Departed Guardians escrita por Nammyee


Capítulo 8
VII - I Knew You Were Trouble




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– Vamos lá, você tem que me dar alguma coisa.

– Não. – Steve havia respondido pela terceira vez, mas desta vez, com um suspiro cansado.

Ele e Tony estavam deitados em um dos dormitórios da nave de Estellise, Genova. Após a interrupção completamente inconveniente do homem de ferro, o Capitão América havia se retirado para o local a fim de pensar no que quase havia feito.

Depois da descoberta de que Steve realmente se sentia atraído pela terráquea que morava em outro planeta – ou galáxia – Tony o estava atormentando atrás de detalhes sórdidos ou qualquer coisa que lhe tirasse o tédio de viajar espaço adentro.

– Eu não interrompi seu... primeiro beijo, certo?

Steve arqueou uma das sobrancelhas e encarou o bilionário sem entender.

– Quero dizer, 70 anos congelado pode ter atrasado sua vida social. – Ele justificou. – Mas então, ela ia ser sua primeira?

– Não! – Respondeu com agilidade, estava completamente indignado com a conversa.

– Então você não é tão puro quanto imaginei, hm, preciso pagar a aposta que fiz com o nosso Arqueiro.

A fala de Tony era tão pretensiosa, que Steve sequer quis revidar. Sabia que havia apostas rolando entre os membros dos Vingadores sobre sua vida antes do pequeno sono, tinha escutado conversas de Natasha com os demais sobre Peggy e também sobre seu tempo entre os militares.

Não queria manter segredo, mas relembrar um momento que foi perdido e que jamais poderia ser recuperado, não lhe trazia qualquer alegria. Preferia deixar que os outros adivinhassem sobre seu passado, era mais fácil.

– Então você e a Peggy... ?

– Não. – Steve Rogers o cortou.

– Nem mesmo um namorico?

– Seu pai tentou fazer um carro voar e conseguiu um espetáculo de comédia, acho que isso nunca foi aos noticiários. – O capitão resmungou.

–Oh, o picolé joga pesado. Tudo bem, a dignidade do papai não será completamente extinta. Considere o assunto encerrado.

Ótimo.

– Por enquanto. – Tony completou e tornou a se deitar.

Merda.

Não devia ter passado mais que quinze minutos quando Estelle adentrou os dormitórios e encontrou os dois homens deitados em cantos separados do local.

Ela estava trocada; a calça de tecido pesado com tonalidade marrom cobria completamente as pernas que eram envolvidas por uma bota, alguns itens presos à sua perna com couro não ajudavam a suavizar a vestimenta. Blusa de mesma cor, cavada, porém parecia ser feita a partir de couro ou outro material mais resistente.

Estelle tinha os cabelos negros soltos, ondulando na altura de seus ombros com a franja colocada de lado. Os olhos claros se fixaram em Steve que imediatamente se lembrou da conversa com Tony.

– Estamos chegando. Pensei que fossem gostar de ver. – Ela disse timidamente.

– Ah, claro. Tudo é mais interassante, menos ficar enclausurado nesse casulo. – Tony se ergueu prontamente e saiu antes mesmo de Estellise se mover.

Steve se ergueu lentamente e caminhou até a humana que continuava parada, na entrada do dormitório.

– No cockpit, certo? – Ele perguntou igualmente acanhado.

– Acho que sabe o caminho. – Estelle respondeu.

Ambos caminharam em silêncio e esbarraram em um Tony Stark fascinado com a visão de Knowhere. Um asteroide ou simplesmente o que havia restado de um Celestial – gigantes das histórias de terror das crianças que, segundo a lenda, haviam usado o poder das Joias do Infinito para impor sua força por todo o universo.

A cabeça, ou algo do tipo, planava em pleno espaço sem qualquer apoio. Qualquer coisa na Terra seria visto como bizarrice, mas ali, ninguém parecia se importar. Dezenas de naves iam e vinham do lugar como se nada estivesse acontecendo de errado.

