Bakumatsu escrita por Aoshi Senpai
Notas iniciais do capítulo
No capítulo anterior:
"– Você é esperto... - Kenshin calou por um segundo, levantando-se calmamente e caminhando na direção da saída. Depois, parando à porta, virou-se por um momento. - Não participo de qualquer revolução pelo dinheiro ou por um alto cargo no governo, e Saitoh sabe disso... Participarei, apenas por concordar com o fim que esta história deverá ter. Quero apenas que os espadachins tenham novamente seu lugar no Japão... E quero acertar algumas coisas com um certo homem, que vem me desafiando há bastante tempo...
Matsumo assentiu com a cabeça e com um enorme sorriso despretensioso, enquanto acompanhava com os olhos o ruivo que saía do cômodo. Ele sabia que o Hitokiri Battousai seria de extrema importância, na eminente reta final dos planos de Saitoh Hajime..."
Três semanas haviam se passado, desde que Aoshi havia encontrado Kenshin no templo Sugayra, uma das residencias de Saitoh Hajime. Para ele, o fato de o Battousai ainda estar vivo era, ao mesmo tempo, uma boa e uma má notícia. Por um lado, ele se sentia aliviado por saber que seu caminho cruzaria o caminho de Kenshin mais uma última vez antes que toda aquela trama chegasse ao fim, e assim ele poderia derrotar seu principal oponente de uma vez por todas. Por outro lado, encontrava-se preocupado pois não tinha certeza das reações de Sanosuke Sagara e do mestre Hiko Seijuuro. Era certo, pelo menos para ele, que Hiko e Sano haviam se juntado ao grupo principalmente pela simples vontade de vingar o amigo. Teria que tomar muito cuidado com a forma em que colocava suas peças naquele tabuleiro, que ficava cada vez mais escorregadio.
Perdido em seus pensamentos, não percebeu a figura que adentrara ao escritório que haviam improvisado em um prédio, no subúrbio de Kumamoto. O homem encostou-se em uma das paredes da sala e ficou observando Aoshi, que olhava pela janela despretensiosamente e parecia estar completamente absorto em sua linha de raciocínio. Porém, depois de alguns segundos Aoshi fechou os olhos lentamente e dirigiu a palavra àquele que o observava recostado na parede:
– Anji Yukuyama... Estava mesmo a me perguntar por onde andaria o monge assassino. - Aoshi girou a cadeira e, virando-se para Anji, continuou. - Teve algum problema em Fukui? Você está três dias atrasado...
– Humpf... - Anji bufou, cruzando os braços largos na frente do corpo. - Estive perseguindo um "Hebi" desde que terminamos o serviço por lá. Acho que estava espionando... Saitoh deve tê-lo mandado para ficar de olho em nossa parte do trato...
O monge desencostou-se da parede e deu dois passos na direção de Aoshi, entregando-o um lenço coberto de sangue.
– Acredito que este, pelo menos, não irá espionar mais ninguém... Você disse que não sabia de meu atraso? Mandei Chuuni lhe trazer uma carta... - Comentou Anji, enquanto ia em direção a janela de onde Aoshi observava a paisagem.
– Ele não apareceu... Por que Saitoh continua a interferir em nossa parte do trato? Não interfiro nas dele, maldito lobo!
– Na certa, ele não confia em nossas habilidades... Nos subestimar vai levar o "Hebi Kaizen" à ruína, com certeza... - Comentou uma voz, vinda de fora da sala.
– Mestre Hiko... - Saudou Anji, curvando o corpo na direção do homem que havia acabado de entrar. - Concordo plenamente... O lobinho vai ver do que somos capazes em alguns dias... Está tudo pronto Aoshi?
– Está sim... Amanhã partiremos para Kagoshima, e vamos acabar de uma vez por todas com isso. A mensagem que enviei esta tarde já deve ter chegado à ele, e o lobo deve estar preparando tudo para sincronizarmos os ataques... Na verdade, o restante do Japão não importa, desde que vençamos em Kagoshima e derrubemos Yamagata e Saitoh. O restante das províncias acabará vindo de brinde, quando assumirmos o poder...
