After the Dark Days - The first Hunger Games. escrita por FanFicHunger


Capítulo 26
I Love You


Notas iniciais do capítulo

Galera, último episódio antes dos Jogos. Esperem que gostem!!



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Acordo no breu do meu quarto gritando o nome de Gendry. Fico por um momento fitando o teto tentando colocar em ordem meus pensamentos. Gendry morreu. Ele morreu diante dos meus olhos, e eu não pude fazer nada. Sinto uma mão sobre a minha, e apesar do escuro que o quarto se encontra, reconheci Draven, sentado em uma cadeira ao lado da minha cama. A cabeça está escorada sobre o braço esquerdo na beirada do colchão e sua mão direita está segurando firmemente a minha. Ele deve ter cuidado de mim quando os pacificadores me atacaram.

Lentamente, para não acordar Draven, deslizo a mão da sua. Pelo suor, acho que faz um bom tempo que ele está segurando-a. Levanto-me da cama e saio para o corredor. Na entrada, a porta continua tombada sobre a estante, o corredor está cravejado por tiros, e em uma das parede, há uma mancha de sangue, sangue de Gendry. Entro no quarto de Lucy mas ela não está lá. No carpete do quarto, ainda consta a escura mancha que se formou pelo sangue derramado. Olho para o relógio que marcam exatamente três horas da manhã. Me deixo cair em uma poltrona próxima e enterro o rosto nas mãos, então as lágrimas começam.

– Sem sono? - Levanto a cabeça e vejo Lucy escorada do batente da porta. Limpo rapidamente as lágrimas do rosto.

– É muita coisa pra minha cabeça, Lucy. Eu já nem sei mais no que pensar. - Ela suspira e vem em minha direção.

– Então, não pense. Deixe com que as coisas fluam.

– E então tudo dá errado. - Digo pesaroso. Ela se aproxima e me abraça.

– Se alguma coisa é feita pra dar errado, não temos como alterar o destino dela. Ela apenas... dará errado. - Ela levanta os ombros. Fico refletindo em suas palavras, será que tudo por o que passamos, a rebelião, o plano de Gendry, tudo foi criado para não dar certo? Tudo indica que sim. Mas esse pensamento é tão deprimente que mudo de assunto.

– Acho que tiraram você do seu quarto. - Digo a Lucy.

– Estou no antigo quarto de Leslie. Apesar de não gostar muito da ideia. Afinal, ela está morta.

– No momento estou temendo mais os vivos do que os mortos. - Lucy assente com a cabeça.

– Chester. - Ela empurra para mim um envelope branco. - Quero que fique com isso. - Olho pra ela confuso, então lentamente, pego o envelope. - Eu acho que você pode tirar melhor proveito disso do que eu. - Abro o envelope, e o que vejo em seu interior, me enche os olhos d'água.

– Você trouxe!

– Eu não poderia ter deixado pra trás.

Com a ponta dos dedos, puxo do envelope a foto da nossa família, a mesma que Geremy, nosso irmão mais velho deu a Lucy no dia que voltamos para casa. Olhando para os sorrisos em nossos rostos, lembrei porque estou aqui. E agora, não é o momento de se entregar. Poderei morrer em paz assim que Lucy voltar para casa sã e salva. Levanto da poltrona e aperto Lucy entre meus braços.

– Obrigado, Lucy. Eu amo você!

– Também amo você - Ela diz com a voz trêmula. Ela se afasta e me olha com os olhos inchados e vermelhos, porém um lindo sorriso molda os seus lábios. - Vamos! Temos que estar descansados para amanhã. - O baque da notícia faz meu coração disparar. Estava tão atônito com a morte de Gendry que nem mesmo parei para pensar que amanhã, a primeira edição dos Jogos Vorazes terá início. Com isso, nos dirigimos para os quartos.

_|/_

Acordo no susto, e a primeira coisa que dou falta, é da presença de Draven. Na madrugada quando voltei para a cama, contornei ele e deitei novamente, então por debaixo das cobertas, segurei sua mão. Apesar da situação ser um pouco estranha, a presença de Draven é agradável. "Hoje é o dia", penso. Levanto com uma energia surpreendente. Coloco uma calça e uma regata qualquer e saio para os corredores silenciosos, Lucy já deve ter partido. Sei que antes dos jogos, irão nos dar o devido uniforme, por isso não me preocupei muito com o que vestir.

Sei que Gendry deveria me guiar hoje, mas quem encontro na frente do elevador é Phillippa. Ela está com o olhar abatido pela morte do amigo, e sei que ela teme pela própria vida também. Ela me abraça assim que a alcanço.

– Chester, foi uma honra conhecer você. - A voz dela está tremula, e sinto suas lágrimas sobre o meu ombro nu. Aperto ela com mais força.

– Quando eu tirar Lucy de lá não deixe que façam mal a ela, tudo bem? - Ela assente com a cabeça e continua chorando, então juntos, subimos para o terraço.

