Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 4
Conciliação




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HERMIONE

Minha cabeça ainda latejava de raiva quando acordei na manhã seguinte.

Que droga... como Rony pôde ser tão cruel e descabido no eu modo de me convencer? Ele sabia muito bem o que estava fazendo. Sabia o como eu reagiria à sua "abordagem". Mas aquilo fora realmente um golpe baixo.

Por mais que eu entendesse a vontade - e, provavelmente, a necessidade - de Rony me acompanhar, eu fiquei magoada com seu jeito quase rude de me coagir.

Abri a porta do quarto de Rony uns dois centímetros, esperançosa que ele não acordasse e que eu pudesse seguir meu caminho sem nenhum peso na consciência. Porém, ele saltou imediatamente da cama, como se tivesse pressentido minha presença.

Olhei uma última vez para a cama de cima da beliche, observando Harry completamente adormecido. Quanto tempo nós ficaríamos sem nos vermos outra vez?

Rony passou por mim quieto como um agoureiro doente, levando uma bolsa de caminhada nos ombros. Não o cumprimentei, apesar de quase fazer isso por reflexo. Ainda estava chateada com o que ocorrera na tarde do dia anterior.

Saímos d'A Toca o mais silenciosamente possível, mas ouvimos uma movimentação desagradável no primeiro andar, que indicava alguém que acordara sobressaltado.

Rony estendeu a mão para mim, com uma expressão aterrorizada, como se pedisse para que aparatássemos logo antes que alguém viesse em nosso encalço.

Fechei a cara para ele, demonstrando o como eu não seguraria sua mão se não fosse para aparatarmos. Segurei seu braço e, em alguns segundos, fomos sugados por um redemoinho que nos transportou para longe dali.

________________ O __________________

Chegamos ao Aeroporto de Londres Heathrow menos de três minutos depois. Eu não estava com uma gota de paciência para ajudar Rony com as catracas, escadas rolantes e detectores de metais, então fiz tudo sozinha na frente dele, antes que os seguranças estranhassem.

Pegamos o primeiro voo para Sidney num avião da British Airways que teria duas escalas - uma na Índia e outra em Cingapura.

Assim que entramos no avião, sentei no assento que estava em meu bilhete e me virei para a janela, disposta a nem olhar para Rony o resto da viagem. Quando ele sentou ao meu lado, fiz questão de colocar os fones de ouvido e fingir que assistia ao noticiário que passava na tela do encosto a minha frente.

– Hermione... - mesmo com a voz do apresentador nos fones, pude distinguir o murmúrio inseguro se Rony.

Olhei de esguelha para ele, estreitando os olhos.

– Vai ficar sem falar comigo o resto da viagem?

"Vou, casseta. Estou com raiva de você, caçamba. Seu brucutu machista de uma figa...", xingava minha cabeça. Eu quase disse isso, mas algo me fez mastigar o que ia cuspir.

Mesmo encenando aquela birra ridícula, pude perceber que Rony parecia quase... arrependido. Até um tanto triste. Mas era como se alguma coisa o impedisse simplesmente de se desculpar.

Era infantil da minha parte, mas eu queria as desculpas dele. Pelo menos isso.

O voo de vinte e duas horas foi ridiculamente longo.

Quando pousamos no Aeroporto de Sydney, eu estava me sentindo completamente tonta com o jet lag da viagem.

Assim que passei pela saída, a tontura aumentou, e tombei para o lado, quase grata pelo desmaio que parecia estar vindo. Mas o tombo que eu esperava não ocorreu... provavelmente por que o panaca de peso na consciência ao meu lado me segurou, fingindo ser um cavalheiro para amenizar aquele tratamento de silêncio.

– Hermione! - Rony arfou, e, mesmo com aquela minha birra toda, fiquei agradecida por sua preocupação - calma, respire um pouco...

Ele me sentou em um dos bancos da calçada fora do aeroporto. Fiquei com a a cabeça entre os joelhos até a calçada parar de girar.

– Está melhor? - ele indagou. Assenti com a cabeça.

Os braços deles formavam uma apoio gostoso ao redor de meu corpo. Eu só me odiava por achar sua proximidade tão agradável quando tudo que eu queria era sentir raiva dele.

Me levantei assim que pude, balançando a cabeça para que Rony me seguisse.

Chegamos ao Hotel Rydges Sydney Airport após andarmos alguns metros. Eu havia feito a reserva de um dos quartos do hotel por telefone enquanto ainda estávamos na Inglaterra, mas aquilo foi feito após minha briguinha com Rony, então eu havia me esquecido de detalhar que deveria ser um quarto com duas camas separadas.

Rony percebeu o mesmo problema quando entramos no quarto de suíte e encontramos uma cama king size.

Memórias nada adequadas de uma certa cama na Sala Precisa afloraram na minha mente. E, mais uma vez, me lembrei do como Rony fora um completo anjo, quando o que eu mais queria ver nele agora era o capeta em pessoa.

Sentei na cama, deixando minhas bochechas me traírem com um rubor.

– Hermione... - senti as molas do colchão afundarem ao meu lado quando Rony sentou.

Ah, que saco. Achei que era melhor a gente se acertar logo do que aturar aquela briguinha muda. Olhei para ele, bufando.

– O quê? - não quis que a rispidez escapasse em minha voz, mas eu estava realmente marrenta.

