Diamante Bruto escrita por Natsumin


Capítulo 12
Capítulo Onze - A garota do Vestiário


Notas iniciais do capítulo

Continuando a maratona que inicio hoje até o fim da temporada!
Bom, tenho um segredo... Esse é um dos meus capítulos preferidos da primeira.
Bom, boa leitura!



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Natsumin respirava baixo. Estava desconfortável, é claro e seu coração disparava a cada ruído que ouvia. Ela se encolheu, ainda sentada no banco de mármore do vestiário, logo abaixo do chuveiro, cujas gotas que pingavam de um a um segundo em sua cabeça eram literalmente uma tortura. Não se sentia muito segura por trás da porta prateada sem fechadura. Era a terceira porta do fundo do vestiário, ou seja, a antepenúltima. Seria difícil alguém encontrá-la por ali. Ela procurava conter a respiração ao máximo. Não podia prever que horas sairia dali. Ela poderia ficar para sempre naquele estado. Mas, de jeito nenhum, poderia deixar alguém encontrá-la ali. Ninguém poderia vê-la. Ninguém.
***
Duas horas antes...
— Vocês foram muito bem, meninas! — o treinador Boris elogiava o jogo que havia fluido de forma normal. Exceto, é claro, pelo fato de Ambre ter arremessado Natsumin para o chão.
Mas, nada de ferimentos. Graves. Apesar de o joelho ralado sangrar um pouco, Natsumin não havia se abalado no jogo e levantou e continuou com lance. Ela sabia muito bem como ser forte. Ela acabou arremessando para Brita, a menina simpática de olhos amarelos e cabelo roxo que havia conhecido hoje no vestiário, e ela havia terminado o lance com uma bela cesta de três pontos.
Ambre, é óbvio, só faltava arrancar a crina dourada.
Apesar do belo lance, o time de Natsumin e Brita não conseguiu vencer. E tudo se baseou pelo fato de Diana e Cathy, amigas de Brita, estarem no outro time. Elas eram espetaculares. O que salvou Natsumin de perder com uma grande diferença de pontos foi o fato de Brita estar em seu time para ajuda-la, porque as outras meninas fingiam que estavam jogando.
— A gente se vê por aí, perdedora. — Ambre esbarrou propositalmente no braço de Natsumin, seguindo o caminho que Natsumin estava seguindo. Para o vestiário.
— Você é a única que liga para isso, Ambre. — Natsumin falou, fazendo com que a loira, que estava acostumada às pessoas não responderem suas provocações, parar e vira-se para ela.
— O que você disse? — Ambre arregalou os olhos cor de esmeralda. Li e Charlotte, que já estavam próximas à entrada do vestiário voltaram.
Natsumin percebeu o perigo iminente. Só não conseguia acreditar como Ambre conseguia ser tão covarde. Ela simplesmente não enfrentava ninguém sozinha. Precisava da escolta de Li e Charlotte.
— Acho que não tenho necessidade de repetir. — Natsumin não se intimidou e continuou o caminho até o vestiário.
— Eu disse repita. — Ambre segurou as madeixas negras do cabelo de Natsumin, que estava preso em um rabo de cavalo.
— E eu digo agora para você soltar o meu cabelo. — Natsumin tinha a voz serena. Ela se segurava para não deixar seu passado retornar. Ela havia prometido que mudaria. Não queria mais confusões, rebeldias. Não poderia brigar logo no segundo dia de aula.
— Só solto o seu cabelo se você repetir o que disse. — Charlotte e Li cercaram Natsumin, assim que Ambre terminou de falar.
— Ótimo. — Natsumin sorriu, segurando firme sua bolsa com roupas contra o peito. — Vamos ficar aqui até amanhã.
— Ah, sua... — Ambre ergueu o braço direito para acertar um soco no rosto de Natsumin.
Mas, Cathy, Brita e Diana apareceram, abrindo a porta azul do vestiário. Cathy tinha o cabelo prateado e comprido enrolado em um coque alto e as mãos estavam na cintura. Brita estava de braços cruzados e uma expressão raivosa e um pouco irônica no rosto. Os cabelos roxos e curtos estavam soltos. Diana tinha o cabelo ruivo preso num rabo de cavalo desengonçado, que estava soltando por conta do comprimento do cabelo, que era curto demais. Ela também estava de braços cruzados, mas, com um sorriso no rosto.
— Solte-a, Ambre. — Brita foi a primeira a falar.
Ambre sorriu. — E o que eu ganho em troca?
— Vida. — Diana mostrou novamente o sorriso.
— E não é a dos outros, Medusa. — Cathy satirizou.
Natsumin percebeu que Ambre ia soltando as garras de seu cabelo aos poucos e aproveitou a vulnerabilidade aparente da loira para empurrá-la para trás, o que a fez ficar ainda mais irritada. Mas, apesar de parecer, Ambre não era tão burra e sabia que mesmo tendo Li e Charlotte, Brita, Cathy e Diana estavam do lado de Natsumin. E essa briga ela com certeza não venceria.
— Obrigada, meninas. — Natsumin agradeceu, enquanto abria a mochila com seus pertences. As meninas faziam o mesmo.
— Calada, Natsumin. Cathy brincou, soltando o coque do cabelo prateado. — É claro que defenderíamos você! Ambre é insuportável e você é... você!
— Nossa, muito obrigada pela gentileza, senhora... — Natsumin fez um gesto de agradecimento formal, curvando-se assim como ocorre em filmes de época. Era clara a brincadeira.
