POV Rose:

– Xeque-Mate, senhor. - O rosto de Ronald foi de choque até o famoso orgulho ferido. Alguém ganhara dele.

– Bom jogo. - Segurei a risada enquanto meu pai tentava assimilar sua derrota, e marquei a página de meu livro. Minha mãe chegou na sala, e vendo a expressão de seu marido, riu junto comigo.

Ron permanecia chocado.

– Ora, Ronald, pare de ser criança. - Hermione segurou os ombros dele, ainda risonha. - Agora, superada a sua derrota, temos de preparar a casa.

Esse ano o Natal seria comemorado em minha casa, e teríamos que deixar tudo pronto para receber a família toda, o que não era pouca coisa. Temos o costume de passar algumas noites juntos, bem no estilo Weasley.

Guiei Scorpius até meu quarto, recebendo um olhar fulminante de meu pai. Em resposta, fiz um sinal para que ele se acalmasse.

Merlin, eu não era nenhuma oferecida!

Abri a porta fingindo uma cerimônia, e o menino fez uma reverência. Meu quarto tinha as paredes azuis cheias de frases escritas em tinta preta, e uma pintura do céu no teto. De minha cama pendiam várias luzes, imitando estrelas. Scorpius olhou ao redor maravilhado, lendo cada palavra que eu escrevera.

Seus olhos se voltaram para o teto, analisando o céu noturno acima de nós, para depois se virarem para mim de maneira inquisitiva.

– Quando eu era pequena, gostava de ver o céu de noite, eu me sentia livre. Fora quando estou com você, é o único momento que me sinto assim. Por isso, pintamos o céu ali e penduramos as luzes. - Disse, indo ao seu encontro.

– É... Lindo, Rose. - Sussurrou, correndo os dedos de leve pelas cordas que sustentavam os pontos brilhantes. - As frases...

– Escrevi. Enquanto eu lia um livro, algumas partes simplesmente ficavam em minha mente. Marquei-as na parede, assim nunca vou esquecer. - Respondi, antes que terminasse sua indagação.

Senti sua mão apertar a minha, significativamente. Voltei meus olhos para os seus, que sorriam para mim. Meu coração bate tão forte que posso ouvir o fluxo do sangue atravessando meu corpo. Sinto-me transbordar, explodir de amor.

Me viro para ele, descansando minhas mãos na parte de trás de seu pescoço. Tocamos nossos narizes, e senti o ar que dividíamos entrar em meus pulmões. Aproximei nossos lábios, explorando cada centímetro de sua boca.

– Scorpius, eu trouxe um sué..... - Minha mãe abrira a porta, e interrompeu sua frase em um momento em que não sabia o que fazer. Meu rosto e o dele tomaram um tom vermelho. Ficamos os três em silêncio, sem saber bem o que fazer. - Bom, vou deixar aqui em cima da cama e.... E acho que vou expandir a casa, sabem? Certo... Até!

Quando Hermione fechou a porta, eu e Scorpius nos entreolhamos e caímos na gargalhada por um bom tempo.

– Acho... Que temos que ir fazer os biscoitos. - Disse, em meio às risadas. Coloquei meu próprio suéter enorme natalino, e o loiro fez o mesmo com o que estava em cima da cama. Peguei sua mão e fomos até a cozinha.

O rádio tocava todo tipo de música com sinos e sons de neve. Scorpius olhou para mim, malicioso, e sintonizou uma música d'As Esquisitonas. Balançamos desengonçadamente ao som pesado, enquanto pegávamos os ingredientes e os colocávamos na tigela.

– Merlin, como misturamos isso? Com a mão, garfo, batedeira, colher...? - Perguntou, lendo a receita e balançando a cabeça, fazendo seus cabelos loiros se agitarem.

– Batedeira seria mais rápido, não seria? - Peguei o instrumento e enfiei na massa, e quando liguei, farinha voou em nossos rostos. Scorpius passou o dedo em meus lábios, sorridente, e me beijou ternamente. Senti um punhado de farinha cair em meu cabelo.

– Oh, será assim? - Segurei seu pescoço e juntei nossos lábios novamente, enquanto pegava o açúcar, sorrateiramente, e o espalhava nos cabelos de Malfoy.

Rimos e continuamos a tentar seguir a receita. Quando colocamos tudo no forno, abracei-o. Merlin, nunca me sentira tão feliz. Olhamos os biscoitos por um bom tempo, sentados diante do forno e jogando conversa fora.

Nada acontecia com os doces. Não estavam crescendo, nem coisas do gênero.

– Merlin, nós esquecemos do Fertiço. E do Relitício! - Exclamei. Tiramos as bolachas do forno, que estavam fumegantes. Cortei um deles com uma faca, apenas para constatar que haviam queimado de dentro para fora. Joguei a fornada no lixo e limpamos correndo a bagunça que fizéramos, entre risadas. Saímos sorrateiramente da cozinha, como se nem tivéssemos estado ali.

– Certo, só falta a árvore, então. - Scorpius sorriu para mim, e fomos pegar as decorações. Olhei pela janela, e meus pais davam risada na neve, Ron sobre sua esposa, fazendo uma guerra de neve.

Havia uma citação em minha parede que dizia "O amor não envelhece.". Agora, olhando meus pais, eu entendia.

– Bolas, cordões de luz, árvore... Acho que deixaram tudo aqui na sala. - Disse, checando ao redor. As decorações estavam em caixas espalhadas pela sala, e o pinheiro bem no centro. Pegamos as luzes e as penduramos juntos, enrolando ao redor da grande árvore.

