Escrito nas estrelas escrita por Bethane


Capítulo 10
"A única certeza da vida é a morte"




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– Alguém aqui pode me dizer o que esta acontecendo? quem é Uriah? - o John me olha envergonhado e com um pedido de desculpas no olhar. O Tobias parece estar perdido em pensamentos alheio ao que esta acontecendo a sua volta.

– Meu verdadeiro nome é Uriah, em resumo eu nasci em Chicago e para todos lá eu estou morto!

– Como assim? quer dizer que você estava mentindo todo esse tempo? por que? - eu me sinto traída, eu sempre o considerei mais do que um amigo, como um irmão mais velho e agora ele me diz que tudo isso era mentira? Sinto uma vontade muito forte de chorar, de gritar, de bater nele até essa dor passar. Mas no fim não faço nada disso só o encaro e tento manter minhas emoções sobre controle.

– Eu sinto muito Claire, não queria ter que mentir pra você. Menti para te proteger! - o seu olhar era de angustia.

– Como você sobreviveu? eu vi eles desligarem seus aparelhos. - era o Tobias perguntando eu quase havia me esquecido dele.

– Eles aplicaram uma droga em mim que permitia que eu vivesse mais alguns minutos sem os aparelhos. Depois fui levado para uma sala onde aplicaram em mim o soro de regeneração celular. Assim que eu fiquei melhor eles me mandaram pra cá.

– Que tipo de soro é esse? - pergunto.

– Ele foi desenvolvido há muitos anos atrás e poucas pessoas sabem da sua existência, ele só é usado em último caso, em pessoas escolhidas.

– Isso quer dizer que não é usado em todas as pessoa que esteja morrendo? mas por que? isso salvaria muitas vidas!

– Não é simples, o soro tem muitos efeitos colaterais. Acredito que eles acharam que não compensa salvar as pessoas a esse custo?

– Quais são esses efeitos? Você me parece uma pessoa normal.

– É por que você nunca prestou atenção. Em uma luta eu posso ser letal. - ele para um pouco e me encara. - Assim como você!

– O que você quer dizer com isso? - minha respiração começa a acelerar e eu sento em uma cadeira próxima a mim. - você quer dizer que eu também recebi esse soro? mas eu não me lembro de ter quase morrido.

– Não, mas não se lembra do que aconteceu nas duas semanas antes de chegar aqui.

– Você sabe o que houve?

– O que eu sei é que você sofreu um acidente, o seu pai deu o soro a você e te mandou pra cá.

– O Marcos não é o meu pai! - o meu sangue ferve em minha veias.

– Eu sei, mas não acho que estivessem falando dele quando me contaram isso, acho que foi seu pai biológico. Infelizmente não sei quem é.

E nem eu, as coisas estavam muito confusas e eu não sei se vou conseguir perdoar as mentiras do John ou Uriah, seja qual for o seu nome. O Tobias está parado no mesmo lugar, sem dizer nada com uma expressão neutra no rosto.

– Cara, eu tenho que te pedir desculpas por deixar vocês pensarem que eu estava morto, eu realmente não tive escolhas. Posso imaginar o quanto você sofreu com isso.

– Eu não me lembro de tudo, mas sei que fui eu quem provoquei o acidente. Sou eu que te devo um pedido de desculpa. - Ele parecia realmente sincero quando disse isso.

– Tudo bem, como você mesmo disse foi um acidente. - o Tobias parecia angustiado, querendo perguntar algo mas com medo da resposta. - Sinto muito, mas a resposta é não. Não havia nada que pudessem fazer por ela.

O Uriah abraçou o Tobias e pela primeira vez eu o vi chorar, aquilo foi como se eu perdesse o meu chão, eu queria chorar por ele, por mim e por essa pessoa que era óbvio que era e é muito importante para ele. E lá no fundo eu sabia de quem os dois estava falando. Ele já havia tocado em seu nome duas vezes comigo. Tris.

