Surreal - Art and Insanity escrita por Jess


Capítulo 63
Capítulo 63 - Nós I


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpe pela demora.



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Os dias passaram lentamente, Anne e eu continuamos nos vendo e tudo continuou mudando, ela parecia mais confortável na minha presença, mas ainda era a garota que tive te seguir por meses.

Algumas coisas se mantiveram intactas, ainda sentia que as coisas não estavam muito claras, mas já não me permiti cobrar, não podia exigir que me contasse tudo, pois me mantive sem dizer nada sobre mim. Ela também não perguntou e não me pareceu muito interessada em saber.

Semanas se passaram, o final do outono estava chegando nós não havíamos falado sobre a festa desde o dia em que discutimos por causa da minha insistência e da sua resistência. Entretanto parecia que aquilo já estava resolvido e que ela deu o braço a torcer.

Tudo parecia estar bem; já havia algum tempo que minhas alucinações cessaram, Anne e eu continuamos nos vendo fora da escola, às vezes vamos para minha casa outras vezes andamos um pouco.

Um dia fomos para um parque, não parecia nada combinado ou premeditado por um de nós, apenas acabamos chegando no parque, ele estava vazio talvez pelo frio que fazia; os animais deviam estar escondidos em algum lugar e as pessoas não iriam sair de casa para visitar um parque praticamente sem atrações.

Nos sentamos num banco de frente para o lago que devia estar com a agua prestes a congelar, olhei para Anne que tinha suas mãos afundadas nos bolsos do casaco e o pescoço coberto por seu cachecol vermelho, os longos cabelos castanho estavam presos num coque que foi feito as pressas. Seus olhos passeavam pelas arvores já sem folhas e pelo céu um pouco nebuloso.

Aquele parque era mais belo daquele jeito, sem tanto barulho, sem pessoas tirando fotos deitadas na grama. Era apenas o som do vento que chaqualhava os galhos cecos.

Senti um peso sob meu braço e olhei para meu lado direito, Anne estava apoiada nele, seu braço passava por cima do meu e sua cabeça estava em meu ombro. Por algum tempo não me movi, apenas a olhei, parecia estar tão confortável, a Anne que conheci não parecia ser do tipo que fica confortável com aproximações, mas as coisas estavam diferentes e eu teria que me adaptar.

Meu braço rodeou sua cintura a trazendo mais para perto, senti o cheiro de seus cabelos e calor que assava o tecido de nossas roupas, logo virei seu rosto para mim e a beijei. Nossos beijos já não eram tão calmos, eram prontamente correspondidos com a mesma ânsia, mas sempre terminava com uma Anne ofegante, com a face avermelhada e olhando para qualquer coisa que não fosse eu. Entretanto não deixaria que isso se tornasse um hábito, ela não podia retribuir e depois fingir que nada havia acontecido... Não se trata apenas do meu ego ou da necessidade ter atenção.

Aquilo fazia parecer que tudo que era retribuído não passava de uma alucinação, e na realidade ela permanecia alheia a qualquer coisa que eu fizesse ou dissesse, fazia parecer que todas as vezes em que ela sorriu sarcástica mas ainda assim com humor, foram alucinações, todas causado por mim.

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_Vamos voltar para casa?_ Perguntei repentinamente, ela penas concordou, nos levantamos e voltamos pelo mesmo caminho até minha casa.

Meus pais ainda não haviam voltado, e meu pai havia ligado na semana anterior só para saber como as coisas estavam, foi uma conversa rápida e logo desligamos.

Haviam poucas pessoas nas ruas, durante o caminho de volta poucas pessoas passaram por nós, deviam ter pressa para entrar em algum lugar quente e confortável, mas Anne e eu não tínhamos muita pressa, andávamos observando tudo a nossa volta, não éramos como os casais que passeavam por ali na primavera, nem sei se posso nos denominar um “casal”.

Assim que chegamos , Anne tirou seu cachecol, o casaco e suas botas, colocando tudo no canto da sala, a temperatura dentro de casa era aconchegante por causa dos aquecedores, tirei meu casaco e os tênis.

Quando olhei a minha volta Anne não estava mais lá, ouvi o barulho vindo da cozinha e um pequeno sorriso surgiu em meu rosto; era incrível ver como Anne estava confortável, quase inacreditável o jeito que tudo estava indo bem. E o mais estranho era que eu nem tinha planejado isso, tudo estava além do meu controle.

_Farei um suco de Maçã com couve, vem me ajudar._ Ela pediu aparecendo na porta com as maçãs em mãos.

Fui ajuda-la, mas quase não fiz nada, ela cortava a maçã rapidamente e colocava no liquidificador, e eu a observava a todo momento achando que ela estava prestes a se cortar, mas parecia que Anne tinha muita pratica naquilo.

_Sabia que não podemos ficar cortando as frutas com muita antecedência ?_ Ela perguntou e antes que eu respondesse que não sabia, prosseguiu_ Algumas pessoas meio malucas dizem que isso pode cortar a maior parte das vitaminas, mas na verdade só corta um pouco da vitamina e eu acho que a fruta fica um pouco ruim.

Continuei a olhando, ela não estava puxando conversa, ou algo assim; ela era daquele jeito: lembrando-se de alguma coisa e dizendo, informações que talvez eu nunca use, mas é bom saber de coisas das quais nunca nem me interessei e parecem tão interessantes na voz de Anne.

Ela parou de cortar e me olhou erguendo uma sobrancelha, esperei que ela dissesse algo muito importante.

_Vai ficar ai parado?

_O que quer que eu faça? Você parece muito a vontade.

Anne sorriu.

_Pegue umas duas folhas de couve na geladeira e as corte._ Ela Instruiu colocando um pedaço de maçã na boca.

