Bakumatsu escrita por Aoshi Senpai


Capítulo 16
O início do Golpe


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:

"– Você é esperto... - Kenshin calou por um segundo, levantando-se calmamente e caminhando na direção da saída. Depois, parando à porta, virou-se por um momento. - Não participo de qualquer revolução pelo dinheiro ou por um alto cargo no governo, e Saitoh sabe disso... Participarei, apenas por concordar com o fim que esta história deverá ter. Quero apenas que os espadachins tenham novamente seu lugar no Japão... E quero acertar algumas coisas com um certo homem, que vem me desafiando há bastante tempo...

Matsumo assentiu com a cabeça e com um enorme sorriso despretensioso, enquanto acompanhava com os olhos o ruivo que saía do cômodo. Ele sabia que o Hitokiri Battousai seria de extrema importância, na eminente reta final dos planos de Saitoh Hajime..."



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Três semanas haviam se passado, desde que Aoshi havia encontrado Kenshin no templo Sugayra, uma das residencias de Saitoh Hajime. Para ele, o fato de o Battousai ainda estar vivo era, ao mesmo tempo, uma boa e uma má notícia. Por um lado, ele se sentia aliviado por saber que seu caminho cruzaria o caminho de Kenshin mais uma última vez antes que toda aquela trama chegasse ao fim, e assim ele poderia derrotar seu principal oponente de uma vez por todas. Por outro lado, encontrava-se preocupado pois não tinha certeza das reações de Sanosuke Sagara e do mestre Hiko Seijuuro. Era certo, pelo menos para ele, que Hiko e Sano haviam se juntado ao grupo principalmente pela simples vontade de vingar o amigo. Teria que tomar muito cuidado com a forma em que colocava suas peças naquele tabuleiro, que ficava cada vez mais escorregadio.

Perdido em seus pensamentos, não percebeu a figura que adentrara ao escritório que haviam improvisado em um prédio, no subúrbio de Kumamoto. O homem encostou-se em uma das paredes da sala e ficou observando Aoshi, que olhava pela janela despretensiosamente e parecia estar completamente absorto em sua linha de raciocínio. Porém, depois de alguns segundos Aoshi fechou os olhos lentamente e dirigiu a palavra àquele que o observava recostado na parede:

– Anji Yukuyama... Estava mesmo a me perguntar por onde andaria o monge assassino. - Aoshi girou a cadeira e, virando-se para Anji, continuou. - Teve algum problema em Fukui? Você está três dias atrasado...

– Humpf... - Anji bufou, cruzando os braços largos na frente do corpo. - Estive perseguindo um "Hebi" desde que terminamos o serviço por lá. Acho que estava espionando... Saitoh deve tê-lo mandado para ficar de olho em nossa parte do trato...

O monge desencostou-se da parede e deu dois passos na direção de Aoshi, entregando-o um lenço coberto de sangue.

– Acredito que este, pelo menos, não irá espionar mais ninguém... Você disse que não sabia de meu atraso? Mandei Chuuni lhe trazer uma carta... - Comentou Anji, enquanto ia em direção a janela de onde Aoshi observava a paisagem.

– Ele não apareceu... Por que Saitoh continua a interferir em nossa parte do trato? Não interfiro nas dele, maldito lobo!

– Na certa, ele não confia em nossas habilidades... Nos subestimar vai levar o "Hebi Kaizen" à ruína, com certeza... - Comentou uma voz, vinda de fora da sala.

– Mestre Hiko... - Saudou Anji, curvando o corpo na direção do homem que havia acabado de entrar. - Concordo plenamente... O lobinho vai ver do que somos capazes em alguns dias... Está tudo pronto Aoshi?

– Está sim... Amanhã partiremos para Kagoshima, e vamos acabar de uma vez por todas com isso. A mensagem que enviei esta tarde já deve ter chegado à ele, e o lobo deve estar preparando tudo para sincronizarmos os ataques... Na verdade, o restante do Japão não importa, desde que vençamos em Kagoshima e derrubemos Yamagata e Saitoh. O restante das províncias acabará vindo de brinde, quando assumirmos o poder...

