Capítulo 18 – Forks High

 

 A cidade era exatamente do modo que minha mente imaginava, isto porque, as habilidades vampiricas são inesquecíveis e inigualáveis. O sol já havia se tornado algo raro, um simples astro tímido que prefere mostrar sua beleza em locais menos melancólicos. O verde dominava o clima geral da cidade, árvores por todos os lados, relva, até o ar parecia passar pelo processo de evaporação através do verde.

 Carlisle era preparado para tudo quando se tratava de humanos e percebeu ao longo do caminho, uma loja de produtos de acampamento, e assim, resolveu usar essa camuflagem para os dias em que ‘supostamente’ o sol surgisse.

 A loja estava aparentemente tranqüila. Edward foi o primeiro a entrar e permanecemos do lado de fora aguardando por sinais, apenas um garoto tomava conta de tudo, apesar de sua inexperiência, pois parecia ter meros quinze anos, ou então, no máximo dezesseis. Seu corpo não mostrava muito, estava preso no ar de inocência, fascinação e medo inconsciente que os humanos expeliam ao nos ver pela primeira vez.

 Alice sorriu enquanto previa os movimentos do menino ao nos notar, mesmo estando de longe, e sem dúvida, ela tinha razão.

 O garoto louro deu alguns passos desastrados e isso fez com que derrubasse pelo menos vinte produtos. Edward, sem paciência alguma, quis cortar o clima ruim e foi um tanto grosseiro ao se apresentar.

 

“Olá” Saudou entredentes e com os braços cruzados, simbolizando insatisfação; enquanto o nome na etiqueta do garoto se destacava. “Mike, minha família e eu precisamos de produtos de acampamento” Edward continuou para fugir o mais rápido da companhia de humanos inúteis.

 

 Aguardamos ansiosos a reação do garoto, pois, ele era o primeiro humano que entrava em contato conosco após tanto tempo. Mike mexeu os lábios rapidamente, em sinal de nervosismo, porém não emitiu som algum, o que serviu de base para a raiva de Edward crescer.

 

“Você poderia me ajudar?” Perguntou o idiota do meu irmão.

 

“Oh” Mike ofegou “Sim, sim, é claro que eu posso. Do que precisa?” O garoto Newton respondeu depois de ter tomado muito fôlego.

 

“Produtos de acampamento” Edward sorriu irônico, o que causou mais nervosismo ao garoto louro com cara de bebê.

 

“Tipo... De que tipo?” Gaguejou Mike.

 

“Barracas, sacos de dormir, ganchos, precisamos de tudo” Edward dizia enquanto apontava para os utensílios.

 

“Oi Mike” Alice sorriu, juntando-se a conversa. Alice sempre seria Alice, sorri comigo mesma por essa observação idiota. “Estou muito interessada nos sacos de dormir com capuz, você tem algum cor-de-rosa?” Ela prosseguiu com um sorriso convidativo demais.

 

“Alice, é uma loja de produtos de acampamento, não vestidos para jantares de gala” Edward intrometeu-se.

 

Alice fez um beicinho semelhante ao meu e prosseguiu para a sessão de sacos para dormir, aparentemente ela não ficou satisfeita com a resposta de Edward.

 

“Ela é minha irmã” Edward quase gritou ao ver que o olhar de Mike ainda acompanhava a moça que desfilava como uma bailarina.

 

“Ok” Mike respondeu abobado e voltando a concentração para os produtos.

 

“Edward, eu não quero outra barraca barata dessa vez” Disse ao entrar na loja e abusei do tom sedutor apenas para apreciar o rubor no rosto do menino.

 

“Rosalie é minha outra irmã” Edward explicou.

 

 Dei um sorriso encantador, fingindo estar encabulada e Mike sentiu-se um verdadeiro garanhão.

 

“Mike, acredito que seria melhor se nós simplesmente déssemos uma olhada por aí. Eu o chamo se precisarmos de algo”.

 

Emmett e Jasper continuaram do lado de fora da loja, pois, Jasper estava com a típica crise anti-humanos. A loja era pequena, então, rapidamente escolhemos todo o material, até o momento em que surgiu uma moça de características faciais semelhantes às de Mike.

 

“Mike, quem são essas pessoas?” Ela perguntou espantada, obviamente, devia ter chegado a conclusão de que estávamos organizando os equipamentos e não comprando metade da loja.

 

“Sei lá. Eles precisam de equipamentos para acampar, um monte deles” Ele justificou dando de ombros.