– Depois da batalha pela cabeça de Yamagata, observaremos mais três ou quatro meses de guerra civil e enfim agiremos, comprando a população com a paz que instaurarmos... É simplesmente brilhante, Aoshi! - Concluiu Hiko, com os braços cruzados e também observando a paisagem através da janela.
Na manhã seguinte Aoshi, Sanosuke, Hiko e Anji partiram de Kumamoto na garbosa carruagem negra em direção à Kagoshima. No olhar de todos dentro da carruagem, o brilho intenso e vibrante de verdadeiros guerreiros, como leões enjaulados e sedentos de sangue. O silêncio reinou no interior do veículo até o fim da tarde, quando os cavalos apearam próximos à uma estalagem para viajantes. Um-a-um, todos os três "generais" e Aoshi desceram do carro, adentrando ao local.
O comodo de entrada na estalagem era uma espécie de salão para eventos, cheio de mesas e cadeiras que, em sua maioria, estavam vazios. Exceção à um pequeno grupo que se encontrava sentado em uma mesa no outro canto da sala, o lugar parecia vazio. A atendente veio rapidamente ao encontro dos quatro rapazes à porta do local e, com um sorriso bastante espontâneo, recebeu-os calorosamente:
– Boa noite senhores! Bem vindos ao Akabeko Ahuuga, o restaurante e hospedaria mais visitado da região. O que desejam?
A garota parecia bastante animada. O lugar parecia muito mais com uma hospedaria falida do que com "o restaurante e hospedaria mais visitado da região", como ela dissera. De qualquer maneira, os quatro poderiam dormir alí sem serem incomodados por ninguém, e como os cavalos e cocheiro também necessitavam de certo descanso, teriam que permanecer no lugar por pelo menos algumas horas. Hiko tomou a frente dos outros, respondendo à jovem e bela atendente com um enorme sorriso e jeito galanteador:
– Boa noite minha cara. Meu nome é Hiko Seijuuro. eu e meus amigos procuramos um lugar para descansar nossas pernas cansadas e beber algo doce e gostoso. - Disse, piscando com um olho e lançando olhares provocadores à garota.
– Pois não, senhor Seijuuro, temos tudo isso bem aqui. - Ela respondeu, meio sem graça.
– Ficamos com aquela mesa. - Interrompeu Aoshi, mais brusca e menos oferecidamente, apontando para uma mesa no centro do salão. Depois, enquanto lançava um olhar reprovador a Hiko, continuou. - Queremos dois quartos também. Assim evitamos qualquer problema para a senhorita e também economizamos um pouco, não é mesmo?? - Concluiu lançando para a garota um sorriso extremamente mecânico e forçado. Depois, endireitou a coluna e dirigiu-se à mesa.
– Hiko, quero que preste bastante atenção pois só vou lhe dizer uma vez. - Começou Aoshi, a meio-tom e encarando o mestre Seijuuro com um olhar extremamente sério e os traços rígidos. - Não queremos e nem precisamos de suas gracinhas por aqui, me entendeu? Não podemos erguer qualquer suspeita e nem quero que fique gritando nossos nomes por aqui, está compreendido? Se suas habilidades não me fossem tão preciosas, eu mesmo já teria lhe arrancado a cabeça e atirado seu corpo em um buraco qualquer...
Hiko abafou o sorriso ainda moldado em seu rosto e adquiriu uma expressão muito mais fechada e rígida. Não gostava nem um pouco de Aoshi, mas tinha que concordar que as ações que tivera no último instante pareceram bastante instintivas. Não pediria desculpas à Aoshi de maneira nenhuma, apenas limitou-se a estreitar o olhar e assentir com a cabeça. O jantar transcorreu normalmente e, um de cada vez, todos os quatro rapazes foram se retirando para os quartos, ficando por último o mestre Hiko, a atendente e os homens na outra mesa.
