Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 79
Capítulo Cinco - Despedida de Solteiro


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho. Boa leitura :)



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— Dó?

Ele a olhou com aqueles olhos grandes e a tocou com as mãozinhas pequenas. A profundidade naqueles olhos cinza era tão grande, que toda vez que ela olhava aquele rostinho podia jurar que se afundaria naqueles olhos e viveria para eles para sempre. Aconteceu na primeira vez em que o viu, quando diante de suor, lágrimas, dor e então alívio, nessa ordem, o colocaram em seus braços. Aquele rostinho vermelho, aquela cabecinha cabeluda, seus pais a falavam que ela nascera cabeluda, então ela sabia de quem ele puxou. Os cabelos eram negros, profundos, como os dela e os dele.

Ele.

As semanas passaram rapidamente depois daquele beijo na sala. Ele cumpriu a promessa e buscou Ethan, Natsumin o acompanhou e, pela primeira vez na vida, teve uma sensação diferente. Como se não tivesse que carregar um peso sozinha, como se tivesse alguém do outro lado ajudando-a a levantar a pilastra que desabou sobre ela. Embora fosse grata pela ajuda de todos, nenhum deles tinha a obrigação como pais. Como ela e, agora, ele.

A maternidade era como uma roda gigante. O tempo vai, ela ia subindo, admirando o encantamento da primeira vez, então chega um momento que a altura é tão grande, mas tão grande, que ela só quer descer, quer admirar a vista do nível do solo, com os pés no chão. Mas depois que se tornou mãe, seus pés ficaram muito, mas muito longe do chão e Natsumin sentia que ia subindo cada vez mais, chegava a perder a respiração, as noites eram muito mal dormidas, ela ainda não tinha se acostumado a ser mãe, muito menos mãe solteira, então seus amigos começaram a ajudar, pessoas foram surgindo em seu caminho e em nenhum momento ela se sentiu sozinha. Viktor surgiu em sua vida no momento em que mais precisou e toda a gratidão que tinha com ele a impedia de ser sincera consigo mesma e admitir que, de fato, o amor que desenvolvera por ele era essencialmente formado por amizade e gratidão.

Alexy também fora essencial, quando ela precisava trabalhar até mais tarde, ele ficava com o menino, Rosa, Leigh, Viktor... ela era grata pelos amigos que tinha.

E toda essa caminhada contribuiu fortemente para a decisão que tomara hoje.

— Sim, dó. — Natsumin beijou a cabeleira negra no topo da cabeça de Ethan, sentado em seu colo. O restaurante estava vazio e fechado. Apenas uma luz pontual do palco estava ligada, iluminando-os junto àquele piano marrom. O pequeno tocou a tecla, como ele a ensinou e depois vibrou com o som que emitiu. Natsumin sorriu e uma lágrima escapou de seu rosto. Quantas memórias coletou naquele lugar, quantos..

— Natsumin.

Ele surgiu diante do breu, o rosto sereno e a voz firme. Cristo, ele estava tão bonito. Chegava a doer. Ele engoliu em seco, o maxilar estava firme. Acenou com a cabeça para a porta, para que ela o seguisse.

— Castiel! — Ethan saiu do colo de Natsumin como um pequeno “foguetinho”, como Castiel o apelidou e correu para o pai, agarrando a perna dele sob a calça jeans sem pestanejar.

— Papai. Pa-pai. Ouviu, moleque? — Castiel levantou-o num instante, jogando o garoto no ar, como o acostumou a fazer e Ethan gargalhava. Natsumin olhava aquela cena escondendo um sorriso.

Na mão direita da moça, havia uma aliança de noivado.

***

48 horas antes antes.

— SURPRESA!!!

                Quando saíram dos fundos do restaurante, onde ficava o palco, depararam-se com rostos conhecidos. Rosa, Leigh, Alexy e o novo namorado, Helena, Pryia, Ayuminn e Lysandre, Margarida, as meninas do caixa, o pessoal da limpeza, da recepção... para a sua infelicidade, Sandy... estavam todos lá. Todos na entrada do luxuoso restaurante. Lágrimas surgiram no rosto de Natsumin e ela se perguntava porque estava tão sensível ultimamente, mas sabia que eram as mudanças. Elas tardavam, mas vinham rapidamente.