Me abraçando por trás, penduramos os enfeites, para depois admirar nosso trabalho. Ficamos ali, balançando ao som das músicas que tocavam no rádio, já que alguém mudara nossa música. Fechei os olhos, imaginando que poderíamos, sim, ser felizes juntos. Poderíamos ser como minha mãe e meu pai, algum dia.

– Eu te amo. Presente e futuro. - Disse, seu queixo em meu ombro, sentindo meu corpo formigar com o significado daquelas palavras.

– Eu amo você, Rose Weasley. Mil vezes, e em mil línguas. - Brincou, me virando para ele e apertando-me em seu abraço. - Agora, a senhorita gostaria de se tornar a única e oficial namorada de Scorpius Malfoy?

Se ajoelhando no chão em uma posição formal e exagerada, ele segurou minhas mãos.

– Mas é claro, nobre senhor! - Brinquei, e rimos juntos.

Juntos.

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– Rosie! Rosie! Acorde, acorde, acorde! É véspera de Natal! Veja, veja, veja! - Hugo pulava em minha cama, animado. Scorpius havia dormido no quarto de visitas, a pedido de meu pai. - Rosie, acorde logo! As visitas vão começar a chegar logo, sua preguiçosa! Aproveite e acorde seu namoradinho.

Levantei, sonolenta, e fui escovar os dentes e lavar o rosto. Penteei, com algum esforço, meu cabelo e o prendi em um rabo de cavalo.

– Bom o suficiente. - Disse para mim mesma. Vesti uma roupa para o frio e desci as escadas. Bati na porta do quarto de Scorpius, recebendo um "Pode entrar" preguiçoso como resposta.

Entrei e vi-o deitado de bruços na cama, parcialmente acordado.

– Scorpius? Acorde. - Disse, sacudindo-o de leve. O loiro tateou em busca de minha voz, até me encontrar e puxar-me ao seu encontro. - Vem, você tem que se arrumar. Temos visitas hoje.

Pulei da cama e fiquei no batente da porta, fechando-a.

– Ah, e feliz véspera de Natal! - Saí do quarto, ouvindo-o dizer "Para você também, Rose!" de longe.

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– Hermione, querida! - Molly exclamou, entrando na casa. - Como vai? Eu trouxe o peru! Ah, trouxe também o hidromel, um pouco de suco de abóbora feito em casa, o purê, ervilhas, salada, o molho agridoce, um outro molho cujo nome eu simplesmente não consigo lembrar...

Minha avó continuou listando as coisas que trouxera enquanto Arthur entrava atrás dela, puxando uma enorme bolsa, provavelmente com um feitiço de expansão. Deixou-a em um canto e correu para dar um abraço em mim e em Hugo.

Logo, George e Angelina também entraram, trazendo consigo Fred e Roxanne. Meu tio carregava um pingente com uma mão em um cordão, que segurava sempre que as coisas pesavam para ele. Como se fosse Fred, seu irmão.

– Rose! Ouvi dizer que você está pegando Scorpius Malfoy! Que fisgada! - Meu tio exclamou, me dando um abraço de urso. - Trouxe vários ramos de visco. Você sabe, para a tradição do beijo....

Ri, enquanto o ruivo dava uma piscadela cúmplice e maliciosa para mim. conduzi-os até a mesa, onde meus pais e avós já estavam sentados. Scorpius saiu do quarto, com o suéter que usara no dia anterior.

– Então, eu fui uma bela fisgada, não? - Brincou, encostado na parede. Pisquei para ele, me encostando na parede do corredor na frente dele.

Bill, Fleur, Victoire, Charlie, Dominique e Louis chegaram, sorridentes e sempre bem-arrumados. A veela francesa iniciara uma linha de moda bruxa muito reconhecida, e sempre adorava vestir todos, até mesmo nossos bichinhos. Desde quando eu era pequena, adorava quando minha tia vinha e trazia todo tipo de novidades da moda.

Logo depois, Percy, Audrey, Molly II e Lucy chegaram. Percy às vezes carregava um olhar um tanto culpado e pesaroso por seu passado, mesmo depois de tudo ter sido perdoado. George, ainda sentido pela morte do irmão, chegou a dizer que Fred deveria ter vivido no lugar de Percy, o que piorou as coisas naquela época. Superar a morte foi difícil para ele, mas tudo foi perdoado, e por Merlin, esquecido.

Harry, Ginny, James, Albus, Lily e Teddy chegaram logo depois, animados, e se sentaram à mesa depois de cumprimentar todos calorosamente. Sempre admirei Harry. Tivera que passar por cima de muita coisa para se recompôr, mas conseguira ser feliz, afinal. Ted escolheu ficar com o padrinho, que o acolheu de coração aberto.

Por último, Astoria Greengrass chegou, acanhada. Era uma mulher impressionante, com um olhar misterioso. Depois de um silêncio estranho, todos agiram como se ela fosse parte da família. Sabia que estavam fazendo isso por mim, e afinal, sempre foi nossa tradição acolher todos que aparecessem.

Scorpius e sua mãe sorriram de orelha à orelha, e vendo tudo aquilo, soube que Draco seria aceito da mesma maneira.

Certo, talvez não de início. Mas seria.

– Acho que estamos todos aqui, então! Feliz véspera de Natal à todos! - Molly anunciou o brinde com todos à mesa. - Agora, vamos comer!

Segurei a mão de Scorpius por baixo da toalha, sorrindo para ele.

Era o melhor fim de ano que eu poderia esperar.