Sexta-feira muito Louca escrita por Lils-way


Capítulo 5
Reconciliação - II


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu vou postar apenas a reconciliação de um casal. É que tá pronto a tanto tempo... eu empaquei em Kyle e Cathy. Comecei a escrever e não conseguir terminar AINDA. Mas pra não ser secana - embora eu já esteja sendo ahueaheau - vou postar Mandy e Nick. Belê? Deixem reviews, por favor, é um incentivo pra terminar o último, ou, quem sabe, o antepenúltimo capítulo. Lá vai! Boa leitura.



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(Mandy)

   Eu tentei afofar o travesseiro mais uma vez, na tentativa de não fazer meu galo doer, mas não certo. Quando minha cabeça encostou no travesseiro, a guinada de dor no meu coro cabeludo foi dolorida.

- Ai! – Gemi, cansada de tentar achar uma posição para descansar e tentar cochilar.

  Girei na cama, ficando de bruços. Afundei o rosto no travesseiro e meu cabelo se espalhou em cima de meus braços.

  Certo, eu estava mal. Bem mal. Minha cabeça doía, eu havia brigado com Nick, e meu ânimo havia despencado. Depois de toda a loucura que sinceramente já estava começando a me acostumar a passar com as malucas, eu estava detonada. Daquela vez foi longe demais!

  Suspirei, inalando o cheiro do meu próprio travesseiro. Droga de dia, argh. Apertei a fronha do travesseiro com força. A vontade de sumir foi intensa. Eu queria levantar daquela cama e dar um for…

Toc toc. A batidinha na porta atiçou minha irritação já eriçada. Levantei a cabeça muito lentamente, fitando a porta com fúria. Será que eu não podia ficar um minuto em paz?

- Mille, se eu for aí você deixará de ter os dentes da frente – Sibilei, irritada. Eu sabia que era ela. Mille era teimosa feito uma mula empacada.

- Wow – a voz que respondeu foi totalmente diferente da que esperei. Girei rápido demais na cama, e deu tempo perfeitamente de ver a maçaneta girar e alguém abrir a porta, colocando a cabeça pra dentro. Prendi a respiração – Não era eu quem devia estar bravo?

  Nick me olhou com uma surpresa mesclada com aborrecimento, os olhos cor turquesa fixos no meu rosto. Ele estava bravo – porém surpreso que eu estivesse tão irritadiça também. Estava apoiado na porta com as mãos, apenas o rosto para dentro. Seu cabelo estonteantemente preto estava caindo levemente nos olhos azuis.

  Não me movi, e nem tampouco consegui falar algo. Minha voz simplesmente não saía, mas meu coração estava acelerado.

- Certo, vou entender seu silêncio como um ‘entre, Nick’ – Ele disparou, um sarcasmo bem sutil em sua voz.

  Me encolhi quando o vi fechar a porta ao entrar. Assisti ele entrar e muito lentamente sentar-se nos pés de minha cama.

  Nos olhamos por alguns instantes.

- Eu preciso perguntar o por que? – Ele disse, casualmente.

  Respirei fundo, e entrelacei minhas mãos sob o colo.

- Nick eu… - Estava tão nervosa que passei a mão pelo cabelo num gesto automático – Eu… - Olhei para ele e mordi o lábio. As palavras estavam fugindo. Senti minha respiração pesada e fechei os olhos. O que eu podia fazer era só uma coisa: deixa fluir – Me desculpe. Eu não queria ter te perseguido até o bar, não queria ter me vestido de homem, não queria ter te feito correr pelas ruas que nem um maluco, não quis que você pensasse que eu não confiava em você. Eu só… - Puxei o ar, lentamente, e depois o soltei, o peso de meus ombros diminuindo -… agi por impulso. Me desculpe. – sussurrei, abrindo os olhos, mantendo-os no meu edredom lilás.

