Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 69
Capítulo Vinte e seis - Perseguida Pelo Perigo


Notas iniciais do capítulo

Estamos nos aproximando do fim da temporada, faltando poucos capítulos para acabar...
Isso me dá um friozinho na barriga, confesso que a palavra "fim" já me é traumatizante.
Mas, fiquem tranquilos, a fic ainda tem muito o que mostrar a vocês. Desejo uma boa leitura, espero que gostem do desenrolar desse capítulo. Haverá cenas interessantes e bem "intensas", espero que fiquem felizes com elas.
E, por favor, não esqueçam de dar a opinião de vocês, ela é sempre bem-vinda!
Favoritem, acompanhem, comentem e recomende, isso deixa uma autora muito feliz ^^
No final de semana responderei aos comentários daqui do Nyah. Hoje respondi aos do AD♥ ^^
Boa leitura!



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Melody não estava muito contente ao adentrar o salão. Ela desceu as escadas, procurando por alguém e seus olhos pararam em Tsubaki e Nathaniel, conversando próximos demais enquanto dançavam juntos. O DJ tocava uma música lenta, ainda havia pessoas sem par sentados nas cadeiras altas ds balcões de bebidas e outras até no palco. Como as mesas e comidas estavam do lado de fora, poucos realmente ficavam lá dentro.
Até o chamado da diretora no microfone.
Melody foi uma que preferiu ficar lá fora, mas com o chamado no microfone, somoda à grande decepção que a ocorrera, não teve outra escolha. A Sra Shermansky ainda estava fazendo questão de conferir o nome dos presentes um a um para anunciar a primeira dança da noite.
— Melody! — Iris a fazia um aceno, enquanto posicionava-se junto a Armin para formar os pares da noite. Melody era um dos poucos que não tinha par. Ela havia tido convites sim, mas recusara todos porque só havia uma pessoa com quem ela gostaria mesmo de ir. Uma pessoa que ela admirava com todo o seu coração, mas que a rejeitava sem dó.
Ela deu uma última olhada para a garota que dançava com ele e respirou fundo. Não precisava se preocupar. Apesar de o ciúme a corroer, sabia que um dia ainda o teria. [i] Isso era certo. [/i]
— Está tudo bem? — Violette indagou assim que Melody se aproximou deles. Alexy, Kentin, Kim, Jade, e Dajan também estavam por ali.
— Sim... — a menina respondeu, triste.
— Bem vinda ao clube dos desiludidos! — Alexy se aproximou com um sorriso. — O Jade também está sem par, aproveita antes que chegue mais alguém!
— Não sei se quero dançar. — Melody fez um biquinho.
— Acredite. A Sra Shermansky vai te fazer dançar querendo ou não. Então pode poupar o tempo dela. — Melody sorriu timidamente e Alexy foi correndo puxar o braço de Jade para direcioná-lo à menina.
— Bate aqui, Vio, que vamos ser os melhores da noite! — ele segurou a mão de Violette e passaram a dançar juntos. A menina tinha a cabeça baixa, envergonhada e Alexy sorria, tentando fazê-la olhar para ele e ficar menos tímida. — Vio, se não quiser dançar me fala que aí você faz companhia pro Kentão antissocial ali. — ele arrancou dela um sorriso, finalmente, e apontou para Kentin, sentado no palco com o celular na mão. — Hoje ele está pior que o Armin. Só pode ser culpa do Pokemon Go.
— No caso dele é o Candy crush. — Armin surgiu do nada, dançando com Iris e com um sorriso no rosto.
— Ele joga isso? —Alexy arregalou os olhos e prendeu o riso.
— Secretamente. — Armin completou e depois colocou o indicado nos lábios para indicar silêncio.
Alexy e Violette sorriram.
[b]— Natsumin e Castiel! Natsumin e Castiel![/b]
Todos voltaram os olhos para o palco. A diretora tinha a lista nas mãos e a conferia com cautela. De todos os nomes dali, dois não estavam presentes.
***
— Adeus então. — ela engoliu a tristeza e deu lugar à raiva, franzindo o cenho e dando de ombros. Em seguida, segurou as barras do vestido para prosseguir para as proximidades da entrada do salão.
— Qual o seu problema, garota? — ele segurou o braço dela mais uma vez, mas dessa vez ela deu um safanão forçando-o a soltar.
[b]— Natsumin e Castiel! Natsumin e Castiel![/b] — a diretora passara a chamá-los e eles, ainda na porta dos fundos e próximos ao palco, levaram as mãos aos ouvidos.
— Acho melhor você não deixar sua namorada esperando. — ela foi mais rápida dessa vez e Castiel nada disse. Apenas observou Debrah na porta do banheiro com os braços cruzados e um olhar de insatisfação fitando-o. Ele caminhou em sua direção e nada disse. Tomou-a nos braços e começaram a dançar.
— O que fazia com ela, gatinho? — Debrah franziu o cenho. — Todas as pessoas olharam para vocês dois nos fundos depois que a diretora chamou. Isso foi uma vergonha para mim.
— Nós não estamos juntos, Debrah. — Castiel olhou-a com o rosto sério e trincou os dentes.
— Eu sei que você não está com ela, mas...
— Não. — ele a interrompeu. — Eu e você.
— Como assim? E ontem? — havia indignação no rosto dela.
— Ontem você me beijou. — ele continuava sério, o que era irritante.
— Não beijei sozinha. — ela levantou uma sobrancelha, com ar vitorioso.
— Não, não beijou. — ele estava cansado de dar respostas mecânicas. Seus olhos buscavam por ela enquanto dançavam. Finalmente a encontrou, nos braços daquele bandido e seu peito apertou de ódio. O ruivo sem intenção, acabou esquecendo-se de Debrah por alguns minutos, embora estivesse ouvindo sua voz falando algumas futilidades para as quais ele não deu atenção.
— E então. — Debrah fincou o pé no chão, parando a dança e o forçando a olhar para ela.
— Não estou com ninguém, Debrah. — Castiel devolveu-lhe o olhar sério novamente. — Estou sozinho e disposto a ir com você para a turnê. Por enquanto é só isso.