— Senhora? — Cathy colocou a mão no peito, como se sentisse ofendida.
Diana e Brita gargalhavam.
— Você definitivamente atingiu o ponto fraco dela, Natsumin. — Diana pronunciou. — Ela não pode encontrar um projeto de ruga no rosto que já vai achar o fim do mundo!
— Nossa, quanto exagero! — Cathy procurou se defender, rindo.
As quatro sorriam.
— Tudo bem, tudo bem. — Brita colocou a toalha branca no ombro, em seguida pendurou-a à porta do local que havia escolhido para tomar banho. — Acho que já dá para perguntar. Natsumin, você...
— Brita, não começa. — Diana impediu-a de continuar.
— Qual o problema? — Brita insistiu. — Natsumin é nossa amiga, não é?
Natsumin levantou os belos olhos azuis e prestou atenção aos olhos amarelos de Brita. Cathy e Diana não falaram mais nada.
— Ah, quer saber? — Brita pegou o sabonete líquido na bolsa e os outros produtos e colocou-os dentro do box onde tomaria banho. Em seguida, voltou para o lado de Natsumin, que ainda pegava os seus produtos. — Vou perguntar assim mesmo.
— Tudo bem. — Diana destacou, colocando as duas mãos para cima. — Ela é curiosa demais, Natsumin.
Cathy balançou a cabeça em desaprovação, mas, seus olhos azuis não mentiam. Também queria saber.
— Você está saindo com o Castiel? — Brita soltou finalmente.
Noventa por cento das garotas que estavam no vestiário olharam para Natsumin nesse momento. As outras dez por cento já estavam nos boxes.
— Não. — Natsumin não se intimidou ao dizer. Sua convicção provava que ela não estava mentindo.
Os noventa por cento que não incluíam Brita, Diana e Cathy, voltaram a não saber da existência de Natsumin.
— Olha, não fique chateada. — Brita sentiu-se um pouco sem graça por fazer esse tipo de pergunta para a garota que ela havia acabado de conhecer. Mas, todos sabiam que ela era assim e não mudaria.
— Não estou. — Natsumin sorriu, sendo sincera. — Mas por que a pergunta?
— Todos estão comentando. — Diana comentou.
— Foi a idiota da Taylor. — Cathy completou. — Ela contou para Ambre que você e Castiel ficaram trancados na sala proibida e a cascavel de peruca começou a espalhar os boatos.
— Provavelmente para fazer com que grande parte das meninas ficassem contra você. — Brita continuou.
— Ambre é idiota. — Natsumin falou. — Eu só conheci o Castiel ontem, como poderia começar a sair com ele?
— Porque ele é assim. — Cathy comentou. Seus olhos azuis pareceram ser domados por uma tristeza aparente. — Castiel não tem coração, Natsumin. Ele é um idiota. Tudo o que ele faz é assim. Ele vem com aquele charme de roqueiro, o sorriso maroto e traiçoeiro, te encanta com os músculos e os cabelos vermelhos... Mas, depois que consegue o que quer, te joga fora.
— Ainda bem que não aconteceu nada entre vocês. — Brita jogou as palavras no ar.
Um silêncio tomou o rumo da conversa das quatro meninas. Nenhuma delas fez questão de se manifestar, até porque nem tinha o que falar. Três delas conheciam Castiel. Sabiam o que ele fazia. Sabiam que ele apenas destruía corações. Todos falavam isso. Falavam que ele não tinha coração e, realmente, não parecia ter. Em um dia ele é o cara mais charmoso e sexy do colégio. No outro, ele é apenas um arrogante. Um belo arrogante. E põe belo nisso.
— Não se aproxime dele. — Diana pediu. — Isso não te fará bem.
Natsumin era a única das quatro que não sabia disso. Era a única que sequer percebeu que Castiel era um perigo iminente. Ele simplesmente era como um verdadeiro Diamante Bruto. Forte, duro, inquebrável. E totalmente difícil de ser lapidado.
Difícil não. Impossível. Castiel era impossível de ser lapidado. Seguia suas próprias regras, conquistava garotas com seu sorriso, seu rosto e corpo esculturais e seu charme sem fim. Natsumin podia ver pela expressão de Cathy que não era mentira. Ela parecia saber disso muito mais do que as outras meninas.
E realmente sabia. Cathy balançou a cabeça, tentando se esquecer das lembranças boas que tinha de Castiel. Seu toque, seu beijo... Tudo estava guardado em sua mente. Ela gostava de se lembrar disso. Mas, sabia que logo em seguida, era aterrorizada pelo fato de saber que essas coisas não aconteceriam novamente. Castiel era um monstro. Todos sabiam que a única pessoa que ele gostou na vida foi a que o deixou assim. Frio e arrogante.
E foi bem feito.
— Não quero nada com Castiel. — Natsumin pronunciou, com o objetivo de tranquilizar as meninas. Não tenho interesse nele, confiem em mim.
— Como assim, Natsumin? — Brita perguntou. — Toda novata se apaixona por Castiel.
— E precisa ser avisada. — Diana completou.
— A cobra da Ambre é apaixonada por ele. — Brita continuou.
— Já conheci muitos Castiéis. — Natsumin sorriu. — Nunca me apaixonei e nem vou me apaixonar por este.
— É assim que se fala! — as três bateram palmas e Natsumin sorriu, antes de entrar no box e tentar trancar a porta. Tentar, porque a sua porta não tinha fechadura.