– Depois da batalha pela cabeça de Yamagata, observaremos mais três ou quatro meses de guerra civil e enfim agiremos, comprando a população com a paz que instaurarmos... É simplesmente brilhante, Aoshi! - Concluiu Hiko, com os braços cruzados e também observando a paisagem através da janela.

Na manhã seguinte Aoshi, Sanosuke, Hiko e Anji partiram de Kumamoto na garbosa carruagem negra em direção à Kagoshima. No olhar de todos dentro da carruagem, o brilho intenso e vibrante de verdadeiros guerreiros, como leões enjaulados e sedentos de sangue. O silêncio reinou no interior do veículo até o fim da tarde, quando os cavalos apearam próximos à uma estalagem para viajantes. Um-a-um, todos os três "generais" e Aoshi desceram do carro, adentrando ao local.

O comodo de entrada na estalagem era uma espécie de salão para eventos, cheio de mesas e cadeiras que, em sua maioria, estavam vazios. Exceção à um pequeno grupo que se encontrava sentado em uma mesa no outro canto da sala, o lugar parecia vazio. A atendente veio rapidamente ao encontro dos quatro rapazes à porta do local e, com um sorriso bastante espontâneo, recebeu-os calorosamente:

– Boa noite senhores! Bem vindos ao Akabeko Ahuuga, o restaurante e hospedaria mais visitado da região. O que desejam?

A garota parecia bastante animada. O lugar parecia muito mais com uma hospedaria falida do que com "o restaurante e hospedaria mais visitado da região", como ela dissera. De qualquer maneira, os quatro poderiam dormir alí sem serem incomodados por ninguém, e como os cavalos e cocheiro também necessitavam de certo descanso, teriam que permanecer no lugar por pelo menos algumas horas. Hiko tomou a frente dos outros, respondendo à jovem e bela atendente com um enorme sorriso e jeito galanteador:

– Boa noite minha cara. Meu nome é Hiko Seijuuro. eu e meus amigos procuramos um lugar para descansar nossas pernas cansadas e beber algo doce e gostoso. - Disse, piscando com um olho e lançando olhares provocadores à garota.

– Pois não, senhor Seijuuro, temos tudo isso bem aqui. - Ela respondeu, meio sem graça.

– Ficamos com aquela mesa. - Interrompeu Aoshi, mais brusca e menos oferecidamente, apontando para uma mesa no centro do salão. Depois, enquanto lançava um olhar reprovador a Hiko, continuou. - Queremos dois quartos também. Assim evitamos qualquer problema para a senhorita e também economizamos um pouco, não é mesmo?? - Concluiu lançando para a garota um sorriso extremamente mecânico e forçado. Depois, endireitou a coluna e dirigiu-se à mesa.

– Hiko, quero que preste bastante atenção pois só vou lhe dizer uma vez. - Começou Aoshi, a meio-tom e encarando o mestre Seijuuro com um olhar extremamente sério e os traços rígidos. - Não queremos e nem precisamos de suas gracinhas por aqui, me entendeu? Não podemos erguer qualquer suspeita e nem quero que fique gritando nossos nomes por aqui, está compreendido? Se suas habilidades não me fossem tão preciosas, eu mesmo já teria lhe arrancado a cabeça e atirado seu corpo em um buraco qualquer...

Hiko abafou o sorriso ainda moldado em seu rosto e adquiriu uma expressão muito mais fechada e rígida. Não gostava nem um pouco de Aoshi, mas tinha que concordar que as ações que tivera no último instante pareceram bastante instintivas. Não pediria desculpas à Aoshi de maneira nenhuma, apenas limitou-se a estreitar o olhar e assentir com a cabeça. O jantar transcorreu normalmente e, um de cada vez, todos os quatro rapazes foram se retirando para os quartos, ficando por último o mestre Hiko, a atendente e os homens na outra mesa.