— Por enquanto é suficiente. — ela abriu um sorriso de quem sabia que iria conseguir o que queria de um jeito ou de outro e voltou a dançar com ele.
[b]— A cada troca de música, vocês trocam os pares![/b] — A Sra Shermansky narrou de cima do palco mais uma vez e Castiel revirou os olhos. Não tinha como uma mulher ser mais antiquada do que essa. Como se não bastasse fazer um baile, ainda queria narrar tudo o que teriam de fazer com aquela voz irritante de taquara rachada.
— Gatinho, vamos viver ótimos momentos juntos daqui pra frente. — Debrah sorriu, mas os lábios logo se desmancharam ao reparar que ele novamente olhava para ela. Natsumin. O que ele via nela?
A música trocou e ela não teve tempo de perguntar.
— Oi, Castiel. — agora o ruivo dançava com Iris. Ele sorriu e assentiu para ela, mas logo o rosto voltou-se para Natsumin. Dessa vez, a menina dançava com Alexy, que falava coisas que a faziam rir. Ela tinha um belo sorriso naqueles lábios vermelhos pelo batom. O cabelo preso também deixava seu rosto mais à mostra. Ela estava muito diferente.
A música trocou.
Ele sequer prestou atenção em quem era seu par. Estava concentrado no rosto de Natsumin, que agora dançava com Lysandre. Ficou mais tranquilo, sabia muito bem quem o amigo visava no momento e ficou ali apenas a admirá-la.
— Ela está linda, não está?
Abaixou a cabeça para a voz que lhe falava e notou que era a novata de quem falou com Lysandre há algumas semanas. Ele nada falou.
Ayuminn sorriu. Tinha de confessar que não desconfiava de nada entre Natsumin e Castiel. Apesar de a menina não falar muito sobre, e o ruivo muito menos, apesar de ela não ter intimidade suficiente com ele para perguntar algo, depois do chamado da diretora e os olhares terem encontrado os dois ao fundo, sozinhos, ela percebeu que havia algo além sim. O dia do assalto também provou mais do que esperavam quando ele a levou nos braços, sem se importar com os olhares curiosos de todos, para o andar de cima. Ele ficou algum tempo com ela, ele se desesperou ao vê-la desmaiar, ela entrou na frente dele contra um cara armado. Nossa, havia sim algo entre os dois. E era intenso, Ayuminn podia ver pela forma como ele a olhava. Era um pouco mal educado da parte dele ignorara completamente seu par desse jeito, mas ela não se importou. Era de Natsumin que Castiel não tirava os olhos. E seu rosto parecia mais sereno, ele a admirava.
A música trocou.
— Está tudo bem,Castiel?
Ele notou que era mais uma vez a voz de Iris em seus braços. Não conseguiu conter a raiva e já tinha os dentes trincados e as narinas levemente dilatadas. Ela estava nos braços de Nathaniel. Do representantezinho. Ela sorria para ele enquanto conversavam assuntos aleatórios e ela parecia sentir-se bem ali. Diferente de mais cedo, com ele. Castiel sentiu vontade de soltar Iris e seguir, mas seria demais para ele. Provaria mais do que queria numa única noite.
A música trocou.
Finalmente. Agora eka estava nos braços do moleque do clube de jardinagem, que não era muito de falar. Natsumin sorriu para ele, cumprimentando educadamente, mas ambos não conversaram, apenas ficaram ali no sbraços um do outro, esperando a música trocar.
E a música trocou.
Castiel soltou-se de Iris e andou rapidamente na direção de Natsumin, droga, como não havia pensado nisso antes, se ele a alcançasse, ela teria de ouvi-lo. E ele precisava dizer. Precisava deixar claro que estava realmente indo e que não era uma utopia. Que ele provavelmente nunca mais a veria na cidade, pelo menos dentro de uns dois anos. E que quando voltasse, ambos seriam outras pessoas, porque as pessoas sim, mudam depois da escola.
Mas não conseguiu.
Agora ela dançava com o viciadinho, que a alcançou primeiro e ele foi obrigado a dançar com a menina que tinha boca e não falava.
— O que estão achando do baile?
Era só o que faltava. Peggy, vulgo fofoqueira, apareceu vestida com uma roupa social - terninho, saia e saltos pretos - e com um gravador e microfone mais sofisticados. Dessa vez, pode acreditar, ela havia inovado e havia um cameraman ao seu lado, como se não bastasse.
Seu par no momento, Violette, apenas escondeu o rosto. Ele, por sua vez, ignorou a pergunta, mas também parou um pouco de olhar para Natsumin. Iria se entregar no vídeo e preferia evitar perguntas alfinetadas de Peggy.
A música trocou.
Dessa vez sim, a alcançaria. Ele se concentrou em seu rosto e ouviu "ai"s e "ui"s pelo caminho, enquanto passava esbarrando nas pessoas. E então alguém se jogou em seus braços e Natsumin passou a dançar com Dajan. Ele olhou para baixo com o cenho franzido.
— Gostou do meu vestido?
Ele revirou os olhos. Ambre não era feia, estava bem maquiada, mas com aquelas cores fortes no vestido, parecia a bandeira do Brasil. Ele ignorou sua perguntou e prosseguiu dançando em silêncio sem tirar os olhos de Natsumin. Enquanto giravam pelo salão/porão, ele foi se direcionando o mais próximo possível dela. Até que no meio daqueles giros, ele notou a possibilidade de ao menos passar recado.
Não precisou.
Naquela confusão de vestidos e smokings, no meio daquele mar de gente bem arrumada, ela também o olhava.
Tentava desviar diversas vezes, mas era impossível. Ele estava tão bonito. O smoking preto, a blusa e a gravata também pretos, os cabelos rubros se destacando em toda aquela multidão comum. Ao mesmo tempo que queria estar nos braços dele naquele momento, queria poder apagar essa chama em seu peito. Não conseguia se esquecer do que Tsubaki disse e ao mesmo tempo não colocava culpa nele, foi ela quem pediu que fosse assim. Por causa daquela maltida e estúpida maldição que ela não conseguia esquecer, da culpa que ela tinha e teria para sempre consigo, ela não podia ser feliz.