                — Parabéns. — Ayuminn e Lysandre aproximaram-se de Natsumin e Ayuminn abraçou a amiga com força. — Você fez a escolha certa.

                Logo vieram mais pessoas, um atrás do outro. Todas abraçavam e beijavam Natsumin, a mãe de Tsubaki, dona Margarida, chorava emocionada.

                — Você foi uma das melhores funcionárias que já tive. — dona Dona Margarida sorriu docemente..

                — A melhor. — ele surgiu diante da multidão e Natsumin perguntava-se por que ele se escondia. Provavelmente estava envergonhado, ela o conhecia bem. Castiel trincou os dentes ao vê-lo se aproximar de Natsumin naquele porte presunçoso de sempre.

                — Não é para tanto. —ela respondeu e ele beijou os lábios de Natsumin e Castiel virou o rosto para não ver aquela cena. — Parabéns, meu amor.

                — Obrigada, Viktor. — Natsumin beijou os lábios dele de volta e Castiel se afastou juntou ao pequeno Ethan em seu colo.

                — Olá, boa noite a todos.

                As luzes do palco foram novamente acesas e Pryia dominava o microfone com facilidade enquanto se pronunciava.

                — Estamos aqui reunidos pela despedida de uma pessoa muito especial. — Pryia olhava sorrindo para Natsumin. — Uma pessoa que conquista a todos com seu jeito único. Que batalhou muito para conseguir se virar e que merece todo respeito e reconhecimento. — Nesse momento, Viktor passou a mão pela cintura da, há uma semana, noiva, e a acariciou. — Natsumin! — Pryia ergueu sua taça de champanhe. — Que sua vida continue a brilhar e que você se destaque cada vez mais. Você merece.

                — À Natsumin! — Pryia passou o microfone para Margarida, a mãe de Tsubaki e dona do restaurante, onde Natsumin trabalhou por quatro anos e agora se despedia. Demitir-se era um grande passo porque significava duas coisas: Mais tempo com seu filho e mais tempo para se dedicar à música. E esse passo histórico em sua vida não foi em vão: Sua música foi comprada por um produtor e em breve estaria nas rádios sob a voz de um desconhecido. Ter os créditos na autoria era um passo enorme e o dinheiro daquela venda a proporcionaria conforto para estudar sem trabalhar pelo menos por esse ano, até se formar.

                Esse passo, no entanto, nunca teria sido dado sem ele.

                Lá no canto, isolado, ele a olhava. O olhar era diferente, como se a dissesse que estava orgulhoso. Também havia uma aura diferente naquele olhar, sempre sarcástico. Um tipo de tristeza que ela não conseguia identificar, mas, de alguma forma sentia em seu coração. Apesar de estarem mais próximos, Natsumin e Castiel também se viam cada vez mais distantes.

                Sandy aproximou-se do ruivo naquele momento. Tocava o braço dele várias vezes, de alguma forma aquilo incomodou Natsumin, principalmente quando ela tentava brincar com Ethan e...

                — Hm? — Natsumin olhou para Viktor, diante de seus olhos.

                — Eu disse que te amo. — Viktor sorriu para ela um sorriso doce e gentil. Natsumin retribuiu apenas o sorriso. Seu coração nunca esteve tão apertado como naquele momento. Ela olhou a aliança de noivado na mão esquerda e, por um momento, a sensação de que estava fazendo a escolha errada gritou. Algo dentro dela despertou, ela não soube identificar no momento, fazia tanto tempo que ela a esqueceu.

A rebelde.

