Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 72
Capítulo Vinte e nove - Viktor


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo da Temporada.. Frio na barriga...



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Ele não abriu os olhos, apesar dos toques na porta.
Eram incessantes, irritantes demais. Toques sutis, mas contínuos, pareciam ter um maldito intervalo que mal durava minutos. A pessoa era insistente, mas ele não queria se levantar. Mal queria abrir os olhos. Estava muito bem ali, com ela em seus braços, o corpo nu dos dois sob os cobertores. O dia anterior durara tempo o suficiente para ele ter certeza de que não queria soltá-la de seus braços nunca mais.
Por breves segundos os malditos toques cessaram.
Finalmente, a pessoa havia desistido e isso antes mesmo de ele abrir os olhos. Tateou os lençóis e sentiu o corpo dela mais uma vez, puxando-a para o seu cada vez mais apertado. Acariciou a pele dela abaixo dos lençóis, sentindo vontade de tê-la novamente, era um desejo incansável. Controlou-se e não abriu os olhos, a revelação do dia anterior a deixara sensível demais e ele só queria protegê-la o quanto fosse possível. Natsumin escondia sua culpa naquela casca grossa e Castiel jamais imaginaria o trauma pelo qual ela estava passando. Nãoc conseguia imaginar como seria se sentir culpado por tanto tempo e Natsumin tentava se castigar, o que deixava as coisas ainda pior. Garota tola, nada que ela fizesse nunca seria suficiente, porque a culpa é algo que só o tempo consegue apagar. Ele sabia bem o que era isso. Aconchegou-a nele e beijou sua cabeça sem abrir os olhos. O dia anterior e a madrugada que o precedeu foram a melhor parte desses últimos dias. Finalmente ambos entregaram-se aos próprios desejos e quebraram o pactro incompreendido que haviam selado consigo mesmos. Castiel pensara muitas vezes, como pensara, em como conseguiria se desculpar com Debrah. Não precisou, durante a madrugada ela o ligou, pedindo que a encontrasse, mas de maneira alguma ele deixaria Natsumin sozinha. Acabaram por resolver por telefone mesmo. Pensara em pedir desculpas por ter gritado com ela e praticamente a acusado de algo que ele mal sabe como sucedeu. Nada foi citado sobre ela na acusação, ainda assim, Debrah esteve lá. Ele se lembra bem. O importante é que sem delongas, ele deixou claro que iria embora com ela amanhã. Estava decidido, como Natsumin pedira. Respirou fundo e concentrou-se na menina em seus braços. Contentou-se com a respiração dela em seu pescoço e acabou esquecendo-se da porta.
Que voltou a bater.
M*rda, a pessoa era insistente. Será que ele precisava colocar um "não perturbe" e a cueca dele para que realmente pudessem entender? Durante a noite não apraram de ligar para o celular dela, inclusive quando os dois estavam na hora "H". O pior era ter de interromper para esperá-la atender. O ruivo tentou ignorar mais uma vez, assim como ignorou a maioria das chamadas quando Natsumin não estava presente. Ninguém deveria incomodá-los. Ele ficaria trancado com Natsumin até que esgotasse. Mas no momento, tinha certeza de que dela, não se cansaria.
A maldita e insistente porta bateu mais uma vez. Com os lábios quase no pescoo dele, Natsumin murmurou algo inaudível e ele sabia que era um pedido para atendê-la. M*rda, ele não queria que a acordassem, a noite anterior fora bastante cansativa para os dois, da melhor maneira possível.
Mas a porta voltava a bater.
