Acordei atrasada pra ir pro restaurante, e corri pra acordar a Holly e ir me trocar, como estava frio para um caralho, coloquei uma blusa cinza e uma jaqueta de couro, jeans rasgado e vans.
Holly como sempre mocinha sapatilha e roupas fofas.
Como era bem cedo não tinha ninguém pra perceber que estávamos atrasadas. O dia foi bem tranquilo, no meio dele Holly teve que sair pois teve uma pequena emergência(cólica), mas fiquei conversando na maior parte do tempo com os clientes, que ficaram curiosos sobre o Brasil, eu quase ser albina, e ruiva.
Quando todos foram embora, eram umas 21:00 e eu estava limpando o balcão para fechar quando ouvi um barulho que percebi como de alguns tiros, a primeira coisa que fiz foi me jogar no chão, depois de 10 minutos mais ou menos me levantei e comecei a ligar pra Holly me buscar, até que alguém se jogou contra a porta, não reconheci na hora, mas quando ele se encostou ofegante no balcão entrei em desespero.
—ME DA UMA FACA! – O que diabos ele iria fazer com uma faca?
Meu segundo dia em NY e um cara, o cara mais lindo que já vi na vida entra sangrando na lanchonete em que trabalho, pedindo uma faca.
Ótimo recomeço Bia, amazing!
—CADÊ A DROGA DA FACA?
Peguei a faca e corri até ele, quando vi que ele tinha uma bala, alojada num lugar na cintura que não sei dizer pois não sou medica, fiquei louca de desespero, tipo:
—Ai meu deus, vou chamar uma ambulância..
—Você é idiota? Tira essa bala do meu quadril !
—Eu não vou enfiar uma faca em você!
—VAI ME DEIXAR MORRER ENTÃO?
Ele sentou inclinado em um dos sofás e eu tirei a jaqueta e a blusa dele pra tentar ver melhor. O fato de eu não querer matar alguém fez com que eu ficasse com medo e chorar, não que eu seja toda manhosa, mas eu estava em desespero tá bom? Dá um desconto!
—DROGA! Você está mesmo chorando? É só enfiar a faca e tirar a bala pra fora, só pegou de raspão.
Depois de tremer um pouco e ele fazer umas caretas de dor que me deram muita dó, eu consegui tirar aquela bala dele, então, como eu assisto muito filme de ação percebi que eu tinha que amarrar algo na cintura dele, peguei um pano molhado e tirei o sangue em excesso e amarrei com força(se é que se pode chamar de força) a blusa dele, que parecia um pouco cara, mas idai? Salvei a vida dele u_u. Quem é que iria fazer nada de útil da vida em NY família? Chupa essa.
—Valeu!
Ele começou a cambalear até a porta como se tivesse acabado de tropeçar apenas.
—Tá louco? Vai sair por ai, sangrando, com atiradores lá fora?
—Eles não são mais problema. -Porque aquele olhar vázio me indignava tanto senhor!?
—Não quer pelo menos uma carona? Você levou um tiro e parece que nem percebeu.
—To acostumado. -E saiu, ele foi embora!
Andrew Chadwick saiu de lá com a maior cara de “foda-se”. E ainda disse que quem atirou nele não era mais problema.
Desculpa ai leitor, mais isso deixa bem claro que ele fez algo com os caras, nem seria de se impressionar, como assim acostumado com tiros? Como?
Bom, liguei pra Holly me buscar e contei tudo pra ela, e eu teria que limpar todo o sangue no dia seguinte, claro.
“Valeu” foi o agradecimento por eu salvar a vida dele.
Eu ainda estava em choque quando chegamos em casa, Holly também.
—Nunca mais te deixo sozinha. Desculpa!
— Tudo bem, eu só preciso dormir. -Disse e fui tomar um banho antes de deitar. Fiquei pensando sem querer nos olhos cinzas e aparentemente vazios dele, como tão bonito e tão frio?
Dormi com esses pensamentos.
...
Holly contou a Johana o que havia acontecido e ela mandou que fechássemos mais cedo por conta das coisas que estavam acontecendo pela cidade, o que deixou a Holly animadíssima pra sair, pois era sexta-feira e estamos livres!
Fechamos as 18:00 e chegamos em casa 18:15, portanto estava com tempo de sobra pra dormir já que a festa era só 22:00...
Cheguei e abri meu computador, e tinham muitas mensagens que eeu responderia depois, então coloquei Dr.house até eu sentir sono.