Olhando em volta, não ouvia, não via nada além do rosto dela, o olhar frio e distante que a olhava ao longe. As vozes ao redor, o discurso de Margarida, ela não ouviu nada. A rebelde, a outra Natsumin que havia nela, diferente de todos ali a desaprovava. Balançava a cabeça para os lados, os cabelos passando pela fronte, o maxilar tenso. A rebelde a encarava como quem perguntava o que de fato ela estava fazendo. E apontava para a aliança. Apontava fervorosamente para a aliança, para aquela noite chuvosa em que Viktor apareceu e implorou por seu perdão e a pediu em casamento. Aquela noite que o sim que surgiu rapidamente em seus lábios não indicou certeza, mas, simplesmente, comodidade. E, cavalo selvagem como sempre foi, a comodidade a atormentava e torturava sua alma. E a rebelde, diante de tantos rostos felizes, entre Natsumin e Castiel, chorou. Uma lágrima desceu pelo eu rosto, borrando a maquiagem escura, como suas vestes e Natsumin pôs a mãos sobre o próprio rosto e sentiu a lágrima que escorreu pelo próprio rosto.

E então notou que também chorava.

— À NATSUMIN! — todos gritaram em uníssono despertando-a daquele transe e ela agradeceu com um sorriso, mas logo voltou o rosto para trás, procurando-a. Mas a rebelde havia sumido. Fora rejeitada e estava zangada. Atrás de onde esteve a rebelde, estava ele, com seu filho no colo.  Natsumin virou o rosto para Viktor mais uma vez. Olhou-o por mais um tempo e, naquele momento, que se prolongou por toda noite, teve vontade de sumir dali.

***

Momento atual.

 — Castiel?

Rosa tinha o par de olhos amarelos esbugalhados quando o ruivo abriu a porta do quarto de Natsumin com um sorriso no rosto. — Não tinha um show hoje?

— Estamos comemorando. — Natsumin surgiu atrás dele com um sorriso nos lábios.

Rosa franziu o cenho.

— Você sabe, quando o gato sai, os ratos fazem a festa. — Castiel abriu o conhecido sorriso de coiote e Natsumin empurrou-o para o lado, balançando a cabeça para os lados.

— Não precisa escutá-lo. — Natsumin abriu espaço para Rosa entrar, que estava sozinha. — Quer algo para beber?

— O show é amanhã, a propósito. — Castiel piscou e sorriu para Rosa.

— No momento eu só quero saber o motivo da comemoração mesmo. — Rosa aceitou o copo d’água que Natsumin ofereceu. Castiel, por sua vez, direcionou-se ao quarto de Ethan, entendendo bem que, talvez, elas quisessem ficar sozinhas.

— Alteramos o registro hoje. — Natsumin bebeu um gole do próprio uísque no capo com gelo que segurava.

— Isso é ótimo, Natsumin! — Rosa a abraçou com força. — Mas... isso...

— Não muda nada, Rosa. — Natsumin tomou mais um gole, mas esse desceu mais amargo. — Eu registrei Ethan sozinha antes, mas agora ele tem registro de Pai e Mãe na certidão.

— E quando foi isso? — Ambas se direcionaram ao sofá, onde sentaram.

— Anteontem, no dia da despedida surpresa do restaurante. — Natsumin sorriu.

— Ele te distraiu direitinho mesmo hein. — Rosalya sorriu maliciosamente.

— Já estava agendado há muito tempo. — Natsumin deu uma leve cotovelada na amiga.

— Então por que a comemoração hoje? — Rosa colocou o copo vazio sobre a mesinha de centro.

— Hoje a pegamos pronta. — Natsumin engoliu o restante da bebida no copo e colocou sobre a mesa de centro.

— Eu conheço um ruivo que parece bem feliz com isso. — Rosa levantou as sobrancelhas.

— Ele tá sendo ótimo. — Natsumin tinha um sorriso imenso no rosto.

— E que história é essa de gato e o que os dois ratinhos estão fazendo, hein? — Rosa balançava a cabeça, debochada.

— Não escuta o Castiel, ele nem sabe o que diz. — Natsumin balançou os ombros e levantou para pegar mais uísque. Rosa foi atrás dela.

— Amiga, se você continuar bebendo assim, não tenho dúvida de que os ratinhos vão acabar parando naquela cama ali. — Rosa apontou para o quarto dela com a cabeça.

