Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 43
Capítulo Um - O que as chamas queriam mostrar.


Notas iniciais do capítulo

Ah... lendo de novo, me dá vontade de ajustar muita coisa... Não vou senão vai alterar muita coisa mesmo... Ain.. Sejam vem vindos à segunda temporada!! Espero que gostem!
A partir de agora vou postando todos! Maratona!



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Crac. Crac. Crac.
O fogo crepitava nas toras de mateira cortadas com precisão. A noite estava escura, o céu, tomado por estrelas cintilantes, que causavam um encantamento irresistível.
— Toma. Você vai precisar.
Ele envolveu Natsumin com um cobertor grosso, que havia trago para esse dia. Eles podiam ouvir o coaxar dos sapos, o estrilar dos grilos. Um vento frio rodeava o grupo de alunos que se encontravam ao redor de uma fogueira grande. Os roedores faziam festa com os restos de comida jogados no matagal, podia-se ouvir o mar calmo jogar suas ondas cristalinas na areia branca.
Natsumin estava longe daquele lugar. Longe daquele fogo, da companhia de seus amigos, da calmaria, dos marshmallows queimando sobre o fogo. Não literalmente. Em seus olhos azuis, via-se o reflexo das chamas, as labaredas brincavam de esconde-esconde, as chamas dançavam. Era uma espécie de dança do ventre mais melodiosa e dotada de um ritmo constante. As bordas vermelhas fundiam-se ao céu negro, soltando lentamente faíscas belas que desapareciam no ar. Seu pensamento estava preso à um ruivo forte, de semblante frio e arrogante, um Diamante Bruto indecifrável e misterioso. Ela se via novamente na casa dele, podia enxergar claramente os móveis através das chamas. Ele ainda a envolvia em seus braços, seu coração distante, ainda podia sentir a agitação, seu toque, agora quase esquecido, lembrava-a de como havia sido bom estar nos braços dele por pelo menos um dia.
Ela lembrou-se da sua expressão ao telefone.
Uma semana e meia antes...
Naquele momento, Natsumin sentiu os músculos de Castiel se tencionarem e o ruivo trincou os dentes, deixando o celular cair no chão. Ela arregalou as órbitas azuis, desesperada com o que podia ter acontecido. Uma aura negra formou-se sobre o ruivo e seus olhos negros tornaram-se opacos. Suas sobrancelhas se arquearam, os lábios que sorriam a minutos atrás, agora formavam uma linha retilínea e monótona. Ele tirou os braços de Natsumin, deixando-a livre enquanto jogava a franja ruiva para trás, mostrando a preocupação.
— O que está acontecendo? — Natsumin indagou, agachando-se para pegar o telefone do ruivo, mais ele pegou-o rapidamente, apertando os dedos contra o aparelho. Ele estava paralisado, sob as órbitas negras, podia-se ver o temor. A íris negra dilatou, mas o ruivo não falava nada. Suas emoções haviam sido completamente alteradas. — Dá para me responder, Castiel! — ela deu um leve empurrão no ombro dele, deixando a mão ali, a fim de reconforta-lo.
— Isso não tem nada a ver com você. — Castiel finalmente respondeu, ríspido e arrogante.
Natsumin soltou aos poucos a mão do ombro dele, deixando-a tombar lentamente ao lado do corpo. Suas órbitas azuis encheram-se de amargura e arrependimento. A opacidade era visível e a tensão, clara.
— Tem toda razão, Castiel. — ela afirmou, tão fria e ríspida, quanto ele. — Quando estiver pronto para falar algo, pode ter certeza de que não ouvirei. — ele passou rapidamente pelo lado dele, esbarrando propositalmente seu ombro no dele com algidez. Em seguida, direcionou-se ao quarto de guitarras, onde entrou e fechou a porta com rudez.
Pa.
Castiel ouviu a porta ser fechada. Seu corpo ainda estava repleto de tensão. Ele apoiou-se na bancada ao lado da escada e deixou a cabeça tombar entre os braços fortes. Ele estava indeciso. Não podia acreditar. Ela não tinha que ter voltado.
— Castiel? — a voz de Lysandre era calma do outro lado do telefone, mas ainda podia-se sentir sua tensão. — Castiel terminou a ligação, desligando o telefone em seguida. Não queria mais tormentos. Pelo menos nessa noite. Ele passou os olhos pela porta do quarto de guitarras. Imaginava Natsumin ainda com a camisola de morangos e a franja presa para trás. Mas, rapidamente a imagem da menina se dissipou e uma pessoa diferente surgiu para ele. Debrah. Ela tinha os cabelos castanhos ainda presos para trás, assim como da última vez que a viu. Tinha um decote na blusa, a calça jeans apertada, o olhar azulado. Ele tentou esquecê-la por anos. Mas, sabia que não a havia apagado de suas memórias, embora quisesse. Maldito Nathaniel, maldita proposta. Debrah estaria com ele agora se não fossem por eles...
