Violetta’s POV

Com o falecimento do meu pai, fui obrigada a me mudar definitivamente para a casa da minha mãe. Fiz uma breve viagem de dois dias para Minas, em favor de empacotar todos os meus pertences e colocar dentro de um caminhão, onde a empresa levaria até a minha casa do Rio. Não estava triste por morar com a minha mãe, eu só queria poder visitar minha antiga casa e encontrar o meu pai sentado em sua poltrona vendo os seus preciosos papéis. Mas pelo menos eu tinha o Leon, e isso me deixava feliz.

Mamãe me matriculou no mesmo colégio em que ele, Fran e Marco estudavam, pelo menos não teria que chegar ao primeiro dia de aula sem conhecer ninguém.

Meu resto de férias foi até legal, a morte do meu pai ainda era recente e machucava, mas aos pouquinhos aquela ferida estava se cicatrizando, e Leon estava ajudando muito nesse processo. Por falar nele, quase fomos pegos nos beijando na piscina por Tio Matias, a desculpa foi que meu olho estava ardendo pelo cloro presente no local. Nossos pais não poderiam saber nunca que estávamos tendo algum tipo de relação, senão era capaz de nos separarmos.

Amanhã era o primeiro dia de aula, uma ansiedade pequenina tomava conta do meu peito, afinal eu estava cursando o último ano do colégio, e as responsabilidades não paravam de aumentar.

Já era um pouco tarde e todos estavam deitados em seus respectivos quartos. Decidi ir à cozinha tomar um copo d’água, estava morrendo de sede. Desci as escadas e peguei um copo de vidro no armário, fui até o bebedouro e enchi até o topo. Escorei o meu corpo no balcão da cozinha, virada de costas para a porta.

Estava absorta em pensamentos quando escuto vozes em meu ouvido e cuspo todo o líquido que estava em minha boca.

– Porra! – Gritei ao me virar e visualizar Leon ali. Mordi o lábio com força, morrendo de raiva e o observei rir – Você está querendo me matar de susto por acaso?

– É só porque você fica linda toda nervosinha – Ele sorriu maroto e colocou nossos corpos, mordendo o meu lábio inferior – Está ansiosa pra amanhã?

– Claro, estou doida pra ver o colégio, fazer novas amizades, esquecer algumas coisas de Minas... Que bem, não foram tão boas – Respondi o olhando e lhe dei um selinho – E você?

– Quero ver as meninas gostosinhas que sempre chegam ao colégio, vou puxar logo um papo com elas – Ele riu gostosamente e eu o fuzilei, dando uma joelhada no seu membro. Leon fechou os olhos e abriu a boca, saindo um grito agonizante dos seus lábios – Você quer me deixar estério, Castillo?

Eu gargalhava gostosamente e não conseguia responder nada. Até que ouço uma voz feminina vindo da escada:

– Crianças, vocês estão na cozinha? – Era a minha mãe.

– Sim, mãe! – Respondi ainda rindo, enquanto Leon tapava a boca com as mãos e estava deitado no chão.

– Amanhã tem aula cedo, então, os dois para a cama, por favor! – Ela falou e em seguida o silêncio reinou no local.

Fui até Leon que continuava jogado no chão, realmente a joelhada esmagou as preciosidades dele. Mas fazer o que né, quero saber se ele vem com histórias de meninas gostosinhas pra cima de mim. Depositei um selinho em seus lábios e sussurrei um “boa noite”, correndo para o meu quarto em seguida.

*

Acordei com o despertador tocando loucamente, agora a ficha havia realmente caído de que as férias haviam terminado e o inferno voltaria a reinar em minha vida. Desliguei o ar-condicionado, me levantei e abri as cortinas que impediam da claridade penetrar no meu quarto. Eu simplesmente odeio acordar cedo, mas ninguém merece passar a tarde inteira no colégio, então isso era um sacrifício para se estudar de manhã.

Fui até o meu banheiro e tomei um banho rápido, voltando ao meu quarto e procurando uma roupa no meu closet. Provavelmente a maioria das meninas que estudam nesse colégio deve saber qual roupa usaria no primeiro dia de aula, mas eu não sou assim, não sou mesmo. Depois de procurar um pouco, optei por uma blusa de botão jeans, deixando dois botões sem abotoar e dobrando as mangas até o cotovelo. Coloquei uma calça também jeans, dobrando a barra delas e deixando boa parte do meu tornozelo e começo de perna à mostra. Calcei meus inseparáveis Vans vermelhos, passei o mínimo (o mínimo mesmo) de maquiagem possível, coloquei meu perfume preferido, penteei meus cabelos ondulados, coloquei minha mochila em um dos ombros, peguei o celular e desci as escadas.

– Bom dia, família – Disse assim que cheguei à cozinha, onde todos estavam tomando café da manhã, dei um beijo na bochecha em minha mãe, toquei o ombro de Tio Matias e baguncei os cabelos de Leon, me sentando ao seu lado.