— Shiu. — Natsumin colocou o dedo indicador nos lábios de Rosalya.

— Quando o Viktor saiu? — Rosa voltou a ficar um pouco mais séria e afastou o copo de Natsumin.

— Ontem à noite. — Natsumin tentou pegar o copo, mas Rosalya a impediu.

— Então ele não vai voltar pro casamento? — Rosalya encarava a amiga com tristeza.

— Não. — Natsumin ficou um pouco mais séria e Rosa a deixou pegar o copo dessa vez.

— Por isso que vocês brigaram, né? — Rosalya acariciou o ombro de Natsumin.

Natsumin assentiu com a cabeça.

— Sinto muito, Nats.

— Está tudo bem. — Natsumin engoliu mais um pouco do uísque. — Eu só estou cansada dessas viagens dele. É sempre no momento menos oportuno e ele ainda insistiu que eu fosse junto. Como eu poderia ir junto, Rosa? Com tanta coisa acontecendo pra mim por aqui.

— E essas coisas acontecendo incluem ele? — Rosa apontou para o quarto de Ethan com a cabeça.

— Também. — Natsumin suspirou. — Também...

— Tem coisas que não dá para mudar, você sabe. — Rosa levantou os ombros. — É o trabalho dele.

— Eu sei. — Natsumin bebeu mais um pouco. — Mas você e o Leigh...

— Quando o Leigh viaja, me dá uma dor no coração e eu fico querendo ir com ele.. Mas eu aguento, sabe por que? — Rosa se apoiou no balcão da cozinha. — Porque eu o amo. — Natsumin olhou firme para Rosa. Entendera o recado.

Natsumin tomou todo o uísque do copo e ia colocar mais, mas Rosa a impediu.

— A senhora vai tomar um banho agora porque hoje tem despedida de solteiro da Ayuminn.

Natsumin cuspiu a bebida na pia.

— Eu sabia. — Rosa cruzou os braços.

— Caramba, eu esqueci completamente! — Natsumin lavou o copo na pia.

— Eu sei. — Rosa sorriu maliciosamente. Naquele momento, a campainha tocou.

***       

                — Xau, mamãe! Xau, papai! — Alexy e Morgan acenavam da porta do quarto de Natsumin enquanto Alexy segurava Ethan no colo. O menino fez uma carinha de sono e Natsumin beijou seu rostinho. Castiel os olhava um pouco distante, pensativo. Quando a porta se fechou, Natsumin pôde ouvir o choro de Ethan e aquilo partiu seu coração. Castiel voltou e bateu na porta. Alexy e Morgan abriram e Castiel tomou o pequeno Ethan no braço. Pronunciou algo na sua orelhinha e o menino parou de chorar na hora. O ruivo então entregou à Morgan a caixa de sua guitarra preferida, que ele ia levar para a despedida de solteiro de Lysandre. Quando a porta se fechou mais uma vez, não houve choros.

                Natsumin ficou parada no corredor, olhando o ruivo, impressionada.

                — O que foi? — Castiel olhou para ela com um sorriso debochado.

                — O que... como...?

                Castiel aproximou-se dela. O suficiente para fazer seu coração disparar. — Depois eu te ensino alguns truques. — Ele então colocou a mão em sua cintura, virou-a de costas e subiu o zíper do body que ela vestia. Natsumin sentiu um arrepio subir por sua espinha. Ela ficou séria, ele a olhava sério também. Apesar de estarem levando a situação na amizade, havia algo que os ligava de forma bastante forte e, naquele momento, Castiel brincava com isso, o que era perigoso.

                — Castiel...

                — Eu sei, eu sei. — ele levantou as mãos para o alto, rendido.

                O elevador chegou e Natsumin engoliu em seco antes de entrar em silêncio. As meninas fecharam um espaço num clube bastante famoso e fizeram uma festa temática com o tema “coelhinhas”. Natsumin vestia apenas um body preto, meias arrastão de mesma cor e saltos também. A maquiagem escura e o batom vermelho finalizavam a roupa. Natsumin vestia um sobretudo que tiraria depois que chegasse lá, mas Castiel, que passara o dia inteiro em seu quarto, a viu desfilar naquele body diversas vezes e, embora o repreendesse, Natsumin não podia negar que gostava de vê-lo a desejar daquela maneira e a briga com Viktor de alguma forma a aproximou mais de Castiel.