Castiel deixou escapar um suspiro, enquanto virava-se para a porta de seu quarto. Mais uma vez a imagem de Natsumin invadiu seus pensamentos, mas ele rapidamente dissipou-a. O ruivo deixou o corpo forte cair sobre a cama, deitando-se de costas, com os braços acima da cabeça. Ele ainda tinha Debrah em seus pensamentos, mas, quando fechou os olhos, pensava em Natsumin. Em sua boca na sua, em seu corpo colado ao seu. O desejo tomou-o, a ansiedade era iminente. Os braços de Natsumin haviam acariciado as pontas de seu cabelo, próximo à nuca. O beijo fora demorado, mas repleto de desejo. Castiel a tinha desejado por muito tempo. E... Novamente, Debrah invadiu seus pensamentos, expulsando Natsumin dali. Ela estava voltando. Castiel imaginava como ela estaria agora.
***
Uma semana e meia depois. Tempo atual. 
Natsumin abaixou um pouco o cobertor até os cotovelos. Seu cabelo negro balançava para trás com a brisa fria. Ela deixou-se ser tomada pelo vento oriundo do mar. Sentia o cheiro de areia molhada. Toda aquela calmaria servia para livrá-la dos pensamentos ruins que a rodeavam. Depois daquele dia, nada foi como era antes. Natsumin havia cumprido a aposta como prometido. Foi um grande desafio conviver na mesma casa que Castiel, sem sequer trocar uma palavra com ele. Aquele resto de semana que faltava pareceu uma eternidade. Quando Natsumin voltou para casa, a primeira coisa que fez foi se deitar e escrever. Compor. Não tinham nada a ver com Castiel. Tinham a ver com ela mesma, como se sentia. A cada parte do dia, Natsumin procurou esquecer aquele beijo. Não fora um beijo qualquer. Natsumin pôde sentir a tensão entre os dois naquele dia. Fora... Diferente.
Mas não durou nem menos de meia-hora.
Talvez fosse por causa da maldição à qual Natsumin estava submetida. Ela tinha que admitir que não podia ser amada. Não depois de seu egoísmo e talento ingrato terem matado seus pais.
Pouco tempo depois, as provas se iniciaram e as férias começaram. Natsumin tinha quase certeza de que havia ido perfeitamente bem no teste. Sabia que tinha a obrigação de separar seus deveres de suas angústias. E ela não queria admitir. Não queria parecer amargurada. Não queria ser amargurada. Natsumin achava ser uma perda de tempo sofrer por algo. Ela preferia sofrer sozinha, guardar para si mesma o que era seu. Tudo o que sentia, não deveria ser espalhado. Ninguém entendia que quando uma pessoa sofre, ela não deve dizer a todos o motivo. Sofre porque sofre, tudo é uma consequência de atos. Espalhar o motivo do sofrimento é ruim. E, pior ainda quando se usa o próprio sofrimento para causa comoção nos outros. Natsumin não queria que ninguém tivesse pena dela. Ela queria parecer forte. Ela era forte.
E se a exposição de seu passado por Ambre não a feriu, não seria Castiel quem iria fazer isso.
No segundo dia de férias, Alexy a havia convidado para passar as férias com ele e Armin. Ele havia dito que alugariam uma casa de praia para passarem as férias sozinhos, acampar e contar histórias. Alexy havia jurado que apesar de sua fixação por moda a perfeição, ele não tinha problema algum com mosquitos e cutias.
Natsumin, é claro, havia concordado. Ela não estava triste. Pelo contrário, muito feliz. Forte e reerguida. Era muito difícil alguém a abalar e deixa-la abalada. Ela não se permitira sofrer por ninguém. Nunca.
Armin estava sem graça de falar com ela, depois daquele segundo beijo. Mas, quando finalmente criou coragem, pediu desculpas. Natsumin, é claro, aceitou. Amava Armin assim como amava Alexy. Adorava aqueles dois e não seria um beijo que os separaria.
Alexy se empolgou com a viagem e acabou chamando a turma inteira. Mas, Kim e Dajan estavam passando as férias juntos, Jade tinha curso de férias de jardinagem, Rosalya e Leigh estavam passando as férias em Miami. Sozinhos. Bia, Peggy, Li e Charlotte não haviam vindo por um motivo que Natsumin sequer se preocupou em saber. Ela não tinha nada a ver com a vida dos outros. Não queria saber de nada.
Ela suspirou, olhando de soslaio uma cabeça ruiva atrás das chamas da fogueira.
Castiel virava os olhos negros sobre a praia. Ele não queria ter vindo para essa porcaria na companhia de um bando de babacas. Tirando Lysandre e... Natsumin. Podia ver a garota do outro lado da fogueira. Ela estava sentindo frio, apesar da fogueira estar bem à sua frente. O viciadinho do Armin havia finalmente largado o seu namorado, aquele console portátil. Mas, agora levantava-se com um cobertor entre as mãos e havia colocando-o em Natsumin, que se envolveu rapidamente, ainda encarando as chamas.
Ele cerrou um dos punhos, sentindo raiva de Armin que sempre se aproveitava quando Natsumin estava sozinha. Aquele moleque viciado era um completo idiota! Castiel não ficaria ali nem mais um minuto se não fosse pela insistência de Lysandre. O amigo havia pedido a ele para esfriar a cabeça um pouco nas férias. Debrah chegou à cidade na semana passada, mas só queria encontrá-lo depois das férias.
