Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 23
Capitulo Vinte e dois - Um, dois, três, Um, dois, três


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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I was the one you always dreamed of
You were the one I tried to draw
How dare you say it's nothin to me?
Baby, you're the only light I ever saw
I'll make the most of all the sadness
You'll be a bitch because you can
You'll try to hit me just hurt me
So you leave me feeling dirty
Because you can't understand


       — Eu fui aquele com quem você sempre sonhou.
      Castiel arqueou as sobrancelhas. Não entendia o motivo de ela ter falado aquilo. Ambos ainda estavam abraçados e “Slow Dancing in a Burning Room” emitia notas suaves enquanto uma voz aveludada entrava pelos ouvidos de Natsumin de forma carinhosa, fazendo-a se esquecer de tudo que estava ao seu redor. Inclusive de Castiel.
      Ela fechou os olhos, deixando a testa tombar no peito dele.
      — Você foi aquela que eu tentei desenhar. — ela sussurrou contra o seu peito. — Como se atreve a dizer que isso não é nada para mim?
      A voz doce da garota entrava pelos ouvidos dele, fazendo com que seu coração duro e frio lutasse para entender algo que apenas seu cérebro decifrava.
      — Você é maluca.
      Natsumin abriu os olhos.
      Castiel havia acabado de pronunciar aquelas palavras, mas assim que ela levantou a cabeça para olhá-lo, percebeu que seus olhos negros estavam distantes, olhando para o fundo da sala. Ele não gostava de dançar. Para falar a verdade, ela duvidaria se alguém a dissesse que Castiel estavam dançando uma música lenta com alguém. E, agora, ela ainda tinha essa dúvida. Apesar de ter os braços na cintura dela e ela as mãos em sua nuca, praticamente acariciando os belos cabelos rubros, ela não via a presença dele ali. Ele estava distante, como se dançasse com ela por obrigação. E a voz dele estava fria e rude.
      — Estou traduzindo a música. — ela pronunciou, tão fria quanto ele. — Gosto de fazer isso às vezes.
      Castiel permaneceu em silêncio.
We're goin down
And you can see it, too
We're goin down
And you know that we're doomed
My dear, we're slow dancing in a burning room


      Natsumin preferiu não insistir. E, ao menos puxar assunto com ele. Às vezes sabia que realmente não valeria a pena. Castiel era tão difícil de ser lapidado, tão difícil de ser entendido. Ela não conseguia imaginar uma palavra sequer que passasse na cabeça dele naquele momento.
Go cry about it, why don't you?
My dear, we're slow dancing in a burnin room


     Castiel observou o cabelo negro de Natsumin que caía sob suas costas e se fundia à negritude de seu vestido.  Eles balançavam, fazendo cócegas nas mãos de Castiel, que não se importava.  Ele observou Natsumin suspirar e fechar novamente os olhos.  Seus olhos negros ainda rondavam pela sala até encontrarem os olhos verdes de Kentin, que estava sentado em um poof branco, olhando Natsumin. O garoto nem piscava. Sorrindo mentalmente, Castiel puxou a cintura da garota para si, o que a fez abrir rapidamente os olhos com o impulso para frente. Mas, ela não falou nada, o que surpreendeu Castiel.  Ela fechou novamente os olhos e ele continuou a busca pela sala grande. Armin também não estava lá. Se tivesse sorte, o “viciadinho” já teria ido embora. 
Don't you think we oughta know by now?
Don't you think we should have learned somehow?