                E o ruivo estava adorando aquilo.

                — Senhorita. — Castiel abriu a porta do carro para Natsumin antes de entrar no banco do motorista. A moça entrou, o coração bateu um pouco forte, tão próxima dele no escuro daquele estacionamento. Ela era mulher e, tinha de reconhecer suas necessidades como mulher, necessidades essas que ela não supria há alguns meses e, agora que Viktor viajou, por muito tempo novamente e ela não queria se prender há meses sem Viktor enquanto não tinha confiança de ele também não estar com alguém. Natsumin estava cansada de ser largada por meses para que depois ele retornasse como se nada tivesse acontecido. E com Castiel, agora tão próximo desde que descobriu que era pai, a forma como o olhava tratar Ethan, tudo.. Tudo convergia para que ela o desejasse mais e mais. Não tinha certeza da profundidade daquele sentimento, mas naquele momento, passageiro como parecia, ela só queria que ele tocasse o zíper de sua roupa mais uma vez. Só que para tirá-la.

                — Hm? — Natsumin dispersou-se dos próprios pensamento quando Castiel falou com ela.

                — Quer que abra os vidros ou ligue o ar?

                — Pode abrir. — ela virou o rosto para a janela, evitando olhar Castiel nos olhos.

                Pelo visto, a noite seria longa.

                                                                               ***

                — Eu te pego aqui, ou vai embora sozinha? — o ruivo parecia sério no momento em que abriu a porta para ela.

— Vocês vão estar por perto? — ela agradeceu quando ele fechou a porta do carro e caminhou ao seu lado.

— Bom, ainda não sei exatamente onde vai ser. — ele levantou os ombros antes de acender um cigarro. Natsumin reparou que as mãos do ruivo tremiam ligeiramente, ele parecia nervoso. — Você conhece o Lysandre, se dependesse dele estaria em casa com a Ayuminn e sem despedida de solteiro nenhuma.

— Não o condeno. — Natsumin levantou os ombros.

— Também iria preferir? — Castiel tragou profundamente.

— Sim. Ia preferir estar com alguém que amasse em casa. — ela desviou os olhos antes de suspirar.

Castiel tragou mais uma vez.

— Você não? — ela esperava uma resposta.

— Acho que já faz tanto tempo, que esqueci como é estar com alguém que amo. — ele apagou o cigarro no poste e jogou na lixeira, deixando Natsumin para trás. — Vamos? — ele convidou-a, vendo que ela não respondeu nada.

Natsumin olhou o braço dele esticado para o lado, convidando-a a segurá-lo. Ela segurou-o com força e juntos andaram em direção à festa.

Natsumin foi recebida por dois homens fortes. Um vestido de policial e o outro de bombeiro.

— Não tinha como ser mais clássico. — Castiel bufou e então sorriu.

— Nats! Você veio! — Pryia parecia um pouco alterada e sorria, passando entre os dois homens, vestindo um collant verde esmeralda e orelhinhas marrons. As cores combinavam com seus belos olhos azuis. — Vai, tira esse casaco. — Pryia começou a despir Natsumin, que olhou para Castiel como quem pedia socorro. Ela entregou o casaco para ele e Castiel a admirou naquela roupa extremamente sexy antes de dar de ombros e partir.

Quando Natsumin entrou, notou muitas meninas bêbadas, boa parte delas, ela não conhecia, Rosa estava bastante alterada, dançando sobre uma mesa de centro e Ayuminn encontrava-se um pouco perdida tomando água no balcão. Um bombeiro aproximou-se dela, tomando-a para uma dança.

