Na tarde daquele dia, um homem de idade mascarado, vestido com uma longa túnica, entrou no santuário de Helaryn e ajoelhou-se diante do altar do mesmo, como faz todos os dias. Subitamente, ao ter uma visão, ele se desequilibra e cai no chão, e então um dos guardas corre até ele e diz:

— Lorde Emon! Você está bem? O que houve?

— Sim, estou. Eu acho que... eu tive uma visão. — respondeu, se apoiando no altar para se levantar. — Ao anoitecer nós iremos torná-la pública. Prepare seus homens.

Enquanto isso, após ajudar seu pai na plantação, Wander montou em seu cavalo e saiu novamente.

— Wander, aonde você vai? — perguntou Yvrain.

— Eu só vou dar uma volta, pai. — respondeu.

— Não quer comer antes de ir?

— Não estou com fome, obrigado, mais tarde eu volto.

Wander continuou e fez o mesmo caminho que tinha feito mais cedo.

Chegando perto da casa em que Mono mora, ele a viu sentada na grama brincando com um esquilo vindo do bosque e resolveu se aproximar.

— Olha só quem tá aqui sentada na grama. — disse Wander, surpreendendo-a.

O esquilo se assusta e volta para o bosque.

— Oi, ah não, você assustou o esquilo. — respondeu desanimada.

— Desculpa, não foi a minha intenção. — disse sem graça — Quer procurar ele no bosque? A gente pode até achar mais se dermos sorte.

— Tudo bem. — sorriu — Vamos lá. — levantou-se.

Eles andaram pelo bosque conversando até o pôr-do-sol.

— Impressionante que nesse tempo todo não achamos nenhum esquilo. — disse Mono, rindo.

— Eu não tenho certeza, mas acho que eu vi um agora a pouco, mas eu estava distraído... — resolveu mudar de assunto — Você tá com fome? Vou pegar umas frutas ali.

Wander pegou seu arco e uma flecha e atirou em algumas mangas que tinha ali perto, que acabaram caindo no chão.

— Venha, vamos comer. — disse ele, sentando perto das frutas.

No anoitecer, Lorde Emon e seus homens chamam todos os moradores da vila para se reunirem na praça principal.

— Hoje à tarde eu tive uma visão. — começou Emon — Existe uma pessoa aqui que está amaldiçoada e trará infortúnio para todos nós. E para que isso não aconteça, nós teremos que sacrificá-la.

As pessoas se olharam assustadas.

— Essa pessoa, é uma jovem garota, uma que mora perto do bosque, ela é chamada de Mono. Quanto mais breve for o sacrifício, melhor. Onde ela está?

Todos procuraram a garota por lá, mas foi em vão.

— Ela não é aquela garota amiga do Wander? — Darine perguntou para os pais.

— Acho que é, mas onde ele tá? — perguntou Synae.

— Ele disse que ia dar uma volta hoje de tarde e ainda não voltou. — respondeu Yvrain.

Um guarda de Emon que estava perto suspeitou e perguntou em voz alta e clara:

— Esse Wander é amigo dela? Onde ele foi?

— S-sim, ele é. Mas eu não sei ao certo onde ele foi. Ele gosta de andar com o cavalo dele pelas redondezas. — disse Yvrain, nervoso.

— Vamos procurar o Wander, ele pode estar protegendo Mono. Vão! — Exclamou Emon.

Todos os cavaleiros montaram em seus cavalos e começaram a busca por Wander e Mono.

No bosque, Mono, com sono por causa do horário, falou:

— Já está tarde, você lembra o caminho que fizemos?

— Acho que sim, viemos por... — no meio de sua fala, Wander avista homens montados em cavalos segurando tochas aproximando e puxa Mono para trás de uma árvore.

Os cavaleiros passaram, mas um percebeu que o cavalo de Wander estava ali perto.

— Parem! Eles devem estar por aqui. — disse descendo do cavalo. — Wander! Eu sei que você está aqui! Entregue-nos a garota e tudo estará bem!

— O que eles querem comigo? — sussurrou Mono, com medo.

Wander e Mono tentaram fugir pelas sombras, mas Mono pisou em um galho, que quebrou ecoando um barulho.

— Não tentem fugir! — gritou correndo em direção ao barulho — O destino dela está amaldiçoado! Dê-nos a garota!

— Corre, Mono! — exclamou Wander, segurando a mão da garota.

De repente eles foram cercados por cavaleiros, deixando-os sem saída.

— O que vocês querem com ela? Ela não fez nada de mal!

— São ordens de Lorde Emon. Isso é para o bem de Helaryn.

Wander assobiou, chamando Agro que apareceu empurrando os cavaleiros. Ele pulou em cima do cavalo e puxou Mono para cima.

— Eu vou te salvar, Mono, nada vai acontecer com você.

Os cavaleiros estavam em número extremamente maior e seguiram Wander encurralando-o. O jovem garoto, por ser um exímio atirador, pegou seu arco e, em cima de Agro, atirou flechas nos homens, mas haviam poucas flechas e ele viu que não adiantaria.

Um dos soldados avançou pra cima do cavalo em que os jovens estavam, derrubando-os. Wander caiu em cima de uma pedra, ficando inconsciente, e assim, os cavaleiros levaram Mono para o santuário.

As últimas palavras que Wander ouviu antes de desmaiar foram “Wander, socorro...”.