_|/_

Assim que as portas metálicas se abrem, uma ventania infernal nos atinge provocada por um imenso aerodeslizador, a poucos metros acima com a rampa de embarque abaixada. Ele já está de partida. Respiro fundo e caminho em sua direção. Então lanço um último olhar para Phillippa.

– Cuida dela pra mim! - Grito.

– Eu prometo! - Ela grita de volta. Me deixando muito mais tranquilo.

Subo pela rampa e uma mulher da capital me guia até um assento vago, ela passa um cinto sobre a minha cintura e sai para verificar como os outros tributos estão posicionados. Estamos em 12 neste aerodeslizador, e Lucy não está aqui, apenas reconheci Seymor e Peter. Uma outra mulher passa injetando algo nos braços dos jovens. Uns se opõem perguntando do que se trata, mas sem resposta. Até que Seymor puxa o braço atrás do corpo e diz:

– Temos o direito de saber o que estão injetando na gente. A mulher hesita um pouco e continua.

– É um rastreador. Precisaremos saber aonde estarão na arena. - Isso me deixou confuso. Me parece que a arena vai ser maior do que eu esperava. Quando nos apresentaram os Jogos Vorazes. A primeira coisa em que pensei foi um coliseu, mais ou menos do tamanho de um estádio de futebol, com jovens se digladiando em seu interior. Mas parece que estou equivocado, novamente. A mulher se posiciona na minha frente e ergue a mão. Estico o braço e sinto uma picada ardida, então alguma coisa verde cintilante começou a piscar sobre a pele do meu braço. A rampa de embarque se fecha, e sinto náuseas quando o aerodeslizador decola, nos levando para a morte certa.

_|/_

Dois pacificadores me conduzem por um corredor de azulejos azuis que cheira a hospital. O corredor tem várias portas, porém não entramos em nenhuma delas, então sei que estão me levando para a porta dupla no fim do corredor. Um deles abre a porta e faz menção para que eu entre. Passo pela batente e vejo Draven, sentado em um sofá, com os cotovelos apoiados nos joelhos, está olhando para um ponto fixo no chão. Ele levanta a cabeça e abre um triste sorriso, então se levanta. Corro até ele e o abraço. Ele enterra o rosto em meu pescoço.

– Eu sei que você pretende não voltar, mas ainda estou apostando em você - Ele diz. Então se afasta para me olhar nos olhos.

– Draven, eles vão matar você! - Digo com a voz trêmula.

– Não podem. - Ele diz. - Alguém tem que conseguir patrocinadores pra você. Assumi o posto do Gendry. - A menção a Gendry fez ele baixar a cabeça.

– Mas e depois dos jogos?

– Chester, eu prometo que, independente de qual de vocês volte com vida, assim que possível, fugiremos deste inferno. - As palavras dele, como sempre são reconfortantes. - Vamos, tenho que deixar você apresentável. Vá tomar um banho.

Faço o que ele diz. Depois de cinco minutos estou novo em folha. Draven me deixou uma calça negra camuflada, suficientemente justa às pernas, e uma camiseta da mesma cor, que as mangas chegam até a metade do meu bíceps. Calço coturnos, também negros, com canos até um pouco acima do tornozelo. Coloco a calça para dentro e Draven me trás um par de luvas sem dedos, ambas negras, com detalhes de metal aqui e ali. Ele arrepia meu cabelo na frente em um topete, então desliza pelos meus braços uma jaqueta comprida e negra com detalhes em vermelho. Estou vestido praticamente para um funeral, o que me dará alguma camuflagem durante a noite. Com tudo pronto, Draven como sempre faz, se afasta para avaliar o trabalho.

– Você tá um lixo. - Ele diz tentando levantar o humor no local.

– Só porque dessa vez não estou vestindo algo que foi você quem fez? - Ele ri. Então se aproxima e me dá outro abraço.

– Chester, me contaram o que você fez por mim, enquanto eu estava convulsionando. - Ele pega minha mão e passa os dedos sobre os marcas em processo de cura que ele deixou em meus dedos, com os dentes. - Ainda não tive a oportunidade de te agradecer por isso. - Ele me olha nos olhos. - Obrigado. - sou obrigado a abrir um sorriso. Então o abraço novamente. Ficamos ali, apenas sentido o batimento cardíaco um do outro, até que uma voz anuncia que eu tenho mais 25 segundos. Meu coração começa a palpitar, me distancio de Draven com os olhos arregalado.

– Para onde eu devo ir?! - Pergunto exasperado. Draven ri e aponta para uma plataforma de metal do outro lado da sala.

– Lá. - Ele me empurra pelas costas até eu ficar sobre a plataforma. - Não saia da plataforma até a contagem zerar, ou eles explodem você. - Então um tubo se vidro vai lentamente se fechando ao meu redor. - Chester, antes de você ir! - Olho para ele sobre o vidro que lentamente se movimenta, me separando do mundo. - Eu amo você. - Ele grita. Mas então não tenho tempo de dizer mais nada. Pois o tubo se fechou completamente e sinto a plataforma me impulsionando para cima.


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