E voltava e voltava e voltava. Ele xingou alguns palavrões antes de forçar os olhos a abrirem. Sutilmente, tirou os braços dela que abraçavam a cintura nua dele e retirou os próprios que abraçavam as costas nuas dela. Admirou a imagem da menina deitada entre os lençóis brancos que não a cobriam direito porque ela se mexia demais à noite. Uma perna dela tinha o joelho dobrado para cima e agora ela abraçava um travesseiro. Ele crispou os lábios, sem querer saber de se cansar dela, porque tinha certeza de que não iria, e retirou um pouco do cabelo dela que caía no rosto, cobrindo o traseiro exposto dela com o lençol em que antes ele se cobria. Pegou seu travesseiro, tapou sua pélvis e seguiu para a porta. Olhou pelo olho mágico, ah, era só a namorada do Lysandre. Abriu-a.
— Você é persistente.
Os olhos dele estavam entreabertos, o nariz entortado, ainda era difícil encarar a claridade do corredor com o quarto de cortinas fechadas.
— A Natsumin est.. — Ayuminn baixou os olhos e notou que Castiel escondia a região abaixo do abdômen com um travesseiro. Arfou e virou o rosto para o outro lado, fechando os olhos e suspirando. — Ah... — ela escondeu um sorriso nos lábios. Não podia acreditar que os dois finalmente...
— Aguenta aí. — ele fechou a porta, com um sorriso malicioso nos lábios, pegou a calça cinza de moletom e vestiu, antes de abri-la novamente. — Entra em silêncio, ela ainda está dormindo.
— Não vou ficar. — a namoradinha do Lysandre, que até que era bonita, deu um sorriso sem graça, ele sabia que era pela situação. Castiel não sabia se Natsumin ia gostar muito da notícia ao acordar, mas naquele momento ele pouco se importava. — Só queria saber se ela estava bem, porque ela não atende as minhas ligações e o Lysandre queria vir vê-la.
— Pode falar para ele vir agora, se quiser. — ele tinha uma mão apoiada na porta e a outra com o cotovelo na parede e o antebraço na testa. — Eu precisava falar com ele.
— Tudo bem, eu...
— Não vai morrer cedo. — Castiel apontou com a cabeça para o fundo do corredor, onde apareceu o rapaz.
— Bom dia. — Lysandre tinha a mão nos bolsos e foi formal com a namoradinha, sequer tocando-a, depois voltou o rosto à Castiel que assentiu e cruzou os braços.
— Vocês não precisam se esconder de mim, sabe. — o ruivo franziu o cenho e tinha um sorriso malicioso no rosto. — Não há muito que eu não saiba.
Ayuminn ruborizou.
— Mais tarde eu volto. — a menina passeou o rosto entre Lysandre e Castiel, parando-o no namorado secreto. — Ela ainda está dormindo.
— Eu posso ir com você, se quiser. — Lysandre pronunciou à ela, o olhar de bobo apaixonadO estampado no rosto. Era raro, para não dizer quase ilusório, ver o amigo assim. Castiel curvou os lábios em satisfação. As coisas pareciam se acertar com o final do Ensino Médio.
Exceto para ele, é claro.
— Agora não, meu velho. — Castiel interrompeu os pombinhos. — Quero falar com você.
— Entendo. — Lysandre notou a expressão séria no rosto do amigo e julgou necessário ficar.
— Bom, até mais, Castiel. — a menina sorriu para ele, depois voltou o rosto à Lysandre. — Até mais, Lys... Quero dizer, Lysandre. — ela estava vermelha feito um pimentão e e mal se despediu direito de Lysandre.
— Nos vemos mais tarde. — ele voltou o rosto discreto à Ayuminn. Quando o rapaz levantou o rosto para o amigo, Castiel sorria maliciosamente, os braços cruzados.
— Vem, cara, não vai levar muito tempo. Depois pode voltar pra ela. — Castiel apontou com a cabeça para dentro do quarto, convidando o amigo a entrar. — Vamos pelo outro cômodo, ela está dormindo.
— Como ela está? — Lysandre, cordial como sempre, perguntou em sussurros assim que o ruivo fechou a porta às suas costas.
— Está quase cem por cento. — Castiel direcionava o amigo à varanda que ficava na sala, para que Lysandre não tivesse de entrar no quarta e deparar-se com Natsumin em sua forma mais íntima.