Hiko acenou para a garota, para que trouxesse outra garrafa de sakê, e a menina acenou com a cabeça demonstrando entender o pedido do velho homem. Quando vinha na direção de Hiko, a garota passou pela frente da mesa onde os outros homens estavam sentados e um deles a agarrou, puxando-a para seu colo. A garota derrubou o sakê no chão e todos os outros riram da cara dela, que ficou extremamente envergonhada. Depois, enquanto pedia desculpas e limpava o chão do salão, foi novamente agarrada por outro rapaz. Este segundo a ergueu do chão e a abraçou, forçando seu rosto a ficar próximo ao da garota, na tentativa de roubar um beijo.
Os outros três, aparentemente bêbados, riam e apontavam para a garota.
– Ora, vamos minha querida... Só um beijinho. Gastamos bastante neste bar hoje, acho que merecemos pelo menos isso não é? - Gritava um deles.
– É, só um beijinho... Não é nada demais, não é mesmo? - Bradou um outro, que se ergueu da cadeira meio cambaleante devido à bebida.
Se debatendo e gritando bastante, e garota conseguiu se livrar do homem que a segurava. Este, por sua vez, escorregou e caiu ao chão, batendo violentamente a cabeça contra o piso de madeira maciça.
– Viu o que você fez? Tome isso! - Bradou um dos rapazes enquanto atirava contra a garota, que se distanciava da mesa, uma garrafa vazia de sakê.
Antes que a garrafa atingisse o alvo, foi partida ao meio por um golpe certeiro de Hiko. As duas partes da garrafa caíram, uma para cada lado, e um resto de sakê molhou a face do espadachim. A garota parou e virou-se para Hiko, sem saber ao certo o que havia acontecido.
– Agora eu acho que está na hora de vocês irem embora... Entenderam? - Questionou Hiko com a expressão fechada e o olhar incandescente.
O rapaz que havia caído ao chão se levantou e, tomando frente ao grupo, desafiou em tom bastante alterado:
– Ei, velhote! Acha que, porque tem uma espada pode dar ordens a pessoas jovens como nós? Você não tem idéia de quem somos não é mesmo?
Enquanto dizia isso, o rapaz agarrou firmemente um bokutou que trazia consigo mas, antes que pudesse desembainhá-lo completamente e revelar a lâmina de aço que havia em seu interior, sentiu o metal gelado da lâmina de Hiko tocar-lhe o pescoço. Em uma fração de segundos, o velho homem colocou-se atrás do rapaz e, com o braço direito estendido por sobre o ombro do mesmo, tocava-lhe a garganta com a lâmina de sua espada.
– Vocês quatro serão cadáveres, se continuarem a estragar a minha noite... Espero que agora todos vocês tenham entendido o recado.
Todos os quatro rapazes ficaram espantados com a velocidade e precisão dos movimentos do velho espadachim. As espadas foram novamente embainhadas e os quatro rapazes pagaram a conta e foram embora, torcendo para nunca mais encontrar aquele velho senhor outra vez. A jovem garota agradeceu a Hiko, que sorriu de forma escancarada por alguns segundos. Depois, despedindo-se e subindo as escadas que haviam no fundo do salão. Dirigiu-se ao quarto onde passaria a noite.
Adentrou e colocou-se sobre uma das camas do quarto, para finalmente descansar daquele dia cansativo e que havia terminado de maneira tão inesperada. Sem que seu companheiro de quarto se movesse ou abrisse os olhos, Hiko teve de ouvir outro comentário reprovador antes de adormecer.
– Você vive fazendo muito barulho, Hiko... As vezes fico me perguntando: Se eu não o convocasse, um circo o faria?
– Não sei Aoshi... Boa noite. - Respondeu, em clima desfavorável ao da piadinha que acabara de ouvir.
– Boa noite mestre Hiko... Descanse bem... Daqui dois dias, teremos todos que provar se somos, ou não, capazes de tomar o Japão...
CONTINUA!!!
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Não percam o próximo capítulo:
Chegada à Kagoshima