Jogos Vorazes (Hunger Games) - Recomeço escrita por MSBica


Capítulo 27
Morte, Balas e Pílulas




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"Cale a boca, garoto burro" diz uma voz masculina "Vai estragar tudo!"

Peeta e eu nos entreolhamos. Percebo que se ele escutou o mesmo que eu isso não deve ser um delírio. Dou uma risada abafada e saio correndo em direção ao som com Peeta em meus calcanhares.

Apesar da escuridão e do ambiente claustrofóbico que me oprime o peito conseguimos nos guiar com facilidade até a voz. Créditos a uma vida caçando. Chegamos a tempo de ver um homem com roupa de pacificador amordaçar Klaus.

"Eu lhe avisei" rosna o homem "Que se alertasse seus pais eu teria que cortar sua língua. Por sorte quem manda aqui é Debra. E ela tende a ser mais condescendente que eu, apesar de tudo. "

Os olhos de Klaus cruzam com os meus e ele fica estático. Isso acaba por nos entregar, é claro. O homem segue o olhar de Klaus e nos vê. Ele retorna para Klaus, aperta ainda mais as mordaças e o prende pelos pulsos e tornozelos na cadeira de metal em que ele está sentado. Os grunhidos de meu filho são tão dolorosos de ouvir quanto o canto de um jabberjay.

Finalmente o homem volta-se para nós.

"Bem..." Diz "Isso dificulta as coisas. Minha irmã não vai gostar nada disso, mas..."

Ele dá de ombros antes de disparar um tiro em minha direção. Sem pensar duas vezes Peeta se joga na minha frente, recebendo no peito o tiro que deveria ser meu.

Eu grito estridentemente ao ver Peeta sanguinolento e estirado no chão, uma imagem frequente em meus pesadelos. Uma situação que tentei evitar antes mesmo de saber o quanto o garoto com o pão significava para mim. Eu sempre quis protegê-lo. E agora ele morreria por mim. Da mesma forma que grande parte de mim morreu naquela guerra, para tentar salvá-lo. Provavelmente sua morte me deixará insana, e então tirarão meus filhos de mim.

Os gritos provenientes da minha espiral de desespero alertam os médicos que antes cuidavam de Lira. Rapidamente meia dúzia chega e me rodeia, três levam Peeta e os outros três, sem nenhuma cerimônia me levam para uma sala branca e asséptica semelhante àquela em que fiquei me recuperando de meu primeiro Game.

Ninguém faz perguntas, ninguém comenta sobre Klaus. Imagino que o homem que atirou em Peeta deve tê-lo levado enquanto eu gritava. Um dos médicos me dá um comprimido. Apenas um calmante leve, ele diz. Quero saber de Peeta.Quero saber de Klaus. Os comprimidos com certeza impedirão que isso aconteça. Mas o médico não sai de meu entorno enquanto eu não coloco aquelas porcarias na boca.

Quase imediatamente minha cabeça lateja e minhas pálpebras pesam. Gentilmente o médico me guia até a maca e permite que eu durma.

"Acorde, queridinha" uma voz feminina melosa vai me trazendo de volta.

Estou num sofá azul escuro macio e a minha frente uma escrivaninha de vidro, com uma cadeira transparente, atrás de tudo uma janela panorâmica com vista para a nublada Capital.

Demoro um par de segundos para perceber onde estou: No escritório de Debra. A voz melosa era dela, claro. Sentada naquela escrivaninha me observando como uma cobra antes de dar o bote.

Engulo todo o ódio, raiva e desprezo que sinto por ela e o impulso de atacá-la para fazer a pergunta mais importante:

"Peeta?" Digo numa voz rouca expressando minha maior preocupação.

" Preso como traidor, querida." Diz, desviando o olhar e assinando alguns papéis "O que você esperava?"

Não respondo e, graças aos Céus, ela me ignora. Fico ruminando sobre o que faço ali em seu escritório. Ela com certeza quer algo comigo, mas não parece ter pressa para contar o que pretende.

Permanecemos em silêncio, eu observando a presidente e ela me ignorando completamente até que, inesperadamente Andrea entra com um Haymitch subjugado e muito sujo em seus calcanhares.

Haymitch. Uh Oh. Seu resgate não aconteceria a tempo, é claro.

"Sente, senhor Abernaty." Diz Debra sem desviar os olhos da pilha de papéis por assinar.

O olhar de Haymitch e o meu se cruzam, incrédulos em igual medida, antes que ele obedeça a ordem.

Ao ouvir o ranger da cadeira contra o assoalho de mármore Andre posta-se na porta e Debra finalmente volta-se para Haymitch.

"Sua brincadeirinha funcionou, senhor Abernaty' diz Debra com um sorriso cruel "Funcionou muito bem. Uma das crianças Mellark está morta, como o planejado."

"Que bom saber, senhora" diz Haymitch diz cabeça baixa.

"KLAUS!" Grito e isso faz com que Haymitch e Debra olhem para mim como gaviões.

Debra dá uma gargalha cruel e noto que Haymich esforça-se para acompanhá-la.

"Bem...." Completa Debra "Agora é hora de acabar com o Mockingjay. Divirta-se."

Demoro alguns segundos para entender o que ela queria dizer e quando finalmente o faço, compreendo que isso naturalmente ia terminar assim, com Haymitch e eu, um ia matar o outro no fim. Resignada, ofereço-lhe o meu pescoço antes ele se encaminhe para mim. Antes que ele faça o serviço, porém, ouvimos um estrondo e um barulho de vidros quebrando.

Juntos, e instantaneamente, nos viramos em direção à Debra. Para a encontramos morta com um dardo na nuca.

Pacificadores invadem o escritório e nos encaram inquiridoramente.

"Vi movimentação suspeita" diz Andrea apontando Haymitch com o queixo.

Pacificadores o revistam e encontram uma seringa e mais dois dardos no sobretudo de veludo púrpura que ele veste.

Eu o encaro perplexa, e vejo calma e malícia em seu olhar. Ele suspira.

"Não adianta adiar isso" diz "Fui eu."

Vejo um vislumbre de braços o levando, mesmo que ele não tente lutar. Fico completamente sozinha com o corpo de Debra.


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