     
    Nesse momento, um solo emocionante se iniciou. Natsumin abriu os olhos e Castiel podia ver que a sua íris azul brilhava. Ela realmente gostava de música. Ele podia ver aquilo naquele exato momento.  Não era como as outras garotas em Sweet Amoris, que fingiam gostar de música apenas para agradá-lo. Natsumin era única e... E...
    Ele queria beijá-la nesse exato momento.
    Natsumin abriu um sorriso tímido, mas Castiel sabia que não era para ele. Era para a música. Tudo o que ele sentia por ela era apenas desejo. Isso. Castiel não gostava de Natsumin. Não a odiava, é claro, mas ele havia prometido a si mesmo que não gostaria mais de ninguém. Nunca mais se envolveria com uma garota de forma séria. Não mesmo.  Não depois da...
    Ele desistiu da ideia de beijá-la naquele momento.  Natsumin poderia pensar que ele estava gostando dela e isso não seria verdade. E, ele não queria iludi-la, assim como fazia com as outras. Não queria porque ela era... Diferente.
    — O que você estava fazendo ontem na casa do viciado? — Castiel soltou, fazendo Natsumin se separar um pouco dele, mas apenas para olhar para seus olhos negros, que a encaravam, aguardando a resposta.
    — Não chame ele assim. — Natsumin falou com a voz rude.
    — Por que não? — Castiel indagou. — Ele é seu namoradinho, agora?
    Natsumin não se sentiu à vontade com a pergunta dele e, ficou com um pouco de raiva daquele ruivo arrogante naquele momento. Mas, sabia jogar tão bem quanto ele. E, ironia era seu forte.
    — Por que a pergunta, Castiel? — Natsumin levantou uma das sobrancelhas e abriu um sorriso irônico para ele. Um sorriso que lembrava o sorriso de raposa dele. — Está com ciúmes?
    Natsumin pensou que Castiel fosse praguejar, chama-la de magrela e dizer que não estaria interessado numa tábua de passar como ela... Mas, ele fez algo totalmente inesperado.
    Castiel reagiu como se tivesse sido pego de surpresa e ruborizou. Natsumin não conseguia acreditar no que via.
    — Nada a ver. — ele olhou para o lado, tentando esconder as bochechas agora quase tão rubras quanto seus cabelos.
    Natsumin deixou escapar um sorriso. Ela havia feito Castiel ruborizar! Ela não conseguia entender o motivo de sua alegria, mas sabia que era apenas momentânea, ou, talvez, resultado do coquetel de morango que havia tomado.                 
    Mas, rapidamente a alegria de Natsumin se esvaiu, no exato momento em que Castiel virou o rosto para ela. Sua expressão era arduamente séria e seus lábios formavam uma linha retilínea.
    Castiel não conseguia se esquecer da cena. Ele tentava, mas não conseguia. Como Natsumin havia se atrevido a se deixar ser beijada por Armin? Armin! Ela não aceitou o beijo dele, mas o de Armin sim. Talvez ela não fosse tão diferente das outras garotas.
    O solo de Guitarra terminou, fantástico como já era esperado. Castiel soltou a cintura de Natsumin e ela a nuca dele. Ele ameaçou se distanciar dela, mas Natsumin segurou seu pulso.
    — Espera, Castiel. — a cabeça dela começava a pensar agora mais claramente. Havia algo de extremamente errado acontecendo com Castiel. Ela só não conseguia entender o quê. — O que está acontecendo?
    — Por que a pergunta, novata? — Castiel também entrou no jogo de ironias, abrindo seu exótico sorriso de coiote.
    — Você está... Estranho.
    Castiel sorriu.
    — Você é que é a estranha por aqui. — ele abriu o extraordinário sorriso de coiote. — Apesar de o vestido lhe cair bem.
    — Não entendo... Você... — Natsumin não conseguia encontrar as palavras para se expressar. — Você me achou bonita? — Ela se sentiu o papa-léguas naquele momento, fugindo do coite. Entretanto, seu papa-léguas estava caolho. E havia acabado de bater com a cara na pedra. Mas o coite continuava a avançar.
    — É claro que não. — Castiel sorriu novamente. — Eu disse que o vestido lhe caiu bem. Uma magrela como você vai precisar de muita academia para chegar a ser bonita.
