Atração Perigosa escrita por BTrancafiada


Capítulo 15
Capítulo XIV - ALISON


Notas iniciais do capítulo

Booa leitura :))



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“O difícil é quando ele é o cara errado pra você, mas você é a mulher certa pra ele. Aí fode tudo. Errado com errado acaba em putaria, certo com certo acaba em casamento, mas errado com certo acaba em eu deitada na cama chorando em cima do travesseiro. Acaba comigo.”

Tati Bernardi.

Sabe quando você acorda e a frase que você mais usa na vida começa realmente a fazer sentido? Por exemplo, “Está tudo bem” é a frase que eu mais uso e certamente eu uso ela sempre no dia-a-dia.

Lembro-me que comecei a usar esta frase muito cedo e por mais que as pessoas mal percebessem, eu estava mentindo. Não, não estava tudo bem, eu estava magérrima e minhas amigas com corpos maravilhosos diziam que queriam ficar magras como eu, mas, na verdade, ninguém queria. Eu fingia que adorava meu corpo, mas venderia a minha casa se pudesse trocar de corpo com alguém, foi muito difícil a minha pré-adolescência.

A minha aceitação comigo mesma só melhorou – ou eu só consegui fingir que não existia – quando eu conheci Rachel, eu jogava toda minha repulsa comigo mesma nela, eu ficava nos comparando o tempo todo, dizendo as minhas chances e as meias chances que ela teria. Quando completamos 14 anos, Ray se cansou e aquilo me frustrou muito. Estávamos em minha casa e eu tinha comprado uma blusa simplesmente porque eu tinha que comprar algo no shopping, mas ela não ficou boa em mim, então emprestei para Ray e ficou maravilhosa nela.

“Eu gostei.” Ela disse animada mudando de pose em frente ao espelho.

“É ficou mais ou menos.” Murmurei morrendo de raiva porque havia ficado melhor nela do que em mim. “Se eu tivesse comprado um número menor...”

“Não, ia continuar horrível, Alison.” Ela se virou pra mim e colocou o dedo bem dentro da minha cara. “Se a sua vida está uma merda, não desconte em mim, ouviu?! Eu cansei. Eu não tenho mais onze anos!”

“Eu te fiz, O.K.? Você é tão estúpida. Sem mim você ainda estaria entrando na VS apenas pra ‘dar uma olhada’.” zombei dela sem sentir o menor remorso.

“Isso mesmo, Ali. Você me fez. Eu venero você. Eu queria ser igual a você. Eu queria saber me vestir tão bem quanto você! Queria saber parar de comer chocolate como você! Eu queria conhecer as melhores pessoas como você! Eu queria bombar nas festas como você. E eu queria saber mentir tão bem quanto você!” berrou, naquele momento me levantei da cama e fiquei bem na frente dela.

“Então agora eu sou mentirosa?”

“Você sempre foi, Alison. Você tinha essa cara de quem estava bem, mas você não estava bem e você não está bem. Eu adoro você, eu juro que adoro você. Mas se você não está feliz consigo mesma não desconte em mim.”

Aquilo foi o suficiente para expulsar ela de minha casa e o suficiente para me acordar sobre mim mesma. Na semana seguinte fui a um nutricionista, comecei a malhar e comecei a me alimentar melhor, fui ganhando massa e ao invés de jogar isso na cara de alguém deixei que as pessoas percebessem sozinhas.

Quando eu estava bem e feliz comigo mesma, eu e Rachel voltamos a conversar e nos tornamos amigas inseparáveis. Acabamos mudando de escola – sim, fomos para a mesma – e lá conheci Brad.

Agora estou me olhando no espelho, estou nua e estou tão feliz e só consigo pensar que se Ray não tivesse gritado comigo e me dito a verdade, eu poderia estar anoréxica agora ou nem estar, poderia estar morta.

Volto a pensar no presente e ligo o chuveiro. Quando acabo de tomar banho e vou me maquiar, toco meus lábios e fecho os olhos lembrando da sensação de ontem.

Involuntariamente – ou voluntariamente apaixonada – eu sorrio e quando abri os olhos estava corada. O roupão da esposa dele ainda estava no banheiro então, o vesti e passei para o quarto de hóspedes.

