Boneca Humana escrita por SweetAmmy


Capítulo 14
Capítulo 13 — Adeus, Bridgeport!


Notas iniciais do capítulo

→ E, finalmente, chega o dia da partida. Só tem mais esse capítulo e o epílogo.
→ Ainda tem a segunda temporada õ/



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As últimas três semanas passaram tão rápido! Eu mal podia acreditar que no dia seguinte iria deixar a Europa e voltar para a América.

Aqui vai um breve resumo sobre o que aconteceu nas últimas três semanas:

• Debrah voltou para Bridgeport para gravar a última música de seu CD com meu pai, porque ela disse que já estava com saudades daqui e gostava muito do sistema de gravação da Foxy Records. Acho que isso foi uma forma de tentar pedir desculpas ao meu pai pelo escândalo que aprontou para os sócios da Golden Voice (e depois a putinha escandalosa sou eu!) e mostrar que ela não é uma pessoa tão ruim assim. Típica atitude de “vou passar os próximos meses com você e não quero começar uma intriga”. Ahã, vá sonhando!

• Eu voltei a frequentar as aulas em Sweet Amoris e todos me receberam muito bem, porque estavam achando que eu realmente não voltaria para a escola. E nesse meio tempo, saíamos juntos nos fins de semana, fazíamos festas do pijama… Eu até convenci o Armin a deixar um pouco os video-games de lado e ir para um karaokê com toda a turma!

• Consegui convencer o Nathaniel a sair mais conosco. Ele finalmente enfrentou o pai e disse que já fazia de tudo para ser considerado um filho exemplar, então merecia um tempo de diversão com os amigos. Daniel Armitage ficou surpreso de início, mas admirou a coragem do filho e disse que, desde que suas notas na escola permanecessem altas, Nathaniel poderia sair aos fins de semana conosco.

• Mesmo com a turnê adiada, a banda Os Engravatados não deixou de fazer sucesso. Agora, eles eram empresários deles mesmos e já estavam agendando shows por toda a Europa antes de dezembro. Acho que eles sabem lidar com a fama muito bem.

Tudo estava perfeito. Em três semanas eu passei muito mais tempo com meus amigos do que nos últimos meses em que estive em Bridgeport. É incrível como só damos valores às coisas quando estamos pestes a perdê-las.

Mas agora, mais do que nunca, eu estava pronta para ir. E não me sentia mais triste por isso.

Tivemos que ir de avião, porque, infelizmente, Debrah sofria enjoos no mar. Eu não tenho nada contra andar de avião, exceto por uma coisa: O detector de metal dos aeroportos. Eu sou totalmente feita de metal e leva no mínimo 3 horas até que meu pai invente uma história sobre eu ter deficiência no organismo e ter que usar um monte de aparelhos para me manter viva, consiga convencer a segurança do aeroporto e eles me deixem viajar sem pensar que eu sou terrorista. Por isso, sempre chegamos no mínimo 4 horas antes do voo. Vai que a segurança é rígida e demora ainda mais tempo para eles tomarem uma decisão? Nunca se sabe!

Faltava apenas meia-hora para o avião decolar e meu pai ainda estava conversando com a equipe de segurança. Todos os outros passageiros já haviam se levantado e entrado no avião e, enquanto isso, eu ainda estava sentada em uma poltrona ao lado de minha mãe e de Debrah, apenas esperando que tomassem uma decisão.

— Vou ver quanto tempo mais isso vai demorar. — Lucia disse, levantando-se e indo em direção à sala onde Philippe estava. Que ótimo! Agora eu estava sozinha com a Debrah. Desde que ela não conversasse comigo, estaria tudo bem.

Mas ela não parecia pensar o mesmo.

— Ei! Kaplan! — Debrah disse. — Você tem mesmo que usar aparelhos pra se manter viva?

Levei alguns segundos para responder. Ela estava tentando ser legal comigo?

— Tenho. — Falei, fria.

— Isso tem a ver com aquela coisa estranha que eu vi na sua mão? Por baixo da sua luva quando tivemos aquela briga no banheiro?

Oh! Eu havia me esquecido que Debrah era uma das únicas que desconfiava de alguma coisa porque havia visto o plástico por baixo da pele falsa.

— Eu fiz uma cirurgia há menos de um ano e tive que colocar uma placa de metal no meu pulso. Como incomodava demais, os médicos revestiram com plástico. — Falei.

— Ah. — Debrah murmurou. — Sinto muito por isso. Você não deve viajar muito de avião, não é?

— Debrah, não precisa tentar ser amigável agora. — Falei. — Tudo o que você já fez, incluindo obrigar meu pai a adiar a turnê de Os Engravatados, não vai ser esquecido com uma conversa simples. Eu não vou perdoar você.

— Não estou pedindo desculpas. Eu nunca peço desculpas. — Debrah disse em um ar superior. — Só estou falando que, se vamos ter que conviver contra a nossa vontade nos próximos meses, pelo menos vamos tentar não brigar o tempo todo.

— Tudo bem. — Suspirei. — Não é o que eu esperava ouvir de alguém como você, mas ainda sim é uma boa sugestão.

