POV Hermione Riddle

Abri meus olhos devagar, a minha cabeça doía e latejava, com certeza tinha caído no chão feito uma jaca madura. A minha visão, estava sendo bloqueada por uma massa de cabelos castanhos, bem parecidos com os meus. Bella me olhava ansiosa, ao constatar que eu estava viva, ela sorriu... Esse gesto fez vários flashes de cenas em minha cabeça, pipocarem. Momentos que eu tenho certeza de que nunca tinha vivido antes, mas estavam ali em minha mente...

– O que? - Arquejei surpresa.

Imagens de uma mansão enorme, jardins, Narcisa me segurando, um bebê louro ao meu lado, o rosto de Bella sorrindo pra mim, de meu pai... Os flashes continuavam e me deixavam mais zonza...

– Acho que ela não está bem – Bellatrix disse.

– Saia de cima dela, Bella – Alguém respondeu – Deixe-a respirar.

As imagens se tornaram mais intensas, eu sentia que poderia desmaiar de novo, então me forcei a sentar e manter meus olhos abertos... Foi extraordinariamente fácil fazer isso, consegui bloquear as lembranças e focar o lugar ao meu redor.

O lugar não era lá essas coisas, mais havia uma lareira acessa e três poltronas. Um delas, estava ocupada pelo meu... pai. Minha mãe sentava-se aos pés dele, dispensando o seu assento e eu tratei de ocupar a terceira.

Assim que me sentei, me dei conta de que estava pensando neles como meus pais, sem sentir repulsa ou remorso... Era como se isso sempre tivesse sido verdade, o que encheu meu coração de alegria. Inevitavelmente, eu sorri.

– Ela se lembrou – Bella disse batendo palmas.

– Contenha-se – Meu pai respondeu, mas não foi agressivo – Hermione, quem nós somos pra você?

– Vocês são meus pais – Eu respondi prontamente – Eu me lembro... - E me interrompi. Seriam mesmo lembranças?

– Do que você lembra? - Bella insistiu.

Então contei a eles de cada flash que tive, de como senti o colo aconchegante e caloroso da tia Narcisa, do perfume doce apimentado de minha mãe e de mãozinhas gorduchas apertando as minhas.

– Hermione, querida, essas lembranças são suas desde que nasceu – Minha mãe disse lacrimejando – Nós tivemos que bloqueá-las, mas ao nos encontrar o feitiço quebrou.

– Como posso saber que não é um truque? - Assim que pronunciei tais palavras, quis bater em mim mesma. A expressão de minha mãe desmoronou.

– Porque você consegue sentir... - Meu pai disse – E isso nós não poderíamos forjar com nenhum feitiço.

Sim, eu senti do fundo da minha alma que eu sempre gostei deles, eu me sentia protegida ali, e poderosa e amada. Sem conter o meu impulso eu me joguei nos braços de minha mãe e ela imediatamente, me aparou. O perfume dela era o mesmo de minha lembrança, o que me fez chorar:

– Mamãe, mamãe... é mesmo você – Pela primeira vez eu senti que ali era meu lugar.

Papai me abraçou também e fez questão de dizer que eu era linda e maravilhosa como a minha mãe. Depois eles me explicaram que eu era poderosa, muito poderosa. Como meu pai, eu tinha habilidades de fazer feitiços sem varinha e era tão boa em oclumência quanto a minha mãe:

– Mas lembre-se, você sempre tem que praticar mais. Você, mesmo sido criada com os trouxas, sempre foi uma excelente bruxa, ou seja, mesmo com um feitiço inibidor a sua magia não podia ser parada – Meu pai disse – Você pode ser ainda mais poderosa, só tem que praticar.

Conversamos um pouco mais sobre como era a minha infância e como foi pra eles todos esses anos sem mim. Quase chorei de novo, não acredito que fiquei esse tempo todo sem meus pais. Depois disso passamos a assuntos mais amenos, como os comensais da morte e o que fariam dali pra frente:

– Hermione, filha, você deve ser marcada como uma de nós, logo – A mamãe disse – Temos que fazer a iniciação, porque ainda tem comensal que duvida de você.

– Isso é verdade? - Eu disse olhando pro meu pai.

– São uns tolos, na verdade, todos incapazes de acreditar em você. - Papai disse – Mas marcá-la é importante pra mim também, você não irá se importar... Certo? - Ele me olhou em expectativa.

– Claro que não – Eu disse firme – Sou parte dessa família e serei por completo.

– Isso é ótimo filha... Olha como a nossa marca é – Mamãe disse levantando a manga do longo vestido, antes que eu dissesse que já havia visto a de Draco, uma rosa negra se revelou no braço de minha mãe, e fiquei espantada.

– Ué, mas não é essa a marca que Draco tem – Eu disse confusa. Mamãe sorriu e respondeu.

– Eu não queria aquela marca horrorosa igual a dos outros, então seu pai fez essa pra mim – Ela deu um sorriso apaixonado – E essa será a sua também.

– Eu adorei! - Respondi entusiasmada. Mas ao tocar no nome de Draco, me fez lembrar – Mãe? Posso fazer uma pergunta?

– Claro querida – Ela disse super contente.

– Onde você e a tia Ciça estavam com a cabeça ao fazerem um voto perpétuo para casar eu e o Draco?

– Ah você já saber... - Ela disse meio desconcertada – Sabe, é até uma história legal...

Então ela me contou exatamente a mesma história que a titia.

– Então querida, vocês se amavam desde criança, nunca imaginaríamos o que ia acontecer.

– Oh mãe – Eu suspirei incapaz de sentir raiva dela – Acontece que hoje é um grande empecilho, Draco me odeia. E mesmo que casemos aposto que vai me trair com muitas, ele acha que me engana com aquele olhar.

– Filha – Ela disse bem baixinho, como se fosse um segredo de mãe pra filha – Draco ama você, ele pode ter bloqueado essas lembranças, devido a dor que foi perder você, mas ele a adora. Duvido que tenha amor mais forte e verdadeiro do que o de vocês... Só dê tempo ao tempo... Vocês vão conseguir e vão amar ter um ao outro. Vai por mim, mães não mentem.

Eu olhei pra ela e vi que ela realmente acreditava nisso.

Estava ficando tarde, e eu logo tinha que voltar ao castelo. Me despedi de meus pais foi uma dor imensa... Parecia que eu não ia vê-los nunca mais, apesar de já ter combinado nos encontrar no próximo fim de semana.

– Hermione, antes de ir quero que saiba... Não confie em Pansy – Eu ia dizer como ela sabia que eu havia feito as pazes com ela, mas ela me interrompeu – Mães sabem de tudo – E piscou pra mim.

Rumei para o castelo trôpega... Era muita informação, muitos sentimentos reprimidos e muito o que pensar.

– Oh lorde... Só espero que meus miolos não explodam.