Dai minha colega de quarto linda, maravilhosa, que eu não vou matar porque sou legal me acordou as 20:00 porque não sabia o que vestir, e como sempre, eu também não.
—A festa é de que mesmo? -Perguntei
—É uma balada eletrônica no centro, não é muito fácil entrar, mas eu consigo.
—Sua mãe sabe sobre isso?
—NÃO, por favorzinho, não conta!
—Até parece né, porque eu contaria?, enfim, vou vai com seu salto vermelho, o short branco, aquela blusa vermelha que está em cima da cama e eu faço a trança embutida nessa coisa loira na sua cabeça, agora me deixa dormir. E passa um batom vermelho, 2beijos.
—E você? Seu Andrew vai estar lá. – ela riu.
—Vou com meu tênis de cano alto preto, calça de cintura alta, meu cropped de manga branco e touca cinza. E o batom vermelho que não deve faltar em ninguém...agora posso dormir?
—Não, temos que começar a nos arrumar agora! Deixo você ir de tênis se for de shorts também.
—Sem chance! -ela podia ser acostumada com aquele frio, mas eu?
—Aff, ok, vou me arrumar e você também!
Na hora que ela saiu do meu quarto eu deitei de novo e curti 5 minutos dela até ter que ir tomar banho.
Holly ficou ainda mais linda com a roupa que escolhi e a trança, loira angelical do cacete!
Mas tudo bem universo, porque eu também não sou a pior ruiva do mundo. E ela estava certa sobre o tempo que nós duas iriamos demorar pra estar prontas. Pois saímos de lá 22:00 em ponto, e fomos pra tal balada cujo nome era Kiss, o que me fez pensar muito sobre o incidente no Brasil com a balada de mesmo nome.
—Fica tranquila, não é provável que essa pegue fogo Bia. – eu nem estava com medo, só estava analisando a situação. – de novo!
—ELA JÁ PEGOU FOGO?
—Quase, mas não fez nenhum estrago, é que os idiotas ficam fumando lá dentro e já sabe né?
Quando chegamos imaginei que deveria ser uma das poucas baladas da cidade, já que a fila era IMENSA. As garotas pareciam ter saído de um filme do american pie, de tão curtas que eram as roupas, SINCERAMENTE!
Estacionamos não muito perto, a Holly disse que sabia uma entrada rápida do lugar, e entramos por um dos camarotes, o que foi engraçado porque eu não gosto muito de trapaça, e fiquei com um puta medo de ser pega.
O camarote não era muito cheio, então fui direto pra ponta dele pra observar a pista enquanto Holly ia com os amigos ( que não me pareceram do tipo confiáveis, não só porque me olharam com cara de “Brasileira se acha” ) buscar bebidas.
Eu sabia que ele estaria lá, mas até o momento não sabia que ligava. Quando vi ele lá bebendo e fumando com aqueles caras, fiquei furiosa por ter ficado preocupada com o tiro da noite passada, pois, eu nem o conheço.
Fui pegar uma bebida pra mim e evitar trombar com a galera que estava com a Holly, ou com ele.
...
Acho que já tinha bebido um pouquinho demais, então fiquei apenas curtindo a música pulsando.
—Você sumiu louca! -Holly, sozinha, com cara de choro, Bia, não muito sóbria...Maravilha.
—O que aconteceu?
—A Layla está beijando o Math.
—1° Quem é essa?, 2°Você não vai deixar isso estragar seu rolê, porque você é maravilhosa e não merece!
—Uma das minhas amigas, eu sei que não devia chamar ela de amiga por estar fazendo isso comigo, ou nenhum deles, mas eu queria ser como eles.
Arrastei ela até o banheiro.
—Pelo que vi, você quer ser como, uma garota que pega o cara que a amiga gosta, outras que se vestem com roupa de (me desculpe) vadias, garotos, que provavelmente são os mais populares da sua escola, já pegaram cada uma delas, e querem pegar você e te deixar com fama de vadia, assim como elas. Se é como eles que você quer ser, siga em frente, ou continue sendo a Holly maravilhosa que conheço desde criança que é a garota mais meiga que já vi. – a esse ponto ela já estava chorando.
Holly me abraçou e eu fiz ela arrumar a maquiagem que eu tinha deixado perfeita antes dela chorar e borrar toda.
Saímos pra dançar e evitei ao máximo deixar ela olhar pro tal de math, e também me permitir olhar pra ele.
...