No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 23
Dia 11 - O conselho


Notas iniciais do capítulo

Altas tretas, emoções à vista...



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Pov Cristal Hale

Dia difícil. Não existe outra maneira de descrever o dia de hoje. Por mais que ninguém dissesse uma palavra, era possível sentir a preocupação e o medo pairando no ar. Pedro tentou até amenizar as coisas, comentando sobre o fato dele ter acertado o centro do alvo ontem. Funcionou. Um pouquinho.

Mas logo um novo conselho foi convocado, o que fez todos ficarem nervosos denovo. Lá estávamos denovo, exatamente como ontem, só não tínhamos um cavalo no meio do salão.

Rei Franco e Rainha Helena se sentaram nos tronos do meio, deixando um trono vazio de cada lado. E todos nós ficamos de pé.

– Muito bem, senhor! - Edmundo começou, dirigindo-se ao Rei Franco - Poderia nos dizer por qual motivo convocou este conselho?

– Ele não chamou vocês aqui. - ouvimos uma voz familiar dizer - Fui eu.

Zahra desceu dos vitrais, pousando no centro do salão. Usava um peitoral de prata reluzente, que descia, desfiando sobre a saia até acima do joelho. Tinha proterores nas pernas e nos braços feitos do mesmo material, e uma espada atada ao cinto. Parecia uma guerreira grega.

– Estou aqui a pedido de Aslan, meu Senhor mandou que eu lhes informasse a situação por completo. - ela falou.

E ela começou a contar.

Meu Senhor convocou um concílio, com todos os nobres estelares, para discutir. Temos observado Nárnia com mais atenção estes últimos meses, e percebemos que o mal havia conseguido um jeito de burlar a lei de Aslan, e de se infiltrar na Nova Nárnia. Depois de muitos dias discutindo e planejando, eu fui enviada em segredo, para os mais longuíquos recantos do reino.

Fui bem recebida por todos os generais centauros, minotauros e faunos, e todos ouviram e compreenderam que Nárnia corre perigo. Eles se prepararam, treinaram e se armaram, e agora se dirigem para cá, esperando a batalha. Esperando a ordem de Aslan. Esperando para pelejar contra o mal.

– Já sabemos que o mal se apossou de uma arqueira, e que logo também chegará aqui. - Rei Franco disse.

– A única coisa que me pergunto é como não pudemos ver... - Lúcia choramingou, e Ed a abraçou discretamente.

– Aslan já sabia que vocês não o identificariam. - Zahra falou - Por isso Cristal está aqui.

– Eu? - eu me assustei - Como é que eu vim parar nessa história?

– Aslan disse que apenas um coração puro vindo da terra dos reis poderia identificar o mal. - Zahra contou. - Desde o início, você identificou a Valentiny. Nenhum de vocês poderia ver o que ela via, pois jamais aceitariam tal coisa.

– Valentiny não pode ser o mal! - Rilian retrucou, furioso - A culpa não foi dela!

– Sinto muito informar, mas boa parcela dos atos dela eram conscientes. - Zahra falou - Embora piores feitos ainda estejam por vir.

Todos ficaram em silêncio por um tempo. Não havia mais nada para ser dito. Eu sentia a culpa recair sobre meus ombros, e nem precisava do olhar de Rilian, que eu sabia estar sobre mim. Eu sou a acusadora. Fui chamada por Aslan para ser a delatora. Isso é o tipo de coisa que alguém quer ser. Eu não precisava ser. Não queria ser.

– Eu sinto muito... - abaixei a cabeça, envergonhada.

– Não me venha com desculpas! - Rilian me acusou - Desde o início, você a odiava! Sempre odiou! Não me admira que Aslan tenha te chamado para ser a acusadora! Você sempre foi mesmo!

Eu senti minha mão bater em seu rosto com força, e vi as marcas vermelhas de meus dedos e sua bochecha. Foi mais forte que eu.

– COMO OUSA? AGREDIU UM REI! - Rilian gritou, colocando a mão sobre a ferida.

