After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 3
The tributes




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Não consigo me mover. Minhas pernas falham e ameaço a cair novamente até que o homem estranho me apoia pelo braço. A multidão fica agitada diante da notícia e a aglomeração está ficando cada vez mais sufocante enquanto as pessoas vão pouco à pouco se direcionando para o palco, talvez no intuito de invadi-lo.

Então este foi o meio mais eficiente que a capital encontrou para punir o seu povo? Fazer com que os filhos paguem pelos atos dos pais? Olho para os lados e vejo que tudo o que estou vivenciando aqui está sendo televisionado. Provavelmente para toda Panem, para que as pessoas que ficaram nos distritos saibam da nossa punição. Por um momento avanço juntamente com multidão. Quero dilacerar o nosso presidente com minhas próprias mãos. Sinto lágrimas rolando pelo rosto e o coração palpitando no peito, palpitando de ódio e desprezo. Desprezo pela capital, desprezo pelos distritos que nos abandonaram em pleno campo de batalha e desprezo até mesmo de nós por não termos sido fortes o bastante para vencer. Noto que estou andando involuntariamente para o palco quando o homem me puxa novamente para trás. Me debato em seus braços porém a força dele é esmagadora.

Cidadãos de Panem! Ordem! - O presidente tenta domar a multidão que responde com gritos e xingamentos. - A colheita dos jovens será realizada daqui à cinco meses em cada distrito. Também, na mesma data será passada toda a informação necessária referente ao evento que acontecerá anualmente. Até o fim dos dias.

– Não vai haver colheita! Não podem ir adiante com isso! - Grita um homem em protesto. A multidão está se aglomerando cada vez mais no pé do palco. Os pacificadores com escudos blindados são os únicos entre o presidente e a multidão.

Entendam. Esse será o preço que cada distrito terá de pagar por se rebelarem contra a capital. E justamente por esse motivo, os jovens selecionados para a arena serão denominados Tributos!

Tributos. Muito bem pensado, quem quer que seja a pessoa responsável por esse nome está de parabéns pela criatividade e a capacidade de zombar de um povo desesperado. Agora somos apenas um meio de pagar uma dívida que nunca terá fim. Agora seremos Tributos.

Para acompanhamento dos pais e o entretenimento da capital. O evento será televisionado e estará disponível para todos os telespectadores de Panem! - Continua o presidente assinando o rodapé da folha e colocando nele o símbolo da capital moldado com o carimbo de cera quente.

Eles não são seus meios de entretenimento, são nossos filhos! - Explode um homem que descontroladamente se lança contra a parede de pacificadores levando com ele uma avalanche de gente. O homem estranho me pega pelo pulso.

Temos que sair daqui!

– Espera, temos que ajudar eles! - Protesto tentando inutilmente me livrar da mão do homem.

Eles vão abrir fogo!

Assim que escuto isso lanço meu olhar para os pacificadores. Todos estão apontando armas para a multidão agora quase sobre o palco. Entro em pânico tentando desesperadamente localizar Geremy e Lucy. Grito o seus nomes com tanta força que minhas cordas vocais doem, então escuto os primeiros tiros seguidos de gritos. O homem estranho se atira sobre mim me forçando a deitar enquanto protege meu corpo com o dele. Os tiros parecem não cessar e por um momento penso:" Vão matar todos nós".

Temos que sair daqui! - Ele fala em meu ouvido me ajudando a ficar em pé. Então corremos junto da multidão desesperada para salvar nossas vidas. Corremos sobre as ruínas do distrito ainda ouvindo tiros, mas para o meu alívio, estão ficando cada vez mais distantes.

Meus irmãos! - Grito. - Preciso achar meus irmãos. - Enterro as unhas no pulso dele. Vejo-o ranger os dentes até que ele me empurra para um beco fétido me prensando contra a parede.

Escuta garoto! Entendo a agonia que você está sentindo, mas jamais vamos encontrar eles aqui, muito menos agora. O plano é te colocar no trem de volta para o seu distrito, se eles escaparam com vida daqui, você vai achá-los.

As palavras são reconfortantes e a sensação de alívio é revigorante. Sei que ele está certo, mas e se tudo deu errado? E se os dois foram baleados no tiroteio? Não! Nunca mais pensarei nisso!

Eu ainda não sei o seu nome. - Digo.

É Gendry.

– E de que distrito você veio, Gendry? E porque não lembro de você no acampamento. - Ele dá um sorriso torto e responde.

Porque sou um desertor da capital. Abandonei o meu posto para se juntar ao seu pai. - Faz-se um minuto de silêncio até que ele diz. - Vamos, tenho que te colocar naquele trem.

No caminho até a estação, Gendry foi me contando sobre como passava informações sobre a capital para o acampamento de meu pai. Contou sobre sua fuga dos domínios do presidente Snow sem ninguém ao menos saber de sua partida.

Quer dizer que eles ainda não sabem que você é um desertor?

– Isso mesmo - Ele responde apreensivo olhado em volta. - Mas se você ficar gritando isso por aí, vão me descobrir.

– Desculpe. - Digo envergonhado. Estamos nos aproximando da estação e não paro de lançar olhares para todos os lados na esperança de enxergar Geremy, porém em vão. Tudo o que vejo são pessoas feridas ou em choque ao meu redor, algumas correndo para dentro do trem, outras feridas pelos tiros.

Quantos anos tem, Chester? - Gendry pergunta.

Faço dezesseis daqui à dois meses. - Vejo ele fitar os pés como se tivesse lamentando pela pergunta. - Você acha que é verdade?

– O que?

– Os Jogos... - Não consigo lembrar da última parte.

Vorazes? - Ele completa.

Isso! Você acha que eles chegariam a esse ponto? - Gendry suspira e leva a mão para o meu ombro em um gesto consolador.

Sinto muito, Chester. Mas se tem uma coisa que sei sobre essa gente, é que eles não perdem tempo.

– Entendo. - Digo cabisbaixo. Estamos na frente da estação e está na hora de partir. Olho para os lados mais uma vez na tentativa de localizar minha família. Novamente, em vão. Me volto para Gendry.

Pra onde você vai agora?

– Chester... - Ele hesita. - Eu vou voltar para a capital.

A mensagem me pega de surpresa e uma raiva repentina cresce em mim.

Oque?! Mas porque?! - Estou tomando distancia dele e me aproximando do trem. - Depois de tudo você ainda vai se aliar à eles novamente?

– Não é isso. Eu sei como os Jogos Vorazes vão funcionar. Esse projeto está sendo desenvolvido desde o início da revolta dos distritos.

– E como você pode saber de tanta coisa?

– Porque eu ajudei a projetá-lo! - Ele diz com um lamento verdadeiro na voz. - Se pelo menos você deixar eu explicar.

Mas antes mesmo de ele começar a falar, viro as costas e entro no trem sentindo um ódio indescritível de Gendry. Ele passou o dia inteiro me falando do quanto devia ao meu pai por ter salvo sua vida. Mas isso me parece muito mais um ato de traição.

Paço pelo estreito corredor do trem espiando para dentro das cabines que cruzava na esperança de encontrar Geremy e Lucy. Todas elas estão cheias de pessoas chorosas ou feridas pelos acontecimentos recentes. Entro em uma cabine vazia e sento nos familiares bancos encouraçados com o coração sendo torturado a cada batida. "Onde estão vocês?", tenho vontade de gritar, mas ao invés disso, recosto a cabeça na janela e sinto as lágrimas rolarem novamente. A última coisa que penso é em quantas lágrimas rolarão daqui pra frente, e então, adormeço.


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