Mas também não conseguia parar de olhá-lo. Por Deus.
— Você gosta dele, não é? — Dajan notou e comentou com um sorriso.
— Hm? Não, não. — ela negou profundamente.
— Claro. Não tenho nada a ver com isso. — ele balançou os ombros e continuou a guiá-la.
Ela ficou calada e séria por um tempo, ainda buscando o rosto dele na multidão. Meu Deus. Ele dançava com Ambre e ela parecia a bandeira da África do sul. A garota estava bonita, tinha de admitir, naqueles cabelos ondulados e loiros metade presos e com fios pendendo na face bem maquiada. Ela estava próxima demais dele e se jogando, com certeza, ela não ia jogar para perder. Acontece que com os últimos acontecimentos, ela sequer poderia afirmar algo a respeito, não tinha certeza do que Castiel estava pensando, a cada dia achava que menos o conhecia e de fato conhecia pouco dele. Os dias em sua casa pareciam cada vez mais distantes.
— É melhor disfarçar melhor. — Dajan pronunciou em sua orelha e ela lembrou-se que Kim havia a visto com Castiel no ginásio uma vez. Seu coração acelerou. — desculpe, mas acho legal dizer minha opinião para uma das pessoas que me ajudou com Kim.
Ela suspirou e soltou um riso nervoso. É verdade. Parecia que haviam passado anos desde quando ela e Alexy ajudaram Kim e Dajan a ficarem juntos.
A música trocou.
Nossa, ela não estava aguentano mais esse troca troca de casais. Só queria que aquela cerimõnia antiquada e sem sentido acabasse, mas a mulher Shermansky parecia deleitar-se com o momento. Chegava a ser ridículo. Ela olhou para ele mais uma vez e seus olhares se encontraram.
— Fica mais essa rodada comigo. Ele está com a Kim. — Dajan destacou, deixando claro que queria trocar pra Kim.
— Ah, claro. Tudo bem. — Natsumin continuou a dançar com ele, mesmo com a troca de casais generalizada.
Castiel notara a situação e aproveitou para chegar mais perto junto a Kim, seu novo par. Eles agora dançava atrás de Natsumin e Dajan e mais uma vez o ruivo não tirava os olhos dela.
— A guria tá uma gata com aquele vestido, não é? Aposto que foi ideia da Rosalya.
Dessa vez, Castiel olhou para o seu par. Por que insistiam em se meter na sua vida? Será que ele estava olhando tanto assim para ela?
— Sim, você não para de olhar para ela. — a garota pareceu adivinhar seus pensamentos e o ruivo sem querer suspirou.
A música trocou.
E tudo aconteceu muito rápido. Dajan empurrou Natsumin e Kim empurrou Castiel, que virou-se para perguntar qual o problema dela, mas nem deu tempo porque quando virou-se para frente, já estava diante de Natsumin. Ambos olharam-se por microsegundos que pareceram minutos e ela não hesitou ao dar um passo na direção dele e ele muito menos ao passar a mão pela cintura dela e pegar a outra.
— Você precisa me ouvir. — pronunciou em sua orelha.
— No momento eu não tenho muita escolha, você pode falar o quanto quiser. — ela olhava em volta, tentando não olhá-lo nos olhos.
— O que você vai fazer hoje? — ele a girou, depois puxou novamente para seu corpo, forçando-a a olhá-lo nos olhos.
— O que quer dizer com issoo? — ela ruborizou e franziu o cenho.
— Não estou te chamando pra sair, se é o que está pensando. — ele sorriu aquele velho sorriso de coiote.
— Não foi isso que pensei. — ela levantou uma sobrancelha. — O que você quer? — perguntou, impaciente.
— Quero que tire dessa sua cabeça oca qualquer ideia a respeito daquele bandido. — ele pronunciou em sua orelha, os lábios propositalmente esbarrando em sua pele, arrepiando os pelos de seus braços. Castiel apertou a mão em suas costas nuas e ela pousou o queixo no ombro dele enquanto dançavam.
—Não posso. É a melhor chance que temos. — ela afastou o rosto do ombro dele e o olhou firme nos olhos.
— Você quando cisma com algo vai até o fim. — ele pontuou para ela, sério. — Gosto disso. — manteve-se sério. — Mas hoje não vou permitir que você faça isso.
— Você não pode me impedir, Castiel. — ela parou a dança.
— Posso sim. Você não pode ficar sozinha com ele em momento algum. — ele a apertou novamente contra seu corpo e a forçou a voltar a dançar. Ela acabou cedendo por enquanto porque havia alguns olhares neles.
Ela lembrou-se de imediato da tensão nos poucos minutos que ficou sozinha com o falso Viktor. Seus olhos ficaram opacos.
Dessa vez, foi Castiel quem parou a dança.
— O QUE ELE TE FEZ? — Castiel quase gritou, o que fez Natsumin olhar para os lados para se certificar de que não estavam chamando atenção demais.
— Conversamos sobre isso lá fora. — ela o fitou, séria, em seguida fez sinal com a cabeça para ele segui-la.
Ambos desvencilharam-se do amontoado de pessoas no meio do salão. Por um momento, notaram que a última música estava mais longa do que as outras, mas a verdade era que a diretora teve de sair para resolver mais algumas papeladas e então parou de controlar a troca de pares. A minoria que prestou atenção nisso, voltou aos seus pares originais.
Quando finalmente saiu do meio daquele mundaréu de gente, Castiel sentiu-se aliviado. Esava cansado daquele show de horrores montado pela velhota Shermansky. Ele sequer viria se não tivesse sido obrigado. Se bem que...
