Teus beijos desceram pelo pescoço de tua senhora, espalhando mordidas em sua pele, deixando vermelho todo o trajeto por onde tua boca percorrera. Em conjunto, passeava com tuas mãos em torno das coxas de Ursa e voltava a subir preguiçosamente até sua cintura. Apertando cada pedaço. Respirando descompassadamente, as mãos dela em descontrole agarrando-lhe os cabelos longos e cravando as unhas em tuas costas. Você a presenteava com teus gemidos roucos.

— Minha senhora...

E então era tua vez, as mãos navegando nos seios dela, tua boca sugando cada parte de seu colo, fazendo-a suspirar, contorcer, arquear-se sob teu corpo. Mas tua língua perigosa, não se contentava apenas com os seios de tua rainha e com ela, você alcançou-lhe o íntimo.

— Ah, Ozai!

Tudo parecia tão real, Ursa era mais quente do que o sol e mais incontrolável que o perigoso fogo, lhe queimando a cada toque e o suor banhando seu corpo. Mas você despertou de teu sono, ex-Senhor do Fogo, acordando no chão duro de uma cela escura e fria. Abandonado, esquecido e odiado. Tornando-se tua própria ruína, Ozai. Agora você era apenas um coitado, alguém que quase destruiu o mundo, que quase derrotara o Avatar. Quase, equivalia ao segundo lugar e este, sempre foi reservado a você. O segundo filho, o segundo na linha hereditária, o segundo mais forte. Sempre. O ódio por si próprio era teu pior veneno e mais ou menos dias, você enlouqueceria.

O que ela teria feito em todos esses anos? Será que se lembrava de você? Se sim, com toda certeza não era como você pensava nela. Se não, era porque nem mesmo as piores lembranças eram merecidas por ti. Tu destruiu-a aos poucos, profanando o anjo que existiu dentro dela. Talvez você não saiba, mas é isso que os demônios fazem e você se tornou um. Era uma bela vingança, o grande e poderoso Ozai, atirado num abismo do qual nunca poderia sair. Ursa poderia ter chegado perto de lhe ensinar o que era o amor, mas ela nunca o ensinara a esquecer.

Será que ela conhecera outra pessoa? A ideia lhe irritava. E se outra pessoa a satisfizesse agora? O que poderias tu, fazer? Até mesmo de tuas vontades deixara de ser senhor. Não poderia impedi-la de ter alguém. Afinal tu tiveras tantas outras depois dela, se perdendo em outros braços, tentando em vão encontrá-la. Teu maior desejo, era que ela voltasse, te dissesse que tudo que haviam vivido não era uma mentira e que você precisava apenas, se desculpar.

Mas seria Ursa, capaz de te amar novamente, Ozai? Teus erros eram muito maiores do que se podia imaginar e aceitar teus defeitos, seria mais que uma virtude.

Era tanta dor, que as lágrimas escorriam por tua face sem cessar. Teu corpo tremia aos soluços e você chorava. Talvez nem se lembrasse da última vez em que fora capaz de se expressar de tal maneira. Tua vida lhe abandonara muito tempo antes, na mesma noite em que Ursa partira. E teu fim seria ali, sozinho, confinado numa cela imunda, á espera de alguém que nunca mais voltaria.