Capítulo 1 - No One Is More Human - Parte 1

Lynn

—Filha? Acorda, você precisa ir pra escola. - Minha mãe me balançava na cama.

—Hmmmm... Não quero ir mãe, deixa eu ficar em casa hoje.

—Nada disso, vamos, levanta.

Levantei e fui direto para o banheiro, parecia um zumbi, ate me assustei quando me olhei no espelho, sem querer me arrumar muito fiz apenas um coque e prendi com meu cabelo mesmo. Fui ao guarda-roupa e peguei uma calça jeans e uma blusa de manga longa cinza. Desci as escadas e fui tomar o café.

—Cadê o papai? - eu perguntei.

—Esta ensinando seu irmão a atirar.

—Porque eu não posso ir também?

—Já disse que você e muito nova pra isso, e é uma menina.

—E o que tem de eu ser menina? Posso ser mais homem que Max, e minha idade não importa, ele e só dois anos mais velho que eu, a diferença de 15 pra 17 não é enorme. - eu respondi, era sempre a mesma coisa, sempre era perigoso demais pra mim, sempre era coisa de gente grande, como se aquele idiota do Max tivesse a mentalidade de uma pessoa madura.

—Ora filha, pare com isso, sua hora vai chegar, apenas se concentre na escola, e em por falar em escola, você não vai ao baile sexta feira?

—Claro que não mãe, pra que ir? Não tenho par e não me dou bem com vestidos, você sabe disso! - minha mãe não respondeu, olhei no relógio e vi que estava quase na hora de ir. - Tchau mãe, depois a gente se fala.

Dei um beijo na bochecha dela e fui para a escola.

Sempre fico esperando Anna do lado de casa para irmos juntas para a escola, já que somos vizinhas e estudamos na mesma sala, mas dessa vez ela se atrasou um pouso e eu resolvi ir sozinha e espera-lá na porta da escola, mas acabei tendo um desencontro com Abby, ela era uma daquelas meninas que não tem motivos para odiar alguém e faz da vida dessa pessoa um inferno, repetindo, sem motivo algum. Junto dela estava Madson e Claire.

—Nossa, um pássaro fez um ninho na sua cabeça? - ela disse e as suas amigas soltaram risinhos, muito irritantes.

Ignorei o comentário.

—Não sei como te deixam entrar na escola com um short desse tamanho, se situa garota. - eu respondi.

—Querida, meu pai e dono do espaço dessa escola, se eu quiser venho ate pelada que nada vai me impedir de entrar aqui.

Revirei os olhos e vi Anna chegar.

—Oi Lynn - disse ela me dando um abraço - desculpe pelo atraso e... Espera, o que elas estão fazendo aqui?

—Me enchendo a paciência, vamos, a aula já vai começar. - eu respondi.

O dia passou como uma lesma, e ao bater o sinal do intervalo Anna apareceu na minha frente.

—E ai, você vai pro baile?

—Claro que não Annie - eu a chamava assim - já te falei que não tenho par, e não tenho roupa, e não gosto de usar vestidos.

—Aaaaah, qual é Lynn, nós precisamos ir, pensa no quanto de caras gatos vão estar lá, e é o ultimo baile do ano, precisamos aproveitar. - Às vezes eu acho Annie mais parecida com Abby e suas cachorrinhas do que comigo.

—Tudo bem Annie, tudo bem, eu vou, por você. Mas eu só vou ficar um pouco.

Pude ver seus olhos brilhando. Eu odiava o poder que suas palavras tinham. Saímos então para o intervalo, e eu vi Mark Maximoff passando junto com seus dois colegas. Era uma coisa impressionante quando eles passavam, o corredor inteiro parava e abria espaço pra vê-los passar. Mark era aluno do terceiro ano e era o que podemos denominar de “famoso” na nossa escola, mas ao contrario do que todo mundo acha, ele e seus amigos não são nojentos e esnobes, muito pelo contrario, eles são as pessoas mais legais que eu conheço – ou gostaria de conhecer né-, mas pelo que eu sei, Mark gosta de Abby, então as chances que eu tenho contra ela são as mínimas possíveis. E sim, eu gosto de Mark Maximoff e não me orgulho disso.

Ao passar por mim, ele virou o rosto e me lançou um sorriso, eu derreti na hora, claro, e fiquei olhando para ele com o sorrisinho mais bobo que podem imaginar.

—Alo, Lynn, acorda e para de babar pro Mark, ele nem é tudo isso.

Sai do meu desvaneio e olhei em sua direção.

—Ah, eu me odeio.

—Porque menina, para de ser louca.

—Porque eu ainda insisto em gostar dele sabendo que não tenho chance alguma contra Abby? – Olhei para Anna, que me abraçou.

—Ai amiga, para com isso, você é uma pessoa maravilhosa, e se ele não te quer, quem sai perdendo é ele. – Lancei um sorriso em sua direção e voltamos a andar pelos corredores indo em direção ao refeitório. 