 

“Tem algo em que posso ajudá-los?” Perguntou a mulher de forma bastante prestativa.

 

“Não, obrigada.” Alice respondeu com um formoso sorriso, deixando tonta a Senhora Newton.

 

“Edward, como estamos indo?” Carlisle veio apressar-nos, pois quanto mais humanos presentes, maior o risco de sermos descobertos.

 

“Estamos bem, pai”.

 

“Meu nome é Carlisle Cullen, minha família e eu acabamos de nos mudar para cá”. Nosso pai explicava para os humanos incrédulos por sua beleza.

 

“Que... Legal” Respondeu a Senhora Newton batendo os cílios como uma menina apaixonada.

 

“Carlisle, querido, parece que isso está tomando um tempo tão longo” Esme interrompeu, abraçando amavelmente nosso pai e demonstrando compromisso e conquistando o sorriso de Carlisle e o olhar matador da Senhora Newton.

 

“Essa é a Esme, minha esposa” Carlisle explicou e notei o olhar da mulher pousar na aliança grossa de ouro nos dedos de ambos.

 

“Onde está o Jasper?” Alice precipitou-se. Imagino que a vontade dele por sangue humano já estava-o deixando louco e fazendo-o imaginar estratégias para aniquilá-los.

 

“Ele está no carro com Emmett” Carlisle respondeu claramente, relaxando minha irmã maluca.

 

“Quantos filhos você tem Senhor Cullen?” Questionou a Senhora Newton.

 

“Apenas cinco” Carlisle sorriu calorosa e verdadeiramente com a resposta.

 

“Nossa, é bastante...”

 

“Eles são todos adotados” Esme explicou.

 

“Ah... Entendo... É muito bondoso da parte de vocês adotar crianças...”.

 

Esme sorriu para Carlisle e para nós e voltou-se para a mulher “Nós decidimos há algum tempo abrir nossa casa para adolescentes com problemas. Tem sido uma experiência maravilhosa” Carlisle respondeu o sorriso beijando-lhe a testa e acariciando levemente as maçãs do rosto em formato de coração.

 

“Aonde vocês moravam?” A Senhora Newton clamava por atenção.

 

“Alasca”.

 

“Pai?” Edward chamou.

 

“Sim, Edward?”.

 

“Iremos pescar esse ano?” Edward perguntou apontando para os produtos nas prateleiras acima “Parece que eles têm uma boa seleção de carretéis e anzóis”.

 

 Todos percebemos que Edward havia notado alguma coisa e Carlisle foi rápido na resposta “Talvez em outra ocasião possamos olhar o  material de pesca. Por agora, sacos de dormir e barracas serão suficientes”.

 

“Ok”.

 

Pagamos rapidamente pela compra e fomos para fora da loja descobrir o que Edward queria contar.

 

“Acho que ocorreu tudo bem” Carlisle iniciou.

 

“Sim. Nosso disfarce está firmemente estabelecido” Edward ressaltou.

 

“Qual era o problema então?” Questionei com raiva da presunção dele por saber demais.

 

“A Senhora Newton estava pensando em compartilhar suas novas informações com uma tal de Senhora Stanley, e pelo tom de seus pensamentos, eu presumi que essa Senhora Stanley é algum tipo de rainha da fofoca. Senti que qualquer outra informação seria prejudicial”. Edward explicou.

 

“E fez muito bem meu filho, me orgulho de você.  Aliás, me orgulho de todos vocês” Carlisle respondeu com um brilho intenso nos olhos.

 

Carlisle voltou a trabalhar no hospital próximo a cidadezinha e Esme reformou a nossa enorme casa que dava de encontro com um rio, o lugar não poderia ser mais fantástico, e eu também tinha meu quarto no terceiro andar.

 

Os primeiros dias passaram lentamente, o ano letivo já havia iniciado e nós começaríamos na manhã seguinte, porém, para a nossa surpresa, um humano nos esperava próximo ao hospital; local marcado por Carlisle para um encontro.

 Era um homem com bigode e pela aparência era bondoso, justo, mas muito vivido e devia morar sozinho, pois, suas roupas estavam em condições precárias, as expressões eram vazias, o que simbolizava que era solteiro e sem filhos. Era como Edward, alguém sem ninguém.

 Entre tantos detalhes, havia um que aparentemente era o objeto de orgulho do homem: o Distintivo de xerife.

 

“Pai? Seremos presos ou algo assim?” Emmett perguntou brincalhão.

