Segundo meus cálculos baseados na quantidade de músicas tocadas, já haviam se passado provavelmente uns quarenta minutos desde que Dimitri havia se afastado de onde eu estava antes que eu resolvesse que precisava sair de onde eu estava bancando a idiota no balcão.

Coloquei sua carteira dentro da bota — bolsos estavam em falta no momento — e fui para as barras de pole dance.

Se era para me divertir, eu faria isso com ou sem Dimitri.

Pedi para uma das "acompanhantes" me ensinar como se fazia para dançar naquilo. A menina começou a rir loucamente e chamou uma amiga com a mão, a outra estava literalmente só de roupas íntimas.

— Eu quero... dançar — apontei para a barra e a recém-chegada assentiu e sussurrou algo com a outra que riu outra vez e saiu.

— Ela não fala inglês — explicou. — Aqui, deixa eu mostrar.

Minha mais nova amiga me afastou um pouco do pole.

Ela segurou a barra com força e começou a meio que se esfregar nele de forma sexy acompanhando a batida da música que tocava. Enquanto eu olhava uma pequena roda se formou.

Ela riu e veio até onde eu estava, me puxou pela mão.

— Eu não vou conseguir. E estou de vestido...

— Sem desculpas. Você quis, você faz.

— Sim, capitã — bati continência. O mundo estava meio borrado nas pontas mas eu estava muito mais solta.

A menina levou minha mão até a barra e me ensinou o básico do básico, que era só manter meu corpo girando na barra com as pernas presas ao redor dele. Era esquisito, me sentia quase pornográfica, mas era melhor que ficar parada feito uma otária enquanto Dimitri estava sei-lá-onde.

Depois de algumas tentativas comecei a pegar o jeito, minha "instrutora" parou de rir da minha cara e quando eu saí — bem tonta — do palco recebi alguns aplausos.

Quando desci um cara que dava uns dois de mim me pegou.

— Adoraria ver esses talentos na cama — sua voz era carregada de sotaque, obviamente o inglês não era sua primeira língua e ele não era muito bom no idioma.

Oh-oh.

— Sai daqui, idiota — empurrei-o. Se eu empurrasse uma parede possivelmente teria o mesmo resultado. — Estou acompanhada.

Ele passou a língua nos lábios.

— Não está. Se estivesse, não estaria na barra.

Ai meu...

— Me solta — mandei com toda a convicção que consegui. — Você não vai querer encrenca com o meu namorado.

Ele riu e tentou me beijar.

Mordi seu lábio com força e senti o sangue na minha boca. Era nojento.

A agressão pareceu só atiçá-lo mais e eu comecei a me debater para desvencilhar-me. ninguém mexeu um músculo para ajudar-me.

E de uma hora para outra eu fui afastada do cara, eu cambaleei e tentei focar a visão em Dimitri, a meu lado, falando em russo muito rápido. Mesmo levemente alterada como eu estava podia entender bem a mensagem.

O gigante me encarou e murmurou alguma coisa, precisei pensar um pouco para traduzir em minha cabeça e perceber que era um pedido de desculpas. Fiz que sim. O cara repetiu o pedido de desculpas e sumiu no meio da multidão.

Dimitri se virou para mim e tocou meu rosto. Sua boca se mexeu, mas eu não consegui ouvir. Ele disse alguma coisa que eu tinha que responder?

— Você é o meu herói, Dimitri! — joguei-me em seus braços, agarrando seu pescoço e imediatamente fui assaltada por seu cheiro inacreditavelmente sexy. Estávamos tão próximos que meus olhos se embaralhavam tentando olhar nos dele.

Fiquei na ponta dos pés para colar minha boca à dele.

Dimitri estremeceu sensivelmente, mas retribui o beijo, a língua macia invadindo a minha boca e os braços envolvendo minha cintura.

Eliminei totalmente a distância entre nossos corpos, colando-me ao dele e Dimitri se retraiu.

Ele se soltou de uma vez, os olhos arregalados e recuando até estar longe do meu alcance.

— O que nós estamos fazendo? — Dimitri perguntou passando as mãos por seu cabelo de uma forma sexy e me olhando surpreso.

Dei mais um passo, voltando a ficar muito próxima a ele.

— Nos beijando — dã.

— Layla…

— Shhh — sussurrei tentando beijá-lo novamente.

Dessa vez ele me interceptou.

— Vamos voltar para o palácio — mandou com a voz dura me arrastando atrás de si.

Ele falou em russo com a moça na chapelaria e pegou nossos casacos de volta. — Antes que eu faça alguma besteira.

— Você é muito chato, Dimitri — resmunguei quando ele me arrastou para o lado de fora da boate.

— E você está bêbada — retrucou.

Eu ri. Minha cabeça estava leve.

— Só um pouco.

Ele não achou graça e me levou para dentro de um carro preto.

Ele deu uma ordem rápida ao motorista.

— Vou te levar para casa — Dimitri disse-me, ainda me olhando muito sério.

— Alguém já te disse que você fica muito sexy quando fica bravo?

Ele ficou completamente vermelho.

Sorri e deitei a cabeça em seu peito. Ele não fez nada para me manter ali, mas nada para me afastar também.

Enquanto o carro deslizava pelas ruas escuras da cidade, eu caí na inconsciência.