Bato na porta e entro após seu consentimento, hesitante, eu fecho a porta atrás de mim, ele parecia concentrado em alguns pergaminhos e não olhou para mim quando disse:

– Estava lhe esperando, Srta. Snape. Sente-se. - ele indicou a cadeira à sua frente.

– O que devo fazer, senhor? - eu ainda não achava que a detenção era justa, mas pergunto e me sento à sua frente.

– Você é uma aluna talentosa do 6º Ano. - ele diz. - Vai ajudar-me a corrigir os trabalhos dos garotos do 5º, deve dar conta disto.

Odeio seu sorriso desdenhoso e semicerro os olhos, pego o primeiro pergaminho em que o professor havia passado aos alunos do 5º Ano o nome de algumas criaturas para que eles descrevessem suas características e escrevessem tudo que soubessem sobre ela, uma atividade fácil, alguns dos alunos deixavam em branco as criaturas das quais eles não sabiam muita coisa ou não conheciam, mas todos, TODOS eles deixaram a criatura Inferi em branco e apesar de já ter escutado esse nome em algum lugar, não me lembrava exatamente do que se tratava.

– Senhor. - chamei receosa por interrompê-lo, já tinha corrigido muitos pergaminhos, mas ainda faltavam alguns, nem sabia quanto tempo já havia se passado. - Em todas as atividades que corrigi, nenhum aluno soube responder o que é um Inferi. Do que se trata exatamente?

Ele arqueou as sobrancelhas, deixou os pergaminhos do 7º Ano que corrigia e levantou-se indo até onde eu estava sentada, ele se debruçou um pouco sobre mim para ver melhor as atividades que eu estava corrigindo, pareceu desapontado quando viu que realmente nenhum dos alunos sabiam responder aquela.

– Tsc... Um inferi, resumindo, é um cadaver controlado por um bruxo das trevas realmente poderoso... - ele continuou falando e embora eu tentasse me concentrar no que ele dizia, minha mente divagava indo parar na pele alva tão convidativa de meu professor e no perfume amadeirado. Droga Elizabeth, para, isto está errado, pensei e desviei os olhos para o pergaminho e me fixei nele.

– Oh sim. - me lembrei. - E só se pode combatê-lo com a luz e o calor, fogo seria uma boa maneira.

Ele sorriu.

– Muito bem, como sempre excelente, Elizabeth.

Depois da detenção, percebi que não chegaria a tempo do jantar e fui direto para a sala comum da sonserina, para a minha surpresa Pansy Parkinson estava ali, sentada em uma das mesas terminando algum dever, ela fez uma careta a me ver, recolheu suas coisas e estava de saída, mas voltou-se para mim.

– Soube de sua detenção, parece que alguém não vai continuar sendo monitora ano que vem. - ela me provocou e eu revirei os olhos.

– Dá um tempo.

– Olha, eu estou te falando isto, porque eu acho que deveria haver um pacto entre as garotas para não deixarem os caras brincarem com elas, mas lá vai, o Draco não gosta de você, pelo menos não do jeito que você pensa. - eu revirei os olhos e olhei para as minhas unhas pintadas de preto sem dar atenção a ela. - Foi uma aposta.

– Ah sério Pansy? Isso é tão clichê, vai ter que fazer mais do que isto para separar Draco e eu, se esforce mais da próxima vez.

– Argh, não foi bem uma aposta, Blásio o desafiou dizendo que ele podia ter qualquer garota menos você, mas se não quer acreditar, não acredita, só depois não diz que eu não te avisei. - ela diz indo para o dormitório feminino.

– Invejooosa. - cantarolei, Draco chegou poucos minutos depois, mas a maioria dos alunos ainda estavam no jantar, provavelmente apreciando a sobremesa.

– Ah! Aí está você, onde se meteu? Não apareceu no jantar. - observou o loiro me roubando um beijo rápido que eu correspondo sem muito entusiasmo.

– Você não me enganaria, não é Draco? - pergunto desconfiada.

– Ahm, é claro que não.

– Desculpe, a Parkinson andou me irritando, mas pelo menos a detenção não foi tão ruim.

– Detenção? Você? O que andou aprontando hein Snape? - diz Draco com ar divertido.

– Riddle está no meu pé. Foi mal, você está em seu ultimo ano preocupado com as N.I.E.M.s e eu te importunando com isto. - reviro os olhos. - Olha, temos um tempo ainda, eu posso te ajudar a estudar.

– Humpf você está parecendo a Granger. - diz Draco e acha divertido a minha cara de emburrada, mas ele continua pegando minha mão e me guiando para seu dormitório. - Eu tenho uma ideia melhor.

– Fora! - disse Draco para Blásio que estava no dormitório, o moreno saiu resmungando.

Draco se sentou, mas eu o olhava com os olhos semicerrados e os braços cruzados.

– É bom não tentar nada, Malfor. - eu o alertei.

– Claro, eu só quero passar um tempo com você, srta. Desconfiada. - ele disse e eu sorri me sentando ao seu lado e o beijando de maneira carinhosa, Draco correspondeu do mesmo jeito, de maneira que só me fazia confirmar que o que Parkinson havia me dito era apenas mentira para nos separar, eu me sentia muito bem com Draco e feliz, acariciei seus fios sedosos, mas por um momento, imaginei que não eram os fios loiros platinados, mas sim os negros milimetricamente arrumados de meu professor e não eram os olhos cinzentos arrogantes, mas sim os olhos azuis misteriosos de Riddle, separei-me de Draco imediatamente.