 

“Não, Emmett. Este aqui é o chefe de policia Charlie Swan e ele quer conversar um pouco com vocês sobre as regras da cidade” Carlisle comentava bastante relaxado.

 

“Olá chefe Swan, em que podemos ser-lhe útil?” Alice exibia-se para o moço.

“Bem Senhorita Cullen, basicamente as regras são: Não se envolver em problemas e não ‘andar pelo caminho errado’” Explicou o homem.

 

“Ok, Charlie, seremos ótimos adolescentes, mesmo estando em uma cidade nova. Pode ficar tranqüilo que não haverá ‘gandaia’” Alice dizia rápida e apaixonantemente.

 

“Por incrível que pareça, acredito em você senhorita, vocês não têm cara de ‘curtir uma bagunça’” Disse o chefe de polícia tentando imitar as gírias de Alice. “Sendo assim, boas aulas pra vocês crianças” Charlie prosseguiu enrugando um pouco a testa com um gentil sorriso.

 

 A palavra crianças provocou biquinhos de mim e de Alice, era estranho dizer, mas éramos muito mais velhas do que esse homem pouco experiente e muito vivido. Aparentemente, ele não entendia nada de jovens, pouco me espantava vê-lo sozinho, sem mulher e sem filhos.

 Meus próprios pensamentos causaram-me dormência e lucidez, pois, eu era oca assim como ele; jamais teria a graça de uma criança para alegrar meu lar, independente de onde estiver, ou, com quem estiver.

 

 Nos despedimos do chefe de policia e logo Carlisle iria nos matricular na Forks High School. A escola tinha o escandaloso número de 351 alunos, ou seja, era a prova concreta de que a cidadezinha de Forks era realmente minúscula, algo semelhante a um cubículo, com muita chuva e verde no redor. Estávamos todos ansiosos para mais um primeiro dia de aula em uma escola diferente, porém, com os mesmos humanos medíocres e volúveis.

 Edward como sempre queria expor seu carro chamativo e exibir-se para o colégio, então, meu Mercedes não foi aceito para as idas à escola nova.

 Edward estacionou o carro com toda a delicadeza do mundo, como se fosse algo feito de diamante, ou melhor, feito de porcelana, porque diamante é considerada uma das substâncias mais persistentes enquanto porcelana é facilmente quebradiça.

 

“Vamos, Edward, ninguém vai roubar seu precioso carro” Pensei cruelmente para que ele percebe-se que o mundo não girava apenas numa órbita sintonizada nele, ele deveria ter consciência de que existiam mais pessoas além dele próprio com seu cabelinho de bronze num topete mal ajeitado.

 

 Saímos do carro e ficamos esperando Carlisle para efetuar nossa matricula, isto porque, éramos todos ‘menor de idade’. Edward quase rugiu ao receber as boas-vindas de um grupo de alunas, era algo realmente intimidador. Notei que metade do colégio já estava a nossa volta querendo saber mais sobre os estranhos e maravilhosos novos-alunos.

 

“Humana luxuriosa se aproximando, logo à frente” Edward cochichou rapidamente para que compreendêssemos antes da chegada da garota. Jasper foi mais rápido e usou a própria mão para transmitir ondas de calmaria para Edward que estava bufando de repulsa.

 

 A humana era mesmo algo repugnante, ela caminhava com o peito estofado, achando-se a mulher mais bela da escola, era baixinha, e tinha os cabelos escuros, cacheados e um tanto rebeldes; era notável que ela era algum tipo de líder estudantil, ou então, uma garotinha metida a presidenta de turma.

 

“Oi, sou Jéssica Stanley. Vocês devem ser a nova família, ouvi tudo sobre vocês pela mãe do Mike” Tagarelava a garota sem ao menos tomar um pouco de ar entre as palavras.

 

 Eu estava errada, nada de líder estudantil, e muito menos presidente de turma, ela era a fofoqueira de plantão, pronta para identificar nossos pontos fortes e fracos para passar adiante, assim como numa revista sobre famosos. Seu suéter cinza combinava com a saia curta e dava a nítida impressão de que estávamos sendo entrevistados.

 

“Então, quais são os seus nomes?” Jéssica perguntou com um sorriso esperançoso para Edward e já percebi o motivo de tanto interesse, coitadinha, seria outra iludida.

 

“Sou Alice, esta é Rosalie, aquele é Emmett, Jasper e Edward” Alice informou rapidamente com a rigidez camuflada.