    Esperei por um momento que Nick explodisse e não me perdoasse, mas não foi isso que aconteceu. Num instante eu estava sentada, encolhida, esperando pela raiva dele, mas…

  No instante seguinte eu estava deitada na cama, uma das mãos de Nick bem perto da minha face, meu rosto separado por pouquíssimos centímetros do dele. Nossos olhos estavam vidrados um no outro. A mão livre de Nick estava em meu ombro, mas ele escorregou ela para o lado assim que suspirei baixinho.

- Ainda zangado? – Perguntei, confusa.

   Ele apenas sorriu de lado e deslizou os dedos por minha face, e o fato de estar deitada de lado fez com que o galo não ‘cacarejasse.’ Me arrepiei com o toque sutil.

- Não – Ele disse, baixinho, mas desconfiei. Nick era brincalhão, mas quando ficava com raiva ou chateado era outra história.

  Continuei o olhando, certa de que ele não estava 100% satisfeito.

  Ele suspirou.

- Ok, ainda estou chateado – Ele rodou os olhos – Mas não é nada demais.

  Ergui a mão, na intenção de tocar seu rosto, mas desisti. Baixei os olhos.

- Desculpe – Falei, baixinho.

- Pelo o quê?

- Como assim, ‘pelo o quê?’ Você está chateado comigo!

- Bom…

- Nick! – Eu virei, ficando apoiada na cama com os cotovelos. Trinquei os dentes – Será que pode aceitar as drogas das desculpas?

  Ele me olhou serenamente, o rosto entalhado numa expressão de reflexão sobre o que eu havia dito. Suspirei pesadamente, irritada. Nick me tirava do sério quando ficava birrento!

- Você está tão estressada – Ele disse despreocupadamente.

- É claro! – Ralhei, girando os olhos com exagero, minha impaciência se transformando em exasperação – Você não quer me desculpar e…

- Você tava um gato – Ele disse brincando de repente – Tipo, aquela calça caindo, aquele boné… huuum, ai ai… - Ele fez uma cara de excitação ridícula que me fez relaxar – Totalmente sexy.

  Eu ri baixinho, esquecendo dos meus argumentos sobre porque me irritar com Nick. Que sentido fazia se no fim eu amoleceria de qualquer forma? Eu suspirei, sem resposta para minha própria pergunta, sabendo intimamente que tudo estava bem. Porque quando Nick Wilshire começava a fazer graça era sinal de tudo estava bem mesmo.

- Obrigado – Brinquei também, apoiando o rosto nos meus braços flexionados.

  Ele parou de sorrir, seu olhar vidrado no meu, e no instante seguinte as mãos de Nick estavam em minha cintura, a boca dele tão próxima da minha que eu mal conseguia raciocinar. Eu estava em cima dele, respirando pesadamente, seu perfume me fazendo ficar tonta. Meus braços eram rígidos sob seu peito, ele estava meio sentado, e agora me segurava muito junto de si mesmo. Desconcertante, mas não consegui corar.

- Está desculpada – Ele disse, baixinho.

   Sorri levemente.

- Obrigado – Eu disse, satisfeita.

  Nos encaramos por um longo instante e então eu estava beijando Nick ferozmente. As mãos dele eram firmes em minha cintura, e meus braços em torno do seu pescoço eram irredutíveis e nada sutis. Eu o puxava para perto como se minha vida dependesse disso, porque o sabor dos lábios dele nos meus era algo indescritível e as mãos deles escorregando pelo meu corpo também era uma coisa fora do comum…

- Você parece preferir ser mulher – Ele afastou os lábios dos meus só para dizer isso, com um sorriso de lado típico de Nick Wilshire.

  Eu tive que dar risada, interrompendo o contato. Acariciei seu rosto, e ele segurou meu queixo suavemente, depositando um leve beijo em meus lábios.

- É mais agradável, sabe – Eu pisquei para ele.

- Ser homem é desagradável?

- A parte de usar cueca é meio desconcertante.

  Ele entreabriu os lábios, surpreso.

- Você usou uma cueca? – ele cuspiu a última palavra – Espero que não tenha sido uma minha! – Acrescentou, assombrado.

  Eu tive que dar risada. Esperei alguns minutos para responder.

- Eu precisava me sentir um homem, dá licença. Te ver e não te agarrar é difícil, sabe. E não, não usei uma cueca sua – completei, quando vi ele me olhar desconfiado.

