Ela o entorpecia. O enlouquecia. Fazia-o ter seus piores desejos. Fazia-o querer realizar todas suas fantasias. Mandava e desmandava em sua vida. Guiava seus passos. Estava presente em todo e qualquer lugar para onde ele olhasse. Atiçava seus instintos. Atiçava sua vida. O destruía. Grudava, e não saía. E, apesar de tudo, ele nunca poderia dizer que ela era dele. Só que ela já era sua dona há muito tempo. Ele definhava e definhava, mas ela só ria. Porque ela era a causa. Porque ela era sempre a maldita causa. E ele tentava e tentava se livrar, mas ela sempre estaria ali, esperando-o, encarando-o, tentando-o. Ela estava presente em todas as suas alucinações. E fazia questão de dizer que era por causa dela que ele estava assim. Ela o marcava como bem entendia. E não se arrependia. Ele gritava, brigava, tentava fugir, mas sempre era tragado de volta. Sempre caía de volta na maldita tentação dela. Ele a odiava com todo o seu ser. Pena que todo o seu ser já estava preenchido por ela. E mesmo dizendo para si mesmo que nunca mais iria repetir aquilo, ele sempre a procurava. Ele sempre voltava atrás. Ele sempre cedia. Ele sempre dependia. E ela só ria.

Ren queria poder dizer que a culpada era Nana. Mas só ele sabia que sua maldição era aquele pequeno saquinho em seu bolso, contendo ela.

A maldita cocaína.