Ele observou silhueta dela no escuro. O vestido marcava bem suas curvas e ele pode notar que, realmente de tábua ela não tinha nada, afinal. O vestido tinha um decote nas costas que ia até a altura de seu quadril, deixando suas costas totalmente nuas. Era de cor vermelho sangue e contrastava muito bem em sua pele branca. O cabelo preso dela permitia que o detalhe de sua roupa fosse visto e o caimento vinha contornando belamente seu corpo. M*rda, nunca a vira tão sexy na vida. Queria tomá-la nos braços de uma vez por todas e fazer dessa noite a melhor de sua vida. Estava tão confuso ultimamente, mas após o beijo de ontem com Debrah, pode perceber que sua história com ela havia realmente ficado no passado. No momento ele tinha alguém com quem se importava, embora ela fosse uma garota teimosa e imprudente que escondia o que sentia e por mais que sua boca dissesse não, ele sabia, droga, de alguma forma ele sabia que ela também o queria. Todo momento que passava com ela era intenso e ele sentia que podia explodir a cada segundo ao lado dela. Podia ser de raiva ou de desejo, Natsumin provocava nele muito mais do que poderia imaginar.
E isso, infelizmente acabaria logo. Ao menos que ela o dissesse para ficar.
— Natsumin.
— Shhhhh.... — ela não virou-se para ele. Ainda por sua silhueta de costas, podia ver que ela acariciava os próprios braços. — Olha como está a lua.
Ele franziu o cenho e enquanto dava poucos passos na direção dela, olhou para cima. O céu não tinha muitas estrelas, mas a lua estava um verdadeiro espetáculo. Parecia uma pintura. Estava maior, cheia e laranja. Natsumin passou a se afastar dele quando notou seus passos e se aproximou mais a fundo para o jardim. O jardim de Sweet Amoris contornava a escola e era muito maior do que parecia. Praticamente todas as saídas davam para ele. Na parte da frente, no pátio, havia a parte mais acessível dele, onde montaram as mesas de vidro com adornos e comidas. Andando um pouco mais, vai-se contornando a estrutura de concreto da escola, passando pelas redomas de vidro do jardim e estufas. Indo mais a fundo, cai-se numa parte mais escura, por ser pouquíssimo iluminada, e com árvores e plantas um pouco mais altas. Não era nada como uma floresta, até poque as plantas estavam em vasos, mas era um local mais reservado e onde normalmente alguns alunos espertinhos se encontravam para dar uns amassos.
Apesar de ser irônico os dois estarem ali, Castiel não sorriu no escuro. Estava preocupado demais.
— Castiel. — ela virou o rosto de perfil. Sua cabeça e sua culpa insistiam para que ela o mandasse embora, mas seu coração já sabia que ele não a pertencia mais, então queria apenas aproveitar sua última noite escolar com alguém por quem estava apaixonada. E não tinha como negar, que se dane o beijo em Debrah, que se dane tudo, ela guardaria aquele momento e depois ele sumiria para realizar seu sonho e ela não o culparia pois fez o mesmo no passado. Fez o mesmo e perdeu seus pais por isso.
A rebelde insistia para ela deixar de ser idiota, esquecer a culpa por alguns minutos e perceber como ele a queria. Ela tinha que notar que ele não parava de olhá-la no baile, não parou de admirá-la desde que adentrou aquele porão e agora tentava protegê-la. Castiel era um Diamante Bruto, não faria isso com qualquer pessoa, se o fazia com ela, era porque ela era especial para ele e ela devia provar que ele era especial para ela.
— Já que você vai dizer adeus.. Você pode me dar um último beijo?
Ela virou o rosto e o corpo totalmente para ele. Havia lágrimas em seu rosto de boneca. Castiel era um Diamante Bruto, ela foi incapaz de lapidá-lo e ninguém o seria.
O ruivo arregalou os olhos escuros como aquela noite.
***
Mas que droga... Onde estava ele?
Debrah passeava os olhos azuis pela multidão de alunos insignificantes. De vez em quando via-se forçada a sorri para alguns como a Iris ou Melody e de vez em quando tinha repulsa. Aquilo não era para ela. Ela era uma estrela, ia conquistar o mundo e agora sem guitarrista, precisava de Castiel para isso.Do jeito que ele era bom e como era bonito, com certeza roubaria a cena e isso era o que ela sempre temeu.
Ninguém poderia ofuscá-la.
Mas agora a questão era a necessidade e quanto a isso, ela podia dar um jeito rapidamente. Reatando com Castiel, poderiam facilmente entrar bem na mídia. Imagine, o casal mais bonito da música? Que se dane Beyonce e Jay-z, Debrah e Castiel seriam os melhores, com certeza. Mas antes de tudo, precisava achá-lo, ele com certeza a estava fazendo de idiota e isso era insuportável. Ele não tirava os olhos daquela bruaca vestida de papel de presente, ou melhor, de papel de presente quase nu. Era um vestido bonito, tinha que admitir, e ela odiava a forma como todos olharam para ela quando chegou. Havia um quê de admiração pela forma como estava bonita, ou pelo vestido. Um quê de orgulho pelos amigos, a
havia um quê de tanta coisa que lhe dava náuseas.
— O seu par e o meu estão aprontanto. — ela virou-se ao ouvir uma voz masculina às suas costas. Ainda havia um bando de idiotas dançando aquela música horrível e ela era a única em pé, entendiada e sem dançar.
— Quem é você? — ela indagou para um homem alto, forte - nos dois sentidos - e de cabelos pretos e olhos castanhos. Ele tinha até resquícios de barba e parecia ser mais velho que os demais.
— Prazer, me chamo Viktor. — ele ofereceu a mão para que ela desse a dela, depois a beijou.
— Você é o par dela? — ela levantou uma sobrancelha.
— Sim. E tenho certeza de que aqueles dois estão nos envergonhando. — ele se aproximou para falar mais baixo. Olhava para os lados e para cima, como se fosse contar um grande segredo. — Isso é uma falta de respeito e acho que eles merecem uma lição.
— Eles não. Ela. — Debrah cruzou os braços. — É uma garota insuportável.
— Eu tenho uma ideia do que podemos fazer. — ele tinha um sorriso macabro no rosto. O falso Viktor sabia que a intrometida Natsumin estava armando contra ele. Mas ela teria o troco. E seria tão sutil que a culpa não cairia sobre ele. Mas sobre a namorada enciumada do ruivo. Era perfeito.
