Desculpa: Em outra ocasião, poderia ter dado certo.

Tradução: Se você fosse bom de cama, mais rico, e menos chato, poderia ter dado certo.

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Agora aqui estou eu, andando de um lado a outro na sala do meu apartamento, com Barry e Íris sentados no sofá a minha frente, me olhando preocupados. Meus amigos saíram do aconchego de seu lar no meio da noite, para me ajudar com minha crise existencial.

–E o que eu vou fazer? –pergunto retoricamente enquanto andava. –Sou uma mentirosa!

–Você não é mentirosa! –dizem juntos, em um impulso natural de me defender.

–Como não? Ele sabe que sou formada em TI, sabe a faculdade em que me graduei, mas pensa que eu sou suporte técnico da SGC, sendo que eu acabo com relacionamentos todos os dias! –grito para eles, perdida em tanta aflição. –E ele vai me odiar quando descobrir. E ainda preciso contar para Ray, que acabei me envolvendo com um cliente! –me sento no meio dos dois, com as mãos na cabeça, tentando conter o pânico e desespero que sinto.

–Ele não vai ser hipócrita a ponto de te julgar, ele mesmo está de rolo com uma cliente. –argumenta Barry, afagando minhas costas enquanto fala.

SEXTA ETAPA DO INFERNO DO TÉRMINO DE UM RELACIONAMENTO: AUTOPIEDADE.

–Oliver é um cara legal, Felicity. –Íris começa a dizer, puxando minha cabeça para seu colo, e coloco minhas pernas em cima das de Barry. Íris afaga meus cabelos carinhosamente, enquanto Barry brinca com a minha mão. –E você foi relutante até o último momento. Eu sinto que ele é o cara certo.

–Eu também. –falamos, Barry e eu, juntos.

–Deixa rolar mais um pouco. –Barry aconselha. –Tenho certeza, a essa altura ele já está completamente apaixonado por você.

–E quando te conhecer um pouquinho mais, vai ser impossível imaginar a vida dele sem você nela. -completa Íris. -Acredite em nós, falamos por experiência própria! -sinto uma gratidão imensa, por tê-los ao meu lado.

Continuo deitada no colo deles, me acalmando. Não sei ao certo quando dormi, mas senti quando Barry me carregou para minha cama, seus lábios em minha testa, e a voz doce de Íris me desejando boa noite.

Acordo pela manhã sem nenhuma vontade de ir trabalhar. Saio do banho e me pego olhando para meu closet, sem esperanças de encontrar algo que realmente me agrade. O problema estava total e completamente em mim, e eu tenho plena consciência disso. Por essa razão, escolho um vestido florido e alegre, com saltos amarelos, preciso aceitar minha miséria e de nada vai adiantar continuar a ter pena de mim mesma.

Chego a minha sala da SGC decidida a resolver minha situação. Quando olho para meus recados, já havia mais uma bola da vez do Slade para dispensar, suspiro antes de ligar para a pobre coitada e marcar um encontro na manhã do dia seguinte, estava triste de mais para destruir corações hoje, então remarquei todos os meus compromissos do dia.

–Ray, pode vir a minha sala, por favor? –peço pelo telefone.

Alguns segundos depois, e seu rosto bonito já estava em minha frente. –Em que posso ajudar, Fel? –ele se senta, completamente relaxado.

–Como vai Helena? –pergunto tentando ganhar algum tempo.

–Muito bem. –o sorriso em sua face se alarga um pouco. –Estou feliz com ela. –diz com sinceridade.

–E eu por vocês! –falo, sendo totalmente verdadeira. –Formam um casal tão bonito, que as pessoas devem querer bater em vocês! –penso, percebendo ter falado em voz alta quando Ray começou a gargalhar.

–Não sei como ainda é solteira Felicity, você é com toda certeza a mulher mais interessante que conheço. –Ray assim como eu nasceu sem filtro em seus pensamentos, por essa razão não me sinto desconfortável com o que ele acabou de dizer, pois eu sabia que estava apenas sendo sincero, sem más intenções.

–Não estou solteira, bom, não exatamente. –começo a explicar, tentando não me atrapalhar com as palavras. –Ray, acho que vai ficar muito bravo com o que tenho para lhe contar...

–Oi pessoas! –Barry aparece na porta da minha sala, com seu sorriso largo.

–Você não deveria estar no departamento de polícia, Barry? –Ray questiona, erguendo uma sobrancelha.