— Isso é bom. — Lysandre balançava a cabeça positivamente, enquanto no rosto tinha um tímido sorriso.
— Isso é ótimo. — Castiel tirou um maço de cigarros e um isqueiro do bolso. Acendeu um e tragou, soltando a fumaça lentamente.
— Pensei que depois do dia do assalto, você tinha parado definitivamente. — Lysandre o olhava com o cenho franzido. Já era a segunda vez que Castiel decidia parar de fumar, mas não conseguia.
— Digamos que os últimos eventos me forçaram a continuar mais um pouco. — ele tragou mais uma vez, apoiando os braços na grade da varanda.
— Sinto que o que tem pra dizer não será muito agradável. — Lysandre cruzou os braços.
— Eu vou embora com Debrah. — Castiel afirmou com firmeza, o olhar no do amigo.
— Então está decidido. — Lysandre apoiou a mão direita sob o queixo.
— Está sim. — Castiel suspirou antes de tragar mais uma vez.
— Seu rosto me diz o contrário. — Lysandre pontuou como o bom observador que era.
— Lysandre, você é a pessoa em quem mais confio. — Castiel fixava os olhos nos dele firmemente. O amigo nada disse, apenas devolvia o sério olhar. — Quero que me prometa que a olhará enquanto eu não estiver aqui.
— Fala sobre Natsumin. — Lysandre pontuou e Castiel manteve o olhar no dele, provando que acertara.
— Eu sei que sua namorada é amiga dela. Assim vai ser mais fácil. — Castiel terminou o cigarro e já começou a acender outro. — Preciso que fique de olho para que ela fique bem. Natsumin é mais frágil do que pensam. — ele soltou mais uma vez o ar, a fumaça do cigarro fundindo-se ao frescor daquela manhã de sol. Os raios incidiam em seu rosto, bem como no do amigo. Pareciam uma pintura. — Não digo em relação a outras coisas que possam acontecer, só quero que a impeça de fazer idiotices, ou se ela se meter em problemas, preciso que a tire deles. Ela já passou por coisas demais.
— Não posso fazer decisões por ela, Castiel. — Lysandre tinha o cenho franzido.
— Não, mas pode interferir em silêncio, você é bom nisso. — ele apontava para o amigo com o indicador, como se o aprovasse. — Se ela se meter com um cara que tá na cara que não quer nada com ela, assuste-o, contrate alguém, bata você mesmo, sei la! — tragou mais uma vez antes de apoiar novamente os cotovelos na sacada. A cabeça ficou baixa, ele esfregou uma das mãos no rosto.
— Posso contar com a ajuda de Rosa também. — Lysandre sugeriu.
— Isso! Rosa. — Castiel balançava a cabeça positivamente. — Rosa sabe de alguma coisa.
— Está certo, Castiel. Te manterei informado sobre ela.
— Obrigado. — o rapaz tocou o ombro do amigo. — Sei que com você posso contar.
Lysandre apenas assentiu.
— Você gosta mesmo dela. — Lysandre pontuou.
— Digamos que mais do que gostaria de admitir. — o ruivo tragou mais uma vez.
— Quanto tempo ficará fora? — Lysandre permanecia sério, não confiava em Debrah e não acreditava que Castiel ir com ela fosse a melhor solução. Ele precisava buscar seu caminho e não seguir a linha de músicas que ela seguia. Lysandre ainda tinha a impressão de que ela queria se aproveitar dele, como o fez da primeira vez.
Mas preferiu se silenciar. Algo provava que Castiel também não queria ir, mas, ironicamente, estava indo por causa de Natsumin.
— Não tenho ideia. — Castiel cansou de fumar e jogou os dois cigarros na pequena lixeira da varanda. Guardou o maço.
— Manteremos contato, correto? — aquela era a maneira de Lysandre dizer que sentiria falta dele. Na verdade, Castiel e Lysandre tinham sua banda em formação e vê-lo abandonando tudo em prol de uma garota como Debrah era deveras angustiante. Mas o rapaz, como sempre, sereno, preferiu guardar para si.
— Também sentirei sua falta, meu amigo. — Castiel tocou novamente o ombro dele e puxou-o para um abraço.