Poucos minutos depois, vi meus pais voltando.

— Tudo certo, já podemos embarcar! — Lucia disse.

— Finalmente! — Debrah exclamou, levantando-se e pegando sua mala. Fomos correndo em direção ao portão de embarque. Ainda faltavam 15 minutos.

— Kaplan! — Ouvi várias vozes me chamando. Hã?

Quando me virei, vi Kentin, Alexy, Iris, Violette, Wendy e todos os meus amigos vindo em direção à mim. Oh meu Deus! Eles vieram até o aeroporto para se despedirem!

— Nós vamos embarcar. Te encontramos no avião! — Debrah disse, entrando no portão e puxando meus pais. Ela não iria querer reencontrar os alunos de Sweet Amoris tão cedo.

Me virei para eles e demos um abraço em grupo.

— Não acredito que vocês vieram até aqui! Vocês são os melhores! — Falei.

— Não iríamos perder a oportunidade de nos despedirmos de você, ruiva. — Kentin falou.

— E queríamos de desejar boa sorte. — Rosalya disse. — Você vai precisar de muita agora que vai ter que conviver com a Debrah Blocch.

— Vamos continuar trocando mensagens o tempo todo. — Alexy disse.

— E fazendo chamadas em grupo por webcam! — Iris completou.

— Caramba! Despedidas sempre me deixam deprimida! — Comecei a rir. — Eu vou sentir muita falta de vocês! Muita, muita mesmo!

E então, percebi que havia alguma coisa faltando. Ou melhor, havia alguém faltando.

— Onde estão Nathaniel e Castiel? Não vieram com vocês? — Perguntei.

— Eles não quiseram vir porque disseram que não gostam de despedidas. — Wendy explicou. — Francamente, deveriam inventar uma desculpa melhor. Eles só não querem ver você indo embora!

— Irão sofrer sem você aqui! — Alexy fez cara dramática.

— A vida continua! — Falei. — Estavam bem antes de eu chegar e vão continuar bem quando eu for embora!

— Espero que sim, porque foi um saco ter que aturar o Castiel se lamentando quando Debrah foi embora. — Iris revirou os olhos, me fazendo rir.

— Tenho que ir agora, se não meus pais me matam! Até qualquer dia! — Falei, arrastando minha mala novamente.

— Kaplan, espere! — Alguém disse. Me virei e fiquei surpresa: Nathaniel e Castiel estavam indo até onde eu e meus amigos estavam. Deixei minha mala no chão e fui abraçá-los.

— Pensei que não gostassem de despedidas! — Falei.

— E não gosto. — Castiel disse. — Mas seria uma tortura para você partir sem me ver uma última vez.

— Convencido, como sempre! — Nathaniel revirou os olhos.

— Me poupe! Saia daqui e vai se masturbar em algum lugar que você ganha mais! — Castiel disse para Nathaniel.

— Parem, vocês dois! — Falei, abraçando-os ao mesmo tempo. — Vou sentir muita saudade de vocês! Obrigada por virem, mas eu tenho mesmo que ir pro avião, se não daqui a pouco meus pais saem e me arrastam à força! — Dei uma risadinha. — Até mais!

— Kaplan, um momento. — Nathaniel foi até mim e me entregou um embrulho improvisado. Dava pra ver que ele havia feito isso de última hora. — É pra você.

Abri o presente e o que estava lá dentro era um livro. O cão dos Baskervilles.

— Oh não! É seu livro favorito de Sherlock Holmes! — Falei. No dia em que fui ao jantar na casa dos Armitage (e passei a maior vergonha por gemer na hora errada), Nathaniel havia me contado que seus livros favoritos eram romances policiais, especialmente os de Sherlock Holmes, e que sua história favorita era O cão dos Baskervilles. Coincidentemente, eu havia pegado esse livro na biblioteca no primeiro dia de aula, mas não cheguei a terminar de ler. E agora, Nathaniel estava me dando-o de presente.

— E agora eu quero que seja seu. — Ele disse. — Você pode terminar de ler durante a viagem.

— Obrigada! — Abracei-o de novo; dessa vez, bem mais forte - o que gerou alguns olhares suspeitos por parte dos outros.

— Não me olhem desse jeito! — Falei, pegando minha mala novamente. — Podem abraçá-lo também, eu não fico com ciúmes!

Todos riram e acenaram para mim enquanto eu entrava no portão de embarque em direção ao avião. Lá de fora, antes de embarcar, ainda olhei para dentro do aeroporto. Meus amigos estavam lá, olhando para mim. E eu nunca iria esquecer aquele momento.

— Adeus, meus amigos. — Murmurei, sorrindo para eles. E então, entrei no avião.

Mesmo não sendo humana, eu tinha sentimentos. Com a convivência com os humanos, eu estava me transformando em uma. Não literalmente, claro. Mas estava começando a me apegar às coisas. E, mais ainda, às pessoas. Tudo o que eu sempre quis foi ser normal como todos. E agora eu era. Eu havia deixado de ser uma boneca-robô e me transformado em uma boneca-humana. O que poderia ser melhor?


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