essa situação, ou melhor, tentação, já era muito difícil pra ela, ainda mais com ele falando aquelas coisas, sussurrando em seu rosto e fitando seus olhos e boca. Naquela meia-luz ele ficava ainda mais lindo, com seu cabelo bagunçado, sua pele morena e parte de sua camisa desabotoada. Megan conseguia ouvir suas respirações aceleradas que tinham o mesmo ritmo.

– Por favor – implorou ele num sussurro ainda mais perto, se isso ainda era possível

Megan fechou os olhos e sentiu suas bocas colidirem num beijo lento, quente e sensual. A medida que os segundos iam passando ele ficava mais intenso e acelerado, levando Megan a subir no colo de Davi. Embriagados, essa era a perfeita definição de seus estados, embriagados um pelo outro.

O beijo foi bruscamente cortado com Megan mordendo e sugando o lábio inferior dele, o que o fez gemer. Ela levou a atenção aos botões da camisa dele, enquanto ele, com as duas mãos em seu quadril, admirava suas feições. Ficava especialmente mais linda assim, com os fios loiros meio bagunçados, os olhos semi-cerrados e a boca vermelha inchada de sua marca.

Depois de desabotoar todos os botões, percorreu suas delicadas mãos pelo seu abdômen e tórax, o que o fez inclinar a cabeça pra trás e fechar os olhos. Voltando a se devorarem, Megan mexia seus quadris, devagar, pra frente e pra trás, o provocando. Davi não perdeu tempo em tirar sua camisola de uma só vez, enquanto ela se desfazia do resto da camisa dele.

Davi a envolveu com o braço, virando-a de lado e caindo no sofá em cima dela. Beijava e sugava toda a linha de sua mandíbula em direção ao seu pescoço, enquanto ela, com uma mão puxava o cabelo dele e com outra cravava seus dedos em suas costas. Ele levantou sua cabeça, olhou fundo nos olhos dela e suspirou.

– Eu tava com saudade de você. - sussurou em sua boca, deixando uma Megan ofegante. Sentiu uma pontada no coração e deixou escapar um sorriso. No próximo segundo ele já havia invadido a boca dela novamente e nos próximos minutos, as peças de roupas que ainda restavam, estavam todas caídas no chão.

**************************************************

Davi, ainda sem roupa se aproximou do sofá com um lençol que achou na cama do quarto que fora do Jonas. Ele veio com um sorriso maroto, até ela, se aninhou do seu lado, e cobriu os dois com o lençol.

– hmmmm – ele gemeu passando os braços por sua cintura e aproximando mais seus corpos. Suspirou e a olhou fixamente.

Megan estava olhando ele com um sorriso de orelha a orelha, tirou a mão que estava sob o lençol e a passou no cabelo dele, fazendo cafuné descendo até sua barba. Ela então puxou o rosto dele e deu um beijo. Ele sorriu.

Davi se aninhou mais para baixo, enroscando suas pernas nas dela, brincando com seus pés nos pés dela. Ela riu. Ele então puxou um pouco o lençol por sobre seu ombro, e pousou o queixo sobre o peito dela, beijando primeiro ela no pescoço.

– Você está feliz?

– Muito – disse ela, se possível, sorrindo mais – acho que não consigo pensar em momento mais feliz nos últimos anos.

Ele sorriu, se elevou, chegando até ela e dando um beijo demorado. Voltou então a se aninhar e pousar o queixo no dorso de Megan.

–Eu também. Você ..- Davi não sabia como continuar o papo, queria saber se ela estava bem com Arthur. – Continua trabalhando nas causas feministas – ele disse dando mais um beijinho no pescoço dela e a olhando, observando sua reação.

Ela jogou a cabeça para o lado sentindo um arrepio bom. E sorrindo disse – Não.

– Então – três beijinhos no braço esquerdo dela – você está fazendo o que, bad girl? – deu mais beijinhos e mordidinhas.

– Eu? – ela disse dando uma risada – Olha, bom moço, estou ...sei lá, procurando uma forma de fazer as pessoas me levarem a sério. – ela falou ficando com o olhar mais triste. Mas Davi notou e logo ficou sobre ela, novamente a beijando de forma demorada.

– Eu te levo a sério, maluquinha – disse afastando os lábios do dela, sorrindo, e voltando a beija-la.

– É? Me diz uma coisa, bom moço, você disse que passou a tarde bebendo, mas não senti o menor cheiro de álcool em você. – ela disse vendo ele olhar para o lado e sorrir, ainda apoiado sobre os braços, cobrindo ela.

– Eu... – ele olhou pra cima como se lá estivesse uma desculpa – então ele olhou pra ela com carinho – tomei muita coragem, pra poder vir aqui perguntar se você ainda me amava.

Ela sorriu, pousou as mãos no rosto dele, e com a voz embargada disse – Ainda amo.

Davi então deixou o corpo cair sobre ela e voltou a beija-la.

[...]

Megan notou uma lágrima descer pelo seu rosto. Estava em frente ao espelho da penteadeira, esperando Arthur chegar. Se levantou, não ia permitir que Davi a fizesse chorar novamente!

Essa não era ela, Megan não fica parada sofrendo. Principalmente por alguém como Davi. Não depois do que ele fez com ela no dia seguinte a concepção do filho que agora ela estava esperando. Davi conseguiu matar qualquer fagulha de amor que ela nutria por ele. Bom, ao menos qualquer ilusão de que ele era o homem certo pra ela. Porque o amor ela não conseguia apagar.


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