Open Your Heart escrita por Ally Faria


Capítulo 27
Começo, meio e fim!


Notas iniciais do capítulo

Oi meu amores ♥ Aqui está mais um capitulo cheio de romance e muita emoção pra vocês.
Gente eu já tenho esse capitulo praticamente pronto à duas semanas, só não terminei ele porque fiquei meio deprê com essa história do Ross estar namorando aquela garota chamada Courtney! Doeu minha gente... doeu pra caramba! Mas pra mim RAURA é vida e é eterno ♥♥

Obrigada pelos comentários do ultimo capitulo... amei todos eles. Obrigada à linda diva que RECOMENDOU minha fic ♥ Amei suas palavras Alana Marie Swan ♥♥ Obrigada diva, de coração☺

Quero dedicar esse capitulo a essa diva, à minha Duda, à minha Cyntia, à minha Gabi, ao meu Elisson, à doida da minha amiga Sara que vive me enchendo o saco na escola para publicar o capitulo e à linda Raura Adorkable ♥ Amo vocês ♥ E amo todos os meus leitores maravilhosos ♥

LEIAM AS NOTAS FINAIS... É MUITO IMPORTANTE!



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No capítulo anterior

♥♥♥♥♥♥

–Sabe de uma coisa? – Ele perguntou, enquanto distribuía beijos por todo o meu rosto.

–O quê? – Falei, quase incapaz de manter meus olhos abertos.

–Eu acho que... Segredo mais louco que esse não há. – Assumiu o loiro, me deixando perdida em seus olhos.

E com a água ainda caindo sobre nossos corpos, nossas bocas se uniram e nos beijamos uma e outra vez sem nos preocuparmos com mais nada!

♥♥♥♥♥♥

Separei meus lábios de Austin e levantei meu olhar, encontrando um par de olhos castanhos esverdeados transbordando um monte de sentimentos, e todos eles por mim.

–Uhm, Ally eu acho melhor você ir embora. – Ofegou Austin afastando nossos corpos com cuidado.

–Porquê? – Perguntei, ainda meio tonta. E de quem é a culpa? Do loiro. Quem mandou ele beijar tão bem.

–Sermos pegos pelo diretor seria ruim, mas imagina se fossemos pegos pelo Riker. – Ele falou pacientemente, com o olhar fixo no meu rosto. Ele segurou uma mecha de meu cabelo e prendeu-a atrás de minha orelha. – Não vejo a hora de não precisarmos de nos esconder mais.

–Já somos dois. – Admiti, quase inconsciente de meus atos. Nem reparei quando ele desligou a água que caía sobre nós. – Mas você tem razão. É melhor eu dar corda aos sapatinhos e sair daqui antes que mais alguém decida aparecer. – Falei tentando voltar à realidade. E fui saindo aos tropeços de dentro da box. Austin me olhou sorrindo, mas do nada pareceu ficar sem graça e suas bochechas foram adquirindo aos poucos uma tonalidade rosa. Que deu nele?

–É… é melhor mesmo. E enquanto isso eu vou tomar um banho. – Austin falou se embolando todo com as palavras.

–Banho? Você já não tinha tomado banho? – Perguntei com o cenho franzido.

–Já, mas sabe como é Ally! Eu… e você… a gente… – Ele parou de falar e ficou me encarando com cara de pânico. E eu posso assegurar a vocês que eu nunca tinha visto ninguém tão corado na minha vida… o garoto tava parecendo até um tomate.

Me aproximei dele e coloquei a mão em seu peito nu, demonstrando que tava ficando preocupada com ele. Seus olhos acompanharam cada um dos meus movimentos e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me virou de costas pra si e foi me empurrando porta fora, repetindo vezes e vezes sem conta a palavra “banho”. Ele não está bom da cabeça.

–Austin você tá maluco por acaso? – Perguntei, usando os braços e as pernas para impedir que ele me colocasse porta fora. E me virei de novo para ele. Seus cabelos estavam ainda mais bagunçados que o habitual e parte de seus fios loiros estavam colados em sua testa, por estarem molhados. Levei meus dedos até seu rosto e afastei todos eles para o lado, deixando o caminho livre para seus lindos olhos castanhos. Era possível sentir todo o seu corpo estremecer ao meu toque.

E mais uma vez ele se adiantou e se manifestou primeiro que eu.

–Banho… frio. Eu preciso de um banho frio. – Esbravejou ele, recuando alguns passos em direção ao banheiro e logo voltou a se trancar dentro dele.

–Esse menino pirou. – Murmurei pra mim mesma. E acreditem ou não, só depois de dois longos minutos ali especada é que eu entendi o que tinha acontecido.

E como é óbvio e típico do meu maravilhoso ser, eu não ia perder a oportunidade de esfregar na cara do loiro que eu já tinha entendido tudo. Eu sou DANADINHA fazer o quê?

–Austin? – Chamei em alto e bom som, sem me preocupar com quem me pudesse ouvir. Tá bom, eu admito. Por momentos eu me esqueci de onde estava e por isso gritei. Mas não estraguem meu momento de glória.

–Fala baixo sua doida. Ficou maluca por acaso Ally? – Perguntou Austin, colocando somente a cabeça pra fora.

–Aparentemente é você quem tá maluco… maluco por mim. – Falei, fazendo charme. Ou tentando.

–Ally… – Austin gaguejou atrapalhado. E eu podia jurar que o rosto dele estava quase entrando em combustão… A cara de envergonhado dele é muito hilária.

–Loiro safado…

♥♥♥♥♥♥

2 Dias Depois… (Quarta-feira)

♥♥♥♥♥♥

Me digam, tem aula mais chata que história? NÃO… Pra que eu preciso saber o que aconteceu há uns milhentos anos atrás? Passado é passado, não precisamos ficar por aí fuçando no que aconteceu na vida de outras pessoas. Bando de fofoqueiros! E bom, gostar de história já é complicado, mas com um professor desses é missão impossível. Talvez se ele não parecesse tanto com uma bola de boliche com pernas, eu prestasse mais atenção na aula. Mas com aquela barriga gigante e aquela verruga no nariz fica difícil. Pra não falar do temperamento desse cara… Oh, homem mais insuportável. O lado positivo dessa aula é que eu tenho Rydel, Trish, Debby, Dallas e Austin comigo.

E como a gente mal pode pestanejar sem que o professor reclame, eu e as garotas criamos um grupo no whatsapp chamado “As Danadinhas” para pudermos conversar durante a aula sem sermos vistas. Muito original o nome, né? Ideia minha! Como é óbvio.

Whatsapp On:

Trish: Essa aula de história tá sendo um saco.

Rydel: Nem me fale.

Ally: Vocês reclamam demais. A aula não tá sendo assim tão ruim.

Debby: Tá de zoação, né? Essa aula é uma tortura.

Trish: E você odeia história Ally.

Ally: Verdade, mas vocês têm que admitir que é muito engraçado ver o professor se contorcendo todo pra pegar a caneta que caiu no chão.

As três levantaram o rosto ao mesmo tempo, dando de cara com o professor de bunda virada pra nós… Uma miragem dos infernos, deixa eu vos dizer. E como se nada tivesse acontecido, o bolinha de boliche humana (o professor) levantou, arrumou as roupas e voltou a explicar a matéria. As três se entreolharam, cúmplices, e começaram a rir descaradamente na cara do professor, fazendo com que eu risse também.

–Algum problema aí atrás senhoritas? – Perguntou o professor, fitando cada uma de nós com os olhos semicerrados.

–Não… – Comecei eu.

–Senhor… – Continuou Trish, apertando os lábios para não rir.

–Está tudo bem… – Prosseguiu Debby.

–Aqui. – Completou Rydel, jogando os cabelos pra trás.

Toda aquela cena foi o bastante para que toda a turma se desfizesse em risos e gargalhadas nada discretas. Olhei disfarçadamente para trás no momento exacto em que Austin sorria, exibindo sua arcada dentária nada menos que perfeita.