***
M*rda, ela não precisava pedir.
Sem pensar duas vezes, Castiel avançou em sua direção, tomando-a nos braços, as mãos apertando levemente suas costas nuas. tocou os lábios nos dela com paixão, pareciam sendentos por ela e Natsumin chegou a perder a respiração. As bocas dançaram no mesmo ritmo e ela agarrou a nuca dele, arrastando as unhas por sua nuca e seus cabelos.
—Ah.. — ela soltou um suspiro. O beijo foi rápido porque ela estava sem fôlego. Natsumin não soltou-se dos braços dele, nem Castiel fez questão de soltá-la naquele momento. Ele só tinha a cabeça baixa, esperando-a voltar o rosto para cima, para ele, mas ela estava tão nervosa e sem fôlego, que maneteve-se ali, os lábios voltados para baixo, o corpo grudado ao dele, os lábios e nariz dele em sua testa. Nunca que ele a havia beijado daquela maneira, com tanta intensidade, tanta paixão. Era como se estivesse esperando por aquele momento por muito tempo, como se soubesse realmente que a veria pela última vez.
Ele beijou o topo de sua cabeça, depois foi baixando para sua orelha, seu pescoço. Ela voltou o rosto para trás e manteve os olhos fechados, sentindo de verdade cada toque dos lábios dele em sua pele. Ela estremeceu quando as mãos dele apertaram de leve suas costas nuas e ele subiu os lábios para sua boca, o nariz dele esbarrou no seu e ela manteve o rosto ali, parado, para olhá-lo bem de perto e lembrar-se bem de seu rosto. Ele parecia fazer o mesmo, pois nada dizia, apenas a fitava intensamente. Os olhos como um par de ônix.
Ela foi quem avançou dessa vez, pedindo por mais. Grudou o corpo no dele e selou os lábios nos dele, abrindo-os lentamente para sentir cada segundo. Ansioso, ele abriu bem os lábios, mas lentamente, forçando os dela a abrirem junto, em seguida puxou com ternura o lábio inferior dela com os dentes. Ela fez o mesmo depois e eles retornaram com beijos mais intensos e ardentes e Castiel se empolgou o suficiente para descer a mão pela coxa dela, onde havia a fenda no vestido. Ainda segurando-a, ele puxou-a para ele enquanto andava para trás, até que encontraram uma parede. Ele encostou-se ali, os beijos tornando-se mais intensos a cada segundo, até que foi ela quem ficou na parede quado ele a girou. Ele voltou a beijar seu pescoço e ela levantou o joelho, apoiando o pé na parede, e expondo sua perna nua sob a fenda do vestido. Ele acaricou sua coxa e foi descendo a mão pelo comprimento de sua perna, até a canela e depois retornou. Aquele movimento a provocou arrepios e ela deixou escapar longos suspiros.
Ela cessou o beijo e continuou ali, parada, a mesma posição. Mais uma vez queria olhá-lo nos olhos, agora que seu rosto estava iluminado pela luz que vinha da rua, do alto poste atrás do muro onde estavam encostados.
— Você...é imprevisível. — Castiel tinha o sorriso de coiote nos lábios e pousou os lábios nos dela antes de olhá-la novamente.
Ela nada disse, apenas devolveu-o um sorriso triste, sem mostrar os dentes. Droga, como ela estava bonita naquela noite, mesmo com o batom borrado na boca. Ele não resistiu e mais uma vez tocou os lábios nos dela, dessa vez sem fazer movimento algum, apenas deixou-os ali por alguns segundos, tentando recuperar a respiração. Ela não se moveu, ainda tinha a perna exposta apoiada na parede às suas costas. Ele separou os lábios dela e notou as lágrimas em seus olhos.
— Quando vou saber o que diabos há com você? — ele poucou os dedos no pescoço dela e limpou o canto de seus olhos, onde ela prendia as lágrimas, com o polegar. Desceu depois para seus lábios, limpando o borrado do batom, depois beijando seu rosto com ternura.
— Quando eu estiver preparada. — ela sussurrou quando os lábios dele ainda estavam em sua bochecha, fazendo-o encará-la sério mais uma vez.
— Por que não me diz para ficar? — ele fez outra pergunta, mas o olhar sério era o mesmo.
— Porque eu quero que você vá. — ela não demorou a responder.
Castiel não se moveu, ou sequer pensou em uma resposta. Ficou apenas ali, por um tempo indefinido, a mão ainda no rosto dela, os olhos no azul dos dela, notando as pálpebras molhadas. Era ela. Justamente ela. Natsumin, a garota que entrou na sua vida para acabar com seus planos e destruir seu orgulho a tal ponto que ele se disporia, ah se ela pedisse, se disporia a largar tudo para ficar com ela. Não precisava de Debrah para conquistar seus sonhos, ela só era o caminho mais fácil para o que ele sempre quis, mas tinha certeza de que um dia sua música ainda tocaria uma parte significante do mundo e sairiam das quatro apredes que compunham seu quarto. Isso aconteceria porque ele acreditava e colocaria sua vida na mesa para que acontecesse. Mas não precisava ser agora, não precisava ser através de Debrah, podia ser ao lado de Natsumin, pódia ser ouvindo-a em sua voz doce, aquela voz que ela escondia em seus segredos, podia ser explorando cada fiapo que compunha a existência dela, desde o topo de sua cabeça até seus pés. Poderia ser explorando os segredos que ela escondia, podia não ser da sua conta, mas Castiel não reconhecia em si a segurança que sentia ao lado dela. Queria descobrir os mistérios que a compunham e ajudá-la a retirar daqueles olhos tristes e vazios quem ela realmente era. Bastava apenas uma palavra, bastava apenas que ela pedisse.
Mas ela simplesmente resistia.
Ele socou a parede às costas dela, que continuou ali, calada. Uma boneca de mármore que escondia segredos que ninguém sabia.
— Castiel. — ela tocou a mão dele, a que ainda estava em seu rosto, com a sua. Ela ainda estava sem fôlego. A rebelde em seu interior ardia em chamas e jurava que podia incendiar a cidade. Ela, por sua vez, era uma marionete sem expressões marcadas, mas por dentro explodia em vontades que queria saciar de uma vez, nessa única noite. Como se fosse a última de sua vida.