— Momento da noiva! —as meninas gritavam enquanto o rapaz começava a se despir com Ayuminn nos braços, então sentou-a numa cadeira e começou a dança. Natsumin ainda sofria alguns reflexos do uísque de mais cedo, mas depois de presenciar tudo aquilo, sentia que precisava de muito mais para aguentar aquela noite.

***

                — Realmente. Muito divertido. — Castiel entornou mais um gole daquela cerveja quente que desceu amargando pela garganta. Lysandre estava sentado do seu lado, respirando fundo.

                — Eu não sei como não contrataram o Pennywise. Era só o que faltava pra completar o trio do horror.

                — Não está tão ruim assim. — Lysandre engoliu com amargura sua cerveja quente também.

                Castiel escaneou o local ao redor. O pequeno salão que fecharam próximo ao das garotas, propositalmente, é claro, havia tido um problema na rede e a música não estava pegando no spotify. Alguns escutavam em seus próprios aparelhos. As strippers contratadas por algum motivo eram, na verdade, homens, as luzes vermelhas estavam fracas, a bebida, quente pois tinha acabado o gelo...

                Leigh estava visualmente desconfortável enquanto um cara dava em cima dele e Lysandre ao seu lado só se perguntava o que estava acontecendo na festa das meninas. Leigh mandou os caras embora e não pagou a empresa porque eles mandaram as pessoas erradas e os homens na festa começavam a reclamar enquanto outros vomitavam no chão.

                — É, tem razão. Não está tão ruim assim. — Castiel pegou outra cerveja quente e olhou atravessado para Lysandre.

                — Seria ruim passar ali perto rapidinho? — Lysandre apontou com a cabeça para fora, para uma cabine grande, de onde vinha música alta e muitas vozes femininas.

                — Lendo meu pensamento como sempre, camarada.

                Discretamente, o noivo, visualmente cansado, segurou o ombro do amigo e Castiel falou com Leigh, que também quis acompanha-los. Eles inspecionaram as saídas com o olhar e davam passos até o isopor com bebidas próximo à porta. Cada um pegou uma, que, por algum motivo milagroso estavam geladas e num pulo, saíram pela porta.

                Ao encontrar a noite fria e o ar fresco, os três mosqueteiros sorriram. Castiel apoiou Lysandre em Leigh e aproximou-se do salão onde deixara Natsumin. Curiosamente, não encontrou Ayuminn ou Natsumin por lá.

                — Oi, Castielzinho.

                — Cristo. — Castiel olhou para trás, para Rosa, visualmente bastante alterada, vestida de coelha branca em trajes quase tão sexy quanto os de Natsumin. — Eu quero ir para casa.

                Castiel pigarreou. — Você vai pra casa, eu prometo. Mas cadê a noiva e a.. Natsumin?

                — Natsumin? — ela abriu um sorriso largo de orelha à orelha. — Você devia falar com ela.

                — O que, por que? — Castiel franziu o cenho antes de ver Rosa abrir um sorriso largo antes de cair para o lado. — Droga. — Castiel segurou Rosa nos braços e balançou o braço com força para que Leigh o visse. O rapaz em instantes aproximou-se, junto a Lysandre.

                — E a Ayuminn? — Lysandre perguntou de primeira.

                — Eu vou busca-la.  — o ruivo entregou Rosa nos braços de Leigh. A menina estava bêbada, de fato, sim, mas havia algo de diferente, parecia que..

                Castiel franziu o cenho. E então entrou rapidamente.

                — Cadê a noiva? — ele gritou estupidamente sério.

                — CASTIEL!! MEU DEUS, ESSE É MUITO IGUAL AO VOCALISTA DOS TRÍADES! Uma multidão de garotas correu em sua direção, o tocavam e tentavam tirar sua roupa, enquanto o ruivo se esquivava e procurava pela noiva de seu melhor amigo.

                — MERDA! Não é isso! Com licença, por favor! — o ruivo se esquivava, mas não havia sinal de nenhuma das duas, os homens colocavam drogas nas bebidas, as mulheres pareciam cada vez pior, até que ele sentiu alguém puxá-lo pelo braço para os fundos do salão.