Era praticamente impossível não sorrir enquanto o observava. Chega a ser engraçada a forma como ele consegue transformar uma coisa tão simples, como sorrir, em algo tão encantador de se ver.

–Meninas se preparem, porque a fera está quase explodindo. – Sussurrou Dallas, inclinando a cabeça na direção do professor, com um pânico fingido em seu olhar.

Olhei de novo para o professor e lá estava ele, com aquela típica cara de quem chupou limão e não gostou… ou seja, aí vem bronca.

–Isso é inaceitável. – Gritou o professor, esbravejando e pulando para demonstrar sua ira. Ignorei o seu ataque ridículo e peguei meu celular de novo.

Ally: É, parece que temos à nossa frente o futuro capitão das líderes de torcida ihihihi

Trish: Hahaha nem brinque com isso. Só de imaginar ele com aquelas roupinhas fico doente!

Rydel: Bonito, agora vou ficar com pesadelos. Obrigada Ally!

Ally: Sempre às ordens :P

Debby: Meninas, a gente vai almoçar a seguir, não me tirem o apetite.

Ally: Ah, relaxe. Se você não quiser comer, eu como por você… Como comida, atenção às mentes poluídas.

Rydel: Mas é muito safada essa menina… Safada e gulosa!!! Sinceramente…

Ally: O que foi gente? Só estou falando por falar. Eu, hein!!! Vocês que têm mentes depravadas.

Trish: E eu achando que pelo menos por mensagem você seria civilizada Ally!

Ally: Ser civilizada pra quê? O lado bom da vida é puder dizer todas as merdas que nos vierem à cabeça. Aprendam comigo, porque eu não duro sempre.

Whatsapp Off

Para alegria de todos o sinal finalmente bateu. Não tive muito tempo para arrumar as minhas coisas, porque logo as meninas me arrastaram para fora da sala, com medo de que o professor quisesse acrescentar alguma coisa à bronca de 15 minutos, anterior.

–Galera, eu vou no banheiro. – Avisei, virando na direção dos banheiros femininos.

–Quer que a gente vá com você? – Perguntou Rydel, já puxando a Trish e a Debby na minha direção.

–Só se for pra segurar na tampa da privada. – Respondi, zombando ela na maior cara de pau. Olhei de relance para Austin, apenas porque sim, e corri em direção ao banheiro, deixando pra trás uma Rydel furiosa e um bando de loucos gargalhando.

Assim que entrei no banheiro fui direto pra uma das cabines fazer… bom, o que todo o mundo faz num banheiro e o que ninguém faz por mim, né? Quando saí daquele troço mal cheiroso, fui direto lavar minhas mãos, mas quando me virei pra sair do banheiro quase tombei pra trás, pois me apercebi de que tinha mais alguém ali comigo. Mas a questão é que não era uma pessoa do sexo feminino.

–Austin? – Perguntei, olhando pra o loiro como se ele fosse um bicho preguiça dançando samba.

–Não. Prazer, Maria Tina. – Respondeu ele, revirando os olhos.

–Que engraçadinho viu? Tá fazendo o quê aqui? Não me diga que resolveu mudar de lado? – Perguntei sorrindo, cinicamente.

–Você adora me provocar. – Disse Austin, sorrindo apenas com um dos lados da boca. Por acaso eu já falei que adoro quando ele faz isso?

–E você não devia estar aqui. Já viu se alguém aparece? Não quero que você arrume encrenca por minha causa. – Falei, admito que um pouco presunçosa, por saber que ele estava se arriscando por mim. Então ele se aproximou devagar e estendeu o braço na minha direção. Me puxou para perto de si e pôs a mão em volta da minha cintura. Ergueu a outra mão em direção ao meu rosto e correu seus dedos pela minha bochecha, nariz e queixo.

–Por você qualquer encrenca vale a pena. – Ele disse simplesmente isso e então nada mais foi dito. O beijo que se seguiu foi terno e carinhoso… capaz de fazer meu coração bater a mil à hora. E bom, um banheiro não é propriamente o sítio mais romântico do mundo - muito pelo contrário - mas pelo menos eu sei que estou nos braços do cara mais romântico do mundo. E por falar nisso, essa é a segunda vez que rola um clima entre a gente dentro de um banheiro… estranho!

Mas enfim, por mais que eu tentasse ignorar a falta de ar e quisesse prolongar aquele beijo pela eternidade, tive que sair dos braços de Austin, para no mínimo inspirar loucamente para recuperar o fôlego perdido durante aquele beijo alucinado.

–Por muito que me custe dizer isso… é melhor a gente ir. Daqui a pouco os nossos amigos vão vir à nossa procura.– Falei, sentindo raiva de mim mesma por estar completamente certa. - Então, vamos?

Olhei para Austin esperando que ele dissesse alguma coisa, mas ele só moveu a cabeça, refutando minha proposta, e ainda acrescentou:

–Ah, não Ally. Deixa de ser chata, que saco. – Resmungou ele com aquele típico sorriso de galã de novela. Perplexa demais para falar, fiquei encarando ele com os braços cruzados. – Que foi? Tá me olhando com essa cara de boba porquê?

–De onde tu saiu satanás? E cadê meu namorado todo lindo e meloso? – Perguntei ainda meio chocada.

–Ele tá bem aqui. Eu estava só experimentando um pouquinho do estilo Ally Dawson de ser. Mas sinceramente não combina comigo, por isso prefiro deixar essa coisa dos xingamentos pra você. – Elucidou ele rindo, enquanto deslizava seus dedos por meu pescoço, o que inevitavelmente me deixou mais mole que gelatina fora da geladeira.

–Acho bom mesmo. Agora vamos embora daqui, porque por mais que eu ame seus lábios, eles não saciam minha fome. – Falei normalmente, mas logo me arrependi da minha escolha de palavras. E olhem que é bem difícil raciocinar e pensar numa maneira de emendar um fora, quando se tem um Austin todo lindo e com um sorriso malicioso no rosto bem na nossa frente. –Ah pode parar de me olhar assim seu imbecil. Eu só estou falando que estou com fome. Safado.- Que deu nessa gente hoje? Deu pra todo o mundo acordar pervertido? Tá bom, talvez eu seja a culpada… mas só talvez.

–Não falei… sempre grossa. – Falou ele se achando todo inteligente.

–Não gostou? Me processa. – Falei toda altiva e ele me fuzilou com olhar, mas eu sei que ele só tava brincando. Comecei a rir. Nem fazendo esforço para parecer zangado ele fica menos bonito. Virei costas e andei até à porta me achando toda diva. Ele correu na minha frente e passou o braço por minha cintura. Seu peito pressionou o meu e seus lábios percorreram toda a extensão do meu pescoço.

–Ah assim é sacanagem! Você sabe o meu ponto fraco. – Reclamei tentando, a todo o custo, que uns certos pensamentos nada próprios me dominassem. Gente, eu sou uma moça de família, tenho que me comportar.

Senti meu corpo inclinar um pouco para trás, sendo completamente sustentado pelos braços do loiro e logo sua voz rouca se fez soar em meus ouvidos.

–Bom… saber eu não sabia. Mas fico feliz por saber que a grande Ally Dawson tem um ponto fraco. – Austin falou com os olhos carregados de segundas intenções e usou a boca em meu pescoço para me torturar. A timidez desse loiro some tão rápido, quanto a comida no meu prato.

–Você é um veneno pra minha sanidade. – Sussurrei sorrindo, enquanto mergulhava minhas mãos em seus cabelos loiros. Ele me agarrou e recomeçamos todo o processo de amassos, mais uma vez. Austin me encostou na gélida parede de azulejo, causando um arrepio por todo o meu corpo e isso foi o bastante para que minha consciência voltasse. Dei um pulo pro lado, com o coração aos pinotes e a respiração intercalada. Puxei Austin para fora do banheiro, sem dizer uma palavra, tomando o devido cuidado para que ninguém nos visse.

–Você vai na frente. – Ordenei pro loiro que bufou de imediato, mas obedeceu.