E parecia, a julgar pela dor e aflição que sentia em seu peito.
— Estou na sua frente. — ele brincou, mas não arrancou-a sorriso.
— Me leva para a sua casa. — ela fixou o olhar no dele, séria.
O ruivo arregalou os olhos. Tudo estava acontecendo rápido demais, e ele não conseguira de fato acreditar no que estava ouvindo. M*rda, a queria e como a queria, a quisera todas as vezes em que estiveram sozinhos, a aqueria agora, a queria o tempo suficiente em que ainda estivesse respirando, tocá-la e retirar aquele pedaço de pano que cobria seu corpo e deitá-la em sua cama, mas não a queria naquela vulnerabilidade impassível. Precisava ter certeza de que era o que ela realmente desejava, porque, se dependesse dele, já estariam lá no momento em que ela o pediu um beijo.
Ele baixou o nariz para os lábios dela, mas não sentiu cheiro de álcool.
— Não estou bêbada! — ela tinha o cenho franzido e agora ainda sorria um pouco.
— Vai com calma, garotinha. — ele beijou brevemente os lábios dela e ao fim nos dele formou-se um sorriso. — Muita coisa pode mudar depois de hoje. — o sorriso desvaneceu quando ele crispou os lábios e voltou a encará-la seriamente, a mão antes no rosto dela, agora estava na parede, apoiada ao lado da cabeça dela.
— Eu sei. — ela afastou-se da parede e aproximou-se dele, tocando seu peito sob o belo smoking preto. Droga, como estava apaixonada. Como a doía a ideia de pensar que estava quebrando a maldição. Mas a sensaçao em seu peito a dizia o tempo todo que precisava disso. Precisava porque ele iria partir e o coração sabia quando encontrava o amor de sua vida. Ela encontrara o dela, mas estava desistindo dele por uma culpa que a assombraria enquanto vivesse.
— Você não deve fazer nada que não queira. — ele pegou a mão dela em seu peito e levou-a aos lábios, beijando a ponta de seus dedos gélidos.
— Acredite em mim. — ela moveu os dedos que ainda estavam nos lábios dele para tocar seu rosto. — Eu quero isso mais do que tudo. — algumas lágrimas insistentes caíram pelo rosto dela e Castiel amoleceu o corpo rígido, puxando-a para um abraço. Eles ficaram ali por segundos incontáveis, poderiam ficar ali para sempre se o quisesse. Ele apoiou o queixo na cabela dela e ela deixou o rosto no smoking dele, escondendo as lágrimas quentes e teimosas. Dentro dela, havia um turbilhão de emoções com as quais ela não sabia lidar e a rebelde lutava para navegar antes da erupção. Tudo, sem perder o humor enquanto vestia uma camisa com o "Team ruivo" estampado.
— Como quiser. — ele murmurou, depois beijou seus lábios, a voz quase sussurrava.
— Eu estou com fome. — ela levantou o rosto para ele com um sorriso pintado. Uma marionete.
— Eu também. — ele beijou seu pescoço, depois passou os lábios para sua orelha. A fome dele, apesar de tudo, era diferente da dela e ele traduziu isso num sorriso de coiote nos lábios antes de se completar. — Agora é matar ou morrer.
Ela arregalou os olhos e ruborizou. Ele disse isso mesmo? O que estava insinuando? Seu peito queimava, ansiosa pelo que estaria por vir, ao mesmo tempo em que sentia a tempestade que apagaria toda aquela chama se aproximar.
— Tem comida na parte da frente do jardim. — ela falou rápido para não gaguejar.
— Também tem na minha casa. — ele beijou novamente seus lábios. Estava com pressa, ansiava por isso há muito tempo.
Ela sorriu timidamente para ele e as lágrimas em seu rosto caíam com maior frequência.
— Quando vai me falar realmente o que está acontecendo? — ele tocou seu rosto com leveza, o cenho franzido, preocupado com o que ocorria a ela.
Ela mordeu os lábios. A rebelde dava saltos em seu barquinho, cambalhotas, mortais e fazia rituais de agradecimento antes da hora. Natsumin por breves segundos, perdeu-se naquele olhar negro e belo e pensou que estava na hora de finalmente livrar-se da maldição. Não precisou olhar para o céu, os olhos dele refletiam a lua às suas costas. Ela respirou fundo. "Mãe, pai", pronunciou em seus pensamentos. "Ninguém nunca vai imaginar meu arrepedimento pelo que fiz a vocês, mas acho que está na hora de dar um fim nisso. Pelo menos por essa noite. Sei que de onde quer que estão, não iriam querer isso para mim".
Castiel tocou a lágrima que desceu pelo rosto dela, quando estava na altura da bochecha. Tocou os lábios nos dela levemente, pousou a testa na dela.
— Você não precisa fazer nada se não quiser. — ele a abraçou.
— Não é isso. — ela pronunciou com o rosto no peito dele, sentindo de perto aquele cheiro de Castiel, o cheiro do qual se lembrava de quando morou com ele. Por Deus, estava muito apaixonada.
— O que está havendo então? — ele apertou com leveza as mãos que abraçavam o corpo dela.
— Logo você vai saber. — ela levantou o rosto e se afastou um pouco do abraço, fazendo-o afrouxar os braços de leve e apoiar as mãos no quadril dela. A rebelde tinha lencinhos na mão e sentia-se orgulhosa do seu receptáculo.
— Por que não agora? — ele tinha o rosto sério.
— Não é o momento. — ela tocou os lábios nos dele. — Agora eu só quero ir para sua casa, com você.
Castiel arregalou os olhos. Ela estava muito diferente. Mais verdadeira. Natsumin finalmente estava lhe dizendo o que realmente queria, o que ele, naquele momento, queria mais do que tudo. O ruivo ficou um momento estatizado, olhando-a naqueles olhous sérios, e não resistiu ao puxá-la mais para perto e beijá-la intensamente por alguns segundos. Havia tanta paixão naquele beijo, que, quando se separaram, a menina estava sem fôlego.