–Não. –ele se senta na outra cadeira. –Ganhei três dias de bônus em um sorteio que houve no departamento hoje, então vou trabalhar com vocês em tempo integral pelos próximos dias. Fel, se quiser me passar algum caso, acho que vai ajudar. –confirmo, entregando minha agenda para ele.

–Escolha o que quiser, e é seu.

–Mas continue, o que estava dizendo. –incentiva Ray, Barry ergue os olhos para mim apreensivo.

–Eu estou envolvida com Oliver Queen. –solto tudo de uma vez só. –E se quiser me demitir por isso, eu vou ficar arrasada! Mas vou entender, eu sei que quebrei a regra mais importante de todas, e que traí sua confiança. Eu realmente sinto muito por isso, mas eu não queria, eu tentei evitar. –disparo, já com os olhos cheios de lágrimas. –Sinto muito Ray, você me ajudou quando eu mais precisei, e eu traí sua confiança...

–Felicity. –o escuto pronunciar meu nome devagar, me fazendo olhar para seu rosto que estava calmo. –Eu estou saindo com uma cliente, e acho que estou me apaixonando por ela, quem sou eu para te julgar?

–Não está bravo? –fungo, perguntando surpresa, enquanto secava as lágrimas que escaparam de meus olhos.

–Claro que não! Além de uma das minhas melhores amigas, você também é minha melhor funcionária. Sem ofensas Barry. –acrescenta rapidamente.

–Não ofende. –dá de ombros, sem se importar.

–Ele sabe em que você trabalha? Pelo que me lembro, o contrato dele era confidencial. –vejo que não é sua intenção me acusar, ele estava simplesmente curioso, talvez, até mesmo um pouco preocupado.

–Não. –respondo triste. –Esse é outro problema que preciso resolver.

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Chego a minha casa no meio da tarde, precisava colocar minha cabeça em ordem, decidir o que eu faria em relação a Oliver. Haviam duas opções, e nenhuma delas me agradava. Resolvi tomar um banho com velas e espuma, era o mínimo de conforto que posso ter. Após alguns minutos na banheira, já estava muito mais relaxada, com meus pensamentos mais claros, quando meu celular começou a tocar.

‘Felicity.’ Escuto a voz de Oliver, do outro lado da linha.

–Oi, como foi seu dia? –meu coração se acelera insanamente, e um sorriso enorme se forma em meu rosto, pareço uma adolescente apaixonada.

‘O pior possível.’ responde desanimado. ‘Mas acabou de melhorar, assim que ouvi sua voz.’ Suspiro.

–Por que você é tão charmoso? –murmuro, muito mais para mim, do que para ele na verdade. –Tudo seria tão mais fácil, se você fosse um idiota prepotente, mas não! –reclamo o fazendo dar risada do outro lado da linha. –Você tem que ser lindo, preocupado com o melhor para a cidade e ter ótimos amigos...

‘Você me elogia em tom de crítica.’ Suas risadas aumentam. ‘Fica aí reclamando, como se também não tivesse culpa no cartório!’

–Como é que é? –engasgo, surpresa.

‘Você poderia ser menos fascinante também, sabia?’ Brinca. ‘Poderia não ser tão linda... Por que não experimenta sei lá, pintar um dente de preto, ou parar de pentear os cabelos.’ Ele fica em silencio por alguns segundos. ‘Esquece essa história dos cabelos.’ Diz finalmente, quando eu já estava pensando que a ligação havia caído. ‘Isso só te deixaria mais sexy... mas o dente pode ser uma opção!’

–Oliver! -exclamo rindo.

‘O que é?’ sua voz transborda inocência. ‘E ainda tem esse coração enorme, que tornou totalmente impossível que eu não me apaixonasse.’ Sua voz é intensa e grave, me causando arrepios de excitação. ‘Eu acho que estou apaixonado por você, Smoak.’

Prendo a respiração, meu coração parecia a bateria de uma escola de samba brasileira, em plena Sapucaí. –Eu acho... que também me apaixonei por você. –quando percebo, as palavras já haviam escapado por meus lábios.

‘Onde você está agora?’ Sua voz estava rouca e urgente.

–Na minha casa. –respondo igualmente intensa.

–Estou a caminho. –é tudo o que diz, antes de desligar o telefone.

Saio da banheira apressada, procurando algo apropriado para vestir. Era agora ou nunca. Preciso dizer a verdade a ele.