                — Shiu. — Castiel suspirou de alívio ao ouvir a voz dela. Eles saíram pelos fundos e ao vê-la, ainda sã, Castiel não pôde conter o alívio.

                — VOCÊS SÃO LOUCAS? — Castiel mal percebia que gritava.

                — A culpa foi minha. — Ayuminn levantou a mão direita como quem pedia permissão para falar. — Eu pedi para as meninas do restaurante contratarem os... bem, os...

                — Eu entendi... — ele a incitou a continuar.

                — E pedi que chamassem algumas meninas, mas várias delas trouxeram drogas e...

                — Tudo virou um pandemônio rapidamente. — Natsumin completou com a voz rouca.

                — Você bebeu? — Castiel olhava Natsumin fixamente.

                — Acho que já sou bem grandinha, papai. — Natsumin revirou os olhos pra ele.  

                — Você não tem noção do perigo que...

— Ayuminn! — Lysandre interrompeu Castiel e tomou a noiva nos braços. Os dois trocaram um beijo apaixonado que durou algum, fazendo com que Natsumin e Castiel trocassem olhares.

                — Ninguém vai impedi-los de pedir um quarto, vocês sabem. — Castiel prendia um riso enquanto Leigh se aproximava de Rosa, que passou a murmurar algumas coisas em sua orelha.

                — Ela está bem? —Natsumin aproximou-se.

                — Vai ficar. — Leigh crispou os lábios.

                — Algumas garotas levaram droga e os imbecis colocaram em algumas bebidas. — Castiel revelou.

                — Lysandre abraçava Ayuminn enquanto olhava Castiel. — Sabe o que é?

                — Parece aquele famoso pozinho. — Castiel tirou um cigarro do bolso e acendeu.

                — É aquele famoso pozinho. — Natsumin completou. — Mas eu fiquei de olho, a Rosa não tomou nada com isso. Ela só misturou muito álcool mesmo.

                — Ah, então ela vai ficar bem. — Leigh beijou a cabeça de Rosa, que beijou os lábios dele. — Vocês não beberam? — ele olhou para Natsumin.

                — Ayuminn não pode beber e eu bebi mais cedo, então segurei a onda agora. — Natsumin olhava séria para ele.

                — Vocês podem dormir lá em casa, se preferirem. — Ayuminn ofereceu a todos.

                Leigh sorriu. — Eu acho que ficaremos bem. — ele tirou a mão de Rosa de dentro de sua camisa. — Boa noite a todos.

                Ayuminn e Lysandre olharam para Castiel e Natsumin. Seus amigos os olhavam de uma forma diferente, como se torcessem para que algo acontecesse entre os dois. Mas o ruivo e a menina não se pronunciavam. Natsumin engolia em seco, um pouco envergonhada com a roupa que usava, o decote nas costas e na lateral, as nádegas expostas sob as meias. Castiel apenas fumava em silêncio.

                — E vocês? — Ayuminn repetiu o convite.

                — Eu preciso ficar com meu foguetinho. — Natsumin sorriu para a amiga.

                Castiel sorriu. Natsumin não percebera, mas chamou o filho do apelido que Castiel colocara.

                — Bom, então.. Boa noite pra vocês. — Lysandre abraçou o amigo e então Natsumin. Ele olhou para Castiel como que o repreendesse enquanto Ayuminn olhou para Natsumin como quem a encorajasse. Os dois se distanciaram para o outro lado do estacionamento, deixando Natsumin e Castiel sozinhos para trás.

                — Então... — Natsumin chutou uma pedra no chão. — A carona ainda está de pé? — Natsumin olhava para ele tão profundamente e, alguns passos à frente dele, apenas de collant, ele podia jurar que ela o provocava de propósito.

Mal sabia que era verdade.       

O ruivo tragou mais uma vez em silêncio.

                — Sempre. — ele respondeu com um sorriso de coiote.

***

— Bom, chegamos. — Castiel desligou o carro, mas manteve os vidros abertos.

— Sim. — Natsumin devolveu a ele um olhar sério.

— Você quer que eu suba, ou... ?