– Bom dia, filha. Está animada? – Mamãe perguntou sorridente, como sempre. Hoje ela estava tão linda, seus cabelos negros estavam presos em um coque e ela usava um pouco de maquiagem, dando aparência de um pouco mais jovem.

– Um pouco – Respondi sorrindo e coloquei um pouco de suco de uva em meu corpo.

– Vilu, é melhor comer rápido, porque o trânsito é péssimo – Leon falou enquanto olhando as horas em seu relógio de pulso.

– Mas nós vamos de carro? Pensei que íamos na sua moto.

– Nós vamos, mas o trânsito ainda atrapalha um pouco – Confirmei com a cabeça e voltei a tomar o meu café da manhã, porém mais rápido.

*

Fazia uns cinco minutos que havíamos chegado ao colégio, várias pessoas vieram falar comigo, até porque Fran, Leon e Marco são bem populares aqui. Algumas garotas nojentas também ficaram me observando, por eu ter chegado com o Leon, mas logo tratei de explicar que eu não era namorada de Leon, como alguns haviam perguntado, eu era sua meia-irmã.

Um garoto chamado Alex, de pele clara e cabelo escuro, veio falar comigo. Ele era amigo dos meninos e me pareceu muito simpático. Ficamos conversando um pouco, mas logo fomos chamados para ir ao auditório e receber as boas vindas dos diretores, professores e funcionários que trabalhavam aqui.

*

A aula até que passou rápido e estávamos no portão do colégio. Eu, Alex, Marco, Fran e Leon conversávamos animadamente.

– Ei, Leon – Ouvi uma loira chamar Leon, ela estava rodeada de umas meninas com minúsculas saias, 7 kg de maquiagem e com saltos 15. Aquele tipinho, sabe?

– Oi – Leon virou-se para olhar quem estava chamando o seu nome e pediu licença, indo até o grupinho das putinhas que mal o sorriso falso cabia no rosto. Ele abraçou as meninas e meu sangue ferveu, cravei as unhas na alça da minha bolsa, fechei os olhos e respirei fundo, tentando me acalmar, pois ninguém poderia saber que eu tinha uma relação com ele.

– Vilu – Ouvi a voz de Alex e abri os olhos automaticamente, focalizando o seu rosto. Sorri amarelo e sussurrei um “oi”.

– Hoje é a estreia do livro Convergente lá na Livraria Travessa, o que você acha de nós irmos? Vai ter uns brindes pra quem comprar lá – Alex propôs. Durante a aula, fiquei sabendo que tínhamos um gosto em comum: Amávamos a trilogia Divergente. Tudo bem que é meio estranho um garoto ficar lendo sagas assim, mas esses livros não são nenhum pouco meloso, eles são recheados de emoções, aventuras e muita ação!

– Tipo, eu ia amar – Falei sorridente. Estava indo abraçar Alex,

– Violetta, vem cá – Me virei para ver quem era e encontrei Leon olhando para nós dois, com os braços cruzados e uma expressão nem tão amigável. Caminhei até ele e o mesmo segurou o meu braço, nos puxando até um canto mais reservado – Você vai para o shopping com o Alex?

– Vou – Respondi dando de ombro – Vai ter o lançamento de um livro que nós amamos e quem comprar hoje, vai ganhar um brinde especial. E eu amo essa série, Leon.

– Sim, mas lembra de que havíamos combinado de irmos assistir um filme hoje?

– Porra, esqueci – Fechei os olhos e belisquei minha bochecha. Ok, eu sei que isso é super estranho, mas tenho essa mania quando fico irritada com algo – Mas podemos deixar pra amanhã. Porque o lançamento é hoje, apenas hoje, e o filme vai estar em cartaz o mês todo.

– Foda-se que vai estar o mês todo Violetta, a gente tinha combinado! Mas não, só porque esse Alex aparece na sua vida e você quer ficar com ele o tempo todo – Leon cuspiu as palavras e me olhou com raiva. Não acredito que ele estava feito uma mocinha com ciúmes do Alex.

– Primeiro, nós só vamos ver o lançamento de um livro que gostamos. Segundo, se você quer ver tanto esse filme, chame suas amiguinhas que estavam tão animadas conversando contigo – Disse rapidamente e me virei, para sair dali e chamar Alex para irmos ao shopping.

– Violetta... – Leon segurou meu braço e tentou me puxar para perto dele novamente. Mas eu fui mais rápida e me soltei dele.

– Vai se foder, Leon.

Voltei aonde Alex, Fran e Marco ainda conversavam. Chamei Alex para pegar um taxi e irmos almoçar no shopping logo. Fran e Marco também toparam, o que fez Leon ficar com uma cara de paisagem fodida. Será que agora ele também vai ficar pensando que é um encontro de casais? Se sim, porque ele não leva aquela putinha loira e magrela que estava com ele? Como eu odeio Leon Vargas tanto assim, meu Deus? Que droga.