 

“Uau” A garota respondeu olhando demoradamente para cada homem de nossa família. Primeiro Jasper, o que irritou profundamente Alice que se postou logo na frente do amado, depois em Emmett, que foi protegido pelo meu abraço de ferro, e por fim em Edward que não tinha guarda alguma, era um alvo frágil para os olhares venenosos e desejosos.

 

“Prazer em conhecê-la, Jéssica, mas acredito que temos de ir agora. Nosso pai chegou!” Edward respondeu apontando para Carlisle que acabara de surgir no estacionamento, o que sem dúvida, era nossa salvação.

 Jéssica ficou ainda mais boquiaberta ao ver Carlisle, e sua expressão era algo deplorável, dava a impressão de que ela era algum tipo de carnívora insaciável, algo que nem nós éramos,  e que nosso pai era o melhor tipo de carne existente no planeta.

 

“Bom dia, crianças” Carlisle cumprimentou acenando com a cabeça.

 

“Bom dia, pai” Todos respondemos cinicamente para que Jéssica pensasse que nossa família era algo real. Carlisle percebeu nossa entonação e reprovou visualmente nossa atitude.

 

“Uau, Dr. Cullen. Muito legal te conhecer. Minha mãe... Quer dizer... A mãe de Mike me falou muito sobre você” Ela tagarelava abobalhada.

 

Carlisle levantou a sombrancelha para a garota tagarela.

 

“Esta é Jéssica, filha da Senhora Stanley” Edward apresentou e deixou escapar um comentário grosseiro, mas verdadeiro “Fofoqueira Junior” Ele disse enquanto a garota mostrava os dentes.

 

 Obviamente o comentário fora baixo o bastante para apenas vampiros ouvirem, e foi crucial para fazer Emmett cair na gargalhada.

 

“Encantado em conhecê-la... Temos uma reunião com o Senhor Green e não podemos nos atrasar. Se você pudesse nos indicar o escritório principal, eu ficaria muito grato” Meu pai anunciou deixando a garota fascinada com a intensidade das palavras.

 

“Er... Sim...” Ela engasgou-se “Bem ali”, prosseguiu apontando para a esquerda.

 

“Gentilmente agradeço, Jéssica. Por favor, dê minhas considerações à sua mãe” Carlisle pediu docemente, deixando a inócua garota estagnada.

 

 Carlisle indicou o caminho, indicando que deveríamos segui-lo, estávamos próximos à diretoria quando uma garota com cabelo liso, cor de milho bloqueou nossa passagem.

 

“Olá, sou Lauren Mallory. Se vocês precisarem de alguma ajuda com qualquer coisa, pensem em mim como o comitê de boas-vindas” Informou a garota em tom falsamente simpático, direcionando-se aos homens e percebi sua antipatia ao olhar para mim e Alice.

 

“Obrigada, Lauren” Alice intrometeu-se “Certamente pediremos sua ajuda SE precisarmos”.

 

“Ótimo! Bem-vindos a Forks!” Lauren acenou e decididamente correu em direção a Jéssica, ou seja, havíamos conhecido a dupla da fofoca.

 

 Edward balançou a cabeça para informar que não havia problema algum ainda e direcionamo-nos ao prédio da secretaria.

 O ambiente era bem iluminado e humanamente aconchegante. Alice prendeu-se aos detalhes dos vasos plásticos com plantas e Emmett dirigiu seu foco aos diversos prêmios na parede. Apesar de tudo, me espantei com a pouca noção de moda dessas pessoas, isso porque, a sala exibia um carpete horroroso na cor laranja manchado. E a geografia também era pouco estruturada, já que a sala era dividida ao meio por um balcão.

 

“Bom dia, você deve ser a Senhora Cope, eu sou Carlisle Cullen e esses são meus filhos. Temos uma reunião com o Senhor Green” Meu pai anunciou para a secretária de cabelo vermelho escuro.

 

“Sim, claro, deixe-me ver seus papéis” Ela procurou pelos documentos e localizou-os rapidamente em uma pasta grossa “Aqui está, o escritório do Senhor Green é atrás da porta” Ela sorriu largamente apontando para a porta atrás de sim mesma.

 

“Obrigado” Agradeceu Carlisle, e logo estávamos na frente de um par de olhos arregalados de um homem gordo e careca.

 

“Bem... Bem-vindos a Forks High School. Doutor Cullen, eu li os arquivos escolares de seus filhos e, devo dizer, estou muito impressionado com suas notas, podemos não ser uma escola avançada como a que seus filhos freqüentavam no Alasca, mas acredito que realmente promoveremos uma boa educação” Desculpou-se o diretor.