***

Era fim de tarde quando a maldita porta voltou a tocar.
Não poderiam ser Lysandre e a namoradinha. Eles vieram durante o almoço e depois foram embora, pelo visto tinham assuntos pendentes.
Os toques também eram diferentes dessa vez. Mais precisos e duros. Se fosse bom em adivinhas, diria que era um homem.
Olhou pelo olho mágico. Bufou. Era só o que faltava.
— Está dormindo, volte mais tarde. — Castiel endureceu as expressões ao abrir poucos centímetros da porta. M*rda, ainda precisava se acostumar à semelhança deste cara com o bandido. Naquele momento, só tinha certeza de que não era ele porque sabia bem do estrago que fizera no rosto do palhaço com aquele pedaço de madeira. Tinha sorte de ter conseguido ajuda de pessoas sensatas como Lysandre e o irmão para convencerem os policiais que toda aquela ira dele era por causa do momento. Saíra como autodefesa, embora de "auto" não tivesse muita coisa.
Fechou a porta na cara do sujeito, mas o idiota a bloqueou com o braço.
— Posso esperá-la acordar. — o rapaz encarou o ruivo com as expressões sérias, mas Castiel mal se intimidou e voltou a tentar fechar.
— Só quero saber como ela está. — Viktor empurrou com força suficiente para abrir um pouco mais e observou da porta a sala vazia.
— Nua. — Castiel levantou as sobrancelhas, ainda bloqueando a porta para que o rapaz não avançasse. — Próxima pergunta?
— Eu sei o que você quer. — Viktor levou os olhos castanhos sérios à ele. — Está tentando me provocar. — Viktor era um pouco mais alto que Castiel e tinha o temperamento muito mais calmo. Sem forçar o braço do ruivo, impulsionou o corpo para frente, para entrar.
— Palavra mágica. — Castiel provocava.
Viktor estava perdendo a paciência. — Também tenho direito de vê-la.
— Resposta errada. — Castiel curvou os lábios, zombando.
Ambos começaram a empurrar a porta de seus lados, uma luta incessante que não teria fim. Viktor estava tendo sucesso de seu lado, abrindo a porta de forma mais forte, mais quando relaxava, Castiel aproveitava para fechar de volta.
— Eu desisto. — Viktor parou de forçar a porta. — Ela não merece alguém como você.
— E você não me engana. — Castiel abriu mais a porta, passando por ela antes de fechá-la às suas costas e cruzar os braços.
— Deixe a porta aberta, em caso de ela acordar. — Viktor apontava com a cabeça para a maçaneta.
— Não me diga o que fazer, ela está dormindo, se não ouviu. — Castiel trincou os dentes.
— Eu estou pagando a estadia para ela, só queria olhá-la antes de ir. — Viktor contestou com calma, a voz baixa e paciente.
— E para que tanta gentileza? — Castiel sorriu sarcasticamente, embora por dentro quisesse dar um soco naquele rosto de mauricinho dele.
— Não entendo a insinuação. — Viktor manteve a postura e paciência habitual.
— Você poderia ter pago qualquer detetive no mundo, mas resolveu envolvê-la nessa situação. A culpa disso tudo é sua e você sabe disso.
Viktor manteve os olhos sérios nele. Nada disse, a suavização das expressões entregaram a culpa que sentia.
— Eu entendo o fato de não gostar de mim por causa daquele bandido, mas isso não justifica me culpar por nada. — a voz dele era baixa e serena, culpada.