Steve estava completamente absorvido na visão, nunca havia sonhado em ver algo daquele tipo. Em todos os anos trabalhando com militares e suas tecnologias secretas, nada se comparava a entrar em um asteroide habitado por seres de outros planetas.

Ele olhou de relance para Estelle que havia colocado um headphone na cabeça e conversava com algo ou alguém.

– Aportarei na Doca 5, se estiver tudo bem com vocês. – Ela dizia. – Claro. Não, não trago nenhum contrabando ilegal e muito menos escravos. Sério?

Tony olhou distraidamente para a jovem conversando e voltou sua atenção para Knowhere quando Steve o cutucou.

– Não há problema em estarmos com ela?

– Podemos ser tratados como escravos.

– O que, pelo visto, não é coisa boa.

Estellise se voltou para os companheiros e sorriu.

– Deixaram a gente entrar, melhor se sentarem.

Apesar de fala preocupante, o pouso foi tranquilo já que Estelle era extremamente competente ao pilotar uma aeronave. Cuidadosamente ela aportou na referida doca, envolta de caixas e contêineres que preenchiam toda a vista de Genova.

A entrada de Knowhere não era tão glamourosa quanto à Terra que havia vivido até então, mas Steve estava surpreso em quão organizados eram os alienígenas.

Estelle abastecia e travava uma pistola e a colocava atrás de si, em um dos muitos cintos presos em sua cintura e pernas, sem parecer preocupada.

Tony colocou um relógio no pulso, deixando a armadura de prontidão caso precisasse e Steve... Bem, ele carregava o escudo em suas costas, deveria servir caso enfrentasse algo.

Caminharam pelas docas sendo guiados por Estellise, a jovem procurava um prédio de acordo com as coordenadas dadas pelo amigo Quill que havia mencionado antes. Adentraram uma espécie de bar com dezenas de alienígenas que bebiam e jogavam bilhar, dentre outras modalidades que Steve sequer tinha noção do que poderia ser; o local era rústico por causa dos móveis, mas diversos seres transitavam ali com armamentos de ponta ou acompanhados de robôs.

Todos vestiam algo similar a Estelle e então o militar percebeu que ela havia se misturado à multidão para não ser confundida por alguma viajante indefesa, já que ninguém tentava atrapalhar seu caminho; alguns pareciam até temê-la.

– Este lugar é tão bom quanto o que estive no Iraque. – Tony comentou. – Muito amigável.

– Ninguém irá brigar se não for incitado, campo neutro. – Estellise explicou. – Knowhere é como... hmm... Las Vegas, imagino. Não tão colorida, mas muito mais divertida.

– Se for como Se Beber, Não Case, estou dentro. – O bilionário zombou.

Steve abriu a boca para falar sobre o filme, tinha o assistido tempos atrás, mas se conteve para não ouvir alguma piadinha. Preferia evitá-las depois de ser taxado como antiquado e desatualizado, apesar de não ser sua culpa.

Para sua sorte, Estellise também não havia entendido a referência e encarou Tony, confusa.

– É um filme. Comédia, bebidas e bebês, por assim dizer. – Tony explicou.

– Claro. Não temos bebês.

Estellise voltou a andar, mas parou no mesmo instante quando esbarrou numa figura desconhecida. O homem de cabelos claros, tão humano em aparência quanto os três, os encaravam de forma desconfiada; expressão de poucos amigos, trajando vestes similares a de Estelle, porém bem mais surradas que as da jovem.

– Hey! – Estellise abriu um largo sorriso ao ver o estranho, o que acabou surpreendendo Steve. Não tinha visto ainda como ela ficava bonita quando os lábios formavam aquele sorriso, estonteante era pouco. – Achei que tivéssemos combinado de nos encontrar no seu QG.

– Meh, está em reforma. Se é que há alguma palavra para isso, Rocket detonou o local semana passada quando estava bêbado. – Peter Quill respondeu dando um meio sorriso, a boca torta incomodando sutilmente Steve. – Fiquei sabendo que a Genova aportou e vim te procurar.