— Vamos pegar bebidas, depois saímos daqui. — ela sugeriu, ruborizada, após se separarem.
— Espere no jardim com as comidas. — ele sugeriu enquanto ainda beijava seu pescoço, seu queixo, seu nariz... — Eu pegarei as bebidas. — parou para olhá-la e esperar sua resposta.
— Tudo bem. — ela assentiu com a cabeça.
— Tudo bem. — ele reafirmou.
Ambos continuaram ali e não se moveram. Castiel novamente pousou os lábios nos dela e voltou a beijá-la intensamente.
— Não vamos sair daqui se não nos movermos. — ela pronunciou nos lábios dele e, sorrindo, se afastou.
— Vamos então, garotinha. — ele sorriu e puxou sua mão, fazendo-a voltar para mais um beijo. Dessa vez, ele não moveu os lábios, mas deixou-os ali nos dela por alguns segundos, envolvendo-a com paixão, ambas as mãos em seu rosto.
— Vamos. — ela se separou e dirigiu-se ao jardim. Castiel, por sua vez, dirgiu-se aos fundos do salão, onde estavam os balcões de bebida.
Quando entrou, não reparou que tinha um sorriso no rosto. Ao notar alguns olhares nele, pigarreou e ajeitou o smoking amarrotado antes de seguir para os balcões.
— Dois drinks. — pediu ligeiramente.
— Qual tipo? — o barman indagou.
— Qualquer um. — o ruivo levantou os ombros.
O ruivo não poderia reparar, sequer o havia visto antes. Mas, se Natsumin estivesse ali, perceberia rapidamente que o barman era o homem da semana passada. Aquele estranho à escola e que estava junto à Brad e Viktor no dia em que ameaçaram Alexy.
No meio da multidão, Viktor - o falso - supervisionava as ações. Virou o rosto para Debrah, que esteve o tempo todo escondida nos fundos do porão, próximo à saída do jardim. Castiel sequer a viu quando entrou. Mas ela. Ah, ela havia visto tudo. Cada segundo. Cada toque dele naquela v*adiazinha, aquela tal de Natsumin. Debrah nunca vira Castiel daquela maneira. Como um cachorrinho sem dono. Aquilo dava nojo. Como combinado, ela fez sinal para Viktor depois que Castiel entrou e o homem avançou para perto do ruivo, rapidamente esquivando-se entre os pares no meio do salão. Ele -se num dos bancos altos nos balcões, bem ao lado do ruivo. Castiel esperava impaciente pela segunda bebida e Viktor olhava ora para ele, ora para o barman.
— Prove para saber se está suficiente. — o barman sugeriu, olhando disfarçadamente a chegada de Viktor.
— Por enquanto não. — Castiel levou os olhos para a porta dos fundos e notou o vestido dela. Natsumin já chegara à porta dos fundos com as comidas e o esperava. A menina escondeu o restante do corpo atrás da porta, mas deixou o rosto à mostra para ele, apoiado na parede. Ela sorria, o convidando. Castiel levantou o canto dos lábios sutilmente.
— Quero a mesma que a dele. — Viktor pediu com um sorriso repulsivo nos lábios e naquele momento, Castiel teve de se controlar para não dar um soco na cara dele.
— Dá para trazer logo a m*rda da segunda bebida? Não é difícil, é a mesma que a primeira. — o ruivo ignorou o comentário de Viktor para não criar confusão. Tinha coisa melhor para fazer daqui a alguns minutos.
— Sua namorada está ali, te procurando. — Viktor insistiu em abrir uma conversa, precisava se certificar de que o peixe seria realmente fisgado. Viktor apontou com a cabeça para os fundos, onde estava Natsumin e, ao mesmo tempo, onde Debrah se escondia, oq eu momentaneamente confundiu o ruivo e o fez desprender a atenção do garçom. Nesse instante, Viktor retiou um pequeno vidro recheado com um pó branco do bolso e o garçom depositou em ambas as bebidas do ruivo.
Castiel trincou os dentes. — Não fale comigo como se me conhecesse bem. — pronunciou para o rapaz, em seguida, pegou as bebidas que o barman depositara no balcão. Ansioso, direcionou-se à porta dos fundos que dava para o jardim, onde encontrou-a com as comidas na mão e o sorriso nos lábios. Ele ansiava por um beijo e não se conteve ao abaixar o rosto e fazê-lo mesmo não estando escondidos.
Ela correspondeu o lábios dele timidamente e olhando para os lados, tentando se certificar de que realmente não houvesse ninguém.
— Vamos? — Castiel deu um copo para ela e tomou um gole do outro. O líquido desceu rasgando por sua garganta, o que era muito estranho, e tinha um gosto horrível. Notou que Natsumin tinha o rosto paralisado, os olhos arregalados e os lábios entreabertos.
Uma figura trajada de rosa surgia das sombras às suas costas.
Como um sinal do inferno, oriundos da porta dos fundos do porão, surgiram mais dois. Viktor e o barman.
O ruivo pôs-se à frente de Natsumin. Naquele momento, os papéis pareciam invertidos e a menina lembrou-se de como o fez para defendê-lo no dia do assalto. Aquilo lhe deu paz e seus olhos encheram-se de lágrimas, apesar de a voz não sair pelo medo. Eles se aproximaram aos poucos e o rapaz murmurou para ela fugir. Ela apenas franziu o cenho, não entendia, a voz de Castiel saía enrolada e murmurava coisas inconsistentes. Deduziu que ele a mandara sair dali quando o ruivo a empurrou para trás, fazendo com que todas as comidas em sua mão caíssem ao chão. Ela notou testa dele suada, os dentes trincados, os olhos perdidos. Antes que ela pudesse dizer que não, não o deixaria ali sozinho de maneira alguma, seu coração dizia que o estava perdendo.
Tudo aos olhos do ruivo tornou-se breu.

***
[b]Poucos minutos antes[/b]
— Gostei do vestido.