— Não preciso justificar o que até você sabe. — Castiel aproximou-se, visando intimidá-lo, mas Viktor tinha as mãos nos bolsos, a postura firme. — Já vi muitos caras fazerem idiotices para levar garotas para a cama, mas o que você fez foi a pior delas. Você a fez correr perigo.
— Eu não nego.. — Castiel sorriu, com a resposta dele. — Que estou arrependido de tê-la envolvido nessa situação. — Vitkor não confessou que aproveitara o inconveniente para reencontrar o grande amor de sua vida. — Fora isso, o que tenho a dizer é à ela e não à você.
— Ela está nua, eu repito. — Castiel reafirmou, dessa vez sério, o pé firme naquele corredor de portas.
— Vou dizer adeus à ela e você não vai me impedir. — Viktor avançou para a porta, dessa vez não seria impedido mesmo.
— Você está louco? — Castiel já falava mais alto, as mãos fecharam-se em punhos voltados para baixo. Ele achava mesmo que o deixaria vê-la nua?
— Castiel... — repentinamente a porta se abriu.
Natsumin tinha apenas um lençol fino tapando a parte da frente de seu corpo. Por frestas do tecido e a lateral da barriga que escapava, era notável que estava nua. Os cabelos estavam desgrenhados, ela mordia os lábios vermelhos. Castiel levantou a Viktor um sorriso de canto de lábio.
Viktor arregalou os olhos ligeiramente. De fato, o ruivo não mentia. Não era preciso palavras da parte dela ou dele mais uma vez para descrever a situação. Ele a esperou notá-lo e Natsumin franziu o cenho ao deparar-se com ele, diante dela, trajando jeans, uma camisa preta e olhos tristes.
— Vitkor, eu... — ela pertou os lábios, os olhos também ficaram tristes.
— Não é necessário falar mais nada. — ele cortou-a. — A estadia já está paga até o final da semana. — ele passou os olhos de Natsumin, escondida em parte atrás da porta, para o ruivo, que agora parecia mais sério. — Passar bem, Natsumin. — ele foi afastando-se, balançando a cabeça em decepção, enquanto direcionava-se ao elevador. Ainda teve de aguardar a humilhação de esperá-lo chegar ao seu andar, enquanto o ruivo entrava para junto dela.
Quando finalmente entrou, passou a mão pelos cabelos negros como a noite que se aproximava e suspirou. Sentiu a ardência na ponte do nariz, prováveis lágrimas se formavam em seus olhos, mas ele as impediu de descer. Realmente, o arependimento era a pior das sensações.
— Isso foi rude. — quando entraram, Natsumin sentou-se no sofá, enrolada nos lençóis como um casulo. Os olhos encaravam o chão, perdidos, arrependidos de terem aparecido na hora errada.
— Eu sei. — ele sentou-se ao seu lado, o violão velho que trouxera na noite anterior estava apoiado no braço do sofá. Ele olhou-a por um momento, não sentia a mínima culpa pelas coisas que disse àquele cara, mas se sentia culpado pelo que Natsumin sentia no momento. Ela não parecia feliz. Suspirou. Agora, sabendo de sua história, a olhava de uma outra maneira, não como a menininha mimada que se escondia quando as coisas não aconteciam da forma que queria, mas como uma menina como muitas decepções guardadas num só lugar. Mas se ela não se recuperasse logo, teria mil e um passados, mas nenhum futuro.