Decidi esperar mais um pouquinho, porque era óbvio que nossos amigos iam desconfiar de alguma coisa se nos vissem chegando juntos. Meu estômago chiou reclamando pela fome e sem mais delongas, corri em direção à cantina pronta para enfiar a cara na primeira comida que me aparecesse à frente.

E assim foi. Peguei meu almoço, um suco de uva e praticamente pulei pra mesa.

–Voltei cambada. – Gritei, lançando os braços no ar que nem uma louca.

–Nossa demorou tanto tempo. Ficou com a bunda presa na privada foi? – Perguntou Rydel na tentativa, falhada, de me provocar.

–Talvez… - Falei fazendo cara de mistério e todos riram, inclusive Austin que já estava lá me olhando com aquele sorriso provocador… Mas esse garoto não tem remédio mesmo!

Comecei a comer meu manjar dos deuses com a maior vontade, mas toda a vez que eu desviava o meu foco da comida vi-a um monte olhares focados mim, como se eu fosse um búfalo de oito cabeças e isso já estava me incomodando.

–Que foi? Tão me olhando assim porquê? – Perguntei com a cara amarrada.

–Você deve ser a única garota que eu conheço que come com prazer e sem frescura. – Rocky falou, lançando um olhar significativo para Rydel. Decidi não falar mais nada já que Rocky e Rydel começaram a brigar que nem uns loucos, desviando o foco de meu apetite voraz.

Terminei de comer em tempo record. E como sempre, fiz o maior alarido para parabenizar as cozinheiras da cantina pela MA-RA-VI-LHO-SA comida que elas fizeram. Já não era surpresa para ninguém que eu e aquelas 6 senhoras tínhamos uma relação especial. Não é à toa que eu sempre recebo um bolo extra de sobremesa ihihihi Isso aí, Ally Dawson tá podendo.

–Tchau Allyzinha. – Gritou a cozinheira, chefe da cantina. A senhora mais simpática e fofa do mundo… pra mim, porque para os outros ela é bastante severa. Ela deve ter mais ou menos a idade da minha avó e é um doce de pessoa. Baixinha, cabelos brancos e grisalhos, pele clara, olhos profundos e azuis, levez olheiras e várias rugas marcando alguns pontos de seu rosto… mas apesar disso ela era uma velhota bem gostosa. Poderia perfeitamente sair pra pegar uns gatinhos na balada… NÃO! Definitivamente essa imagem me deixou enojada.

–Tchau Dona Ju e tchau para as outras também. – Gritei de volta, mandando um beijo no ar.

–Tchau Dona Ju. – Gritou Dallas todo entusiasmado.

–Olha o respeito garoto. Pra você é Dona Juliana. – Repreendeu a mulher com uma expressão que até a mim me assustou. Dallas se encolheu e saiu disparado pela cantina fora. Suponho que por medo.

–Não entendo nada. – Grunhiu Dallas, assim que o alcançamos.

–Nós sabemos queridinho. Sua inteligência não dá pra muito mesmo. – Constatei, numa mistura bizarra de deboche e seriedade.

–Não é isso sua boba. – Falou o garoto, não parecendo nem um pouco ofendido. Acho que ele já está se habituando ao meu feitio. - Eu não entendo é porque você pode chamar ela de "Ju" e eu não.

–Porque eu sou de outra categoria meu filho… Isso aqui não é pra qualquer um. – Falei convencida, apontando pra mim mesma, erguendo o queixo e empinando o nariz para dar “ênfase” à minha pose de diva superior.

–Allyzinha chata. – Resmungou Dallas, que nem aquelas velhas que ficam fazendo fofoca bem baixinho por tudo quanto é canto.

–Dallitos gay. – Rezinguei dando um tapa nas costas dele. Senti alguém me cutucar, me virei para ver quem era e acabei dando de cara com uma Trish preocupada.

–Amiga, você sabe o que se passa com o ruivo ali? – Perguntou ela, sussurrando. Achei estranha sua preocupação com o garoto, visto que ela é sempre a primeira na fila pra zoar o meu ruivinho, mas decidi deixar isso de lado… por agora!

–Dez você tá tão calado hoje. Tá tudo bem? – Perguntei, enquanto me aproximava do garoto e logo a atenção de todos se voltou pra ele.

–Eu tou intrigado. – Ele soltou de repente com uma certa expressão de agonia.

–Intrigado com o quê? – Perguntou Ryland, sempre curioso.

–Sabe aquele negocinho chamado pé de cabra? – Perguntou ele, suspirando em frustração.

–Sim, o que tem isso? – Perguntou Rocky, agora um pouco mais interessado na conversa.

–Se os homens usam pé de cabra, o que as cabras usam? Pé de homem? – O ruivo falou e gesticulou com as mãos como se perguntasse ou explicasse alguma coisa extremamente importante. Eu não me surpreendi por ele ter perguntado uma coisa tão boba, afinal ele é o Dez, né!!? Mas é sempre impossível não rir com as idiotices desse garoto.

Senti uma respiração quente batendo em meu braço e só aí me apercebi de que Trish estava realmente preocupada com Dez. A maneira como ela soltou o ar, que parecia ter encravado na sua garganta, e o jeito como ela suspirou aliviada quando Dez falou o que tava acontecendo… Alguma coisa mudou no jeito de Trish ver o Dez. Eu sei disso. Seguramente essa menina tem muitas coisas para me explicar mais tarde.

♥♥♥♥♥

2 Dias Depois… (Sexta-feira)

♥♥♥♥♥♥

Eu não fazia ideia. E muito menos poderia ter previsto, que um simples selinho indesejado pudesse causar tanto problema. Vocês não estão entendendo nada, né? Tá bom deixa eu explicar. Foi assim, eu e Riker íamos ter aula de geografia juntos - enquanto os outros iam ter outra aula qualquer- só que o nosso professor faltou. Então como a gente não tinha nada pra fazer ficamos perambulando pelos corredores, conversando, rindo e falando besteira que nem dois retardados. Depois fomos até à cantina e Dona Ju nos deu uma fatia de bolo de chocolate, divinal. Sério gente, aquele foi o melhor bolo que eu já comi. Era todo de chocolate, com cobertura e calda também de chocolate e tinha ainda… Ah chega, tou ficando com fome de novo… e perdendo o foco. Tá bom, continuando. Aí depois Riker me arrastou até a umas escadas, que nos levavam ao único sítio dessa escola ainda desconhecido por mim… a biblioteca. Mas graças ao meu santo picles a gente não chegou a ir tão longe, apenas nos sentamos nas escadas e continuamos tagarelando. O sinal do final das aulas tocou e só aí eu me apercebi de que eu era a única falando e que Riker me encarava de um jeito estranho. Então sem mais nem menos, ele agarrou meu rosto e me beijou. Assim do nada… O choque e o susto foram tão grandes que eu simplesmente paralisei e fiquei sem reação. E pra completar a tragédia, assim que nos separamos dei de cara com Austin – e a galera – olhando pra gente de queixo caído.

Austin me encarou, visivelmente alterado. Na verdade, seus olhos praticamente relampeavam. E também não era pra menos. Balancei a cabeça, como se quisesse explicar que tudo aquilo era um mal-entendido, mas quando tentei falar alguma coisa, fui interrompida pela risada irónica do loiro, desnecessariamente estridente.

–Olha por essa é que eu não esperava. Parabéns ao casalzinho feliz. – Ele falou com um sorriso irónico no rosto, enquanto batia palmas. Austin lançou um último olhar para mim, e então se retirou.

Permaneci ali, quieta e paralisada, com medo até de arriscar olhar para o rosto de meus amigos. Não estava afim de, ser atolada de perguntas nesse momento. Observei Austin passar a mão pelo cabelo e enfim virar a esquina, tornando impossível continuar a segui-lo com o olhar.

–Tá bom… O que foi isso? – Perguntou Rocky com uma expressão de confusão impagável, que com certeza me faria rir se eu não tivesse nessa situação.

