Tris

A minha manhã tinha sido ótima. Até agora. Eu tinha almoçado com Shauna, e nós havíamos comentado o quanto Susan e Caleb tinham conversado no coquetel de sexta. Eu tinha ficado encantada com isso, já que Nita tinha achado um horror. Eu estava realmente começando a acreditar que meu irmão finalmente podia se livrar da cobra.

Nós estávamos saindo da praça de alimentação quando alguém, encostou uma faca no meu pescoço. Eu me lembro de gritar. Eu me lembro de ouvir pessoas gritando. Depois, eu vi a polícia que ficava no shopping começar a evacuar o local. Eu ouvi ameaças, insultos e tudo mais.

Eu tentava manter minha respiração controlada. Não era nada fácil, com uma faca encostada em meu pescoço. Eu também tentava não começar a chorar, isso não ajudaria em nada. Eu olhava tudo com muita atenção, e procurava perceber algum momento de distração de Eric, para que eu tentasse escapar. Não estava sendo fácil. Ele estava irado, e agredia Tobias verbalmente, e fazia ameaças a todo instante.

Shauna estava parada atrás da linha feita por alguns policiais. Ela claramente chorava. Eu queria muito acalma-la e dizer que estava tudo bem, mas eu estava com medo de respirar mais alto, quem me dera gritar para que ela me ouvisse. O shopping havia sido evacuado, e agora, estávamos eu, Shauna, Eric e os policiais.

_Cade o seu namoradinho, princesinha? - Eric me perguntou, e depois riu. - Será que ele vai vir? Será que ele vai gostar de ver a puta dele morrer, nas minhas mãos? Eu vou adorar essa cena.

Os policiais não se aproximavam. Eric tinha dito que se eles dessem mais um passo, eu estaria morta. O comandante tentava conversar com ele, e fazer com que ele me soltasse, mas Eric resistia.

Um, dois, cinco, dez minutos se passaram. Os policiais continuavam argumentando. Eric continuava ameaçando e rindo histericamente. Passos de alguém correndo chegou aos meus ouvidos. Meu coração quase parou quando eu o vi. Tobias. Ele estava sem o terno, a camisa dobrada até o cotovelo, o cabelo um pouco bagunçado e ele parecia desesperado.

_Olha só quem resolveu se juntar a nós no show - Eric disse, ao vê-lo - Meu priminho querido. Seja muito bem vindo.

_Eric, me deixa ir, me solta - eu disse, contendo as lágrimas.

_Eric, solte Beatrice. O seu assunto é comigo, ela não tem nada a ver com isso - Tobias disse. Ele tinha feito menção de se aproximar, mas o comandante o havia segurado. Tobias conversava com Eric, mas seus olhos não se desgrudavam dos meus. Eu via um pouco de medo nos olhos dele, embora ele parecesse determinado.

_Ela não tem nada a ver com isso? - Eric disse, rindo - Acho que ela é o centro disso tudo. Você me destruiu, vai me mandar pra cadeia, vai me deixar arder no fogo do inferno, e acha que eu não vou me vingar? Você gosta dela, Tobias. Percebi isso no dia que encontrei vocês correndo naquele parque. Você é apaixonado por ela. Tudo o que eu sempre esperei foi uma oportunidade, de acabar com você através de uma fraqueza sua. Eu não sabia qual era essa fraqueza. Até ela entrar na sua vida.

_Você está errado - eu disse, entredentes. - Tobias e eu não nos amamos. Essa casamento é arranjado. Ele quer a empresa, eu quero atenção. Você vai apenas favorece-lo frente a mídia quando acabar comigo. Ele vai ser o namorado desolado, triste. E no fim, vai achar outra, se casar e ficar com a empresa. E você? Vai pegar mais e mais anos atrás das grades.

_Cala a boca, sua vadia mentirosa - ele disse, acertando a minha cabeça com o cabo da faca. Eu fiquei tonta. Algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto - Dá pra ver que ele te ama. O jeito que ele olha pra você… eu vou acabar com ele.

_Eric, deixa ela, pelo amor de Deus. - Tobias suplicou - Eu me ofereço pra ficar no lugar dela. Você deixa ela ir, e coloca a faca no meu pescoço, tá legal?

_Não… não tá legal. Morte seria muito fácil pra você. E eu quero que você sofra. Quero que sofra imensamente. Quero que você conviva com você mesmo, sabendo que a culpa da sua namoradinha ter morrido, é sua, e apenas sua.

_Eric, eu retiro todas as acusações, você pode ficar com a empresa, fica com o que você quiser - Tobias disse, com uma expressão desesperada no rosto - Mas solte-a, por favor.

_Agora é um pouco tarde pra isso, você não acha? - Eric disse, rindo. Nesse momento, Zeke se juntou ao grupo, junto com um outro policial. Ele abraçou Shauna, que ainda chorava. Eu queria gritar para que ele a tirasse daqui, mas minha voz não saia. Esse estresse não faria nada bem ao bebê. Lágrimas continuavam rolando pelo meu rosto. os olhos de Tobias me pareciam desesperados, quase sem vida. - Olha só quem chegou… mais um filho da puta para se juntar a nossa reunião familiar. Seja bem vindo, Zeke. Fiquei sabendo que você vai ser pai. Pensando bem, eu devia acabar com a vadia da sua esposa também né?

_Eric, solte a moça, mante-la refém e machuca-la não vai ser bom pra você no julgamento - o policial disse - Se você deixa-la ir, isso vai te favorecer.

_Em quê? Dois meses a menos de prisão? - ele riu histericamente - Como se eu me importasse. Um dia eu saio da cadeia. Já o sofrimento, ele pode ser pra sempre.

_Eric, me deixa sair daqui - eu disse, com a voz fraca. Ele apertou a faca mais ainda contra o meu pescoço, e começou a recuar. Fui forçada a recuar junto com ele. Minha vista estava embaçada, por conta das lágrimas. A única coisa que eu conseguia ver era Tobias. O comandante continuava a segura-lo. Eu estava meio perturbada. Eu ouvi a voz dele gritando alguma coisa. Minha cabeça rodava, eu não estava ma sentindo muito bem.

_Eu acho que é hora de acabar com isso tudo - Eric sussurrou no meu ouvido. Ele tinha parado perto da escada para ir para o andar inferior do shopping. Tudo aconteceu muito rápido. Eu sussurrei um eu te amo para Tobias, ao mesmo tempo que ele conseguia escapar do policial e ao mesmo tempo que Eric me empurrou escada a baixo.

Eu me lembro de ouvir gritos. Talvez fossem os meus, ou talvez não. O meu corpo doía, minha cabeça rodava. Eu não conseguia focalizar nada. Eu não sabia nem ao menos onde eu estava.

Alguém se aproximou de mim. Era ele.

_Tobias - eu disse, tentando focalizar seu rosto. Vi sua camisa manchada de sangue, eu queria perguntar se ele estava bem, perguntar o que havia acontecido, mas eu não conseguia formar uma frase coerente na minha cabeça. O meu corpo todo doía.

_Tris… amor - ele disse, minha cabeça rodou. - Fica comigo, tá legal? Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.

_Eu amo você - eu sussurrei pra ele, antes de fechar os olhos.