– Quem iria me procurar numa Taverna cheia de assassinos e contrabandistas. – Ela riu. – E então?

– E então? Você tem noção?! – Peter retrucou perdendo completamente a expressão feliz. – Achei que tivesse morrido!

– Era um pedido do Yondu.

– DAVA PRA DIZER NÃO. Eu sempre digo.

– E ele sempre repassa para mim. – Estellise revirou os olhos. – Eu só precisava pegar um carregamento acidentado em Plutão, coisa pequena. Não tinha noção do que tinha nele.

– Se estava acidentado, obviamente que coisa boa não era. Tenho certeza que seu pai vai lhe matar quando descobrir o que anda fazendo nas férias do intensivo. – Peter parou de falar e respirou fundo, fechou os olhos por alguns instantes e voltou sua atenção para Tony e Steve. – Bem, olá. Desculpem a grosseria, mas essa menina aqui ainda não aprendeu algumas coisas, tipo, estratégias de sobrevivência. Peço desculpas pelo incômodo que ela causou.

Tony balançou a cabeça.

– Ela nos ajudou. Estamos aqui para retribuir o favor, contanto que não envolva uma briga nesse bar. Eu sou Tony Stark, como deve saber. – Apesar da prepotência, Peter Quill não pareceu se recordar de alguém com tal nome, dando de ombros quando o homem terminou a sentença. – E este aqui é Steve Rogers, militar que ficou congelado uns aninhos.

– Legal. – Peter riu, não parecendo levar a sério a introdução do Capitão. – Vamos trabalhar nas apresentações depois, eu sou Peter Quill. Estelle deve ter lhes falado da minha notoriedade como Star Lord.

Como ninguém havia respondido, o anti-herói fungou com a falta de reconhecimento.

– Eu realmente preciso trabalhar mais nesse nome. – O senhor das estrelas dizia consigo mesmo. – De todo modo, venham.

Quill os levou até um prédio relativamente pequeno de tons escuros, sem qualquer estilo suspeito – como a Torre dos Vingadores. – Ali, tudo era discreto.

Porém, ao adentrarem o local através de uma porta magnetizada, Steve sentiu o coração pular algumas batidas.

Os presentes na instalação tinham as mais variadas aparências e formas, cada uma assustadora a sua maneira. Gamora, Drax, Rocket e Groot estavam espalhados pelo local em formato de estúdio e cada um se distraía com algo.

Completamente destruído, poucos móveis se salvavam no meio da fuligem e pedaços de metal; tal qual Quill havia dito, uma guerra parecia ter acontecido ali, já que nem sofás ou mesas existiam, apenas destruição.

– Oh. – Steve suspirou.

– Demora um pouco, mas sintam-se em casa. – Quill disse com um sorriso estampado de orelha a orelha. Caminhou até os companheiros e acenou para que se juntassem.

Gamora foi a primeira a notar a presença de Steve e Tony Stark. Os forasteiros foram vistos com desconfiança pela mulher de pele verde, seus olhos se aprumaram nos equipamentos carregados pelo militar, mas ela não disse nada ao curvar a cabeça sutilmente para cumprimentá-los.

Já Drax foi mais ativo, se aproximou de Estellise e abriu os braços de forma a deixar o peito aberto, chamando-a para um encontrão. Apesar de visivelmente hesitante, a jovem correu até ele e se chocou contra o corpo duro do homem, Estelle ricocheteou para trás e grunhiu algumas palavras que Steve pôde entender como é sempre assim.

– Um dia você vai quebrar todos os ossos dela, Drax. – Peter reclamou. – Cara, ninguém faz isso.

– Estellise Maats faz, isso a torna uma pessoa completamente digna do meu respeito.

– Vamos discutir sua forma de ter respeito para com os outros depois. – O Senhor das Estrelas murmurou quase que para si mesmo.

Todos encararam os novatos, incluindo Estelle que parecia ansiosa para saber a opinião de seus amigos quanto aos Guardiões.

