POV Rose:

A música reverberava em meus ouvidos, alta e pulsante. Sentia minha membrana timpânica vibrando com a pressão, enquanto meu coração batia forte no ritmo. As luzes faziam-me tonta, e meus olhos tentavam acompanhar tudo ao meu redor.

– Tudo bem? – Scorpius gritou, entregando para mim um copo de cerveja amanteigada. Fiz que sim com a cabeça, ainda balançando com o som.

– Olá.... Você vem sempre aqui? – Lysander disse, com a voz arrastada e embargada. Segurava uma garrafa de whiskey de fogo, e seus movimentos eram moles.

– Lysander, Merlin... – Enrolei seu braço ao redor de meu ombro, e lancei um olhar rápido a Scorpius, que assentiu com a cabeça. Levei o menino até o bar, e o sentei em uma cadeira alta. – Fique aqui e... Sei lá. Tome água, ou algo assim. Não faça algo do qual vá se arrepender depois.

– O que você quiser, Amelia.... – Fez um sinal positivo com a mão, para depois desmaiar sobre a mesa. Melhor assim do que fazendo alguma besteira.

Tentei forçar caminho de volta para Malfoy, vendo algumas pessoas começarem a pular nas águas da Câmara Secreta, provavelmente completamente bêbadas. Sacudi a cabeça negativamente e continuei a me espremer entre a massa humana.

Passando por ali, vi um menino sem camisa em cima do bar. Olhei novamente, perplexa, apenas para saber que o menino era Fred, e estava prestes a tirar mais. Merlin, será que eu realmente precisava salvar todo mundo naquela festa?

Puxei-o dali, e o ruivo acabou tropeçando e caindo. Me agachei e mergulhei a cabeça dele na água, acordando-o subitamente.

– Onde... Onde foi parar minha camisa? – Perguntou, como se acordasse de um transe. Encolhi os ombros e o ajudei a levantar. – Obrigada, Rose.

Assenti, e rindo, me afastei, ainda procurando o loiro alto entre a multidão. Olhei ao redor, mas todos eram altos demais e não consegui ver nada. O pensamento da presença de Natascha na festa cruzou minha mente, me causando arrepios. Eu confiava plenamente em Scorpius, mas jamais confiaria naquela garota, por mais que tentasse.

James estava, surpreendentemente, completamente sóbrio, guardando a entrada da câmara e sempre refazendo o feitiço Abaffiato. Quando passei por ele, recebi um sorriso enorme em resposta.

– Rose! O que te traz aqui?

– Tentando achar Scorpius. Você o viu?

– Não, desculpe.

– Sóbrio? Em uma festa? – Gritei, levantando uma sobrancelha.

– Pois é, está na minha vez de guardar a porta. Fique tranquila, na próxima é a vez do Fred.

Acenei com a cabeça e me distanciei. Lily estava se agarrando com Lorcan, mais feliz do que nunca, assim como Victoire e Teddy.

– Sóbria, Weasley? – Um garoto berrou.

– Que careta.

Foi quando um pensamento cruzou minha cabeça. Se todos estavam se divertindo, qual era o motivo de eu mesma não estar participando da festa? Passara o tempo salvando todos, quando na verdade eu queria me jogar em tudo aquilo como eles.

Fui até o bar, e peguei a garrafa de Whiskey de Fogo que não havia sido aberta, e bebi do gargalo, sem ter nenhum copo à vista. O líquido queimou minha garganta, e meu primeiro instinto foi de cuspir tudo. Tampei a boca, sentindo minhas entranhas arderem.

– Primeiro? – Uma voz perguntou, e um menino sorridente se sentou ao meu lado.

– Não exatamente. – Ele me olhou, desconfiado, e cedi. – Certo, sim.

– Prazer. Lynwen.

– Rose. – Respondi, tomando mais um gole da bebida. Ele provavelmente já sabia meu nome, e eu com certeza teria dificuldade em gravar o dele. – Você viu Scorpius Malfoy por aí? Loiro, alto... - Estava prestes a dizer algo sobre a aparência dele quando me refreei.

– Ah, não. Não vi. Sinto muito, Rose. – Parecendo decepcionado, pegou um copo de Hidromel, entornando-o de uma só vez. – Bom, acho que não tenho mais o que fazer por aqui.

Concordei com a cabeça e me levantei, me dirigindo ao centro da Câmara, dançando. Quem sabe fosse a bebida pensando, mas se Scorpius não estava ali, não diminuiria de maneira alguma o grau de diversão que eu teria.

Conforme eu sentia a alegria e o entusiasmo tomar conta de mim, eu pulava e dançava, apesar de fugir das investidas de alguns meninos.

Estava perto da borda, mas não cairia. Minha visa se enturvava, e meus membros amoleciam e se soltavam, enquanto a consciência perdia sua voz, e a música ganhava tom em minha cabeça.

Alto. Alto demais.

Eu ia explodir.

Mas quem se importava, afinal? Era uma festa!

Tudo começou a escurecer ao meu redor, e só senti o frio da água antes de apagar.

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– O-Onde estou? – Me levantei, apenas para a dor de cabeça avassaladora me derrubar para minha cama novamente. Estava em meu dormitório. Corri as mãos por meu cabelo, que estava cheio de nós e úmido.

Estava usando uma camisa enorme, e reconheci o cheiro de Scorpius. Ele estava deitado na cama de uma outra menina, que aparentemente estava com o namorado. Quando ele abriu os olhos, meu estômago se contraiu e corri para o banheiro, colocando tudo o que eu havia bebido na noite anterior para fora.