Ergui a cabeça novamente, não ousei olhar diretamente para ninguém e passei reto em direção à sala de minha próxima aula, que por ironia do destino teria junto com Austin.

Entrei na sala e me sentei lá no fundo. Assim que o sinal bateu os outros alunos foram entrando na sala, ocupando todos os lugares, com a exceção do que estava ao meu lado, que eu fiz questão de deixar livre para Austin. Logo o loiro entrou na sala e ao perceber que não tinha alternativa a não ser sentar do meu lado, bufou enraivecido. Olhei para ele, esperando que ele retribuísse o olhar, mas ele não o fez. A professora entrou na sala e começou a dar a aula. Tentei me concentrar, mas era impossível. Eu estava agoniada! Quer dizer, estava tudo indo tão bem entre mim e o Austin… Porque isso tinha que acontecer? Eu não quero perder o meu loirinho oxigenado… eu o amo.

E eu precisava resolver as coisas. Não podia adiar isso, escondendo-me feito lagartixa pelas gretas, com medo de dar de cara. Afinal eu era a inocente da história… Talvez não tão inocente assim, visto que eu sou a culpada da situação ter chegado a esse ponto. Mas acho que deu pra entender onde eu queria chegar, né?! Diz que sim.

–Austin a gente precisa conversar. – Sussurrei, tocando no ombro do loiro para chamar sua atenção.

–Dá pra você ficar quieta? Eu estou tentando prestar atenção na aula. – Ele disse friamente, ainda sem me olhar. O seu foco excessivo na aula deixava claro, que a última coisa que ele queria nesse momento era falar comigo.

–Austin pelo amor de Deus. Olha pra mim e ouve o que eu tenho pra te dizer. – Praticamente implorei, sentindo a agonia enlaçar minhas cordas vocais e o medo entalar em minha garganta, me impedindo até de respirar.

–Pra quê Ally? O que eu vi não foi suficiente? – Aquelas palavras proferidas pela fina boca de Austin, carregadas de tristeza e raiva, foram como tapas na minha cara.

–Austin não faz assim. Me deixa explicar. – Falei, sentindo as feições de meu rosto se alterarem e os meus olhos lacrimejarem… Odeio quando fico com cara de choro.

Mas minha maior preocupação naquele momento era me explicar pro loiro… meu loiro. Eu já nem ligava pra maldita aula e aparentemente Austin também não, pois o grito que ele deu a seguir foi prova disso.

–Explicar o quê Ally? Explicar que a garota que eu amo estava beijando o meu irmão? Não precisa, porque eu mesmo vi. – Austin gritou em um único fôlego, dando um forte soco na mesa.

Todos os alunos da sala se voltaram para nós, incluindo a professora, que era uma velhinha que provavelmente já habitava a Terra na idade da pedra. Até os folgados, que aproveitavam essa aula para tirar um cochilo, agora nos encaravam tão assustados quanto os outros. Austin riu sem humor e murmurou um “desculpe” para a professora, que alternava o olhar entre nós dois, totalmente em pânico. O garoto arrumou suas coisas e saiu da sala sem olhar para trás.

Minha mente não foi rápida o suficiente para processar tudo aquilo que acabara de acontecer, mas assim que eu mesma atualizei meu estado atual, fiz a mesma coisa que Austin e me dirigi para a saída. Passei pela professora, que ainda estava em choque, e falei:

–Foi mal por isso, o loiro ali é meio débil mental. – Suspirei, mas antes de me ir embora, completei. – Belo cabelo já agora… Gostei do novo visual.- Pisquei o olho para a mulher e corri para fora da sala sem esperar por uma resposta.

Procurei o loiro por um bom tempo, até que o encontrei andando de skate na parte de fora do edifício. Joguei minhas coisas no chão e corri até ele, pedindo que ele parasse para que pudéssemos conversar, mas o cabeça dura simplesmente me ignorou passando reto por mim.

–Austin deixa de ser infantil cara. – Gritei batendo pé. Ele bufou irritado e continuou andando de um lado para o outro. Me coloquei no caminho dele, abrindo os braços e as pernas para ocupar o máximo de espaço possível.

–Ally sai da frente. – Ele ordenou com um olhar um tanto preocupado. Neguei com cabeça e me mantive no mesmo lugar, sem me mover um milímetro que fosse.

Ele tentou mudar sua trajetória, mas dessa vez não foi rápido o suficiente pra mim. Em um único movimento eu consegui puxar seu corpo contra o meu, fazendo-o cair sobre mim. Fechei os olhos por causa da dor do impato com o chão e me mantive assim por uns instantes. Minha cabeça deu uma rodada legal e minhas costas doíam pra caramba. Senti pequenas descargas eléctricas em minha pele e facilmente as identifiquei como sendo a maravilhosa consequência do toque das mãos de Austin em meu rosto.

–Você tá bem, pequena? – Perguntou Austin preocupado. Sorri, encantada pela atitude do loiro. Quer dizer, isso não é pra qualquer um… Ele está com raiva de mim, mas ainda assim se preocupa comigo... Entretanto, cedo demais o encanto se desfez, levando meu Austin carinhoso consigo. – Você tá louca por acaso? A gente podia ter se magoado feio com essa queda. – E o momento de fofura acabou.

Ele apoiou suas mãos no chão, ao lado de minha cabeça e tentou se levantar. Isso mesmo, tentou. Tentou, mas não conseguiu por que eu não deixei.

–Não quero saber… Isso aqui são apenas dores superficiais. Ficam por um tempo, mas depois desaparecem e a gente esquece. E a dor do coração? Me diz o que a gente faz com ela? – Perguntei, procurando os olhos do loiro, mas ele fazia questão de os manter fora do meu alcance.

–A gente espera que ela desapareça, junto com os sentimentos que a envolvem. – Ele falou, me olhando de esguelha, evitando encontrar meu olhar.

–Então é assim? Você não vai me deixar explicar? – Perguntei frustrada.

–O que há para explicar Ally? Eu vi… – Nem deixei ele terminar aquela frase. Ele estava sendo infantil. Estava fazendo o maior drama, apenas por querer acreditar em algo que não é verdade.

–Você não viu nada. Você apenas viu uma parte, não viu tudo. Por isso trate de parar de fazer suposições precipitadas. Você tá bravo, eu entendo. Eu também ficaria. Mas uma coisa é você estar bravo, outra coisa é você não confiar em mim. – Soltei frustrada.

–Você tava beijando meu irmão. – Ele gritou, enfurecido.

–Eu não beijei ninguém. Ele me beijou seu idiota. – Gritei de volta, alterada.

Um dos jardineiros do colégio passou pela gente e ficou nos olhando com uma careta cheia de significados, alguns do tipo “esse mundo está perdido” ou “arrumem um quarto”, ou até “será que dá pra pedir aposentamento antecipado?”. Pra falar a verdade, quero nem imaginar o que ele estava realmente pensando naquele momento. Essa cena tava muito estranha. Eu e Austin, um por cima do outro, deitados no chão e gritando que nem retardados… A gente estava tendo uma daqueles crises de loucura, que no caso de pessoas normais duram uns 5 minutos, mas no meu caso duram por tempo indeterminado.

–É, mas você não pareceu muito incomodada com isso. Muito pelo contrário, né? Você parecia estar amando o beijo, já que não fez a mínima questão de dar ele por terminado. - Austin guinchou. Estava na cara que ele surtaria de vez a qualquer momento. E olha que a situação estava bem perigosa pra mim. Vai que ele decide me matar. Basta ele colocar as mãos em meu pescoço que eu já era.

–Pra começo de conversa, você me respeita loiro aguado. E depois, você não tem moral nenhuma pra falar. É em você que a vaca da Kira e a jumenta da Cassidy ficam se esfregando, que nem cachorras no cio. – Retruquei já soltando faíscas pelos olhos.

–Não consigo entender a mente feminina… não consigo. – Reclamou ele, levantando-se de uma só vez.