– E então, como vieram parar em Knowhere? – Gamora cortou o silêncio. A mão posicionada sob a cintura curvilínea.

– É uma história longa, não acho que vão gostar. – Tony sorriu. E então seu olhar pousou em Rocket. – Digamos apenas que... Isso é um guaxinim?

Rocket cruzou os braços, mostrando os dentes para o bilionário sem qualquer reserva.

– Guaxi-o-quê? – O amigo de Peter grunhiu.

– É um guaxinim falante. Deus. – Stark esfregou os olhos.

– O que meu companheiro quis dizer é: Nós somos da Terra, viemos a pedido de Estellise para encontrá-los. – Steve entrou na frente do Vingador. – Ela disse que precisava de nossa ajuda.

Rogers sentiu os olhares analisarem cada parte de seu corpo, todos os encaravam com desconfiança e pareciam buscar algum ponto fraco nele. Para sua sorte, o soro de Super Soldado o tornava letal e com praticamente nenhuma falha exposta.

Ele posicionou os braços para trás das costas e esticou a coluna, de forma a ficar parado como um soldado a ser vistoriado pelo comandante do pelotão. Uma sensação desconfortável, porém nostálgica para Steve.

– Eu gostei dele. – Drax murmurou.

– É, dá pro gasto. – Rocket concordou.

Gamora continuou a manter seu olhar nas partes baixas de Steve e soltou um discreto sorriso.

– Calma, soldado. Não vamos machucá-lo. – Ela disse. O olhar lascivo permaneceu nele tempo o suficiente para deixá-lo incomodado, mas não somente Steve como Estelle que encarava a amiga com preocupação. – Se a Estrelinha confia em você, nós também confiamos.

– Como se fôssemos muito confiáveis. – Rocket riu.

A conversa interna entre o grupo foi pausada por Estellise que estendeu a mão para tomar a dianteira. Seu olhar baixou em Steve por meros segundos, mas o suficiente para fazê-lo congelar em sua posição e engolir seco.

– Preciso de ajuda de todo mundo. Acho que isso é algo mais grave do que aparenta.

– Pff, não é como se Ronan estivesse de volta querendo nos matar, né? – Rocket debochou, mas ao ver o olhar pesado de Estelle e o silêncio de Tony e Steve, ele respirou fundo e fechou os olhos. – Eu acertei?

– Em partes. – Estellise mordeu o lábio inferior. – Ronan está vivo, Nebula também e... Thanos quer destruir nosso planeta, Peter.

Peter ficou boquiaberto, sem qualquer palavra a dizer por um período que parecia durar horas.

Groot caminhou lentamente até eles e colocou as mãos grossas e cheias de cascalho sobre o ombro de Estelle, assustando novamente Tony com o tamanho da figura.

– Eu sou Groot. – Ele sorriu bondosamente para a moça que retribuiu o favor e abraçou a árvore gigante. Aliás, aquilo ali era mesmo uma árvore falante?

– Você quer dizer que alguém ressuscitou o Ronan? – Peter indagou.

– Não sei nem se ele morreu de fato, o problema é que eu estava fazendo um serviço solicitado pelo Yondu e fui caçada pela Nebula e Ronan. – Estellise explicou. – Caí na Terra e precisei ficar uns tempos lá enquanto aguardava o conserto da Genova.

– O que exatamente você foi buscar, Estelle? – Peter indagou.

– Eles a chamam de Manopla do Infinito. – Estelle respondeu. – Por algum motivo, Thanos parece querer esse objeto.

– Certo. – Gamora disse. – E algum deles entrou na Terra?

– Nebula. – Estellise respondeu tentando ser casual, mas não dando muito certo.

Rocket levou as mãos à cabeça peluda e soltou um grito completamente irritado.

– Eu sabia que vocês eram problema!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, ESPERO poder introduzir um pouco mais de batalha (campal e espacial ha, ha) e claro, algumas prisões porque isso é muito amor em Guardiões