Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 9
Carinho




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RONY

Hermione saltou da cama assim que Errol entrou. A coruja, como sempre, se desengonçou toda e caiu de cara no chão, amarrotando um pouco o envelopinho vermelho que trazia no bico.

Puxei o berrador do bico de Errol, olhando para Hermione, desanimado. Suspirei fundo antes de abri-lo.

Para minha surpresa, o berrador não emitiu grito algum.

Mas ao ouvir a voz soluçante que saiu do envelope, preferi mil vezes que tivesse berrado.

– Ronald... onde vocês estão? Estão bem? Por que fugiram desse jeito? Estamos tão preocupados, querido... Ficamos chocados quando soubemos que vocês deixaram o país... o que estão fazendo? Por favor, filho, dê notícias... estamos todos angustiados com o sumiço de vocês... volte para casa logo... por favor...

Após o breve monólogo, a cartinha se rasgou em vários pedaços sob meus pés. Dela, joguei meu olhar para a expressão petulante e deprimida de Hermione.

– Eu falei pra você, Rony - o tom dela pretendia ser convencido, mas a preocupação e o arrependimento varriam seu rosto em ondas intensas - você sabia que reagiriam assim. Ainda acha que está fazendo o que é certo?

Bufei, revirando os olhos.

– Sim, Hermione. Eu realmente já sabia no que isso ia dar - para o visível choque dela, puxei-a pela cintura até mim, usando a outra mão para enrolar uma das mechas de seu cabelo - e quanto a achar que estou fazendo a coisa certa - absorvi com prazer o gritinho de choque de Hermione quando beijei seu ombro - eu não tenho dúvida alguma... como eu poderia ter coisa melhor do que isso? - indiquei-a num gesto amplo do braço, brincando.

Hermione gargalhou, o que me deixou outra vez ridiculamente surpreso. Era uma cena linda de se ver... seus ombros sacudindo com o riso, sua boca se alargando no rosto enquanto ria, a cabeça bambeando com a gargalhada, o seu rosto contorcido de humor... não podia haver coisa mais fantástica de se observar. Ela era irracionalmente maravilhosa.

– Do que isso? - ela também se indicou com os braços, ainda rindo - fala sério, não sou tudo isso que você diz que eu sou.

– Você é linda. É um fato - contestei.

Saboreei o rubor delicado que tingiu suas bochechas.

– Ah, que nada - ela me olhou de esguelha, tímida - o que acha bonito em mim?

Credo, era uma pergunta difícil - quase impossível de responder. Se eu citasse ela toda, Hermione não ficaria convencida. Se eu falasse das curvas, com certeza apanharia. E se eu falasse de sua cabeça-dura, estaria mentindo.

Olhei para as delicadas esferas cor de chocolate que compunham suas pupilas.

– Seus olhos - murmurei, sentindo minhas orelhas esquentarem. Hermione arfou baixinho, sorrindo com uma vergonha adorável - bom, principalmente. Não é só isso.

– Tem mais? - ela veio saltitando num pé só para mais perto do meu corpo.

– Hum - eu ri, pensando - bom... você tem uma pele legal.

Hermione arfou mais alto desta vez, e corou mais ainda, como se tivesse sido pega em flagrante.

– O que foi?

Ela mordeu o lábio e não respondeu. Só uma coisa me passou pela cabeça.

– Alguém já te passou essa informação?

Ela negou com a cabeça, e gritou "sim" com os olhos.

Que ótimo. Bufei, balançando a cabeça. Quando eu voltasse para Londres, ia fazer com Harry o que Voldemort não teve a capacidade e decência de fazer.

– Qual é - Hermione murmurou, tímida - tecnicamente, ele estava só falando com Neville. Eu é que ouvi a conversa toda. Sou culpada.

– E é mesmo - puxei-a para o colo, rindo quando ela gritou de choque e irritação.

– Ei, eu sei andar! - ela resmungou, quando eu a pousei de volta na cama.

– Lembra o que Darel disse? Repouso absoluto - disse a frase como Olho-Tonto costumava dizer "vigilância constante!".