–Vire gay já que de homem você entende. – Respondi bufando. Ele semicerrou os olhos pra mim e eu dei língua.

–Infantil.

–Não me faça falar, né Austin?!

E saí de lá toda enfezadinha, marchando feito um soldado. Na verdade, eu estava mesmo era fervendo de raiva. Por que Austin sempre me tira do sério, hein?

Eu saí da aula – não que isso me incomode – toda preocupada com ele, fui atrás dele para tentar me explicar e resolver as coisas, mas no fim acabamos brigando e piorando tudo.

E olha que não foi culpa minha! Tá bom, talvez a culpa seja parcialmente ou até toda minha. Eu já devia ter falado com Riker faz tempo, não devia ter deixado essa situação se prolongar tanto, mas eu fiquei com medo de magoá-lo. Treinei várias e várias vezes nosso diálogo em minha cabeça, até imaginei o desfecho de nossa conversa, mas toda a vez que eu olhava para Riker as palavras sumiam da minha mente.

Nesse momento meu cérebro estava funcionando a mil à hora… eu estava ficando louca com tantas coisas girando na minha cabeça. Acabei trombando em um monte de gente pelo caminho, mas nem liguei. Não estava com paciência pra pedir desculpa pra ninguém… A minha cota de pedidos de desculpa se esgotou por hoje. Então que se dane todo o mundo.

O que me dá raiva é que Austin não confia em mim. Ele mal me deixou explicar. Preferiu acreditar na ideia de que eu realmente queria aquele beijo… Urgh loiro idiota. Eu juro que nesse momento, o que eu mais queria era ter uma foice pra tacar na cara desse loiro metido à besta.

–Oi Ally. – O inocente, porém causador desse drama todo, falou cortando meus pensamentos homicidas.

–Ah oi Riker. – Falei sem ânimo nenhum. Ele me olhou com um sorriso no rosto e foi inevitável não sentir meu coração se apertar, só de imaginar na possibilidade de eu ser o motivo da destruição daquele lindo sorriso. Riker me conhece tão bem que percebeu na hora que eu não estava bem.

–Ally tá tudo bem? – Perguntou ele com preocupação. Eu não merecia sua preocupação… eu fui uma imbecil e uma egoísta com ele.

Incapaz de pronunciar uma palavra, apenas assenti com a cabeça. Os remorsos começaram a envolver meu coração, apertando-o sem dó nem piedade. O suor começou a brotar na palma das minhas mãos e eu me contive para não secá-las na calça jeans de Riker, já que eu estava de saia. Eu sabia que não estava pronta para ter essa conversa com ele, mas a questão aqui não sou eu e sim Riker. Não posso continuar a iludi-lo dessa maneira… não mais.

–Riker, eu preciso te falar uma coisa muito importante. – Avisei sem rodeios, apesar de estar tremendo da cabeça aos pés.

–Pode falar. – Ele disse prontamente, sem um pingo de hesitação.

–Eu… Riker eu… Me desculpa. – Tentei juntar as palavras e formar uma frase que fosse no mínimo coerente, mas mais uma vez a covardia me invadiu.

–Desculpar porquê, pequena? Você não me fez nada. – O garoto falou, segurando meu rosto com delicadeza e carinho. Ao olhar em seus olhos, uma nesga de coragem me invadiu e após um suspiro gigantesco, todas as palavras e frases que eu procurava me surgiram na ponta da língua.

–Fiz sim. Eu te iludi… eu disse que dava uma chance para você tentar me conquistar, mesmo sabendo que o meu coração já pertencia a outro. Eu estava cega, deixei que o medo de meus sentimentos me dominasse e acabei causando um problema ainda maior. Eu gosto muito, muito de você Riker… mas não do mesmo jeito que você gosta de mim. E eu sei que não há justificação possível para o que eu fiz, mas eu precisava que você soubesse a verdade. E se você não quiser falar comigo eu entendo, afinal você tem todos os motivos para isso… Só me perdoa, por favor. – Não sei de onde vieram tantas palavras e nem adianta perguntar, mas pra falar a verdade eu gostei do que ouvi sair da minha boca… a verdade, pura e crua, finalmente.

A essa hora minha garganta já queimava de tanto choro que eu estava tentando engolir e nada de Riker abrir a boca. Seus olhos se mantinham conectados com os meus, como se ele procurasse algo em minha alma… Ele parecia estar dividido entre a raiva e a tristeza. E na minha humilde opinião, a raiva estava ganhando um bom terreno.

Então ele finalmente reagiu. Não sei quando foi que ele se afastou de mim, mas agora ele caminhava a passos rápidos na minha direção, com uma expressão neutra no rosto. Já estava até pronta para o embate, talvez ele me fosse dar um tapa. Não o condeno por isso, afinal eu merecia. Mas não foi isso que ele fez. Ao invés disso ele me abraçou com carinho, enterrando o rosto em meu pescoço. Acho que não há palavra no mundo que descreva o quão surpresa eu fiquei.

–Se há coisa que eu aprendi é que ninguém manda no coração. – Ele sussurrou com a voz carregada de doçura. E deixe eu vos dizer, que por essa é que eu não esperava. – Você errou feio comigo, mas eu sei que não foi por mal. Até por que é impossível que exista um pingo de maldade nesse seu coração de ouro. Fico triste por saber que eu não sou o cara que conseguiu roubar seu coração, mas pra mim é muito mais importante saber que você está feliz. Você está feliz, certo?

–Tou Riker… eu tou feliz. – Admiti sorrindo que nem boba.

–Então eu também tou feliz. – Ele garantiu.

–Isso quer dizer que…

–Isso quer dizer que eu te perdoo-o. Eu gosto demais de você para permitir que você fique longe de mim. Eu só não quero saber quem é o cara, pelo menos não por agora. – Ele falou, ainda com seus braços ao redor de meu corpo.

–E quem disse que a pessoa que roubou meu coração é um cara? – Brinquei com rosto coberto pelas lágrimas que eu tentava evitar derramar, em vão. Riker gargalhou daquele jeito que eu tanto amo, deixando o clima menos tenso.

–Eu te adoro Ally. – Ele falou baixinho e me apertou mais em seus braços. Me aconcheguei em seu peito, aproveitando nosso pequeno momento de paz.

–Eu também te adoro Riker.

[…]

–Macaquinha, dá pra você mexer essa bunda? Já foi todo mundo embora… vamos lá. – Reclamou Brady, gritando em frente à porta do colégio. Barraqueiro.

–Se você não parar de gritar, eu vou te dar uma voadora. – Ameacei, possessa e sem paciência alguma. Vocês acreditam que aquele loiro de uma figa – Austin- fugiu de mim pelo resto do dia? Depois a infantil sou eu… Grande lata.

–Nossa que agressividade. – Meu “querido” irmão murmurou pensando que eu não fosse ouvir. Preferi ignorar sua fala, antes que partisse pra cima dele. Como eu falei antes, tou sem paciência. Mas finalmente vou pra minha casa… tou afim de ficar um pouco sozinha na paz da minha companhia.

O trajeto de volta à minha nada humilde moradia foi mais um inferno. Brady estava falando com Rydel pelo celular, então acho que já dá para imaginar o que aconteceu. Eles tagarelaram durante todo o percurso… Tanto mel acaba comigo. Decidi aproveitar para fechar os olhos e cochilar um pouco, antes que me desse um chilique e eu jogasse meu irmão pelo carro fora. Foi bom, pois assim a viagem pareceu mais rápida. Pra falar a verdade, mal deu pra fechar os olhos, por que logo fui despertada pela vozinha estranhamente esganiçada de meu irmão, que repetia meu nome vezes e vezes sem conta.

–Ally! – Chamou Brady mais uma vez.

–O que foi seu macaco de um raio? – Resmunguei, enquanto me espreguiçava.

–Você dormiu? – Perguntou ele com um sorriso zombeteiro nos lábios.

–Não. Eu estava treinando pra morrer mesmo. – Falei, revirando os olhos.