 

“Tenho certeza disso, eu apenas gostaria de discutir a Educação Física de meus filhos” Carlisle foi objetivo.

 

“Educação Física?” Questionou o diretor avaliando os músculos de Emmett, e nem precisei ter os dons de Edward para deduzir que o homem imaginava que éramos atletas profissionais.

 

“Sim. Meus filhos possuem uma rara doença de pele, da qual eu mesmo trato; é por isso que minha esposa e eu os adotamos. Não é nada contagioso, mas se exposta diretamente à luz solar, suas peles podem ficar muito infeccionadas, peço que não haja alarde quanto a isso, é uma situação muito delicada” Carlisle finalizou de maneira gentil.

 

“Oh, entendo... Bem, o uniforme da Educação Física da escola normalmente é short e camiseta, mas também fornecemos trajes longos” Disse o diretor tentando mostrar-se útil.

 

“Prefiro deixá-los em casa nessas situações, se não se incomoda”.       

 

“Como desejar... Vocês encontrarão seus horários na pasta e um mapa do campus da escola, se precisarem de qualquer coisa me procurem...” Prosseguiu o homem.

 

“Certamente faremos isso, obrigado” Carlisle despediu-se e retornamos ao estacionamento, encontrando a fofoqueira-rainha: Jéssica Stanley.

 

Despedimo-nos de nosso ‘pai’ enquanto Jéssica andava de um lado para o outro, e finalmente dirigiu-se a nós.

 

“Vocês sabem onde estão indo? Quais são suas primeiras aulas? Posso ajudar de alguma forma?” A ansiedade dominava a garota por completo.

 

 A memória vampírica armazena muitas informações complicadas, o mapa da escola estava pregado em  nossa memória à partir do momento em que o vimos pela primeira vez.

 

“Não, está tudo bem, obrigado” Edward informou rigidamente.

 

“Suas namoradas virão estudar aqui também?” Indagou, e percebi o motivo da sua real ansiedade... Saber quem era solteiro.

 

Ao ouvirem a pergunta, Jasper e Alice abraçaram-se e Emmett puxou-me para perto, desenhando delicadamente minhas curvas. Jéssica pareceu apavorar-se com a idéia de adolescentes que namoram morarem juntos e percebeu que Edward era o único Cullen solitário.

 

“E você...” Começou ela.

 

“Estou muito bem sozinho, obrigado” Respondeu Edward da forma mais grotesca que eu já vira, quase tive pena da menina... Quase! Para a resposta de Edward ter sido esta, bons pensamentos não passavam pela mente da garota.

 

 Realmente, fingir ser humano era uma coisa cansativa e monótona. Roupas da moda, coisas ineptas; bandejas de comida intocáveis na hora do intervalo, aulas com professores estranhos e pirados. Com o passar dos meses, tudo foi se amenizando, não éramos mais os ‘alunos novos’, éramos apenas, os estranhos exclusivistas vindos do Alasca.

 Pessoas iguais, vidas semelhantes, calmaria, estupidez. Tudo isso apenas aumentava nossa repulsa pelos membros da Forks High School. Em 24 meses nada havia mudado e Alice agitava-se na cadeira para mostrar que em breve alguma coisa cambiaria.

 

“Que dia é hoje?” Ela questionava na mesa do almoço como se não soubesse.

 

“Dia 11 de janeiro” Jasper respondeu tranqüilamente.

 

“Temos novidade” Alice informava sorridente e Edward continuava com sua expressão de poucos amigos, mostrando que não era nada de vital importância. “Daqui a uma semana teremos uma aluna nova na escola!”.

 

“Quem?” Emmett não agüentou a curiosidade.

 

“Isabella Swan, filha do chefe de policia” Alice adorava mostrar que sabia muito mais do que os outros.

 

 Ótimo, minha vida seria imensamente feliz com a presença de mais uma humana medíocre e idiota. Ironizei em pensamentos e notei que Edward estava com o mesmo estado de humor que o meu. Para ele seria mais uma mente inquieta e irritante, para mim, seria mais uma pessoa qualquer que exibiria uma vida pela qual nunca pude escolher... Esta humana seria ainda pior do que os demais, porque me faria lembrar que eu jamais seria uma verdadeira mulher, uma mãe... Eu seria sempre uma rosa cristalizada, linda, porém imutável... Esses eram meus pensamentos antes do ódio inundá-los...