_Você vai mesmo misturar uma fruta com uma verdura?_ Perguntei pegando as folhas.

_Sim, e ficará muito bom._ Ela disse com veemência.

Quando terminei de cortar as folhas e Anne as colocou com as maçãs e terminou o suco colocando num copo e entregando-me. A cor estava um pouco estranha, mas tenho que admitir que o gosto era bom.

_Eu disse que era muito bom._ Anne falou olhando-me de lado_ E ainda faz bem, talvez tire um pouco dessa sua palidez.

Franzi o cenho, ligeiramente ofendido, mas ainda achando graça da expressão alheia dela.

_Não sou tão pálido.

Ela riu e maneou a cabeça.

_Se minha avó te visse, ela iria correr para preparar o máximo de vitaminas para enfiar sua goela abaixo.

Sorrimos, bebemos o suco, conversamos, ela pegou meu notebook o que era algo um pouco desconfortável...

Por um momento pude sentir como ela devia ter se sentido quando entrei em sua casa sem permissão ou quando invadi sua privacidade e não respeitei seu direito de me manter distante. Por praticamente toda a minha vida, me mantive só, era apenas eu e minhas alucinações, meus remédios, minhas telas e meus pensamentos, tudo se tratava de mim. Não haviam conflitos que envolvessem outras pessoas, mas agora com a Anne não se tratava apenas de mim...

Meu egoísmo e meu egocentrismo quase não me permitem que as coisas não se tratem apenas de mim, mas tenho que admitir que Anne me parece muito mais interessante do que tudo que acontece e que já aconteceu comigo. Ela com alguns momentos tão simples, tão comuns e outros tão diferentes do que tudo que poderia imaginar, sendo previsível ou completamente surpreendente; Anne é incrível.

Tirei o notebook sutilmente de suas mãos, ela me olhou com uma expressão interrogativa que se estendeu quando a puxei para que ficasse perto de mim na cama. Seu cenho se franziu, seus olhos eram fendas acinzentadas que fitavam meu rosto e acompanhavam cada movimento.

Anna parecia disposta a deixar que eu tivesse livre acesso ao seu corpo, ela parecia até esperar que eu fizesse algo. E eu não iria deixa-la esperando.

Levei minha mão á sua nuca, dando tempo para que ela se afastasse, mas como nada fez, prossegui: Meus dedos se infiltraram entre os finos fios cabelos que se desprendiam do coque e depois a trouxe para mais perto.

Os beijos vieram com as caricias, mas elas não se restringiam ás costas e a nuca, não dessa vez. Nossos lábios se uniram e logo depois nossas línguas, senti suas pequenas mãos apertando meu corpo de encontro ao seu.

Meus lábios foram para a pele macia de seu pescoço, ela apertou-se ainda mais a mim e deve ter sentido a ereção se formando em minha calça. Distanciei-me para olha-la nos olhos, como quem pede uma ultima permissão.

_Agradeceria se parasse com essas pausas dramáticas._ Ela sussurrou colocando suas mãos por baixo da minha camiseta, suas mãos estavam quentes como se não estivesse frio a ponto de quase nevar do lado de fora da casa.

Sorri e voltei a colar nossos corpos, apertei sias coxas por cima da calça e segui até sua cintura e um pouco abaixo dos seios quando ela suspirou parecendo um pouco impaciente.

A ajudei a tirar sua camiseta e em seguida o sutiã, seus seios eram médios, cabiam bem em minhas mãos. Levei minha boca a um dos mamilos e massageei o outro, eles já estavam sensíveis a ponto de Anne ter segurar seu gemido.

Suas mãos forçaram minha camiseta e a ajudei a tira-la rapidamente e a encarei deitada com os cabelos soltos pelos travesseiros, meus olhos seguiram pelo seu rosto, sua boca, a curva dos seios, a cintura fina e os poucos pontinhos em sua pele alva.

Abri sua calça jeans e com uma certa dificuldade a tirei junto com a peça intima. E ela estava ali na minha frente, completamente nua, olhando-me com seu sorrisinho no rosto.

Anne se aproximou pondo os braços ao redor do meu pescoço, seus seios colaram em meu peito e sua boca na minha. As mãos foram descendo do meu pescoço, indo para o peito e logo depois para o cos do meu jeans, senti os dedos finos abrindo minha calça, ela se afastou um pouco para tentar abrir, vendo sua dificuldade a ajudei.

Nossos corpos estavam unidos sem a privação que as vestimentas nos davam, mesmo assim não podia deixar de pensar no porquê dela estar li, em algum motivo plausível para tudo que estava acontecendo todos aqueles dias. Quer dizer... Anne não é do tipo que faz as coisas por fazer, pelo menos não me parece assim e...

_Sebastian..._ Ela falou chamando minha atenção._ Deixe para pensar depois._ Disse por fim prendendo minha cintura entre suas pernas. O contato a fez arfar e me fez esquecer qualquer pensamento que tivesse sobre um possível motivo para tudo.

Tudo aconteceu com toda a naturalidade possível, não era como se nós não soubéssemos o que estávamos fazendo ou algo assim, nós queríamos de verdade e não estávamos fingindo ou tentando ignorar aquilo, ignorar só deixaria um elefante branco entre nós. E tudo parecia estar tão bem que não havia motivos para deixar aquele momento ruim ou desconfortável.

Talvez estivéssemos já conhecermos nossos piores lados, só faltava conhecer nosso melhor lado e isso seria mais complicado.

“Seus erros te definem” lembro dessa frase que ela disse meses atrás, ainda fazia sentido... Mas ainda não sabia ao certo uma definição para ela ou para o que havia entre nós, entretanto existia uma certeza; a de que existia um “nós”, não éramos tão individuais quanto antes.


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Notas finais do capítulo

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