Castiel não admitiria nunca, mas a notícia da vinda de Debrah o estava afastando cada vez mais de Natsumin. E ainda, o atingira em cheio. A imagem de Debrah o abalava toda vez que ele, mesmo que involuntariamente, acabava se lembrando dela e dos momentos que passaram juntos. E, ainda pior. Do dia em que ele viu Nathaniel agarrando-a, o mesmo dia em que o empresário da sua antiga banda o ligara, anunciando a carreira solo de Debrah e sua partida para o exterior.
Castiel fechou agora os dois punhos. Havia se esquecido de Armin, de Natsumin e de todos que estavam ao seu redor. Sua expressão era séria, o olhar negro estava opaco, a boca formava uma linha retilínea opressora. As sobrancelhas arqueadas sob a franja ruiva mostravam sua preocupação.
O ruivo sentiu um aperto no peito, uma ansiedade indescritível quando pensou no dia que chegaria em breve. Daqui a uma semana e meia, as férias acabariam e todos que e encontravam ali, voltariam para o colégio. E, Castiel sabia que seria nesse dia que ele encontraria Debrah.
Ela havia falado isso para Lysandre. Disse que queria vê-lo, mas no primeiro dia de aula apenas. Castiel não conseguia entender o motivo, estava ansioso e irritado por conta do mistério. Iria ver Debrah. Depois de tanto tempo...
— Vamos jogar algo? — Brita sugeriu, sorrindo ao observar o marshmallow ligeiramente queimar nas pontas com o fogo. Seu cabelo roxo em um corte chanel parecia vinho com o reflexo das chamas e seu olho amarelo, tinha a cor ainda mais forte!
— Ótima ideia! — Iris sorriu, aprovando a ideia de Brita.
— Mas o que? — Melody perguntou, retraída, enquanto observava de soslaio, Nathaniel, mais sério do que nunca, com o olhar cor de mel em Natsumin.
— Que tal jogo da verdade? — Ambre sugeriu, com a malícia no sorriso. — Natsumin com certeza vai gostar da ideia.
Castiel direcionou o olhar de desprezo para Ambre. Como aquela garota conseguia ser tão idiota? Castiel soube exatamente o que ela fizera com Natsumin da última vez. Cathy havia contado tudo a ele.
— Acho uma ótima ideia. — Natsumin sorriu, levantando o rosto para mostrar que não estava abalada. A rebelde em seu interior clamava pedindo-a para jogar pelo menos um marshmallow queimado na cara de Ambre, ou talvez, quem sabe, jogar mel na cara dela. Talvez os abutres e bichos da mata fossem querer leva-la.
— Concordo com a Natsumin. — Kentin, que estava do lado direito de Natsumin sorriu para a amiga. Ele tinha os olhos verdes presos ao dela. A menina, que estava sentada no tronco de árvore caído sorriu para ele, sentindo o olhar de Armin no seu lado esquerdo.
— Eu começo! — Alexy exclamou com o sorriso largo escancarado no rosto. — Minha pergunta é para o Kentin.
Kentin encarou Alexy sério. Ele sabia que o garoto de cabelos azuis era estratégico e não parava de pegar no seu pé. Com certeza faria uma pergunta que o deixaria sem graça para responder.
— Kentin, você... — Alexy começou.
— Calma aí! Vocês não sabem jogar não é? — Brita interrompeu Alexy, levantando-se do tronco caído para dirigir-se ao centro da roda de alunos, próximo à fogueira. Ela pegou uma garrafa pet vazia, que antes continha água e deitou-a no centro. — Agora sim. Alexy, você pergunta e Kentin responde e depois gira a garrafa. Entenderam?
— hahahahah! Eu quase me esqueci disso! Você é demais, Brita! — Alexy abriu o sorriso largo, colocando uma das mãos atrás da cabeça enquanto sorria.
— Obrigada, mas acho que eu já sabia disso! — Brita brincou, arrancando mais um sorriso de Alexy e outro de Natsumin também, além de Melody e íris. Apenas Kentin, que estava preocupado demais com a pergunta para sorrir, Armin que estava domado pelo ciúme de Kentin com Natsumin, Nathaniel, que estava domado por um sentimento que ele não conseguia explicar por Natsumin desde o dia em que a viu de toalha, Castiel, que não via motivo algum para sorrir e Lysandre, que estava preocupado com Castiel, não sorriram.
Ambre como sempre, era Ambre. Uma completa sem graça.
— Tem certeza de que vai dar certo? — Violette indagou, retraída. Não gostava nem um pouco desse tipo de jogo.
— Claro que vai, Vi! — Alexy sorriu, tentando diminuir a apreensão da menina. — Aqui vai! — Alexy procurou fazer suspense, sorrindo enquanto esfregava as mãos uma nas outras e depois as passava pelos cabelos azuis brilhantes. — Você gosta de Natsumin, Kentin?
Natsumin arregalou os olhos e Kentin ruborizou imediatamente.


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Notas finais do capítulo

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