Pov. Narradora

Pedro ficou em silêncio, fechou os olhos como se recordasse de algo.

– Você se lembra quando conversamos sobre elas?- A loira assentiu.- E quando dissemos que elas representavam o nosso amor, e que se algo acontecesse com a gente e tivéssemos que nos separar elas sempre teriam que ficar juntas para que nosso amor estivesse presente em algum lugar, já que ė tão inexplicavelmente forte e nunca morresse?- Ela assentiu novamente, se lembrando das juras de adolescente que ambos fizeram. - Quando brigamos e você disse que havia guardado para que essa promessa permanecesse, eu imaginei que tinha a jogado fora, mas deduzi também que você não seria capaz de simplesmente jogar no lixo então eu só tive a missão de acha-la.- Falou tudo na maior calma.- No dia da reunião das duas fábricas, que eu percebi que aqueles caras da academia estava olhando muito para você, ai começamos a discutir e eu desci para esfriar a cabeça, e quando passe do outro lado, vi um brilho estranho ai eu foi ate lá e peguei, levei pra casa e quando discutimos percebi que aquela era a hora certa de junta-las para que nosso amor permanecesse sempre aqui, quando eu te...- Suspirou.- Bati, tinha uma caixinha guardada então a peguei e as coloquei dentro e como eu sei que essas estantes não saem dai nunca decidi que seria alí que colocaria.-Karina ouvia tudo atentamente, apenas assentindo quando necessário.- Ai um dia depois veio os papéis do divórcio, então eu tive a certeza que fiz a coisa certa.- Karina sentiu uma ponta de culpa.- Só espero que agora que encontrou, não queira jogar fora e acabar com a nossa ligação.-temeu.

– Obrigada, estava com tanta coisa na cabeça que nem havia lembrado disso, e por mim sempre ficara guardado, poque apesar das desavenças, tudo isso faz parte do meu passado.- Estava tímida, mas não deixou de sorrir.

– Então, você quer guardar ou quem sabe...- Ele estava sem jeito.

– Acho que fiquei muito tempo sem ela.- Entregou a corrente com o pingente em forma de Guitarra para Pedro e virou-se e assim ele colocou no pescoço dela.

– Vai baixinha.- Ele disse quando teve que se abaixar para que ela conseguísse colocar a corrente com o pingente em forma luva de box e assim ganhou um tapa no ombro.

– Apesar de não estarmos mais juntos, não jogaria fora as coisas que me deu, apesar de estar com ódio de você.- Ela falou e novamente o clima pesou entre eles.

Como sempre, ela foi embora na frente deixando ele encabulado.

====== No Outro Dia ======

Karina já amanheceu espirrando, podia ser ouvido por toda a casa.

– Falei pra não ficar naquela chuva, mas ė teimosa né.- Pedro gritou do andar de baixo.

– A me erra.-Ela disse no mesmo tom.

– Você já ė errada.- Ambos sorriram por lembrarem que da última vez que disseram as ultimas frases acabaram se beijando.

– Vamos Samuca, que a gente tem que chegar na escola logo, senão você se atrasa.- Karina disse andando rápido pelos corredores.

– Acordou com o pique todo em.- Disse Pedro sendo irônico quanto ao estado em que Karina se encontrava.

– Suas piadas costumavam ser mais engraçadas.-Ela falou se sentando na mesa com preguiça e a ponta do nariz vermelha e assim respirava com dificuldade.

– Mentira, você só ria para não me deixar no vácuo.

– Ta bom eu confesso algumas vezes sim.-Ela disse em meio a espirros.

– E eu que pensava que você era de ferro.- Debochou.

– E eu pensava que você cuidava da sua vida.- Foi grossa.

– Estou cuidando.- Ele falou naturalmente deixando Karina sem graça.

– Eu já vou, beijo filho.- Ela foi até Samuel beijando o topo da cabeça do garoto,e saindo.

– E eu não ganho beijinho não?- Ele disse indo com os braço abertos.

– Se toca moleque.-revirou os olhos.

– Disfarçar lembra?-Disse entre dentes.

– Tchau amor da minha vida.- Ela disse com o deboche estampado na voz, indo em direção a Pedro e tascando um beijo estalado no biquinho do roqueiro.