Entramos em casa e mais uma vez demos de cara com nosso pai nos esperando. Isso já está virando hábito.

–Meus meninos. – Meu pai falou, envolvendo Brady e eu em um abraço sufocante.

–Oi pai. – Eu e Brady falamos em uníssono. Odeio quando isso acontece.

–Eu preciso falar com vocês. – Anunciou ele, sem rodeios. Nem perguntou como a gente está… sem educação.

–Pode ser depois? É que eu quero tomar um banho bem gelado. Esse calor está me estufando… – Falei fazendo cara feia e os dois gargalharam.

–Ahahah só faltam as batatinhas para acompanhar o estufado de Ally Dawson. – Falou Brady tentando ter graça… O que não foi o caso. A única parte hilária no meio daquilo foi a cara de tacho com que ele ficou, quando se apercebeu de que era o único rindo ali.

–Enfim vão lá tomar banho. Daqui a pouco eu venho aqui pra conversar com vocês. – Meu pai falou, ignorando a baboseira de meu irmão, assim como eu. Aproveitei a deixa e corri para meu quarto. Tirei minha roupa e fui tomar banho.

Foi meio estranho por que enquanto eu tomava banho, Romeu (meu lindo gatinho) estava deitado sobre a tampa da privada me olhando. Fiquei até sem graça. Sério, ele me olhou até eu sair da box e depois me seguiu até ao quarto. Tou vendo que macho é tudo farinha do mesmo saco… bando de pervertidos. Até meu gatinho, fala a sério.

Acabei de me vestir e desci. Me esparramei no sofá na primeira oportunidade, enquanto saboreava um cafezinho e assistia o meu tão amado “The Flash”.

–Cadê seu irmão Ally? – Perguntou meu pai, retirando meus pés do sofá para se sentar do meu lado.

–Ainda deve estar tomando banho. – Falei sem fazer muito caso do assunto. Ele acenou com a cabeça e desviou sua atenção para a TV.

Estiquei meus pés, colocando-os sobre as pernas dele e o encarei na expectativa.

Ele me olhou de esguelha e sorriu de canto, acho que por já saber o que eu pretendia.

–Não quer esperar que seu irmão venha primeiro?

–Não. – Respondi na hora. – Pode falar.

Ele maneou a cabeça, reprovando minha atitude egoísta, mas mesmo assim cedeu ao meu capricho.

–O que você acha de um final de semana em família. – Perguntou ele cheio de entusiasmo. Esbugalhei os olhos e o encarei como se ele fosse um louco.

–Final de semana em família? – Perguntei para confirmar se realmente tinha ouvido bem.

–Sim. Já tenho tudo planeado em minha cabeça. Nós três vamos passar esses dois dias pescando na zona norte de Miami.

–Pescando? Dois dias seguidos? No maior tédio? - Ajeitei-me no sofá de modo que conseguisse enxergar bem o rosto de meu pai. – Você tá brincando, certo?

–Claro que não. E nem adianta reclamar, porque todo o mundo vai. - O doido varrido exigiu e saiu em direção à cozinha.

E lá se foram meus dias de paz e sossego… A menos que eu… Não, não dá. E agora como eu vou me esquivar dessa?

Ouvi uma movimentação nas escadas e nem precisei olhar para saber que era Brady. Ele se jogou no sofá, sobre minhas pernas e perguntou:

–Então macaquinha, cadê o papai?

–Tá no meu bolso. Quer vir procurar? – Respondi em um grunhido.

–Ih, não descarregue em mim suas frustrações. – Pediu ele, enquanto se instalava confortavelmente em cima de mim. Folgado!

–Não sei do que você tá falando. – Falei, a personificação da indiferença. Tudo fachada.

–Então quer dizer que foi alucinação minha você e o Riker se beijando? – Indagou ele, na maior provocação. Encarei-o com fúria, imaginando em minha mente milhões de flechas acertando nele.

–Não fale como se a culpa fosse minha, tá?

–E não é? – Brady cruzou os braços no peito e me encarou de um jeito sério, que eu nunca antes tinha visto. – Olha macaquinha eu te amo, mas dessa vez eu não posso passar a mão na sua cabeça. Você foi a maior culpada dessa história toda. Se você não tivesse dado essa maldita chance pro Riker nada disso teria acontecido.

–Eu sei, mas não foi por mal. Eu… – Tentei me justificar, mas não encontrei nada que me ajudasse naquele momento.

–Ally, eu sei perfeitamente quais foram os motivos que levaram você a fazer aquilo. E também sei que você não tinha intenção de magoar ninguém, mas a partir do momento em que você e Austin deixaram de bancar uma de idiotas e se acertaram, você deveria ter ido falar com Riker para pôr os pontos nos “ís” e resolver toda essa situação. – Falou Brady, tentando usar todos os factos para me chamar à realidade. E a realidade é que eu sou a maior culpada de tudo, mas disso eu já sabia. Só é difícil admiti-lo em voz alta.

–Eu sei e eu já fiz isso. – Falei, fazendo voz de criança emburrada. Não acredito que estava levando uma bronca de meu irmão. Se não fosse infantil demais, eu juro que ia gritar: “Paizinho, Brady está brigando comigo.”

–Agora, né Ally?! Só agora… – Repreendeu ele, me fazendo murchar no meu canto. – Eu sei que você vai ficar danada da vida comigo, mas… Você é uma tapada idiota e dessa vez eu tou do lado de Austin. – O olhei atónica, com a boca mais escancarada que nunca. E ainda rindo-se as minhas custas, Brady continuou seu discurso. – Eu também ia ficar triste, magoado e dececionado se visse Rydel beijando outro. E olha que no caso de Austin, esse “outro” é irmão dele.

–Mas foi Riker que me beijou. – Argumentei em minha defesa.

–Eu sei disso.

–E Austin nem sequer me quis escutar. Ficou lá tirando conclusões precipitadas e me ignorando. Ele não confiou em mim, nem um pouco. Vê se pode isso!? – Reclamei, gesticulando para demonstrar minha indignação.

–Ele estava com raiva Ally. É normal que ele tenha agido assim. – E depois de uns 5 minutos de argumentos sobre como Austin estava certo em tudo e eu errada, Brady finalmente mudou de assunto. – Maninha, esse vai ser uns dos melhores finais de semana da minha vida.

–Porquê? – Perguntei curiosa, lembrando-me do programa em família que meu pai planeou.

–Porque eu tou preparando uma surpresa híper romântica para o amor da minha vida. – Ele falou na maior empolgação. E sério? Amor da minha vida? Tem coisa mais brega que isso? Não.

Nossa que coisa mais deprê ter que responder às minhas próprias perguntas.

–Nossa que legal. – Falei fingindo estar interessada no assunto, mesmo estando careca de saber que ele ia ter que desmarcar tudo. É uma pequena vingança por ele ter me dado a maior bronca da minha vida. – Uhm, maninho dá pra você ir pegar uma água pra mim. – Pedi toda carinhosa.

–Porquê, você não tem pernas? – Perguntou meu irmão com aquele seu jeito tão delicado quanto um trator. O fuzilei com o olhar e ele prontamente reformulou sua frase. – Com gelo ou sem?

–Me surpreenda.

Ele levantou e foi pra cozinha. Deu para ouvir ele e meu pai conversando. Não dava para entender muito bem o que eles falavam, mas eu sabia perfeitamente qual era o assunto. Da cozinha eles passaram para a sala – onde eu estava – andando um atrás do outro com cara de fuinha. E se eu achava que a situação estava ficando feia, foi só meu pai falar que Brady tinha que desmarcar seus planos para a situação piorar.

Olha, meu irmão chiou, viu? Debulhou um monte de desculpas e argumentos para não ir com a gente, mas meu pai não quis saber. E eles ficaram lá discutindo e gesticulando, atropelando as frases um do outro. Admito que eu estava me divertindo com a situação. E MUITO. Mas já estava ficando cansada de tanto mimimi então decidi entrevir… do meu jeito claro.