Eu me olhou e no seu olhar eu vi dor, mágoa, tristeza e um silencioso pedido de desculpas, eu não tentei impedi-lo quando ele saiu pela porta indo embora. Eu entendia que ele precisava ficar sozinho e respeitava isso. Eu sabia também que depois de tudo o que aconteceu hoje, não haveria mais um amanhã com o Tobias da forma como eu imaginei enquanto estava em seus braços. Quando algo se quebra nunca mais volta a ser o mesmo. Foi bobagem pensar que o Tobias não me odiaria pelo que aconteceu entre nossos pais, querendo ou não nos éramos culpadas pelo fracasso do casamento dos pais dele e consequentemente pela vida que ele teve com os pais.

– Por favor Claire não faça isso nem com ele e nem com você. - eu não percebi que eu continuava olhando por onde ele havia saído e estava chorando. A última vez que eu chorei foi a seis anos quando conheci o Uriah.

– Não sei do que você esta falando. - resmungo.

– É claro que sabe, você esta apaixonada por ele. Ele amava muito a Tris, e mesmo perdendo a memória percebo que ele ainda sofre com a sua morte.

– Quem era ela?

– Eles eram namorados, eles se conheceram na iniciação quando os divergentes estavam sendo mortos. Ela era divergente assim como nós. Os dois lideraram a libertação da cidade, mas enquanto ele estava na cidade impedindo uma guerra liderada por seus pais, ela foi morta na sede que controla todas as comunidades.

– Como ela morreu? - pergunto.

– O Supervisor de lá queria enviar aviões com o soro da memoria para toda a cidade, apagando a memoria de todos. A Tris entrou no cofre para liberar o Soro da memória no complexo impedindo que eles fizessem isso e criando novas memorias, como dizer que não existia genes ruins. Ela venceu o soro da morte, mas o David, o supervisor atirou nela e ela não sobreviveu. Quando o Tobias chegou ela já estava morta.

– Morreu como uma heroína! Me parece uma forma digna de se morrer.

O Uriah desvia o rosto olhando para nada em particular e eu sei por experiência que ele esta escondendo algo. De repente me lembro da Sarah e pânico volta com toda força.

– A Sarah ela recebeu esse soro também? - eu estou quase indo pra cima dele e arrancar essa informação a todo custo.

– Não, ela esta limpa. - ele não me olha enquanto fala.

– Então o que é? - ele fica quieto. - é melhor você pensar bem, eu não vou perdoar uma segunda mentira, eu nem sei se consigo perdoar a primeira.

Ele suspira e me encara.

– Eu não contei toda a verdade sobre os efeitos colaterais e por que eles não usam mais o soro.- eu esperei que ele continuasse. - Como eu disse, os nossos reflexos em uma luta são muito rápidos, como você já deve ter notado. A questão é que tudo em nos é mais evoluído do que nas pessoas normais. Força, agilidade, inteligência, existem outras habilidades que se for trabalhadas para fins militares, formaria um exercito invencível.

Ele olha para o meu rosto e toca um lado do meu rosto eu me retraio com a dor.

– Como conseguiu isso?

– Alguém me atacou hoje de manhã. Não sei quem foi e se queria me assustar ou me matar.

– Eles não queriam te matar, eles precisam de você viva.

– Quem?

– A Erudição, foi para evitar que pessoas como eles tivessem esse soro que essa pesquisa foi interrompida. Eles querem controle e poder. Para isso precisa de soldados. O Soro é mais eficaz nos divergentes, mas o preço a ser pago é muito alto, - ele me olha com uma expressão triste. - as pessoas que tomam o soro só conseguem viver por no máximo dez anos, as células regeneradas começam a morrer lentamente. Eles não sabem sobre mim, e acho que já te encontraram. Depois que eu passei pelo processo as pesquisas e o soro foi destruído, mas eles querem você para estudar e desenvolve-lo novamente.

Eu entendia o que o Uriah estava pensando, eles estavam desesperados por me encontrar, por que sabiam que eu só tinha mais quatro anos de vida, não podia se dar ao luxo de perder tempo. Assim como o tempo deles o meu estava escorrendo lentamente por uma ampulheta. Finalmente eu entendi o que o Uriah quis dizer com " não faça isso com ele" o Tobias não resistiria amar e perder novamente.


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