***
— Shhhhhhhh! — Ambre colocou o indicador nos lábios para mandar Li se calar, enquanto enrolava a toalha branco nos cabelos loiros. Charlotte nunca teve muitas palavras, então...
— Que horas você vai fazer isso? — Li indagou, terminando de se vestir. — Já estou cansada de tanto esperar.
Ambre abriu um sorriso de cobra.
— Espere as três saírem. A novata tem que estar sozinha.
***

— Olá? — Natsumin tateou a porta para ter certeza de que não estava maluca. Ela podia jurar que sua toalha estava na porta. Tudo bem que enquanto tomava banho estava distraída demais para tomar conta de uma toalha, mas... Todos ganharam toalhas para tomar banho. Seria possível que tinham que roubar a dela?
Ele abriu ligeiramente a porta prateada do box. Sua bolsa estava aberta, revirada. Ela sentiu um aperto no coração. Não podia ser possível. Ela saiu, nua, do box e rapidamente revirou a bolsa, vendo que tudo o que havia nela eram cremes para corpo e desodorante. Haviam levado inclusive as roupas íntimas.
— Quem está aí? — ela ouviu um ruído, virando-se imediatamente. A porta central do vestiário estava sendo aberta e ela correu para o box, fechando a porta e encolhendo-se no banco de mármore lá dentro. Ela prendeu a respiração. Aquilo não poderia estar acontecendo. Aquilo não poderia estará acontecendo... Era tudo um sonho, por favor, era tudo um sonho...
— Tem alguém aí? — a voz masculina ecoou pelo vestiário vazio.
Não. Não era um sonho.
Natsumin estremeceu. Era a voz de Castiel.


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Notas finais do capítulo

Gente... eu já disse que adoro esse capítulo?! ♥



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