–Tá bom meus senhores, acalmem a passarinha. – Falei, me levantando e me colocando no meio dos dois. – Vamos lá ser diretos ao ponto. Brady, deixa de ser desobediente. Que é isso, respeita nosso pai. – Se olhar matasse eu já estava estatelada no meu do chão, acreditem. – Segundo: Cadê minha água?

–Ah você quer água é? Eu vou te dar água. – E com um olhar fulminante, Brady avançou sobre mim, me colocou no ombro com agilidade e correu para o jardim. – Tome sua água princesinha. – E dito isso ele me jogou na piscina sem dó nem piedade.

–Princesa é a vovozinha. – Gritei esbaforida, assim que voltei à superfície.

E o que se sucedeu foi o seguinte: Eu saí da piscina; Tropecei e caí de bunda; Brady riu de mim; Eu bati nele; Depois ele fugiu de mim; Eu corri atrás dele; E por fim, eu joguei ele na piscina como vingança.

Voltamos para dentro de casa aos encontrões. Nós estávamos exaustos, suados e totalmente encharcados, mas continuávamos brigando. Corri para meu quarto, já arrancando as roupas pelo caminho e fui direto pra debaixo do chuveiro.

Depois de estar devidamente vestida, me deitei na cama e fiquei ouvindo música. Não quis descer pra jantar, pois todo esse drama que estava acontecendo me fez perder a fome. Isso mesmo, vocês ouviram bem. Ally Dawson sem fome é algo inédito na vida de todos. Enfim, acabei pegando no sono e só acordei agora de manhã, com meu estômago roncando feio.

O lado positivo disso tudo, é que durante meu soninho de beleza eu tive uma ideia para não ter que ir nesse final de semana em família.

– Filha acorde. Está na hora da gente ir. – Meu pai falou, entrando em meu quarto.

Parece que está de colocar meu plano em prática.

–Bom dia paizinho. – Falei, forçando minha voz a sair mais baixa e bem mais rouca que o habitual. Escondi meu rosto por baixo dos cobertores e fingi uma tossezinha básica para completar a fachada.

–Que foi meu amor? – Meu pai perguntou preocupado, correndo até mim.

Incorporei minha melhor cara de doente e gemi:

–Não sei pai, minha barriga tá doendo, minha garganta também e minha cabeça parece que vai explodir. – Dramatizei, fazendo a maior cara de choro.

–Oh, meu amor quer que eu chame o médico?

–NÃO. Quer dizer, eu acho que não é necessário. - Será que meu pai não podia voltar a ser o pai despreocupado e pouco atencioso de antes, só por hoje? É pedir muito?

–Então gente vamos ou não vamos? – Perguntou Brady, aparecendo na porta do quarto com cara amarrada.

–Acho que já não vai dar para irmos filho, sua irmã está doente. – Falou meu pai, enquanto acariciava meu rosto com carinho. Meu irmão deu um pulo de alegria e começou a fazer um dancinha ridícula pelo quarto.

–Ah não pai. Eu não quero estragar o vosso final de semana. – Falei bancando uma de filha preocupada.

–Oh, não. – Murmurou Brady, percebendo minhas segundas intenções nas entre linhas da minha frase.

–Que vocês acham de passarem um final de semana de apenas pai e filho? – Perguntei, lentamente para não parecer muito interessada nisso.

Como é obvio meu pai concordou na hora e Brady quase pulou em meu pescoço. Eu podia muito bem ter deixado essa passar, eles não me iam atrapalhar me nada ficando em casa, mas digamos que ver meu irmão furioso é o meu hobbie favorito.

E agora vocês tão achando que eu fiz isso para puder ficar aqui e me reconciliar com Austin, né? Pois eu digo que não, porque o mundo não gira todo em volta daquele ser de bunda maravilhosa. Eu fiz isso, porque… Tá bom foi por ele sim.

–Então tchau macaquinha. – Disse Brady com um olhar ameaçador no rosto. E eu posso jurar que ouvi ele murmurar um “você me paga”.

–Tem certeza que fica bem sozinha filha? – Perguntou meu pai pela terceira vez.

–Sim pai. Não se preocupe. Se eu precisar de alguma coisa, peço à empregada. – Falei para tranquiliza-lo.

–Você vem nos levar até à porta maninha? – Brady perguntou, ainda na provocação.

–Porquê? Você não sabe o caminho? – Falei meio que por impulso. – Quer dizer… eu tou doente por sua culpa Brady, então pára de implicância.

–Minha culpa?

–É sua culpa, porque você me jogou na piscina e eu peguei um resfriado. – Falei, dando uns espirros mentirosos.

Brady já estava se preparando para protestar, mas meu pai foi mais rápido e agarrou em seu braço, arrastando-o para fora do quarto e lançou um beijo no ar pra mim como despedida.

Fiquei esperando que eles fossem embora e só depois me levantei. Corri para o quarto de Brady e peguei no notebook dele. Entrei em seu facebook e enviei uma mensagem para Austin, dizendo que precisava conversar com ele aqui em minha casa. Claro que o loiro vai pensar que é meu irmão, mas o plano é esse. Se Austin soubesse que era eu que o estava convidando não iria aparecer. E antes que perguntem, sim eu sei a senha do besta do meu irmão. É “rydelamorzinho”.

Enfim, não fiquei esperando a resposta do loiro, pois logo que enviei a mensagem, deliguei o notebook e saí do quarto.

Desci as escadas sem encontrar nem uma alma viva pela casa. Fui até à cozinha e me deparei com um café da manhã dos deuses.

–Bom dia dona Bia. – Cumprimentei a mulher toda sorridente. Não sei se se lembram, mas a dona Bia é uma das empregadas aqui de casa.

–Menina Ally, o que está fazendo de pé? Pensei que estivesse doente. – Perguntou ela com cara de espanto.

–E estou muito doente. – Ironizei, enquanto enchia a boca de comida. Ela percebeu meu tom, pois soltou uma risadinha bem fofa.

–Ah, tou vendo que você já melhorou! – A mulher se aproximou de mim, analisando-me com cuidado. – Ainda bem, porque eu precisava pedir um favor.

–Esteja à vontade.

–Bom é que seu pai tinha me falado que esse final de semana todo mundo ia ter folga. – Ela começou a explicar, mas eu já estava ficando de saco cheio. Odeio enrolação.

–Vá direto ao ponto, por favor. – Pedi tentando ser educada, mas acho que não resultou.

–Os outros empregados não ficaram sabendo que ia ter trabalho hoje e por isso foram embora. Então eu sou a única que tá trabalhando. – Ela continuou a explicar, ignorando minha impaciência.

–Pode parar por aí, porque eu já entendi tudo. Você quer me pedir se também pode ir para casa. – Falei e ela me olhou surpresa. – Acertei?

–Sim. – Respondeu ela com cuidado, talvez por medo da minha reação.

–Então tá bom. Pode ir.

–Sério? – Ela perguntou, tentando esconder sua empolgação. Assenti com a cabeça e ela quase pulou de felicidade. – Será que seu pai não vai reclamar?

–Ele não está aqui e se você não contar, ele não terá como saber.

–Tem certeza?– Ela ainda estava insegura. – Ai, meu Deus, se seu pai descobre...

–Ele não vai descobrir. – Garanti.

Pulei da cadeira e dei um beijo na mulher. E antes que ela começasse com o mimimi de novo, aproveitei a deixa, fugi da cozinha e subi para meu quarto, pronta para me enfiar no chuveiro. E assim o fiz, tomei um banho rápido. Vesti um short curto, uma camisola branca e uma camisa xadrez por cima. Penteei meus cabelos, deixando-os soltos e fiz uma maquiagem básica.

