A estrada estava praticamente vazia. O carro parecia cada vez ir mais rápido, então eu relaxei o pé do acelerador. Não demoraria muito para começar a chover.

As lágrimas invadiam o meu rosto, e ficava difícil de ver. Eu não queria ir. Por que às vezes temos que fazer coisas que não queremos?

[Flashback]

A chuva caia lentamente por fora da minha janela, e eu tinha o rosto dele em meus pensamentos. Era estranho, mas eu sempre me lembrava dele quando chovia.

-Hey docinho, vamos sair? –Disse-me ele, me puxando pelo braço.

-Com essa chuva, Bill? –Questionei.

-É, com essa chuva.

[Flashback/]

Eu desisti de tentar.

[Flashback]

-A gente não pode se separar. Poxa, eu preciso de você! –Disse-me ele, pela décima vez.

-Desculpe, mas eu não preciso ir. Eu preciso estudar, eu preciso resolver minha vida. –Falei tentando ver em seus olhos.

Eu não sabia mais o que sentir por dentro, eu precisava de uma saída. Eu precisava achar uma saída.

[Flashback/]

A voz dele apareceu naquela música. Era a minha preferida. Então, eu abri as janelas, deixando o calor entrar. Será que ele sabia que para mim, ele era diferente dos outros? Ele sempre seria o meu trovão. E, aqueles olhos me perseguiam, seu brilho mais forte do que todas as cores. Então ele sempre seria o meu trovão, e que ele me trouxesse a chuva.

[Flashback]

-Eu não sei por onde começar. –Falei olhando para o papel em minhas mãos.

-Calma, é só você se lembrar de como se sentiu quando me conheceu, ou seja, imensamente feliz. –Disse-me, convencido.

-Momento prepotência mode on. –Falei e soltei uma gargalhada.

[Flashback/]

Então, eu estava sozinha, por minha conta. O celular vibrou no meu bolso, mas meus músculos estavam programados apenas para dirigir. Nada mais.

Parei o carro no acostamento e desci. Comecei a andar na grama, e senti minhas pernas coçarem, pelo toque. Estava seco e eu desejava avidamente uma brisa. Então, eu senti que queria voltar para a rua da casa de Bill, para enfim poder vê-lo. E jamais sair de lá. E eu precisava respirar. E precisava achar uma saída.

[Flashback]

-“Your voice was the soundtrack of my summer, Do you know you’re unlike any other? You’ll always be my thunder, and I said, Your eyes are the brightest of all the colors, I don't wanna ever love another, You’ll always be my thunder, So bring on the rain, And bring on the thunder.”

Ele cantou. Eu simplesmente adorava aquela música, ela me embalava de um jeito impossível. Então, ele gravou um CD pra mim.

[Flashback/]

Eu estava numa situação ruim. Voltei para o carro. Eu acho que sairei disso, mas ele precisava me dar tempo.

De repente, começou a relampejar e a imagem daquele sorriso veio em minha mente, o som da sua voz me embalava naquele CD, eu sentia o seu toque em minha pele e quase podia senti-lo em minhas veias. Eu queria que ele soubesse que eu também sofria que eu podia sentir a dor dele.

Eu não queria ir.

O celular vibrou novamente, e eu consegui atendê-lo dessa vez. Era Simone.

-Thaís, o Bill, o Bill... –Ela chorava.

-Por favor, fale. –Pedi desesperada.

-O Bill sofreu um acidente, ele não resistiu, morreu na hora. –Disse ela, chorando desesperada, antes de desligar.

Então Bill Kaulitz me trouxe a chuva, me trouxe a dor e me trouxe o trovão.