–Como? –me sinto um pouco idiota perguntando com ela morreu mas... Qual é? Eu posso saber certo?

–Conheci ela a quase dois anos atrás, quando me mudei para cá fazia só um mês que ela havia partido, ela era igual a Enzo, aventureira, não saia de casa sem seu Skate na mão, até que ela participou de um desafio, com um garoto horrível que não queria deixar ela competir por ser uma garota, e para provar que ela era boa, ela deu a manobra mais difícil de todas, resultando em um pescoço quebrado. –diz Gabriel encarando o chão, com uma expressão triste, ele estava quase chorando, caminho até sua cama e sento ao seu lado e o abraço, e assim ficamos em silencio por um grande tempo.

Me levanto e saio do quarto, agora eu entendo o porquê que Enzo ficou daquele jeito, e também acho que entendo sua fixação pelo seu Skate, deve ser o que faz ele lembrar dela, da Alice.

Vou para o chuveiro e começo a cantar uma música qualquer, e me lembro de hoje pela manhã, quando Anne disse que Enzo estava “caidinho” por mim, tenho certeza que ela estava enganada. Ele era o maior Skatista da cidade, eu era a maior nerd da cidade, ele era popular, eu tinha uma amiga idiota que acha que qualquer cara que olha para mim ou para ela está “caidinho” (Anne) e um amigo Gay (Rafael).

Saio do banho e me jogo na minha cama, coloco meus óculos (já concertados) e encaro o teto, até ouvir meu pai esbarar em algo e, como sempre, gritar um palavrão, ele me chama para jantar e eu desço lentamente (mais parecida com um zumbi) as escadas, e quando chego lá em baixo vejo que não era só Camile, meu pai e Gabriel que estava lá em baixo, havia um garoto, “metido” foi a primeira palavra que passou pela minha cabeça quando o vi.

Ele tinha cabelo ruivo liso penteado para o lado, cobrindo parcialmente sua testa, calças Jeans pretas e uma camisa branca com os dois primeiros botões abertos, sim, como eu disse antes “metido! ”

–Katherine esse é Scott, meu primo, ele vai passar três semanas com a gente. –Disse Gabriel apontado para o garoto ruivo. Mais um guri para ficar nessa casa? Não chega Gabriel e Enzo (que praticamente mora aqui), agora tem mais um guri? Que essas três semanas passem rápido, muito rápido.

–Oi! –digo eu secamente e me sento na mesa, eu deveria ter colocado uma roupa melhor, já que eu estava de calças de pijama e regata, mas também, quem se importa?

Comemos em silêncio ou melhor: Eu comi em silêncio, meu pai e Camile matracaram mais que o normal, parece que Scott não ia estudar na nossa escola, já que ele veio de outro país e lá ele está de férias. Como eu já falei antes, e vou repetir, eu não gostei nada desse garoto, ele parecia que ia aprontar, e muito, mas ao mesmo tempo ele parecia que era daquele tipo que não se mete em confusões, que joga a culpa para os outros sabem? Como eu disse: Não fui com a cara dele, nem um pouco.

Terminei de comer rapidamente e subi para meu quarto, e comecei a estudar, como sempre, e acabei adormecendo com o livro de história em minhas mãos.

***

–Rine!! Levanta essa bunda magra da cama logo, se não, não vou dar carona nenhuma para você! –acordei com o grito de Gabriel e uma risada, que julguei ser de Scott, me levantei rapidamente, tomei banho e parei em frente ao espelho do banheiro, peguei meus óculos, mas antes de colocar no rosto, mudei de ideia, pegando as lentes de contato.

Sorri para meu reflexo e desci correndo as escadas com meus cadernos nas mãos, encontrei Gabriel comendo cereal e quando eu entrei pela porta ele me empurrou um pratinho onde eu coloquei cereal e ele jogou leite. Todas as manhãs eram assim desde que ele havia se mudado, quem acordava antes ajudava fazendo o café do outro, era até legal, Gabriel era legal, mas só quando ele queria, e não fale isso para ele.

Pegamos Enzo no caminho para a escola e quando ele entrou no carro, e jogou o Skate para trás, sorriu para mim, talvez ele já tinha esquecido de ontem, mas só para garantir quando chegamos na escola eu sussurrei um “desculpe” para ele, que se ouviu fingiu não ter.

Encontrei Anne encostada no meu armário junto com Rafael, que quando meu viu deu um grande sorriso, ele é Gay, mas ainda não assumiu para todos, então os alunos da escola só acham ele “meio afeminado” (assim que Gabriel se refere a ele).

–E ai? Como foi com o Boff do Skate? –perguntou Rafa e eu vi que Anne havia contado sobre o trabalho. Ela não consegue ficar de bico fechado para nada.

–Ah! Normal. –decidi não comentar o ocorrido “Alice” e ficar de bico fechado sobre isso.

–Sei... se foi “normal” com ele para quem você parou de usar óculos e ta começando a se vestir como garota? –Anne se manifestou.

–O que tem de errado com minhas roupas!?

–Agora nada querida. –disse Rafa e deu um sorriso cumplice para Anne. Esses dois estão tramando algo, posso sentir.