Eu me soltei dos braços do Pedro, e saí daquela sala, correndo. Eu sentia meus olhos marejados. Eu bati no Rilian. Não queria ter feito isso. Não podia ter feito isso. Parei no meio do corredor, bem distante daquele salão. Eu sentia o nó na garganta, mas não me permiti chorar.

– Respira, Cristal, respira. - eu abracei meu tórax, tentando me acalmar - Isso tudo é só um sonho ruim! Um dia você vai acordar, e vai estar em seu apartamento em Manhattan. James vai estar lá, jogando GTA com Charlie, e Jasmine vai fazer pipocas... Eu vou ter que limpar todo o carpete depois que eles forem embora... Tudo vai ficar bem... Respira...

Eu fiquei repetindo aquelas ilusões para mim mesma, e fechei os olhos, imaginando. Tudo nesse lugar de repente deixou de ser perfeito. Agora, todos me odeiam. É como se eu tivesse sido escolhida desde o início para ser odiada por todos, inclusive pelo meu melhor amigo.

– Cristal... - eu ouvi a voz de Zahra, bem próxima de mim. Abri meus olhos e vi ela sorrir, preocupada.

– O que foi decidido? - eu perguntei, passando a mão em meus cabelos.

– Um recesso. Enquanto todos os nobres não estiverem calmos para pensar, não poderemos continuar. - Zahra falou.

– Como é que o Rilian está? - eu disse.

– Hum... meio esquentado, mas Lúcia já está cuidando dele. - ela falou - E você?

– Posso voltar quando quiserem. - eu respirei fundo.

– Muito bem. - ela me puxou pelo braço delicadamente.

Retornamos para o salão, e todos estavam em silêncio. Não sei bem se era por minha causa, mas eu decidi ficar quieta também. Retornei ao meu lugar, do lado do Pedro.

– Tá tudo bem? - ele sussurrou.

– Uhum. - eu resmunguei.

– Muito bem, Lady Zahra. - Rei Franco se pronunciou. - Existe alguma sugestão da parte de Aslan?

– Bom, Aslan disse apenas para que eu os auxiliasse em qualquer ideia que vocês tivessem... - ela avisou, meio desanimada.

– Então nós é que temos que bolar um plano? - Tirian debochou.

– Aslan já deu o exército. - Zahra cruzou os braços - Não esperem que Ele faça tudo!

– Eu acho que tenho um plano. - Rilian sussurrou.

– Pois então diga! - Rainha Helena ordenou.

– Majestades, Guaia só nos deu o objetivo de Vera. Meu plano é que descubramos os planos dela, e formemos uma linha de frente aqui, em Cair Paravel, que é o alvo mais óbvio dela. Se obtivermos êxito em descobrir os planos dela, enviaremos mais soldados para o alvo, caso este seja outro, que aliás poderiam ser acionados a qualquer momento pela Zahra. - Rilian explicou.

– Bom plano, mas como pretende extamante descobrir os planos dela? - Pedro perguntou. Rilian respirou fundo, fechando os olhos.

– Eu peço permissão para ser enviado como espião. - ele pediu.

– O QUÊ?! - eu e Zahra gritamos - VOCÊ FICOU LOUCO?!

– Se você for, vai morrer! - eu gritei.

– Como se você se importasse. - ele ironizou.

– Vai continuar com isso por quanto tempo? - eu retruquei - Quantas vezes vou ter que dizer que eu me importo com você? Que eu gosto de você? Eu não quero que morra!

– Rilian, essa mulher é louca e muito perigosa! Ela já te aprisionou uma vez, quem garante que você não ser preso denovo? Ou se ela vai fazer algo ainda pior? - Zahra me apoiou - Você não pode ir! Indique outra pessoa, qualquer um! Mas não vá! Eu te imploro!

– Por favor, Rilian! - eu implorei.

– Está decidido. Rilian irá como espião até as Terras Sombrias, e tentará nos contar os planos da Feiticeira Verde. Este conselho está encerrado. - Rei Franco anunciou.

Anunciou a sentença de morte para Rilian. E eu não podia fazer mais nada.


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Notas finais do capítulo

Ah, Rilian, por que você fez isso?



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