Desci e fui para o lado de fora da casa. Fiquei caminhando pelo jardim, absorta em meus pensamentos. Estava mais frio que o habitual e eu podia quase jurar que senti uma gotinha de água cair em meu ombro. Continuei lá por um tempo, até que um trovão barulhento, vindo do nada, me deu o maior susto e eu entrei correndo pela porta de casa. Minutos, talvez segundos, depois começou a chover e trovejar mais frequentemente. Fiquei surpreendida, afinal nunca imaginei viver tempo suficiente para ver a infernal e sempre quente Miami em um dia gélido de chuva. Brincadeirinha, mas é sério essa me surpreendeu, afinal ontem tava um calor insuportável.

Depois do almoço decidi checar se Austin já tinha respondido à minha mensagem. Assim que liguei o notebook e me conectei à Internet, a mensagem dele se insinuou no visor do aparelho. E como eu já esperava, a mensagem perguntava especificamente se eu estaria aqui, mas como é óbvio eu neguei e respondi: “Relaxa oxigenado. Minha irmãzinha foi pescar com meu pai. E já agora, não fale pra ninguém que você tá vindo aqui.” Alguns segundos depois ele respondeu dizendo que já estava a caminho.

E a essa altura eu já estava correndo pela casa que nem uma desvairada, gritando de aflição e nervosismo. Acabada pelo cansaço, acabei por me sentar em frente à porta de casa, bem no meio do chão, esperando o momento em que o loiro aparecesse.

Aquele silêncio me incomodava, mas pelo menos o som da chuva preenchia o vazio daquele momento. Até que mais um som se fez ouvir… a campainha. Pulei do chão com o coração disparado. E por um instante, a saudade do meu loiro venceu o medo de não conseguir tê-lo de volta. Respirei fundo e me preparei para abrir a porta, casualmente. Mas foi só dar um passo pra cair de fuças no chão. Que belo sentindo de oportunidade! Me levantei de novo e caminhei até à porta fazendo um rápido balanço da minha vida nos últimos tempos. Tanta coisa havia mudado, eu já não me sentia mais a mesma. E a meu ver isso era bom. Abri a porta lentamente, mantendo meu olhar focado na ponta dos meus sapatos. A brisa gelada fez meu corpo tremer. E aquela voz suave e profunda me atingiu em cheio, injetando calor em minhas veias congeladas pelo frio… e pela tristeza.

–Ally. – Aquilo não foi uma pergunta, nem uma afirmação. Foi apenas meu nome pronunciado normalmente, mas mesmo assim meu coração deu um salto mortal dentro do peito. É pra vocês verem o que esse loiro faz comigo.

Respirei fundo para falar alguma coisa à altura da situação, mas foi só olhar para o loiro para me esquecer do que pretendia dizer. Por incrível que pareça, Austin não demonstrou estar confuso por me ver ali. Seus olhos castanhos esverdeados penetrantes se focaram nos meus, apenas castanhos e sem graça. Algo estava diferente em seu olhar, algo que eu não consegui identificar. E houve ali um momento fugaz de pura química, mas logo meu foco se desviou de seus olhos para seu corpo.

Austin parecia um deus grego, ali debaixo da chuva. Ele vestia uma calça jeans azul desbotada e rasgada na coxa e no joelho, botas marrons e uma camisa um tanto justa que marcava seus músculos, bem avantajados para um cara tão novo. A água da chuva que caía sobre seu rosto e corpo grudava seus cabelos loiros em sua testa, deixando-o com um charme inconfundível. Ele estava, literalmente, de parar o trânsito… de parar até manada de bois, ou melhor, vacas. É impossível não babar por ele, quer dizer o cara é perfeito.

Acho que fiquei demasiado tempo presa em meus devaneios, porque agora Austin me encarava de braços cruzados, sobrancelha arqueada e um sorriso torto com um quê de maliciosidade.

Disparei a falar, antes que ele mesmo o fizesse, pois não estava preparada para suportar mais indirectas, olhares mordazes e suspiros de deceção outra vez.

–NÃO VÁ EMBORA, TÁ? Apenas me ouça. – Pedi desesperada. Nem dei tempo para ele responder, pois disparei a falar de novo. Austin, eu tenho consciência de que errei com você. Eu devia ter explicado a Riker o que eu realmente sentia, assim de cara, desde que nós começamos a namorar. Eu fui uma completa idiota, só adiei o inevitável e por isso a gente tá nessa situação.– Meus olhos começaram a lacrimejar. E eu não me recusei a chorar diante dele, afinal essas lágrimas estavam sendo derramados por ele. – Mas você também errou, pois quando eu tentei resolver as coisas e me explicar, você simplesmente me acusou de ter traído você. Eu fiquei furiosa, porque nunca imaginei que você não fosse acreditar na minha palavra. Eu pensei que você confiasse em mim. Quer dizer, eu acho que merecia um pouco mais de crédito. Afinal, eu abri meu coração pra você quando te revelei meus sentimentos, coisa que eu não faço com ninguém. Mas aí é que está… Você não é simplesmente alguém, você é o cara que eu amo seu loiro imbecil. E eu estou aqui na sua frente, completamente apavorada, com medo de você falar que não tem volta… E que nossa história terminou aqui.

Austin se aproximou e parou a centímetros de distância de mim. Eu já podia sentir nossos corações batendo como um só... Nós dois respirando a respiração ofegante, que o outro exalava... Seu nariz roçou levemente no meu. Senti que as engrenagens de meu cérebro já estavam trabalhando a mil, para que eu diminuísse de vez o espaço entre nós, até que não sobrasse nada... Mas eu não fiz, ainda me faltava dizer algo. Ergui a cabeça na direção do rosto dele e pus a mão em sua bochecha.

– Eu preciso de você Austin… porque você é o meu começo, meio…

Não tive nem tempo de terminar minha frase, pois os lábios quentes e molhados de Austin encontraram os meus, queimando e eliminando qualquer palavra que se atrevesse a tentar sair da minha boca. Minhas mãos agarraram as costas do loiro, buscando diminuir um espaço agora inexistente, entre nós. Apesar do barulho da chuva, tudo a minha volta parecia estar em um silêncio profundo. E naquele momento, eu senti que não havia nada no mundo que fosse suficiente, para me fazer desfazer aquele beijo.

O ar começou a ficar mais escasso e só então eu desgrudei minha boca da de Austin.

–E fim. Sussurrei, terminado de completar minha frase.

–Eu te amo Ally. – Austin falou, me olhando dentro dos olhos. E agora mais apaixonada do que em qualquer outro momento da minha vida, eu fixei os lábios entre abertos de Austin e o beijei de novo, de um jeito único, de um jeito só nosso, de um jeito incapaz de se descrever com meras palavras…

Senti que ia derreter e me desvanecer ali no meio da chuva… Nunca antes me sentira assim. Delicado, Austin agarrou minhas coxas e me deu impulso para pular em seu colo. Envolvi minhas pernas em sua cintura e meus braços em seu pescoço, desesperada para sentir sua pele ainda mais em contacto com a minha.

Austin me carregou para dentro de casa, fechando a porta com seu pé.

Em menos de um segundo a tarde já tinha virado noite, provavelmente devido à intensidade da chuva que caía lá fora, mas isso não me fazia diferença alguma. Naquele momento eramos só Austin e eu… apenas isso.

Continua

Leiam as notas finais... é muito importante!


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Notas finais do capítulo

Então gente, acho que já deu para perceber onde esse momentinho Auslly vai chegar, né? CAPITULO HOT ♥ Então é assim, vocês decidem se vai ou não haver hot. E se deve ser ou não ser detalhado... Eu já escrevi boa parte dele, mas vocês é que decidem. Admito que tou com muito medo de publicar esse capitulo, pois eu nunca escrevi nada assim antes e isso me deixa apavorada gente... então vamos lá, quero ver esse apoio galera!

E gente, cadê meus leitores de coração na minha fic nova de Austin e Ally? Vamos lá galera ♥♥
Oh, vai ficar aqui o link e eu quero ver todo mundo lá.

http://fanfiction.com.br/historia/608511/Ill_Be_Always_There_For_You/

Vou deixar também aqui meu facebook e meu twitter para vocês se comunicarem comigo mais facilmente ♥
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