If you want to sleep,
I'll pull the shade

Com o violão no colo, ele trouxe de volta a memória que ela tinha da casa dele, boas memórias que a ajudariam a esquecer um pouco do sofrimento que causara a alguém. Aquilo a atingira forte, estava cansada de fazer mal a pessoas com quem se importava e Viktor fora especial mesmo que há muito tempo, em tempos de inocência e falta de dentes.

If you should vanish,
I'm sure to fade

Com lágrimas nos olhos, ela apenas ouvia a voz do ruivo, preciosa quando cantava, como o diamante que escondia, diferente da brutalidade com que ele tratara Viktor há poucos minutos. Ela deixou a cabeça tombar no ombro dele e fechou os olhos, lembrando-se dos momentos em que ele cantava aquela música pela madrugada quando moraram juntos e ela ouvia em silêncio, tentando não ser percebida.

If you should smolder,
I'll breath in your smoke
If you should laugh,
I'll smile and pretend that I made the joke

— Me desculpe. — ele baixou a cabeça para o lado e ainda dedilhando a melodia, tocou os lábios nos dela.
Ela suspirou, surpresa com a reação dele. Levantou os olhos para os dele e por alguns segundos nada passava por sua cabeça, sen]ao a memória do rosto dele diante do seu. Ela crispou os lábios e abaixou os olhos.
— A culpa não foi sua, apareci na hora errada. — ela voltou a olhá-lo e Castiel não resistiu, beijando-a com paixão sem deixar de dedilhar o violão.
— Então dane-se ele. — Castiel sorriu, os lábios nos dela zombando de Viktor.
— Castiel... — ela o devolveu um olhar de reprovação.

And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is just say

Ele tocou o nariz no dela, pedindo-a para cantar junto dele, enquanto a melodia acompanhava sua voz de Diamante Bruto. Natsumin apenas respondeu beijando a ponta de seu nariz e deitando novamente a cabeça em seu ombro. Não podia cantar, já entregara-se o suficiente. Não podia abandonar tão facilmente a maldição.

If you should sink,
I don't want to swim
If you lock the door,
I'll back to come in
If you should sing,
I won't make any sound
If you should fly,
I'll crush the ground

Ela distribuía beijos no ombro dele, pescoço, rosto enquanto ele cantava. Castiel não parava, sabia que ela queria que ele continuasse e respeitava o fato de ela não querer cantar. A música era uma despedida para os dois, já que no dia seguinte, seria sua partida.

And if you should ever leave me I will crumble
That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is just say...

Na calçada do hotel, um homem sofria em silêncio.
A amava. Podia parecer superficial, mas guardava com o tempo a memória que tinha dela da infância. A memória de terem jurado amor naquela árvore, que agora era só mais uma falsa promessa. A culpa o arrebentava por dentro, pois sabia que o ruivo estava certo e vê-la ali só comprovava que ela tivera feito a própria escolha e tinha todo o direito. Piscou os olhos, as luzes do semáforo já o estavam irritando.

If you are an explosion,
I won't search for shelter
If you are the sun,
I'll sit here and swelter
If you are the moon,
I'll stay up all night
If you are a ghost,
I'll be hunted for life

Durante sua vida, usara de diversos artifícios pra encontrá-la. Detetives particulares foi a que mais deu certo. A encontrou duas vezes antes de fazê-la lembrar. Na primeira, há alguns anos, ela estava muito mais diferente do que agora. Tinha os cabelos cor de rosa, bebia, apesar de nova, provavelmente fruto da descompensação da juventude, fazia muitas coisas que na memória dele não o agradaram muito, mas... Ele lembrava-se de tê-la beijado naquela noite. O cabelo cor de rosa o confundiu, mas ao revê-la no restaurante com o ruivo e aquela menina, teve certeza de que era ela e mais certeza ainda quando a avistou em sua casa.
[center][i]That's just the way I am,
I hope you never leave me
That is just say...
I will crumble, I will crumble
And I will crumble[/i][/center]

Poderia parecer obscessão, mas sabia que não o era porque senão não a deixaria para trás. E optara por isso no momento. Teria de tocar sua vida e deixá-la para trás, ou esperá-la mudar de ideia. Enquanto isso, seguiria sua vida como sempre fez, tomando parte dos negócios do pai, viajando. O trabalho era a melhor das ocupações.
Esfregou o rosto enquanto atravessava o sinal.
As luzes fortes da rua o cegaram por um momento e as lágrimas turvas em nada ajudavam. Depois do coração apertar, notou que não eram luzes da calçada, mas da estrada. Uma buzina forte o ensurdeceu e, depois disso, a única lembrança que teve foi do breu.

I will crumble, I will crumble
I will crumble, I will crumble
I will crumble, I will crumble


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Notas finais do capítulo

Por favor, como sempre, recomendem, favoritem, comentem a fic, pra deixar uma autora feliz e me ajudar a continuar! ♥



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