– Credo.-Samuca falou olhando a cena.

Karina saiu e como Pedro saia depois dela ele era responsável por levar Samuca na escola e assim fez, no horário de sempre foi com filho para porta da pequena escolinha, mas ao chegar ao local foi comunicado que durante a noite teve um vazamento e as aulas estariam suspensas por aquela semana.Como não teria ninguém para ficar com o pequeno teve de leva-lo com sigo, quando passou pela porta da academia recebeu algumas saudações dos colegas de Karina que agora eram dele também.

– Fala moleque.- Disse Gael cumprimentando o genro.

– Por que não levou ele para escola.- Karina estranhou.

– Vazamento, não vai ter aula a semana inteira.- Deu de ombros.

– Ai sim em.- A loira deu um toquinho de mão com Samuca.

– Quanto tempo não os vejo com as correntes.- Gael notou.

– Ė que achamos necessário, para dar um UP!-Karina explicou.

– Então tá né.- O mestre voltou para aula.

– Como minha aula começa só depois vou ficar por aqui.- Ele disse se sentando na ponta do ringue com Samuel ao seu lado.

Ficaram olhando enquanto Karina lutava, Pedro admirava que mesmo tendo passado mais de 4 anos Karina continuava do mesmo jeitinho. Pedro fechou a cara quando observou Zé saindo de onde treinava para cumprimentar a loira com um beijo na bochecha.

– Teremos cabeças arrancadas.- Zombou Zé para Karina.

– Por que?- Achou estranho jeito de falar do menino.

– Olha a cara de ninfomaníaco que se marido esta nos olhando.- apontou discretamente para direção do roqueiro.

– EX-Marido.- Deu ênfase.- E ele não tem nada que ficar com essa cara.- Ela deu de ombros, não se importando com o olhar de fúria do garoto.

Os olhares de Pedro se desgrudaram de Zé e Karina quando uma mulher desconhecida no bairro adentrou a porta, usava roupas curtíssimas, meias três quartos, cabelos longos aloirados, bocão vermelho, boné, e uma bouça.

– Em que poderia lhe servir?- Dizia os meninos babando na mulher.

– Ė aqui a academia do Gael e a Ribalta onde o Nando trabalha.- Ela disse toda sorridente.

– Aqui ė a academia e no andar de cima a Ribalta.- Disse Gael analisando a garota, como sempre fazia com todos.

– Então eu vim no lugar certo.- Disse saltitante.- Ė verdade que um casal achou um bebê na praça embaixo dos arbustos?- Todos arquearam a sobrancelha.

– Olha eu não sei o que isso tem a ver com o fato de você conhecer o Nando mas ė verdade sim, e já faz alguns anos.- Gael tentou ser o mais educado possível.

– Ė ele?- Ela disse quando se virou e se deparou com Pedro sentado e um menininho do seu lado.

– Ė sim.- Disse Pedro achando tudo muito estranho.

– E como ė o nome dele?- Foi chegando mais perto.

– Por que está tão interessada em?- Karina deu uma cutucada no ombro da garota.

– Só queria ter certeza de uma coisa, e se não for o que espero vou ver o Nando e depois vou embora.- levantou as mão.

– Ė Samuel.- Pedro disse de cara fechada.

– Eu não acredito.- a boca da estranha mulher se formou em um perfeito Ó.- Eu achei.- Deu alguns pulinhos.

– Olha garota isso tudo está meio estranho, então você já sabe o que queria saber, sabe quem ė o menino, mas e você quem ė?- Karina queria saber quem era e porque de tanta pergunta.

– Eu sou Maria de Fátima dos Prazeres, mais conhecida como Fatinha, e eu sou a mãe do Samuel.-Estendeu a mão para Karina que a deixou no vácuo.

– Você só pode ter bebido antes de aparecer aqui né.-Karina não acreditada em uma palavra que a garota dissera.

– Se não acredita eu posso provar.- Dito isso Fatinha começou a recitar palavra por palavra da carta que Pedro e Karina encontraram na cadeirinha de Samuca quando o encontraram.

– Ferrou.- Foi apenas o que Pedro dissera assim que a funkeira terminou de falar, direcionando seu olhar para Karina que tinha os olhos arregalados.

Continuaa...