    Natsumin não sabia se sentia raiva ou alívio. Ela não queria ser querida, não gostaria que alguém a achasse bonita. Não mais. Ela tinha os cabelos da mãe e os olhos do pai. Sua beleza era deles. E ela havia os matado. Não a beleza. Natsumin. Natsumin e seu talento ingrato.
    Mas, ela não conseguia entender porque as palavras de Castiel a atingiram naquele momento. Não era para isso acontecer.
    — Você é um idiota, Castiel! — ela soltou um sorriso, esquecendo o que havia sentido no momento, jurando a si mesma que aquilo passaria.
                                                          ***   
    — Vai atrás dela, Armin! — Alexy insistia enquanto Armin parecia ignorá-lo completamente.
    Alexy tirou o psp da mão dele. — Não é hora para isso. — o menino de cabelos azuis alertou. — Você vai lutar por ela. E o ruivo não gosta dela, Armin.  Se você deixar, ele vai magoá-la.
    Finalmente, Armin olhou para o irmão.
    — Acha que ele vai magoá-la? — Armin indagou.
    — Ele faz isso com todas as garotas.             
    — Tem razão. — Armin rapidamente se levantou.
                                                               ***
    Nesse momento, Natsumin e Castiel não perceberam, mas Armin passava rapidamente pelas pessoas na grande sala. Seus olhos azuis vasculhavam o local, à procura de Natsumin. E, finalmente encontraram.
      — Natsumin! — Armin parecia ofegante, mas conteve a respiração quando começou a falar. — Pode ir lá em casa, amanhã? Vou querer a revanche no Guitar Hero.
      Inesperada, como Armin imaginava, Natsumin abriu um sorriso largo.
      — Claro, Armin!
      — Então está combinado! — Armin respondeu com um sorriso largo também.
      Castiel permaneceu imóvel e mudo. Como se não estivesse ali. Seus olhos negros fuzilavam Armin com rudez. Armin percebeu que era melhor sair. Já havia conseguido o que queria. Iria mostrar para o ruivo que ele não podia conseguir tudo o que queria. E, definitivamente, não o deixaria magoá-la.
      — Vai sair? Com o viciado? — Castiel tinha a expressão séria no rosto.
      — Não o chame assim e ele é meu amigo. — ela assinalou, calmamente.
      — Você é uma idiota, Natsumin. Não vê que ele está a fim de você?
      Castiel lembrou-se imediatamente do beijo dos dois, o que o deu ainda mais raiva. Mas, não comentou sobre isso.                   
      — Você que é um idiota, Castiel! — Natsumin falava baixo e com a voz calma, mas seu tom de voz conseguia ser ainda mais rude do que o dele. Como ele poderia... — Não vê que isso não é da sua conta?
      — Tem razão. — Castiel aproximou-se dela, pronunciando as palavras com tamanha rigidez e ironia, o que deixou Natsumin ainda mais irritada. — Não é mesmo da minha conta. Vá se divertir com aquele babaca.
      — Vou mesmo. — Natsumin afirmou. — E você vai continuar a não ter nada a ver com isso.
      Castiel deu de ombros, andando para fora com as mãos nos bolsos. Natsumin foi atrás dele e colocou a mão em seu ombro. 
      — Se for embora agora, estará fazendo uma grande desfeita para Melody.
      — Não estou nem aí para aquela marionete— ele continuou a andar, sem se virar para trás. — E não há nada que me agrade nessa festa.
      Natsumin soltou a mão de seu ombro e deixou-o partir. Castiel tinha mudanças de humor rápidas e ela sabia que sua ira poderia rapidamente acabar com a festa de Melody. Sim, era melhor ele ir embora. Ela continuou a olhar os ombros largos e os braços fortes, colados à blusa preta de mangas compridas e gola redonda. O cabelo rubro de Castiel se juntou à escuridão da rua e, à distância que ele agora se encontrava, tudo o que ela via era uma sombra.
    — Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!
    Começaram a cantar, mas as vozes pareciam sussurros no ouvido de Natsumin. Seu pensamento estava fechado e concentrado na rua e as vozes às suas costas pareciam cada vez mais distantes, enquanto Castiel parecia mais perto dela. Aquilo era tolice.
    Assim que o ruivo sumiu, a distância entre os dois foi criada novamente e Natsumin se indagou se não teria mais volta.


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Notas finais do capítulo

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