Natsumin trincou os dentes ao ouvir a voz às suas costas. Sentiu uma queimação no peito a raiva dominado seus sentidos e em instantes uma das mãos já fechava-se em punho. A rebelde preparou-se com soco inglês. Ela nada disse, apenas seguiu colocando alguns salgadinhos de forno num prato e poucos frios.
— Você come bem, hein?
Debrah atreveu-se, posicionando-se ao lado da menina, para forçá-la a olhá-la. Natsumin, porém, não se intimidou e seguiu fazendo o que fazia antes sem olhar para ela. Que se dane o beijo de Debrah e Castiel, que se dane muito coisa! Hoje ela estava determinada a ir com ele para onde quisessem e tinha certeza que se arrependeria amanhã, mas não se importava com isso, ela só queria se sentir viva pela primeira vez depois da morte dos pais.
— Quer um pouco? — Debrah forçou um copo de vidro em sua boca e Natsumin deu um tapa que vez o objeto cair na grama e despejar no jardim todo o líquido. Não era burra. Natsumin já havia passado por situações semelhantes, não beberia nada de outra pessoa, isso não era conselho só de mãe, era da vida.
— Quer parar? — Natsumin não conseguiu conter-se o suficiente, estava ansiosa para encontrar Castiel e irem logo embora dali e não estava com a mínima paciência para aturar a falsidade de Debrah.
— Qual o seu problema, garota? — Debrah abaixou os ombros na direção da menina, tentando impor superioridade.
— Eu te pergunto o mesmo. — Natsumin levantou bem o rosto para encará-la. Não permitiria que alguém tentasse lhe impor superioridade.
— Se você acha que vai ficar com Castiel, está muito enganada. — Debrah pegou um salgadinho da mesa e mordeu.
— Eu não acho nada. — Natsumin terminou e deu de ombros, caminhando em direção ao jardim mais fundo, próximo à saída do porão por onde Castiel entrara para pegar as bebidas.
— O seu vestido é lindo mesmo. — Debrah agarrou a parte da fenda, puxando o tecido com força, o que o fez rasgar mais e Natsumin teve de tapar o quadril que também ficara à mostra, junto à uma parte de sua calcinha.
— Para com isso! — a menina gritou e empurrou Debrah, mas a garota continuou, dessa vez arrancando um pedaço daquela fenda e jogando no chão.
— Agora é só um pano rasgado. — ela levantou uma sobrancelha e fez um bico, observando Natsumin com ar vitorioso.
A menina respirava fundo, os olhos apertados. Droga, era o vestido que Rosa a dera com tanto carinho. Ela não conseguiu se controlar e avançou na garota, mas no meio do caminho parou. Sabia que não valeria a pena estragar sua noite daquela maneira. Havia lágrimas de raiva presas em seus olhos.
— O que você vai fazer? Vai me bater? — Debrah debochou da hesitação dela.
A rebelde batia, ah se batia. Batia tanto que as mãos estavam vermelhas e olha que a demonstração era com uma boneca de pano.
— Você não vale isso. — a menina deu de ombros e avançou novamente para os fundos do jardim, os olhos aos poucos preenchiam-se com lágrimas duras e turvas de raiva, não só pelo vestido que fora um presente, mas também porque além de sua noite estar sendo estragada daquela maneira, sentia algo. Era uma sensação inexplicável, ruim. Um pressentimento ruim.
— Cuidado com a noite, Natsumin. Ela pode ser perigosa.
A garota pronunciou e Natsumin ignorou. A sensação ruim crescia no peito, mas tudo o que ela queria era encontrar Castiel e irem, afinal, logo embora dali. Não demorou para sorrir ao encontrá-lo conversando com o barman e, de vez em quando trocar olhares com ela. Notou que Viktor estava ao lado dele e seu coração apertou. Temia que Castiel pudesse fazer algo que o denunciasse, mas ficou aliviada ao ver que ele estava bem. Sequer lembrou-se das provas que devia ao verdadeiro Viktor, naquele momento, olhando o amor de sua vida sentado no balcão, sequer lembrou-se de outra coisa. Também, masl valeria a pena, não havia conseguido nada. Tentara durante a semana algumas vezes, apesar de não o suficiente, mas com toda aquela espectativa de baile e toda o simbolismo que ele trazia, ela não conseguiu e concentrar. Estava segura de que Viktor conseguiria, afinal, ele tinha muitos contatos. Mal entendia porque ele pedira sua ajuda.
Por alguns segundos ela distraiu-se com uma sensação estranha no peito, enquanto às suas costas Debrah deslocava-se habilmente ao local combinado anteriormente, e só voltou a prestar atenção quando o ruivo já estava em sua direção com as duas bebidas na mão.
— Vamos? — ele beijou seus lábios, deu uma golada num copo e a ofereceu o outro, depois torceu o nariz. A bebida parecia ruim.
Mal sabia o quanto.
***
[b]Vinte minutos depois.[/b]
— Já o encontrou? — Ayuminn aproximou-se de Lysandre com os olhos assustados.
— Não... — o rapaz olhava por trás das cortinas para o salão. O cenho estava franzido, o ar preocupado.
— Acha que aconteceu alguma coisa com ele? — a menina tocou o rosto do rapaz, forçando-o a olhar para ela.
— Não quero me precipitar.. — o olhar dele era sério. — Mas Castiel não está em lugar nenhum.
— E o par dele? — Ayuminn indagou.
— Não sei... — ele tinha o rosto doce e preocupado e Ayuminn não resistiu, aproximando-se para um beijo que pudesse acalmá-lo.
— D-desculpa, mas...
Mas foram interrompidos. Iris tinha o rosto vermelho e os cenhos franzidos.
— A diretora Shermansky está estressada e disse que teremos de continuar o show a qualquer custo.
— Infelizmente não posso continuar, Iris. — Lysandre aproximou-se da menina. — Diga a ela que...
— Natsumin também desapareceu! — Rosa surgiu das cortinas da frente do palco. Os olhos estavam arregalados e ela estava acompanhada de Alexy e Tsubaki. Nas mãos dessa última, havia um pedaço significativo de pano vermelho.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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