– Rose! Tudo bem? – O som da voz dele pela primeira vez me fez contrair todo o corpo e fez minha cabeça doer. Cada músculo de meu corpo doía, e a luz também machucava.

– Fala... Baixo... – Suspirei, indo escovar os dentes.

– Oh, sim.... Desculpe.

Ele apareceu no batente, e percebi que seu tórax estava nu. Merlin, o que devem ter pensado....

– Rose, aqui. James e Fred disseram que funciona. Melhora isso tudo. – Me passou um frasquinho com um líquido escuro e denso. Na palavra “Funciona” eu já havia parado de me importar com a consistência da poção. Virei tudo em minha garganta, sentindo logo depois o efeito da bebida.

– Obrigada.

Sorrindo, ele enlaça minha cintura e me ergue, carregando-me até o batente da janela. Cruzo minhas pernas em suas costas, sorrindo ao vê-lo sentado com o sol batendo em seu rosto.

– Por nada. – Sussurrou, selando nossos lábios, e senti a pele de sua nuca contra minha mão, morna e arrepiada. Afastei-nos por um segundo, saboreando o ar que dividíamos e tomando o tempo apenas para admirá-lo. Seu torso, com músculos tensionados sob minha mão. – Eu tenho que ir. Detenção.

– Por... Espere. Detenção? – Raciocinei, baixo.

– Alguém nos delatou. Filch pegou os primeiros que viu, e te passei para Fred.

Lancei um olhar ao mesmo tempo agradecido e preocupado à ele, que me colocou em minha cama com um beijo em meus lábios.

– Sua camisa. – Chamei, pegando algo para vestir no lugar. – Não seria bom você sair por aí seminu, sabe?

Entrei no banheiro e coloquei minha camiseta da Corvinal, jogando a de Scorpius pela porta enquanto colocava a outra.

– Realmente, não seria. – Senti o sorriso de lado em sua voz, e saí. – Você não ficaria... Com ciúmes?

Provocativo e devagar, me abraçou por trás, beijando demoradamente meu pescoço e minha orelha. Suspirei, sorrindo.

– Quem sabe. Agora vá, antes que Filch venha aqui ele mesmo.

O assisti sair do dormitório com um riso abafado em seu semblante. Depois do que eu falei sobre o zelador, acabei ficando com a imagem de Filch nos pegando juntos.

Que horror.

Traumatizada, decidi que era a hora de medir os estragos da festa e fui até o Salão antes que a imagem ficasse marcada em minha mente para sempre.

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A mesa da Grifinória estava com toda a minha família. Surpreendentemente, todos estavam bem, e inclusive, melhores que eu.

– Rose! Obrigada! – Fred correu até mim, me recebendo com um abraço esmagador. – Eu realmente não iria querer ver fotos comprometedoras minhas. Teriam que me dar um dinheirinho pelos serviços, não?

– Concordo. – Disse, sem ar. – Fred... Ar.

– Oh, sim. Desculpe.

– Quem mais pegou detenção, além de Scorpius?

– Deixa eu ver... Ele, James, Lysander, Lorcan, um tal de Lynwen... Ah, e você não vai acreditar: Natascha. Ela tentou encobrir Malfoy, mas deu errado. Mente mal para caralho.

Ri, provavelmente da desgraça de Natascha. Merlin, algum dia eu conseguiria ir com a cara dela?

– Acho que a detenção deles está acabando... Filch anda pegando leve. Acho que se acostumou, sabe? Gêmeos, Marotos... Aquele cara já agüentou bastante. – Fred ponderou. – Uma festinha não foi nada comparado à sair de Hogwarts com fogos de artifício. Meu pai era um gênio.

– Concordo. E tinha estilo. – Pisquei brincando para ele e saí, em direção à Sala Comunal, quem sabe ler um livro.

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– Rose? – Uma voz feminina chamou por trás da porta. – Não consigo adivinhar o enigma, pode sair por um instante? Por favor?

Claro que não sabia. Natascha devia ser burra como uma porta, pensei comigo mesma enquanto levantava do sofá e marcava minha página. Eu não tinha nada melhor para fazer, então por que não ouvi-la?

– Sim? – Disse, já no corredor.

– Olhe, Rose. Eu levei o maior fora ontem de Scorpius, e eu sei que você não quer ninguém perto dele. Mas você têm que entender uma coisa. Eu o amo, de verdade. Acho que sempre amei. – Suspirou, e soube que ela não gosta de admitir seus sentimentos à outras pessoas. – Não quero que você o machuque, e sei que pode parecer amor para você. Mas não é, tenha certeza. Ele é uma distração para você, algo que Rose Weasley procura para se rebelar dos pais ou qualquer coisa do tipo.

Fiquei completamente sem reação. Um lado de mim dizia que ela realmente amava Scorpius, e eu conseguia ver isso nela. O outro dizia que eu amava Scorpius.

– Eu só não quero que você machuque ele. Só isso. Sei que eu posso ser melhor para ele em tantas maneiras, Weasley....

Havia uma montanha-russa de emoções em minha mente. Raiva e pena dominavam tudo. O que eu poderia fazer, afinal? Depois de todas essas confissões dela, eu iria simplesmente expulsá-la dali? Bater nela até toda essa confusão desaparecer?

– Deixe-o decidir, então. – Espancá-la teria sido a melhor decisão, mas essa era a mais lógica.

Eu venceria. Porque eu sabia que o amava, e que o sentimento era recíproco.