   Nick abriu um sorriso que beirava uma gargalhada. Agora que eu havia esclarecido que eu não havia usado uma cueca dele, a coisa toda parecia engraçada.

- Então se hipoteticamente você fosse um homem, iria dar em cima de mim? – Ele perguntou, sombriamente teatral.

  Pensei um pouco antes de responder.

- Não sei… talvez.

  Ele deu risada.

- Ainda bem que você é mulher!!

- Se eu fosse um homem… digo, se eu virasse um homem, você ainda ia ficar comigo? – Arrisquei, sabendo que a pergunta era sem pé nem cabeça.

- Se eu fosse gay… - ele pensou, e ia responder, mas de repente fez uma careta medonha e me olhou torto. – Não, peraí. Eu nunca seria e nem nunca serei gay!! Não me pergunte isso. Próxima.

- Eu quero saber dessa.

- Essa implica na minha masculinidade.

- Eu sei da sua masculinidade – Abri um sorrisinho de lado.

- Mandy…! – Ele amarrou a cara.

- O que custa dizer que iria gostar de mim mesmo se eu fosse homem?

- Pelo amor de Deus, eu não vou dizer isso. Eu não sou gay!

- Estamos falando hipoteticamente, Nick.

- Estou falando não-hipoteticamente, Mandy.

- Ah, vai… - Fiz beicinho.

- Ô Deus… - Ele suspirou. – Tá bom, Amanda Teimosa Carter. Se você fosse homem eu… - Nick interrompeu a frase no meio e me olhou com uma cara de nojo engraçada. – Escute, isso é impossível. Vamos colocar assim: Se você precisasse que eu me vestisse de mulher para tirar um cara do seu pé… - ele parou para pensar e me olhou, sério. – Não, não. Eu gosto de você e fim. E te desculpar por você me seguir de homem é um grande vanço.

- Nick! – Eu o cutuquei, quase caindo na enrolação toda dele. – Você não respondeu! E se eu fosse um homem?

- Você definitivamente não usaria calcinha.

  Girei os olhos, acariciando o rosto dele enquanto o via abrir um sorriso zombeteiro.

- Qual a sensação de ser homem? – Perguntei, por fim, abrindo um sorriso de lado.

- Você quer colocar uma cueca e testar? – Ele perguntou, sarcástico. – Oh sim, desculpe, você já fez isso.

- Bom, não é má idéia… só se sente uma sensação na prática… - eu fiz uma falsa cara de pensativa.

- Encapetada! – Ele resmungou, incrédulo.

  Eu dei risada, e o abracei. Nick passou os braços em volta de minha cintura e fez o mesmo, carinhosamente. Ficamos assim por alguns instantes, até que busquei a boca dele, faminta. Não demorou muito e novamente eu estava o beijando com fervor, minhas mãos mergulhadas em seus fios negros e sedosos, nossas bocas se movendo juntas, nossas línguas numa dança lenta… eu sinceramente gostava de Nick. Do jeito alegre, meio louco, meio feliz dele. E eu gostava muito.

E o que mais me deixava satisfeita nisso tudo era um único fato que resumia tudo…

- Nick… - Eu afastei meus lábios dos dele.

- É bom que seja um pergunta com sentido para você interromper isso – Ele resmungou, os braços firmes em minha cintura.

  Ri baixinho, e então tomei ar.

- Você me beijaria assim se eu fosse um homem?

  Nick sacou um palavrão e girou os olhos, me olhando aborrecido.

- Não sei quanto ao beijo, eu não me considero gay. Mas… - ele suspirou, carrancudo – Eu ia gostar você. Fosse você mulher ou… - ele fez uma careta que me fez dar uma gargalhada sonora -… homem.

   Eu ri, deliciada, e voltei a beijá-lo outra vez. O que resumia tudo? Nick gostava de mim. Contudo, ele realmente me queria. Mesmo que eu fosse teimosa, pentelha…

… Até se eu fosse um homem. Por via das dúvidas, estou feliz em ser mulher.


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