Atração Perigosa escrita por BTrancafiada


Capítulo 29
Capítulo XXVIII - ALISON


Notas iniciais do capítulo

Booa leitura :))



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“Se você está pensando,
Que eu estou me importando,
Claro que eu estou!
Eu não sou feito essa gente,
Que ama e, de repente,
Tchau, e se acabou…”

Vinicius de Moraes

7 Semanas Depois...

Não sei se deveria ou se eu tinha direito, mas avisei ao Tom que estaria me mudando para Bevery Hills. Consegui uma vaga em uma faculdade da tão cinematográfica cidade e não pensei duas vezes em sair daquela vidinha limitada.

Carlos – que já tinha terminado a faculdade de Moda – conseguiu um emprego em uma loja de moda feminina que estava crescendo na cidade e ele ficaria no dormitório pago da minha faculdade.

Tom e eu não conversamos mais desde o dia em que eu o encontrei na padaria e o avisei da faculdade, Rachel mudava de calçada quando me via, no começo isso me magoou, mas depois percebi que ela também errou comigo.

Podemos nos ver? Mesmo que seja pela última vez? Na padaria, se puder, agora. ~Tom

Olhei o visor mais algumas vezes antes de fechar a mala pronta e pegar as chaves do carro para ir encontrá-lo na única padaria da cidade.

***

Cheguei e o avistei na parte interna do local, na mesa do canto bem perto do vidro e entrei meio nervosa com o rumo que a conversa poderia tomar.

Ele estava com os olhos vermelhos e inchados, o resto do rosto pálido e a boca roxa. Sentei no banco que estava encostada na parede e chamei a garçonete, pedi um café e Tom tirou as mãos do rosto e me olhou nos olhos.

– Ela está piorando. – Ele mexeu o líquido preto em sua xícara. A garçonete chegou enchendo a minha xícara e eu coloquei a quantidade de açúcar que eu gostava.

– Ela continua internada?

– Foi internada novamente ontem, ela começou a tossir sangue e eu fiquei desesperado. Rachel entrou no quarto e começou a chorar e o olhar de desespero dela... De Isabel, aquilo me matou. De repente, eu olhei pra ela e vi a minha esposa e não a pessoa que estava, de algum modo, me impedindo de ser feliz com você. – desabafou sussurrando. – Eu não quero que ela se vá. Mas eu quero ser feliz com você...

– Tom, está tudo acabado entre a gente. – eu disse chorando não por repetir aquilo, mas por imaginar a cena com Isabel. – Se você vê Isabel como alguém que te impede de ser feliz comigo, vai me ver como alguém que destruiu sua felicidade com Isabel e Tom, eu não quero isso. Por favor, eu não quero.

– Alison, eu estou com medo que ela morra. Não posso entrar na sala, não me deixam entrar e agora não a colocaram mais na sala com janela de vidro. Não aguento mais ver Rachel pesquisando tratamentos milagrosos na internet e odeio saber que isso tudo não vai adiantar. Ela está morrendo e o pior é que eu também estou. – Eu bebi um pouco do meu café e foi só isso que ficamos fazendo a tarde inteira ali.

Isso vai parecer clichê, mas eu vi amor nos olhos de Tom, eu vi. Vi amor – isso vai parecer egoísmo – por mim, por ele, por Rachel e por Isabel e mais precisamente pela vida de Isabel.

Aquilo foi lindo. Mesmo sendo inconviniente, foi a primeira vez que vi Tom como marido de Isabel e não como “pai de Rachel que era casado com a mãe da Rachel”, não, eu vi amor. Eu vi.

Eu vi a dor, mas eu a ignorei. Eu toquei a mão de Tom quando a padaria esvaziou e só aquilo significou algo. Algo pra mim. E algo diferente pra ele. Mas significou e foi para os dois.

Tudo que passei com Tom foi lindo, foi surreal e me fez flutuar enquanto durou. Mas havia tanta coisa em jogo, tudo bem, amar é abrir mão, mas eu poderia segurar a mão dele depois que ele fechasse a mão para Isabel? Não, eu não poderia. Conclui. Não porque eu me sentiria uma destruídora de lares, mas porque eu sempre sentiria o peso do braço inteiro de Isabel.

– Eu quero que você seja muito feliz no que você esolher estudar. – Ele brincou com meus dedos. – E não esqueça de mim.

– Eu não vou. Esse é o problema, eu não vou.

– Isso parece a solução pra mim. – Nós sorrimos e eu senti as lágrimas em meus olhos. Aquilo era uma despedida, mas não teve adeus.

– Eu tenho que ir. Acordarei cedo amanhã, tomar algumas providências. – Levantei deixando uma nota de dez dólares sobre a mesa e passando a mão em seu ombro. A rua estava cheia as famílias passavam para ver o circo, reconheci vários rostos, mas não respondi a nenhum aceno ou sorriso.

De repente lembrei de Rachel, ela adora circos. Abri a porta e coloquei a cabeça para dentro, Tom olhou rapidamente para trás e parecia assustado.

– Diga a Rachel. Diga a ela sobre essa nossa... conversa, já que ela foi o nosso modo de adeus. – Pode parecer louco, porque eu estou triste, mas eu estava rindo enquanto dizia isso para ele na padaria vazia.

Ele empurrou a cadeira e puxou minha mão, nós saímos da padaria e ele me jogou contra a porta de seu carro e pegou meu rosto com as mãos.

Puxei seu rosto para perto do meu e percebi que seu cabelo estava grande, bem maior do que já vi em toda a vida, gostei daquilo. Senti sua barba enquanto alisava seu rosto e ele me beijava.

O beijo foi calmo, mas suas mãos estavam urgentes. As pessoas estão olhando, pare. Pare. Tentava repetir para mim mesma, mas não conseguia, eu simplesmente não podia...

Senti uma lágrima caindo do meu rosto de felicidade e de dor também.

Só nos separamos quando ouvi as palmas de Carlos do nosso lado.


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Notas finais do capítulo

Amo vocês e posto o próximo com 1 comentário!



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