Coloquei uma roupa mais profissional hoje, pois iríamos ao médico. Uma calça jeans escura, uma blusa creme de mangas que eram um pouco transparente nas mangas, a única bota que eu trouxe e pego uma mochila que esqueci aqui. Dentro dela coloco todos os analgésicos de Tom, um casaco e meus documentos. Coloco meu celular no bolso e já desço pronta.

LOOK DA ALISON

Não pensei na sensação que sentiria quando encontrasse Tom hoje, mas a sensação de vergonha, felicidade e ansiedade que estou sentido agora parece até prevista. Ele está usando uma camisa pólo verde escura e uma calça preta.

– Você parece a minha esposa. – Ele me dá a mão no fim da escada e eu a pego rindo.

– Esse era quase que o objetivo. – Eu olho em seus olhos e sei que o que eu disse teve um duplo sentido, mas estou muito perdida em seus lábios para ligar. O beijo é rápido quase que nos empurramos quando termina.

Ele está sorrindo, mas quando o abraço, vejo uma foto dele e de sua esposa e a culpa mergulha em meus estômago e me sinto tão envergonhada que acho que irei vomitar.

– Desculpe, não devemos fazer isso. – eu me desculpo jogando o cabelo para trás e ele pega minha mão.

– Não faça isso. Não somos culpados por gostarmos um do outro. – Ele me puxa para perto e coloca minha mão em seu peito sobre o coração. Eu não olho para seu rosto, mas sei que ele está me olhando.

Ele levanta minha face e me dá um selinho rápido.

– Você é maravilhosa. – Ele alisa meu rosto e beija meu pescoço. Sinto meu corpo esquentar e ficou apenas acariciando suas costas por debaixo da camisa.

Ouvimos a buzina do táxi e eu saio de seu abraço. Apesar de gostar dele ainda estou um pouco envergonhada com nossos toques e essas expressões de carinho.

Quando vou girar a maçaneta, ele me prende na porta e me dá outro beijo.

– Estou louco por você. – Ele beija meu pescoço e me alisa, eu mordo sua orelha e depois beijo seu queixo antes de beijá-lo.

Ele sorri. – Agora sim, já estava preocupado que você não gostava de mim.

– Eu gosto. Só acho que você está sendo urgente demais. – explico abrindo a porta.

Estamos no consultório do médico, ele é um homem baixinho de olhos grandes e castanhos, calvo e gordo. Ele mal olha para mim enquanto examina Tom, quando termina eles sentam na cadeira em frente a sua mesa e eu fico em pé encostada na maca que tem ao lado da sala.

Cruzo os braços e a mochila fica bem perto de mim. – E então? Ele vai tirar o gesso?

– Sim e não. – responde olhando para o computador. – Ele vai apenas diminuir o comprimento do mesmo, agora vai até o joelho. – Ele pega o papel e começa a anotar as receitas. – Terá que diminuir as doses dos remédios para duas por dia, uma às 15:00 da tarde e outra às 3:00 da manhã. – Ele carimba e assina. Pego o papel e o guardo na bolsa. – Você tem uma ótima filha, Sr. Parrish.

Ah, ela é apenas minha cuidadora passageira. – ele responde se levantando e apertando a mão do médico. Uma luz dentro de mim se apaga pelo modo que ele falou, mas tento não pensar nisso agora.

Seguimos ao corredor até a sala em que ele mudará o gesso.

No caminho Tom tenta puxar assunto comigo, mas eu mal o respondo e na maioria das vezes nem olho para ele. Estou irritada demais com ele para me importar com o que diz ou pensa.

Chegamos em casa e quando Tom me puxa para um beijo eu me afasto.

– Eu tenho que buscar meu irmão na escola e levá-lo em casa de volta. Vai vir junto?

– Não, eu quero descansar um pouco. – Ele vai em direção ao sofá e se senta. – Você sabe onde estão as chaves.

Coloco minha jaqueta e bato a porta com força ouvindo-o bufar no sofá.


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Notas finais do capítulo

Posto o próximo com 2 comentários. Mancada do Tom, hein?

BEIJOS!



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