Hermione abriu um biquinho, que por pouco eu não desmanchei com um beijo.

Ei, pare com isso - cutuquei seu braço, enquanto ela ria - vamos dormir. Temos muito o que fazer para irmos até Adelaide.

– Tem razão - ela se remexeu na cama, ajeitando a perna.

– Se bem que, sabe... - murmurei, brincando - podíamos fazer algo antes de dormir que não fosse só dizer boa-noite.

Hermione arregalou os olhos, e, na hora, minha cabeça me deu um pedala mental. "Idiota... ela vai entender outra coisa, seu burro!"

Hermione se ergueu um pouquinho com os cotovelos, mas fraquejou penosamente e caiu de volta no colchão.

– Ei... você está dolorida, lembra? - indaguei, erguendo a sobrancelha - precisa relaxar. Não vou levar nenhuma aleijada para lugar algum amanhã. Quero você inteira, pronta, firme e forte.

Ela me bateu no ombro com a força de uma borboleta. Parecia estar realmente com um bocadinho de dor - também, pudera, ser atacada por um bunyip e arrastada ao longo da areia da praia nunca fez bem pra ninguém.

– Não consigo - bufou ela, se ajeitando outra vez na cama.

Acariciei sua bochecha, persistente. Para minha satisfação, Hermione parou de se estrebuchar e virou o rosto para mim, parecendo muito à vontade com o carinho que recebia.

– Nossa.. isso funciona - ela deu uma risadinha.

– É bom? - brinquei, tentando distraí-la.

– Muito.. - Hermione sussurrou, se espreguiçando no colchão. Ela fechou os olhos e aninhou a cabeça no travesseiro.

Aproveitei a momentânea cegueira dela para explorar um pouco mais sua pele. Desci minha mão até seu pescoço, massageando levemente o lugar aonde ela batera nas rochas enquanto a socorríamos. Ela estremeceu, mas não se queixou.

De lá, fui andando vagarosamente até seus braços. Ela gemeu baixinho, mas, para meu alívio, não era mais de dor. Na verdade, fiquei meio arrepiado quando teorizei a origem de seu gemido.

Quando acariciei a cicatriz negra do ferimento feito à faca por Belatriz Lestrange em seu braço esquerdo, Hermione prendeu a respiração.

– Ainda dói? - perguntei, preocupado.

Ela abriu os olhos, parecendo indecisa.

– Não fisicamente - ela murmurou.

Inclinei a cabeça para beijar aquela mancha marrom em sua pele branca. Hermione emitiu outra vez aquele barulhinho arrepiante de satisfação.

– Assim eu não consigo dormir - ela se queixou - você me deixa... - ela pausou, engolindo em seco.

– Acesa? - sugeri, rindo. Hermione me empurrou outra vez, com um sorriso de má vontade no rosto.

– Talvez - sorri comigo mesmo quando Hermione fechou os olhos outra vez.

Em poucos minutos, um leve e delicado ressonar saiu de sua boca, indicando que adormecera.

Beijei sua testa, afagando seus cabelos enquanto dormia. Lembrava muito um lindo anjo cujas asas se quebraram em sua queda do céu.

Enquanto olhava para o teto, pensava nas origens místicas australianas de Darel. Devia ser incrível vir de uma sociedade mágica onde a magia e a natureza se entrelaçavam com tanta perfeição. A magia ancestral e tradicional das sociedades antigas fazia a nossa magia parecer artificial e exageradamente moderna.

Olhei novamente para o semblante relaxado de Hermione e sorri, me indagando se a felicidade se resumia a momentos como aquele.

Abracei seu corpo adormecido, agradecendo a todas as forças da Terra por terem colocado aquela garota incrível em minha vida e por terem tido a santa paciência de mantê-la nela.

Eu não a merecia. Era um fato. Mas, saco, eu a amava. E isso era o que bastava agora

Fechei os olhos e mergulhei num sono cheio de vislumbres sonhadores de um futuro fantástico em nosso caminho.


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