– Está tudo bem? - ele perguntou franzindo a testa.

– É... Sim, claro, está tudo bem.

Mais tarde, depois de patrulhar os corredores, assaltamos a cozinha e fomos dormir.

[...]

Na manhã seguinte acordei um pouco tarde, coisa que estava ficando comum desde que comecei a ficar com Draco, nós estávamos juntos há um pouco mais de um mês e como nós dois éramos monitores, acabávamos ficando acordados até tarde. Peguei meus livros e no meio do meu malão encontrei a capa da invisibilidade do Harry junto de algumas cartas de aparência meio antiga que eu não lembrava de ter escrito, todas elas eram endereçadas a Harry, mas eu as ignorei, peguei a capa, devolveria a Harry e rumei para a sala comum.

Draco estava lá com Crabbe e Goyle e notei que falavam de mim, coloquei a capa e me aproximei para ouvir o que falavam.

– Por que continua com a Snape? Já provou para o Blásio que pode ficar com qualquer garota de Hogwarts, inclusive com aquela garota estranha. - arqueei uma sobrancelha, mas não disse nada.

– Estou me divertindo com ela, talvez a deixe depois das férias. - disse Draco, eu não esperava que ele me defendesse, mas dizer que eu era só sua 'diversão', falar desse jeito como se pudesse me descartar a qualquer momento, eu me segurei para não tirar a capa e acabar com aquele loiro metido, tentando não me chatear com suas palavras. - E eu não quero problemas com o Riddle, meu braço ainda está doendo desde que ele colocou aquela marca.

– Que marca? - perguntou o bobalhão do Crabbe.

– Sabe que eu não posso te dizer Crabbe, eu já lhe disse... - e ele começou a sussurrar. - Ele colocou um feitiço em cada um de nós, para mantermos segredo.

Eu estava curiosa quanto a tal marca, mas não conseguia mais me segurar, tirei a capa da invisibilidade e peguei a varinha.

– Não vai precisar esperar até depois das férias, Draco. - digo e os três se viram assustados.

– Ahm Liz... Vão na frente vocês dois. - ele disse para os seus 'capangas' idiotas, eles foram sem hesitar, atravessaram a passagem para fora da sala comum quase correndo.

– Você é mesmo um idiota, Malfoy e pensar que eu te defendia quando o Harry falava de você. - eu digo lhe dando às costas, menos chateada do que eu achei que ficaria.

– Espera. - ele diz pegando em minha mão. - Podemos ao menos continuar a ser amigos? Eu me importo com você, Snape, eu só falei daquele jeito por causa do Crabbe e Goyle. - ele diz e eu sabia que era verdade, o Malfoy era tão orgulhoso quanto os pavões que decoravam o jardim de sua casa.

– Ta. - digo fria e ele sorri e eu sorrio também pensando "ele tá achando que vai ser fácil assim". - Mas ninguém me engana e fica assim numa boa, levicorpos.

Draco é levantado no ar pelo tornozelo, abafo uma risada pelo nariz e saio da sala comum o deixando ali, berrando para que eu volte e o coloque no chão.
Saio da sala comum e encontro Blásio no caminho para o grande salão.

– Hey Snape! - ele me cumprimenta, mas o que ganha em troca são dois olhos verdes pintados de preto olhando hostis para ele. - O que aconteceu?

– Eu estou bem irritada com você e com o Draco, você sabe o porquê, mas... Eu posso te perdoar se você me disser se é verdade que Riddle anda reunindo alguns alunos e pra que?

– O que?

– Ah não finge, você é talentoso, bem relacionado, ele te chamaria, com certeza. - digo entortando a boca, a verdade é que estou curiosa e ligeiramente ressentida de não estar fazendo parte dos alunos preferidos dele. - E eu não mentiria para mim, se eu fosse você. - digo em um escondido, ou não tão escondido assim tom de ameaça.

– Ah é? E você vai fazer o que?

– Posso te arrumar uma semana de detenção com meu pai.

– Caramba Snape, é por isso que não tem amigos. Está bem, é verdade e eu estou sim participando das reuniões com o Riddle, mas não posso te contar mais nada além disso ou me encrencaria e a ele também, se você soubesse quem ele é se afastaria Elizabeth e não ficaria caçando assunto onde não é chamada. - ele diz, mas percebo um pouco de medo nos seus olhos.

– Está bem. - digo me dando por vencida, esqueceria aquilo... Por enquanto, afinal sabia que não conseguiria tirar mais nada do Zabini. - Ah e Blásio, o Draco está pendurado no ar na sala comum, o feitiço que o solta é liberacorpus. - digo lhe dando as costas.

Devolvi a capa ao Harry e assisti às minhas aulas, após o período de aula, como eu teria que fazer por uma semana, fui até a sala de DCAT para cumprir minha detenção, mas me surpreendi ao ver que Riddle não estava sozinho, mas com ninguém menos que Bellatrix Lestrange, a maneira como ela olhava para ele, como se o venerasse, o sorriso malicioso nos lábios enquanto conversava com ele aos sussurros me deixou aborrecida.

– Com licença, atrapalho?

– Não, entre Elizabeth, Bela já estava de saída.