Hiko acenou para a garota, para que trouxesse outra garrafa de sakê, e a menina acenou com a cabeça demonstrando entender o pedido do velho homem. Quando vinha na direção de Hiko, a garota passou pela frente da mesa onde os outros homens estavam sentados e um deles a agarrou, puxando-a para seu colo. A garota derrubou o sakê no chão e todos os outros riram da cara dela, que ficou extremamente envergonhada. Depois, enquanto pedia desculpas e limpava o chão do salão, foi novamente agarrada por outro rapaz. Este segundo a ergueu do chão e a abraçou, forçando seu rosto a ficar próximo ao da garota, na tentativa de roubar um beijo.

Os outros três, aparentemente bêbados, riam e apontavam para a garota.

– Ora, vamos minha querida... Só um beijinho. Gastamos bastante neste bar hoje, acho que merecemos pelo menos isso não é? - Gritava um deles.

– É, só um beijinho... Não é nada demais, não é mesmo? - Bradou um outro, que se ergueu da cadeira meio cambaleante devido à bebida.

Se debatendo e gritando bastante, e garota conseguiu se livrar do homem que a segurava. Este, por sua vez, escorregou e caiu ao chão, batendo violentamente a cabeça contra o piso de madeira maciça.

– Viu o que você fez? Tome isso! - Bradou um dos rapazes enquanto atirava contra a garota, que se distanciava da mesa, uma garrafa vazia de sakê.

Antes que a garrafa atingisse o alvo, foi partida ao meio por um golpe certeiro de Hiko. As duas partes da garrafa caíram, uma para cada lado, e um resto de sakê molhou a face do espadachim. A garota parou e virou-se para Hiko, sem saber ao certo o que havia acontecido.

– Agora eu acho que está na hora de vocês irem embora... Entenderam? - Questionou Hiko com a expressão fechada e o olhar incandescente.

O rapaz que havia caído ao chão se levantou e, tomando frente ao grupo, desafiou em tom bastante alterado:

– Ei, velhote! Acha que, porque tem uma espada pode dar ordens a pessoas jovens como nós? Você não tem idéia de quem somos não é mesmo?

Enquanto dizia isso, o rapaz agarrou firmemente um bokutou que trazia consigo mas, antes que pudesse desembainhá-lo completamente e revelar a lâmina de aço que havia em seu interior, sentiu o metal gelado da lâmina de Hiko tocar-lhe o pescoço. Em uma fração de segundos, o velho homem colocou-se atrás do rapaz e, com o braço direito estendido por sobre o ombro do mesmo, tocava-lhe a garganta com a lâmina de sua espada.

– Vocês quatro serão cadáveres, se continuarem a estragar a minha noite... Espero que agora todos vocês tenham entendido o recado.

Todos os quatro rapazes ficaram espantados com a velocidade e precisão dos movimentos do velho espadachim. As espadas foram novamente embainhadas e os quatro rapazes pagaram a conta e foram embora, torcendo para nunca mais encontrar aquele velho senhor outra vez. A jovem garota agradeceu a Hiko, que sorriu de forma escancarada por alguns segundos. Depois, despedindo-se e subindo as escadas que haviam no fundo do salão. Dirigiu-se ao quarto onde passaria a noite.

Adentrou e colocou-se sobre uma das camas do quarto, para finalmente descansar daquele dia cansativo e que havia terminado de maneira tão inesperada. Sem que seu companheiro de quarto se movesse ou abrisse os olhos, Hiko teve de ouvir outro comentário reprovador antes de adormecer.

– Você vive fazendo muito barulho, Hiko... As vezes fico me perguntando: Se eu não o convocasse, um circo o faria?

– Não sei Aoshi... Boa noite. - Respondeu, em clima desfavorável ao da piadinha que acabara de ouvir.

– Boa noite mestre Hiko... Descanse bem... Daqui dois dias, teremos todos que provar se somos, ou não, capazes de tomar o Japão...

CONTINUA!!!


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Notas finais do capítulo

Não percam o próximo capítulo:

Chegada à Kagoshima



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