– Olha... - ele esfregou o braço, parecendo sem graça - eu... olha, eu fui um completo bruto... na hora que te convenci à vir.

Essa não. Ele ia pedir desculpas? Arregalei os olhos, surpresa.

– Sinto muito - Rony olhou para mim, com algo forte e estranho passando por seu rosto - não quis ser tão estúpido.. o fato é que... me desculpa, Hermione.

Eu quis dar uma resposta malcriada, mas só consegui fingir indiferença. Por dentro, eu estava derretendo com a expressão arrependida e surrada de Rony. Ele não parecia estar falando da boca para fora.

– Bom.. - eu murmurei, desarmada - você realmente foi bem cruel para me convencer.

Ele franziu a testa, suspirando.

– Eu sei... - Rony balançou a cabeça, enquanto segurava minha mão; ah, aquela mão que se moldava tão bem à minha... - mas você sabe que eu não podia deixar de vir com você. Você sabe, não é?

Provavelmente só minha expressão agora estava antipática. Rony deveria estar percebendo nos meus olhos que eu já não estava birrenta e magoada.

– Sei... - pulei na beira da cama, revirando os olhos - sei, Rony... que droga.

Antes que eu pudesse refrear, um sorriso escapou de minha boca em resposta ao que Rony abriu em seguida.

– Podemos fazer as pazes então? - ele ergueu a mão - como bons amigos?

Afastei a mão dele com um tapinha brincalhão, rindo.

– Cala a boca, Ronald. Você sabe que nunca mais vamos ser bons amigos...

– Acho que não - ele arriscou uma risada insegura; de repente, porém, sua expressão ficou séria, quase cautelosa. E eu vi algo nos seus olhos que me fez ter um leve arrepio - será que eu posso... tentar outra vez?

– Tentar o quê? - indaguei, confusa.

Ele parecia quase constrangido quando respondeu.

– Te convencer...

Em algum lugar do meu corpo, meu coração quicou como um hipogrifo desembestado.

Rony se aproximou até que nossas testas ficassem quase coladas. Ele aninhou a mão ao redor da minha orelha, acariciando minha bochecha, parecendo adoravelmente envergonhado. O contato de sua mão em meu rosto parecia lançar leves descargas elétricas até meu peito, que provavelmente ia querer explodir de ansiedade.

Fechei os olhos por reflexo, arfando lentamente. Senti um solavanco agradável em meu peito quando Rony encostou os lábios nos meus.

Pude perceber uma hesitação tímida em sua boca... era como um garotinho dando seu primeiro beijo, inseguro quanto a se a garota que ele estava beijando ia gostar ou não de sua "empreitada". Foi adorável e muito doce... coisas que eu nunca havia visto em Rony. Me senti derreter com aquele beijo tão carinhoso.

Quando terminou, Rony beijou minha testa, como quem acorda uma pessoa adormecida.

– Ei, pode abrir os olhos - brincou ele.

Aquela tontura gostosa provocada pelo nosso beijo era tão boa que demorei para abrir os olhos. Abri um só, fazendo Rony rir.

– Ah, então... - ele sorria de um modo tão angelical que eu fiquei enternecida - eu te convenci?

– Com certeza - saltei sobre ele, derrubando-o na cama. Ele gargalhava como um bobo embaixo de mim. Quanto tempo não fazia que eu não o via tão feliz...

Ele se ergueu na cama, olhando-a ao redor.

– E agora - vi, curiosa, seu rosto ficar levemente vermelho - vamos ter que alugar um quarto com duas camas?

Assisti, chocada, uma expressão quase desanimada surgir em Rony quando ele sugeriu a ideia.

Eu devia estar maluca quando respondi, piscando os olhos descaradamente.

– Acho que não é necessário...

Rony arregalou os olhos, com um sorriso nada educado cortando o canto de sua boca outra vez.

– Bom... - ele olhou em direção às bolsas, como se quisesse mudar de assunto - é melhor desfazermos as malas... você contratou algum guia?

– Sim - respondi enquanto me levantava da cama - o nome dele é Darel Williams... é um australiano de origem aborígene. Ele concordou em nos guiar pela Austrália e prometeu guardar sigilo sobre a viagem. O cara conhece cada grão de areia daqui como se fosse a palma da mão... incluindo as tribos ao longo do país. Ele disse que chega amanhã à Sydney, então vamos pernoitar aqui até que ele chegue.

– Espero qua não seja mais um bonitão idiota - resmungou Rony, fazendo-me revirar os olhos.

– E para que eu ia querer mais um bonitão idiota, se já tenho um? - brinquei, fazendo Rony franzir a testa, pasmado.

O resto da tardinha foi muito agradável, enquanto nós curtíamos o que o hotel tinha à oferecer. O café da tarde australiano pesou uma tonelada em minha barriga, então cheguei ao fim da tarde morrendo de sono e bem cansada. Rony parecia compartilhar meu estado dopado.

De noite, voltamos ao quarto. Mas, com medo de sequer mencionar o assunto "estamos-dormindo-na-mesma-cama-de-novo", simplesmente nos deitamos, cada um de um lado, demos boa noite um para o outro e dormimos.

Eu, ao menos, fui dormir pensando, rindo mentalmente, no como Rony reagiria se Darel fosse realmente mais um "bonitão idiota" na sua lista negra.


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