Sim. Sim, sim, ela queria dizer sim. Mas não podia, seus lábios a condenariam.

— Não, está tudo bem. Alexy e Morgan vão dormir lá essa noite. — Natsumin suspirou.

— Se precisar de mim, estarei no andar acima. — o ruivo pronunciou sereno.

— Eu sei. — ela balançou a cabeça.

Um silêncio um pouco constrangedor tomou aquele carro, em meio ao estacionamento do hotel. Ambos só ouviam suas respirações.

Natsumin decidiu abrir a porta do carro e sair, mas o ruivo segurou sua mão.

— O que vocês fizeram foi muito irresponsável. — partes do cabelo rubro dele caíam em seu rosto e sob aquela luz da noite, ele parecia ainda mais bonito. A barba por fazer, as tatuagens nos braços...

— Eu sei.. — Natsumin suspirou e olhou a mão dele em seu braço.

Castiel retirou a mão dali.

— Eu temo pelas garotas que ficaram por lá. — Natsumin continuou e olhou para frente, em seguida novamente para ele.

— Elas são bem grandinhas. — ele levantou os ombros.

— Eu sei, mas..

— Quando eu entrei e vi o que eles estavam fazendo, eu temi o pior. — o ruivo apertou a mão no volante.

— Eu não sou mais aquela menina, Castiel. Eu sei me cuidar. — ela o enfrentou.

— Você não está entendendo, Natsumin. — o ruivo virou o corpo para ela, forçando-o a olhá-lo. Seus ombros estavam tensos. — Você não imagina o que eu vejo quando toco à noite.

— E-eu..

— Não, não adianta. Você canta em ambiente familiar, Natsumin. Eu toco na noite e no início tocava em lugares muito piores.

— Castiel..

— Esse mundo é sujo, Natsumin. — Castiel tateava os bolsos à procura dos cigarros, as mãos tremiam. — Você, como mulher, precisa se cuidar.

— Castiel, eu sei...

— Por favor, me escuta. — ele encontrou o maço e agora lutava para tirar um cigarro. — Diga para todas as amigas que vocês conhecem... Não as deixem fazer o que fizeram essa noite. É muito perigoso. Infelizmente, ainda existem muitos imbecis como eles que farão de tudo para levar uma de vocês para a cama a todo custo. Essa droga é uma merda que te faz perder o controle dos sentidos, você poderia ter feito coisas inimagináveis, a sorte da Rosa foi ter vocês com ela.

Natsumin ficou em silêncio por um momento.

— A gente tentou fazer a Rosa parar de beber, mas vendo que não dava certo, a alternativa foi fiscalizar as bebidas que chegavam à ela.

— Isso agora não importa. — o cigarro caiu no tapete do carro e Castiel xingou baixinho antes de procurar outro. Natsumin reparava suas mãos tremerem de raiva. — Vocês precisam se proteger.

— Nós nos protegemos. — Natsumin colocou a mão sobre a dele, para que parasse de lutar com o maço de cigarros.

— Eu digo vocês mulheres. — ele tinha os olhos fixos nos dela. — O mundo tá cada vez mais estranho e não há como impedir.

Natsumin não conteve um sorriso doce. Ela aproximou-se e beijou o rosto do ruivo. Os lábios dela ficaram ali por um tempo, respirando fundo e segurando as emoções. Ela então beijou a ponta do nariz dele, depois se afastou.

Mas ele lutava. Lutava tanto por dentro, que jurava que iria explodir. Seu coração estava acelerado, sua respiração, pesada. Castiel acariciou a mão de Natsumin, então tocou seu rosto. Ele tocou a testa na dela e respirou por um tempo. O maxilar estava trincado.  

E então Natsumin sentiu que estava chegando perto demais do limite.

— Boa noite. — ela se afastou dele saindo do carro e atravessando o estacionamento como uma flecha. Quando entrou no Hotel, encostou-se à parede. Suspirou.

No carro, o ruivo passava as mãos pelos cabelos e tentava se acalmar. O coração disparava. Merda, não podia negar que estava nas mãos dela.


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Notas finais do capítulo

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