No dia do baile, estávamos na ultima aula, que era vaga, todas as meninas sussurravam entre si, ora falando dos meninos que havia as convidado, ora falando de suas roupas que usariam. Eu tentava com meu máximo não mandar elas calarem a boca, eu quase fiz, mas de repente um garoto, que sentava não muito a minha frente , começou a tossir desesperadamente, mostrando que estava com falta de ar

Eu corri para tentar ajudar, já que aquelas inúteis só lançavam olhares e falavam entre si, e ao tocar em sua pele, ele estava absurdamente quente, tentava falar alguma coisa, mas a tosse não deixava, por fim, quando pronunciou uma palavra apenas a qual eu não pude decifrar, ele começou a ficar pior, e voltou a tossir.

Tossia com quanta força que logo espirrou sangue em meu rosto e minha blusa, não havia notado, mas rapidamente Anna havia saído da sala e chamado a enfermeira da escola. Ele se virou e começou a vomitar sangue no chão, eu tentava fazer alguma coisa para ele respirar, mas nada dava certo, enfim a enfermeira chegou, e ele desmaiou, ela o levou consigo ate a enfermaria, alguns professores chegaram e perguntaram o que havia acontecido. Eu expliquei, e disse que Marco havia tido uma crise de tosse, ate pensei que ele fosse asmático, o professor mandou eu ir me limpar, e agradeceu a mim e a Anna por termos agido rápido. Anna veio comigo ao banheiro pois o sangue havia espirrado nela também.

— Que coisa louca cara, o cara tava bem e do nada quase morre. - Anna foi a primeira a falar.

— E eram tosses muito fortes, será que ele esta bem?

— Realmente, não tenho certeza, ele foi desmaiado para a enfermaria, só por causa de tosses, deve ser alguma coisa grave -Anna e eu paramos de falar, tinha certeza que ela estava também no que ele devia ter, com certeza era alguma coisa seria, não tinha como não ser.

 Estava quase na hora da Anna passar em casa para que minha mãe nos levasse ao baile, íamos juntas já que ambas não tinham par.

 Realmente eu não me dava bem com maquiagem, minha mãe chegou e ao me ver desesperada riu de minha cara e foi me ajudar.

Eu estava com um vestido azul-prateado, ele era bonito, tive de admitir, queria ir de tênis, pois saltos altos não me deixavam confortáveis, mas minha mãe me deu um sermão falando que tênis não eram chiques e elegantes. Tive que me render a suas palavras, o salto ate que não era tão grande, mas mesmo assim me incomodava.

Alguém tocou a campainha da nossa casa, fui ver pela janela e sorri ao ver Anna, que acenava felizmente em minha direção. Minha mãe me deu uma ultima olhada e suspirou e nós descemos as escadas de casa para irmos logo ao baile.

Ao abrir a porta pude ver que Anna usava um vestido vermelho de cor bem forte, ela estava deslumbrantemente linda.

—Você está linda - eu disse a ela.

—Ah, que isso, você está mais. Se o Mark não te notar hoje eu mesmo vou chegar nele.

—AH, MAS VOCÊ NÃO VAI NÃO.

—Ai, estranha. Eu tava brincando. – As duas demos risadas e entramos no carro.

Depois de mais ou menos 10 minutos havíamos chegado a escola. Suspeitei de não ver Abby, Madson e Claire na entrada zombando do meu vestido ou de alguma coisa em mim, mas não reclamei, na verdade, estava tudo muito bom pra ser verdade.

Assim que entramos no salão pude ver Mark aos beijos com Abby, tentei não demonstrar o quão mal eu fiquei na hora, mas Anna notou, virou meu rosto e começou a tentar levantar minha estima. Mas eu não ouvi uma única palavra do que ela disse, pois estava bem ocupada vendo Abby e Mark se beijando. A sessão dos beijos acabou e eu ainda continuei olhando os dois até que Mark virou e surpreendentemente olhou em minha direção, não pude continuar olhando para ele, eu estava mal, mas precisava disfarçar. Então virei o rosto para Anna e sorri para ela.

—Vem, vamos se divertir.

Fomos pegar bebidas pois estávamos com sede, fizemos algumas piadinhas e eu acabei olhando de novo para Abby e Mark mas meu desvaneio cessou quando uma menina gritou.

Seu grito ecoou o salão inteiro, fazendo todos se calarem e tentar achar de onde tinha vindo. Meu coração parou quando encontrei a cena.

A menina, aparentemente era um ano mais velho que eu estava sendo mordida no braço, não pude ver quem estava cometendo o ato de canibalismo, só sei que todos se desesperaram e começaram a correr de um lado para o outro, eu permaneci imóvel observando aquilo enquanto pessoas passavam na minha frente se empurrando e me empurrando também. A pessoa ao levantar a cabeça voltou a ser reconhecível, e me assustei, admito, com o que vi. Era Marco, o menino que ainda mais cedo tivera crise de tosse, ele deveria estar doente seriamente, pois agora tinha ficado louco. Ele largou o braço da menina que caia no chão sem forças para fazer nada, e agarrou o pé de um menino que corria por lá tentando sair do grande salão, mordendo sua perna assim que suas mãos se encaixaram na perna dele.